top of page
whatsapp-logo-icone.png

publicidade

Filme: Mainstream (Gia Coppola, 2020)

Sátira sombria sobre o egocentrismo no mundo dos influenciadores digitais.

O diretor Francis Ford Coppola sempre foi visionário, desde a criação de um dos maiores filmes de todos os tempos O Poderoso Chefão (1972), passando por sua megalomania enlouquecedora em Apocalypse Now (1979) até a sua própria família, os Coppola – uma longa linhagem de diretores, roteiristas e produtores.

Francis abriu os caminhos cinematográficos para seus filhos Sofia e Roman Coppola e como qualquer outra família, a tendência é sempre crescer. Em 2013 a neta de Francis, Gia Coppola fez sua estreia na direção com o filme Palo Alto (2013) que causou certo barulho em festivais independentes por onde passou, mas foi só no Festival de Veneza 2020, que Gia chamou atenção de tudo quanto é cinéfilo e crítico.


O novo trabalho da diretora, Mainstream (2020), aparentemente era uma comédia, mas que se tornou uma sátira sombria. O filme conta a história de Frankie (Maya Hawke), uma adolescente entrando na fase adulta, que trabalha em um bar durante as noites e passa os dias determinada se tornar famosa nas redes sociais, ou melhor, ela quer ser uma Youtuber.


Os dias da personagem são comuns, como de qualquer outro ser humano, na esperança de um estalo, uma ideia que funcione e que, de uma vez por todas, deixe ela famosa. O mundo favorece Frankie, quando ela encontra Link (Andrew Garfield) um aparente ninguém que está fantasiado de rato em uma praça qualquer, Frankie começa gravar Link declamando um monólogo sobre arte, é então que tudo acontece, ele "viraliza".


O duo formado por Link, que é a estrela principal, e a diretora Frankie, precisa de um terceiro componente. Então Jake entra para a turma como roteirista, é ele quem cria as piadas e quase todo material do canal, é ele também a única mente sóbria dos três, já que com o decorrer do sucesso que o canal faz, Link deixa a soberba tomar conta do seu corpo, mente e alma.

Link é misterioso, carismático, excessivo, capaz de comandar qualquer sala, desprovido de regras e claro, consegue controlar todos – ou, quase todos – ao seu redor, especialmente Frankie que em determinado momento se apaixona por Link e é ai que as coisas desandam de uma vez por todas.


O foco inicial do trio era mostrar o lado sombrio dos influenciadores digitais, desmascarar a farsa que a grande maioria deles são. Em frente às câmeras uma pessoa e por trás dela, seres humanos nojentos, o lado mais obscuro e destrutivo destas plataformas. A natureza da própria fama é colocada em evidência numa viagem cada vez mais sombria aos meandros da obsessiva natureza do ser humano, mas sem nunca perder o evidente tom satírico.


O filme é muito ágil, conta com cortes muito rápidos e não tem medo de usar os famosos truques das redes sociais para ajudar com a narrativa. Coppola pontua por suas cores gritantes, pelos seus smiles e emojis explosivos, pela sua luz, cor, vontade de chocar e exagerar. Ela consegue tudo isso. É um filme corajoso, que age fora de qualquer expectativa com conformidade, resumindo, é um filme exagerado, que precisa do exagero para que a história funcione.

Andrew Garfield reina com tranquilidade aqui, sua atuação não é pontual, porque o personagem é a verdadeira personificação do exagerado e Garfield está se tornando um ator de esquisitices e estou falando no melhor sentido da coisa. Garfield parece ter sido escolhido a dedo para interpretar Link e sua atuação é tão natural e sincera que ele acaba se tornando o grande trunfo do filme, ou seja, sem ele, nada teria o mesmo efeito.


O mundo atual clama por facilidades e as redes sociais, naturalmente, são ferramentas para uma maior interação entre as pessoas e seria uma maravilha se fosse só isso mesmo, não fosse as tantas redes de ódio, as pessoas e todo seu deslumbre, famosos das redes sociais que acham mesmo que são relevantes para a sociedade e que, em alguns casos, até são, mas tudo, tudo depende de ponto de vista e é isso que Gia Coppola fez perfeitamente em seu segundo longa-metragem. Um ótimo filme, mais um ótimo filme dirigido por mais uma Coppola.


Onde assistir: Em breve em Google Play FIlmes e Youtube

publicidade

bottom of page