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  • Dra. Nise Yamaguchi na CPI da Covid-19. Saiba como foi

    Sen. Otto Alencar enquadra Dra. Nise Yamaguchi: “A sra. Não sabe a diferença entre vírus e protozoário... o plenário está cansado de médico audiovisual” A Dra. Oncologista Nise Yamaguchi recebeu uma verdadeira aula magna sobre o Sars-Cov-19, o vírus que causa a doença conhecida como Covid-19. Em sua participação na CPI, foram muitos os momentos de exaltação dos senadores contra a postura da médica que, em momento nenhum demonstrou querer colaborar para as investigações da CPI. Como se a participação dela na CPI, fosse uma palestra em um congresso de medicina, a doutora ignorou recorrentemente os fatos questionados e recorreu a longos discursos dispersos e alheios às questões objetivas postas, que, estava protegida pelo direito ao silêncio e até à mentira, se achasse conveniente, já que não estava ali na condição de testemunha, nem investigada, mas sim convidada. A convidada foi perguntada, por exemplo, sobre quantas vezes ela esteve com o presidente Jair Bolsonaro, mas se esquivava de dizer a quantidade de vezes, para responder coisas como o currículo dela e a pro atividade que teve em apoiar outros governos. O senador e relator da CPI da Covid-19, Renan Calheiros prosseguiu afirmando ter em mãos pelo menos 6 registros de visitas da Dra. Nise à sede do governo federal. E então perguntou: “Como eram feitos os convites para essas reuniões?” A doutora inicia a resposta: “Foram feitos convites espontâneos com relação às reuniões...” Renan interrompe: “Como eram feitos, qual era o meio utilizado? Eram telefonemas, eram e-mails? Como eram feitos esses convites?” Dra. Nise, responde: “Eram comunicações telefônicas, comunicações entre as pessoas interessadas, eu realmente nunca tive uma formalização de participação em comitê de crise nenhuma” E assim falou sobre um eventual comitê de crise que sequer estava sendo questionado. Vale lembrar que outros depoentes da CPI, como o ex-ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, já disseram à CPI, na condição de testemunhas, ou seja, obrigados a dizer a verdade, que o presidente Jair Bolsonaro possuía um gabinete de aconselhamento paralelo. Aparentemente cansado das mais de 4 horas de depoimento improdutivo, descompromissado e, portanto, quase inútil, o senador Otto Alencar começou os 15 minutos de interrogatório, dos quais tem direito para iniciar uma abordagem sobre a importância dos testes pré-clínicos e clínicos em pacientes antes de empregar certos medicamentos que causam alteração cardíaca no tratamento de pacientes com Covid-19. Com uma pergunta retórica, ou seja, aquela cuja resposta já é de domínio do inquisidor, mas que é feita apenas para fins de explanação, ele perguntou: “Para a oncologia a senhora usa estudos pré-clínicos e clínicos, e para o caso de Covid não usa? Se a senhora usou, fez os exames pré-clínicos eu quero conhecer todos os nomes, que a senhora fez o exame pré-clínico [SIC], in vitro, em camundongo e as quatro fases do exame clínico da hidroxicloroquina em pacientes.” A Dra. Nise, como de costume nas quatro horas passadas de CPI, foi fazer uma abordagem mais longa da questão: “A hidroxicloroquina tem sido utilizada há mais de 80 anos, sem necessidades de exames clínicos...” O senador Otto interrompe novamente e ressalta: “para outras doenças, minha senhora. Para outras doenças, não para covid-19. Usado para Malária, para Lúpus, para artrite reumatoide...” A médica, que escapou da maioria das questões, parecia, por outro lado, muito determinada a reafirmar que estava certa sobre a prescrição do uso de cloroquina para os pacientes, ato registrado em diversas participações em entrevistas nacionais, onde a doutora se colocava como uma especialista sobre o tema, recomendando o tratamento precoce, porém sem nenhuma comprovação ou sequer estudo clínico ou científico. Para rebater essas afirmações, o senador Otto Alencar que é formado em medicina, apresentou um estudo realizado pelo hospital Albert Einstein que cravou que o medicamento defendido pela oncologista, aplicado sozinho, ou em associação com a azitromicina, não traz nenhum resultado sobre pacientes com sintomas leves ou moderados, diferentemente do defendido pela médica. O estudo foi publicado em julho de 2020. A sessão mais emocionante de embates