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ESPECIAL: Telas BR - Panorama do Cinema Nacional - Parte II

Atualizado: 14 de out. de 2021

Os anos 2010 foram anos audaciosos e comprovaram de uma vez por todas, o quanto o cinema nacional é maravilhoso


(Esse texto é continuação do texto TELAS BR: Panorama do cinema brasileiro - Parte 01 que desbrava o cinema nacional dos anos 90 e 2000)

O Som ao Redor (Kleber Mendonça Filho, 2012) | Em cena: Bia (Maeve Jinkings)

O cinema brasileiro sempre se fez presente no mundo inteiro, desde sempre, desde os primórdios, como foi mencionado na primeira parte do panorama, mas a década 2010 trouxe algo diferente, especial, não diria inovador, mas sim um frescor. Os novos talentos pipocaram, Heitor Dhalia, Kleber Mendonça Filho, Hilton Lacerda e Marco Dutra só para mencionar alguns. Os maiores festivais de cinema do mundo abraçaram com força o cinema nacional, especialmente a Berlinale que, todo santo ano, faz questão de colocar vários títulos entre as mostras e alguns nomes parecem ter se tornado figuras carimbadas, dentre os competidores pelo Urso de Ouro em Berlim estão Todos os Mortos (Caetano Gotardo e Marco Dutra, 2020), Joaquim (Marcelo Gome, 2017) e Praia do Futuro (Karim Aïnouz, 2014) isso, como mencionei, só na competição principal, filmes que, infelizmente, não são do grande público. Mais do que isso, Berlim costuma abraçar o cinema brasileiro especialmente quando trata do tema LGBTQIA+ como Bixa Travesty (Claudia Priscilla e Kiko Goifman, 2018) e Mãe Só Há Uma (Anna Muylaert, 2016).

Bixa Travesty (Claudia Priscilla e Kiko Goifman, 2018) | Em cena: Linn da Quebrada e Jup do Bairro

O Festival de Cannes costuma ser “mais rigoroso” na sua seleção, especialmente quando se trata da Palma de Ouro, competição feita para um nicho de diretores, mas Kleber Mendonça Filho conseguiu furar essa barreira e entrar para o grupo. Seus dois últimos filmes Aquarius (2016) e Bacurau (2019) competiram pela cobiçada Palma, o último ficou com o prêmio do júri e se tornou uma sensação entre os cinéfilos e críticos americanos, já nas mostras paralelas do festival, A Vida Invisível (Karim Aïnouz, 2019) ganhou a mostra Um Certo Olhar e representou o Brasil na disputa do Oscar, mas não aconteceu.

Bacurau (Kleber Mendonça Filho, 2019)
Bingo – O Rei das Manhãs (Daniel Rezende, 2017) | Em Cena: Bingo (Vladimir Brichta)

Por falar em disputa do Oscar, a comissão ainda não acertou, existe um dilema para escolher o nosso representante, mandar um sucesso comercial, um aclamado pela crítica ou um “filme de Oscar” – nenhuma dessas opções tem sido a certa, dentre algumas das escolhas estão o excelente O Som ao Redor (Kleber Mendonça Filho, 2012), o (péssimo) Pequeno Segredo (David Schürmann, 2016), o bom Bingo – O Rei das Manhãs (Daniel Rezende, 2017) e o maravilhoso Babenco - Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou (Bárbara Paz, 2019), uma hora essa indicação chega.


Dona Flor e Seus Dois Maridos (Bruno Barreto, 1976) | Em cena: Dr. Teodoro Madureira (Mauro Mendonça), Dona Flor (Sônia Braga) e Vadinho (José Wilker)

Os sucessos de bilheteria arrastaram multidões aos cinemas, especialmente as comédias. O saudoso Paulo Gustavo levou quase 10 milhões de pessoas aos cinemas, apenas, com Minha Mãe é uma Peça 2 (César Rodrigues, 2016); em Minha Vida em Marte (Susana Garcia, 2018) conquistou mais de 5 milhões de espectadores; a trilogia De Pernas Pro Ar (Roberto Santucci (1 e 2), Júlia Rezende (3), 2010 – 2019) também foi sucesso. Já fugindo do gênero cômico, Tropa de Elite 2 (José Padilha, 2010) foi um marco, com seus 11,1 milhões de espectadores, superando depois de 34 anos, os 10,7 milhões de espectadores de Dona Flor e Seus Dois Maridos (Bruno Barreto, 1976), foi a maior bilheteria do cinema nacional por 9 anos, até que os 11,6 milhões de espectadores invadiram os cinemas para ver, a comédia, Minha Mãe é Uma Peça 3 (Susana Garcia, 2019).

Minha mãe é uma peça | Em cena: Juliano (Rodrigo Pandolfo), Dona Hermínia (Paulo Gustavo) e Marcelina (Mariana Xavier)

Os temas abordados na década variaram tanto que tem para todos os gostos As Boas Maneiras (2017) um realismo fantástico lobisomens e a classe trabalhadora; por falar em classe trabalhadora, esse foi um dos temas mais abordados, Que Horas Ela Volta? (Anna Muylaert, 2015) foi um sucesso; Casa Grande (Fellipe Gamarano Barbosa, 2014) abordou a classe média alta de uma forma peculiar, já o primoroso Gabriel e a Montanha (Fellipe Gamarano Barbosa, 2018) foi uma homenagem de amigo para amigo.


O cinema nacional parece ter se desapegado dos cacoetes e foi corajoso, alguns filmes chocaram por contarem histórias impressionantes, caso dos excelente O Lobo Atrás da Porta (2013), O Animal Cordial (2017) e Teus Olhos Meus (Caio Sóh, 2011)


Já as biografias parecem nunca sair da moda, retratam das mais variadas personalidades, desde políticos como Lula – O Filho do Brasil (Fábio Barreto e Marcelo Santiago, 2010), passando por Bruna Surfistinha (Marcus Baldini, 2011) e personalidades televisivas Hebe – A Estrela do Brasil (Maurício Farias, 2019), teve biografia até para lutadores, como o atleta de MMA, (José) Aldo – Mais Forte que o Mundo (Afonso Poyart, 2016) e claro, as inúmeras biografias de cantores(as) que fizeram sucesso em outras décadas. Foram muitas, Elis, Simonal, Gonzaga: De Pai pra Filho e Tim Maia são só algumas delas.

Hebe – A Estrela do Brasil (Maurício Farias, 2019) | Em cena: Hebe (Andrea Beltrão)

O que importa mesmo é que, se você conhece alguém que ainda declina do nosso rico cinema, essa pessoa não faz a menor ideia do que está falando, eu poderia ficar aqui citando outros trabalhos maravilhosos como Estômago, 2 Coelhos, Aos Teus Olhos, Canastra Suja, Meu Nome Não é Johnny e o lindíssimo Tatuagem, são tantas, tantas obras que eu só posso afirmar, o cinema nacional é um espetáculo para aplaudir de pé!


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