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Mais que mamilos: redes sociais censuram o poder feminino

Instagram da fotógrafa que fazia homens de “brinquedo”, foi bloqueado sem infringir nenhuma regra da rede social.

Lud Lower interage com modelo no projeto My Boy Toys

No início de maio a fotógrafa Lud Lower foi surpreendida, era a mais nova vítima dessa ronda ostensiva contra a expressão da mulher, porém, ao contrário do que geralmente acontece, o Instagram não bloqueou a página dela por conta de alguma exposição sexual ou nudez indevida, ou qualquer outro motivo que infrinja as regras da rede social, como os polêmicos "mamilos femininos". Muito pelo contrário...


A artistas teve a página de um de seus projetos mais populares bloqueada, mas o curioso nesse caso é que os mamilos, eventualmente, exibidos são masculinos. E antes que se fale em “machismo reverso”, a página “@MyBoyToys” não exibe os mamilos masculinos para exaltar as formas perfeitas do corpo de um homem, mas é uma página que, para além disso, brinca com a fantasia de muitas pessoas, homens e mulheres que gostam de fantasiar o domínio sobre homens.

Lud Lower interage com modelo no projeto My Boy Toys
Lud Lower interage com modelo no projeto My Boy Toys

Pele, pelos, cenas em preto e branco, corpos masculinos de todos os “biotipos”, diversidade, sensualidade, jeans rasgados, tatuagens, rostos tímidos, sorrisos safados e uma misteriosa mão que toca seus rostos e corpos com a segurança de quem segura um copo d´água, ou, nesse caso, com a segurança de uma mulher que segura seu brinquedo...


Héteros, bis, gays, pans... simplesmente homens. Clicados com um olhar sensual e pequenas, mas fundamentais, participações da própria Lower, que se apresenta em algumas fotos mostrando partes de seu corpo interagindo e manuseando os modelos que interpretam os “brinquedos” dela.


A abordagem é sensual e de muito bom gosto, com muitos tons de cinza, caras, bocas, toques e posições. Homens expostos, com vários estilos de roupas, pouca roupa e até nenhuma roupa; vulneráveis às lentes da fotógrafa que “brinca” com seus modelos.

Lud Lower: Mulher, mãe, fotografa e empreendedora.

A artista é especialista em fotos sensuais de corpos reais, mas especialmente nesse projeto, Lud consegue colocar um olhar de poder da mulher sobre o homem e, em suas fotos, não raramente, qualquer pessoa que olhe, seja homem ou mulher, se sente dentro da cena, perto dos modelos e em meio a interação (palavra de quem já desbravou o site por 30 dias). É a isso que a página se propõe, ser os olhos – às vezes até as mãos, pés, coxas e corpos, de um modo geral, do “leitor” do projeto.


Fora dos padrões, esse bloqueio de página é ainda mais estranho já que as cenas mais picantes, não estavam na página que só servia como meio de divulgação do projeto. Todo esse mar de fantasias e cenas eróticas, estão dentro de um site externo, o Instagram da marca divulgava o trabalho com fotos leves, como homens de calça jeans, sem camisa, rostos de homens sendo tocados pela intrigante mão tatuada da fotógrafa...


Nesse projeto, Lud Lower é a definição de tudo que um homem cis heteronormativo fantasia em uma mulher: linda, sexy, provocante, ardente, fogosa e disposta ao prazer... Por outro lado, nesse mesmo projeto, Lud é tudo que um homem cis heteronormativo teme em uma mulher: ela é inteligente, talentosa, dominadora, independente e LIVRE.


Foi através dessa página, agora bloqueada, no instagram, que Lud Lower – que além de artista, fotógrafa e roteirista brilhante, também é mãe, mulher e como qualquer cidadã tem suas contas para pagar – vendeu boa parte das assinaturas que dão acesso ao conteúdo integral no site.


Mais do que uma rede social e local de expressão artística, o Instagram se tornou, especialmente durante os momentos de crise, como o que vivemos, uma opção de divulgação para micro e pequenos empreendedores como Lud Lower. Excluir essas páginas que não infringiram nenhuma regra da rede social, apenas por conta de um grande volume de denúncias, sem verificação humana, torna essas redes sociais vulneráveis a ação de concorrentes e correntes de boicote movidas por grupos de ressentidos intolerantes.


As fotos da página @MyBoyToys não mostravam nada de mais, não mostrava os polêmicos (e proibidos) mamilos femininos, não mostrava conteúdo sexual, ofensivo, violento e tampouco mostrava mais pele do que as fotos de musas e musos fitness que recheiam a mesma rede social.


Se tem um limite que a página cruzou, foi o limite que mantém a objetificação comercial da mulher, exposta, para atrair leitores. Nos ensaios do My Boy Toys a mulher nunca é objeto, não é manuseável, ela é a dona de suas intenções, senhora da cena e protagonista que decide o que fotografa e o que ignora.


O erro de @MyBoyToys foi ter uma mulher livre dirigindo e fotografando homens vulneráveis e tímidos. Poder demais para uma mulher? Em uma sociedade de machos inseguros e ressentidos, em uma sociedade que o homem se sente no direito de agredir física e psicologicamente a mulher que decide pôr fim a um relacionamento, a mulher na posição de liberdade, dominação e soberania, em cenas provocantes, deve assustar muito. Um risco tão grande quanto os perigosíssimos mamilos femininos.

Lud Lower interage com modelo no projeto My Boy Toys

Até a publicação dessa coluna, o Instagram ainda não havia se manifestado sobre o bloqueio da página @MyBoyToys, com mais de 40 mil seguidores. A fotógrafa Lud Lower segue divulgando seu trabalho e já tem um advogado que acompanha o caso e aguarda por respostas da rede social.


Mais detalhes sobre o projeto podem ser encontrados em:



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