não parou por aí. A médica que foi afastada dos quadros clínicos do hospital israelita Albert Einstein, por um infeliz comentário, sobre o qual ela já se retratou, comparando as medidas de lockdown, com a estratégia nazista de gerar medo em seus prisioneiros judeus durante o holocausto, havia afirmado no início da sessão da CPI, que o mal-entendido havia sido desfeito que ela clinicava sim, no referido hospital. O que foi corrigido pelo Senador Otto: “Hospital Einstein, onde a sra. Trabalhou, a sra. Não tem mais contrato com o Einstein, a senhora pode internar um doente porque é um hospital que para quem trabalhou lá fica aberto, se a sra. Quiser internar um doente... ...Então aqui está um trabalho feito no Einstein em julho do ano passado, a senhora devia ter consciência (sobre o estudo), a não ser que a senhora, agora, que trabalhou no Einstein, pode dizer agora: - Olha eu não trabalho mais lá, então não concordo. Mas aqui está o trabalho...” Desconfiado o senador, após reafirmar que a cloroquina não funciona para Covid-19, pergunta: “Até porque, a senhora deve saber a diferença entre um protozoário e um vírus. A senhora sabe?” Atrapalhada e buscando a resposta em uma pilha de anotações que a doutora levou para a CPI e, visivelmente desconcertada pelo questionamento. A Doutora ainda tentou abordar outros assuntos, antes da de responder à pergunta do senador e foi cobrada: “Senhora, a senhora defina do ponto de vista orgânico do que é um protozoário e um vírus. Por favor, a senhora é médica, formada... Me diga, por favor, o que é um protozoário e o que é o vírus. A diferença entre um e outro, só isso.” Finalmente a Dra. Nise foi direta: “Os protozoários são organismos celulares e os vírus são organismos que têm um conteúdo de RNA ou DNA. No caso da covid...” A médica é novamente interrompida: “Não senhora, não senhora, tenha paciência. Não é bem assim não. A senhora não é infectologista, se transformou de uma hora para outra, como muitos no Brasil se transformaram em infectologistas e não é assim. Os protozoários são organismos mono, ou, unicelulares e os vírus são organismos que têm uma proteção proteica, capsídeo e, internamente, o ácido nucleico. Completamente diferente do que a senhora falou aí. A senhora não soube explicar o que é o vírus. Vírus não são nem considerados seres vivos. Então a medicação para protozoários, nunca cabe para vírus” Levando a internet ao delírio, o médico e senador Otto continua: “Por exemplo, doutora: Quando surgiu a H1N1, a ciência foi atrás de um medicamento antiprotozoário, ou antiviral?” “Antiviral” Responde a médica. O senador concorda: “Antiviral, pois bem, não foi antiprotozoário”. Esse diálogo que não acabou aqui, foi muito simbólico para a CPI da covid pois, evidencia um nível de conhecimento muito raso que tem sido utilizado para criticar e contrapor as descobertas científicas. Conhecimento tão raso, que impediu a doutora de responder por exemplo sobre a origem do vírus e quando foi a primeira epidemia causada pelo coronavírus. “De médico audiovisual esse plenário está cansado de alguém que ouviu e viu; e não leu; e não se aprofundou; e não tem estudado. Eu falo para a senhora porque desde começou essa doença eu tenho lido tudo sobre essa matéria, tudo. E não preciso ler para ver, não. A senhora nem sabe quando começou a primeira manifestação do coronavírus no mundo e como foi essa manifestação, então a senhora não poderia de jeito nenhum estar debatendo um assunto que não era do seu domínio. Isso não é honesto doutora. A medicina e a ciência querem honestidade, verdade, integralidade, capacidade intelectual, científica... para dissertar a respeito de uma doença tão grave como essa, que muitos médicos e infectologistas ainda não dominam”. Enquanto de um modo geral, os internautas vibravam com a participação do senador Otto Alencar, outras pessoas se dividiam opinando sobre o machismo e até arrogância do senador, mas para quem assistiu o ataque foi tão nítido, quanto a pouca vontade da depoente convidada em contribuir para as investigações. Porém, talvez não tenha sido um ataque contra a médica, mas sim, contra toda a ala negacionista de pessoas que têm colocado a saúde das outras em risco, seja indicando remédios ineficazes e perigosos para a saúde da população, seja ignorando as medidas de isolamento e disseminando o vírus na sociedade.

  • “Aerococa”: Cocaína foi transportada outras 7 vezes em voos oficiais

    Investigações da PF e Ministério Público militar apontam que cocaína em voo presidencial não foi a primeira vez e lista ao menos outras 7 ações semelhantes. Em junho de 2019 a comitiva, a caminho da cúpula do G20, fez uma escala na Espanha e um dos maiores escândalos nacionais veio à tona. O sargento da Aeronáutica, Manoel Silva Rodrigues, da equipe que transportava a comitiva presidencial, mais precisamente na operação do avião presidencial reserva, ou avião de apoio, desembarcou e foi flagrado com 39 Kg de pasta base para a produção de cocaína. Carga avaliada em mais de R$ 6 milhões. Sem acordo, o sargento não quis cooperar com as investigações e foi sentenciado a 6 anos de prisão na Espanha por tráfico internacional. Apesar da prisão, as investigações avançaram no Brasil e chegaram à conclusão de que aquela não tinha sido a primeira vez. O sargento já havia carregado drogas anteriormente em outras 7 oportunidades, 3 delas em voos internacionais, todos com escala na Espanha, foi o que revelou a investigação à qual a reportagem exclusiva de Josmar Jozino e José Dacau, para UOL, teve acesso.

  • A histeria da vacina na ausência de métodos

    Debate focado em vacinas pode custar 250 mil mortes até outubro e mostra que nem Esquerda e muito menos a Direita entenderam nada sobre a pandemia que vivemos. A vacina funciona e a vacina salva, porém, não a temos. Chegou a hora de discutir medidas realmente eficientes e muito mais urgentes. O debate nacional está travado sobre as vacinas ignoradas e não compradas pelo governo federal. Muito desse debate se deve a atuação da CPI que avança sobre o tema, porém, esse é um comportamento que já custou milhares de vidas. A quem ainda não tenha percebido, vale ressaltar que existem apenas duas alternativas eficientes contra a pandemia. Um se chama “lockdown” (o fechamento das cidades) e o outro é a Vacina. Porém, quando se fala em eficiência/eficácia com critérios claros e bem definidos como tempo necessário para acabar com a transmissão do vírus e quantidade de vidas salvas, a única estratégia funcional até agora foi o lockdown. A escolha do método: Para deixar esse raciocínio mais óbvio, vamos pensar em uma outra situação: Imagine que um prédio está pegando fogo, um incêndio que se não for devidamente contido, poderá matar até 2 mil pessoas em apenas um dia. Quando os bombeiros chegam no incêndio, qual você acha que deve ser o procedimento adotado: a) Instalar hidrantes, mangueiras e extintores para que cada pessoa no prédio possa combater o fogo; b) Simplesmente começar a combater o incêndio, sem se preocupar se os esforços serão suficientes para salvar as vidas que ainda se encontram no prédio; c) Deixar o fogo pegar, até acabar com o prédio, já que se não tem prédio não tem incêndio no prédio; d) Evacuar todo o prédio, tirando o máximo de pessoas possível do edifício para em um eventual desastre reduzir as perdas. Não precisa quebrar a cabeça, é uma pergunta retórica, cada uma dessas situações pode ser transferida da realidade do combate ao incêndio, para ser comparada com a realidade do combate à Covid. Opção A: A primeira opção listada acima, equivale ao que seria a vacina. A vacina é como extintores, mangueiras, hidrantes e mecanismos de prevenção ao incêndio. É claro que em um incêndio, se cada um tiver um extintor, o coletivo poderá combater o fogo até mais rápido do que a chegada dos bombeiros, porém, a realidade é que nessa pandemia, estávamos vacinados contra uma série de doenças, mas não contra a Covid, seria como em um prédio que só tem extintores líquidos, ocorresse um incêndio em uma mega bateria de lítio, não serve para nada. Água não apaga incêndio de lítio; pó químico e espumas também não. Opção B: A opção B das opções de combate ao incêndio, é o que está acontecendo agora com o combate a pandemia. Seria como um bombeiro chegar com apenas um balde, para apagar o incêndio de um prédio inteiro e dissesse: “não se preocupem, podem ficar aí no prédio normalmente, porque já estou com uma parte da água necessária para combater o fogo”. O que está acontecendo agora? Com pouquíssimas doses de vacinas disponíveis no mundo, com o Ingrediente Farmacêutico Ativo, o famoso IFA, insuficiente para produzir as vacinas necessárias para os 7 bilhões de habitantes na terra. Estamos vacinando as pessoas dentro do incêndio. Pessoas essas, que se acumulam em transportes públicos para irem trabalhar, porque os prefeitos e governadores, agindo como “cúmplices do genocídio”, se recusam a fechar as cidades para salvar vidas. Opção C: A 3ª opção citada nesse editorial de combate à incêndios, parece muito tosca para ser citada, mas pense: Qual é a diferença entre essa eventual técnica de deixar o prédio se acabar em chamas e ver quem consegue se salvar sozinho, e a estratégia já defendida pelo governo federal, conhecida como “Imunidade de Rebanho” ? Não há diferença! Na imunidade de rebanho, estima-se o tamanho do desastre, se dimensiona um provável número de perdas e aceita que muitos morram, sem gerar “prejuízo” para os demais que ficarão assintomáticos. Em ambos os casos, tanto no incêndio, quanto na pandemia, usar essa tática, além de gerar muitas mortes e perdas, corre-se ainda o risco de nunca atingir essa “imunidade de rebanho” ou esse “fogo auto extinto”, porque além de o incêndio poder se agravar e se espalhar pelos prédios vizinhos, sua queda também pode abalar e comprometer muitas estruturas fundamentais para a sociedade do entorno; no caso da epidemia, a estratégia de rebanho dá errado porque a cada reprodução, a cada nova contaminação, o vírus sofre pequenas modificações genéticas que podem gerar mutações graves. O vírus pode aprender a invadir o sistema imunológico de pessoas que não constavam no cálculo inicial de risco de perdas, como tem acontecido com a faixa etária de 30 a 50 anos, que no início da pandemia não gerava preocupações, mas agora é um dos principais públicos a passar por internações. Opção D: Evacuar o prédio para manter o máximo de pessoas possível em segurança é a opção mais lógica e óbvia, é assim que os bombeiros agem em uma situação de incêndio e emergência. Primeiro evacua o local, isola as pessoas longe do risco, depois combate o incêndio, faz o rescaldo, verifica a situação do edifício e decide se interdita, se manda demolir, se libera para reformas e para os moradores voltarem. Em um paralelo com o combate à pandemia, seria como o lockdown, o fechamento completo das cidades, a interrupção do transporte público, dos bares, dos restaurantes e de todos os demais comércios não essenciais. Isso significa tirar as pessoas das zonas de risco e conter a rede de transmissão do vírus. Uma vez encerrada a rede de transmissão, ou seja, uma vez que o incêndio pare de crescer, isso aumenta as chances do nosso sistema de saúde trabalhar para curar aqueles que ainda estão internados. Ainda seguindo o paralelo, depois que o incêndio é controlado, ou seja, a transmissão do vírus chega próxima de zero, aí sim, você faz um rastreio epidemiológico e só então, depois de uma situação segura e controlada é que se reabre as cidades. Diferenças de desempenho de acordo com o método: O quadro acima lista uma série de países e seus resultados no combate a pandemia. Aqueles países que agiram com mais racionalidade e. ao primeiro sinal do vírus, restringiram a circulação da população, fizeram barreiras sanitárias, rastrearam pessoas próximas aos infectados e literalmente travaram a economia, tiveram resultados muito expressivos como China, Vietnã, Nova Zelândia e Austrália; enquanto outras potências mundiais como EUA, Brasil, Itália e Reino Unido optaram pela tática que valoriza mais a economia do que a vida da população. Os resultados não foram bons nem para a saúde da população, nem para a economia. Enquanto a China, 2ª maior potência econômica do mundo atual, fechou imediatamente todas as regiões com vírus detectado, os EUA, maior economia mundial, liderada à época por Donald Trump, levou seu povo à morte com a ideia de que a população deveria trabalhar e não se preocupar com o vírus. No Brasil, o gado do Trump (clã Bolsonaro) seguiu o presidente estadunidense e conduziu mais de 460 mil brasileiros à morte com essa estratégia delinquente. Muitos desses países arrasados pela primeira onda, aprenderam e mudaram o “método primário” de combate a pandemia. Itália, Espanha, Reino Unido e EUA, apesar dos altos índices de mortalidade, mudaram a forma de combate e, também com lockdown e medidas de suporte econômico para a população, conseguiram melhorar e muito o desempenho nas 2ª e 3ª ondas. Nesse momento agudo da pandemia, com 2.000 mortes diárias, gritar pela vacina como solução para o fim da pandemia é tão ignorante quanto remar em mar aberto tentando encontrar a “borda da terra plana”, não vai acontecer, não há condições de acontecer. Só o lockdown com auxílio econômico alto suficiente para manterem as famílias bem alimentadas e seguras em casa, será capaz de salvar as vidas e a economia brasileiras. Nos EUA, por exemplo, famílias estão recebendo em auxílio do governo, um valor até 50% maior que o salário mínimo nacional. São aproximadamente US$ 2.000 dólares mensais para as famílias se manterem alimentadas e seguras em meio às incertezas da crise, enquanto no Brasil o presidente debocha da população com um auxílio emergencial de apenas R$ 150,00 (US$ 30,00) por mês, um valor ridiculamente insuficiente para convencer as pessoas a ficarem em casa. A vacina é importante, mas o lockdown é fundamental: A vacina é sim útil, tal qual os sistemas anti-incêndio que devem ser instalados antes do incêndio acontecer. Porém, para isso é preciso evacuar o prédio, salvar as pessoas, apagar o incêndio e na reforma do prédio instalar a “vacina” contra incêndios futuros. Isso, de forma alguma, é ser contra a vacina. A vacinação deve continuar paralelamente ao lockdown, mas é, sim, uma questão matemática, basta fazer um exercício de imaginação bem otimista para ver o quão infantil e genocida é a a ideia de que a vacina sem lockdown evitará um desastre ainda maior. Observe: Se tudo der certo e a produção de vacinas não sofrer nenhum novo atraso ou interrupção por falta de IFA, autoridades sanitárias garantem que o SUS tem capacidade de aplicar até 2 milhões de doses por dia – embora a média nos primeiros 125 dias de vacinação foi de apenas 540 mil doses por dia e o melhor dia de vacinação não chegou a 1,8 milhão de doses. Nessa hipótese, a aplicação otimista, com 2 milhões de doses por dia, levaria 135 dias, com essa força total, para imunizar os 125 milhões de brasileiros que faltam para a marca de imunização mínima que é de 70% da população. Se durante esse período for mantida uma média de mortes, semelhante à média móvel atual, 1.835, significará a morte de mais 250 mil pessoas até o dia 13/10/2021. Se morrer a mesma quantidade de pessoas que morreu nos últimos 135 dias, então 260 mil vidas serão perdidas. Lembrando que isso é um cálculo otimista. Esse editorial não fala contra a vacina, pelo contrário, fala a favor da racionalidade, da matemática básica, da eficiência máxima das medidas de reação a crise e, principalmente, fala sobre a única forma de poupar a vida dos brasileiros que têm, sistematicamente, sido vítimas das, cínicas, políticas públicas de enfrentamento à crise que fingem se importar com as mortes, mas apenas privilegiam os pleitos de comerciantes e empresários com medo de perder rendimentos e um eventual lockdown. O que mais se vê em protestos dos tais “70%”, que nós somos, é a cobrança por vacina, mas isso é uma manifestação infantil e errada, no momento em que a única coisa que deveria importar é um lockdown/fechamento rígido por 90 dias, ou no mínimo 45 dias, com auxílio emergencial justo e razoável para todos os habitantes que necessitem. Lockdowns de 7, 10, 15 e 20 dias, com reabertura com base em marcas altíssimas de ocupações nos leitos, não deveria se chamar lockdown, mas sim estratégia de marketing político. “Necromarketing” político.

  • ESPECIAL: Telas BR: A Indústria Noveleira Nacional

    Um passeio pelos últimos 30 anos da produção brasileira de novelas, uma das nossas especialidades culturais. TELAS BR é uma série especial de publicações da Dossiê etc, escrita por Cleber Eldridge, sobre o mundo audiovisual brasileiro, de 1990 a 2021; Capítulo 01: Telas BR: Panorama do cinema brasileiro - Parte 01 (anos 90 e 2000) Capítulo 02: Telas BR: Panorama do Cinema Nacional – parte 02 (anos 2010) O Brasil como qualquer outro país no planeta, tem a sua própria cultura, as novelas fazem parte da nossa história e que infelizmente, cada ano que passa, está perdendo mais e mais espaço, ainda assim, é um fato, o brasileiro é noveleiro. Não importa a idade, você, em algum momento da sua longa passagem na terra, em algum momento da semana, senta em frente a televisão e assiste um pedaço da novela que está passando. Lógico que nem todo mundo tem tempo ou vontade de assistir uma novela inteira, eu entendo perfeitamente isso, são vários os fatores que têm afastado o público das novelas, desde os enredos escassos, elencos fracos, temas espinhosos, diálogos ruins, enfim, são inúmeros os problemas, ainda assim, a parcela da população que assiste diariamente às novelas é gigante e o motivo é muito simples, as novelas estão enraizadas na nossa cultura. OS ANOS 90 Os anos 90 deixaram clássicos na teledramaturgia, quem nasceu nos saudosos anos 90, com toda certeza, lembra-se de alguns títulos pra lá de marcantes, por exemplo: Quem não se lembra daquela novela onde todos os personagens da trama foram assassinados – A Próxima Vitima (Autor: Silvio de Abreu | Direção: Jorge Fernando, 1995) – lembro bem daquela abertura sinistra –, ou do misterioso “Cadeirudo” de A Indomada (Autor: Agnaldo Silva | Direção: Marcos Paulo, 1997) uma das novelas mais marcantes de todos os tempos, época em que o realismo fantástico ainda atraia audiência; Torre de Babel (Autor: Silvio de Abreu | Direção: Denise Saraceni e Carlos Manga, 1998 – 1999) e a pergunta que durou meses, quem explodiu o shopping, o marcante Jamanta, isso só mencionando alguns folhetins da Globo e do horário das 20hrs, são exemplos que, se você era criança ou adolescente, com toda certeza, parava em frente à telinha e assistia dia após dia para descobrir quem era o serial killer, quem era a sombra que atacava mulheres em Greenville e quem explodiu o bendito shopping – deu até uma saudade. Os folhetins de comédia – costumeiros no horário das 19hrs – também marcaram época, lembra de A Viagem (Autoria: Ivani Ribeiro | Direção: Wolf Maya, 1994)? sim, essa era a novela dos anjos, que Christiane Torloni e Antonio Fagundes ficavam do céu, observando nós, terráqueos, já aqui na terra, o personagem de Guilherme Fontes aprontava todas, já que ele não conseguiu seu lugar no céu e foi parar no inferno; em outros casos as personagens são mais marcantes que a própria novela, caso da também saudosa Babalu e Rai, uma dupla de desajustados que se amavam em Quatro por Quatro (Autor: Carlos Lombardi | Direção: Ricardo Waddington, 1994 – 1995) – exemplo de que as novelas são parte da nossa cultura é como Letícia Spiller influenciou na moda feminina, dos cabelos louros, aos curtos shorts rasgados. Foi tendência! ANOS 2000 O novo milênio chegou e o público ainda estava na crista da onda das produções dos anos 90, especialmente as novelas que abraçavam a fantasia e muita coisa incrível foi posta no ar. O horário das 18hrs sempre foi “reservado” para novelas de época e Walcyr Carrasco – na minha humilde opinião, um dos piores autores de novelas que esse país já teve – cravou e marcou, fez não só um ou dois sucessos, foram quatro sucessos estrondosos: O Cravo e a Rosa (Autoria: Walcyr Carrasco e Mário Teixeira | Direção: Dennis Carvalho e ‎Walter Avancini, 2000 – 2001) contava a história de amor e ódio de Catarina e Petruchio; A Padroeira (Autoria: Walcyr Carrasco | Direção: Roberto Talma e Walter Avancini 2001 – 2002) foi um dos poucos folhetins religiosos do canal, mas o sucesso chegou no ápice com Chocolate com Pimenta (Autoria: Walcyr Carrasco | Direção: Jorge Fernando, 2003 – 2004) que continua com o título de novela mais reprisada da Globo. A trama se tornaria um vício do autor que se repetiria incansavelmente em outras produções no decorrer dos anos; e Alma Gêmea (Autoria: Walcyr Carrasco | Direção: Jorge Fernando, 2005 – 2006) uma trama repleta de espiritismo. Uga Uga (2000 – 2001) uma comédia pastelão e que muita, muita gente gostaria que reprisasse no Vale Apena Ver de Novo, mas até agora, nada... Na época a mulherada – e eu também, confesso – pirava no Índio Tatuapu, interpretado pelo então novato Claudio Heinrich, o elenco também tinha Humberto Martins e Marcos Pasquim que passaram quase toda novela exibindo os músculos, uma besteira, mas que ... fez sucesso, muito sucesso. O folhetim foi seguido por Um Anjo Caiu do Céu (Autoria: Antônio Calmon| Direção: Dennis Carvalho, 2001) a trama era exatamente o que o título sugere, um anjo que caí do céu e começa revirar a vida dos humanos sem a benção de Deus, mas talvez o maior sucesso em todos os sentidos do horário das 19rs foi O Beijo do Vampiro (Autoria: Antônio Calmon | Direção: Marcos Paulo e Roberto Naar, 2002 – 2003) se tornou um clássico também, era outra comédia exagerada e que ditou moda durante os meses em que ficou no ar. Batom roxo, gargantilha e a moda gótica voltou com tudo. Por fim Da Cor do Pecado (Autoria: João Emanuel Carneiro | Direção: Denise Saraceni , 2004) também se tornou um clássico e não porque ditou moda, ou tinha personagens marcantes, na verdade até tinha a Mamusca, Aberlado e o Pai Helinho, mas foram tantas as reprises que o público acabou abraçando a trama dos gêmeos Apolo e Paco, essa foi a primeira novela de João Emanuel Carneiro, que viria a revolucionar o mundo das telenovelas alguns anos mais tarde. OS GRANDES AUTORES Os demais horários trouxeram sucesso, marcaram época e gerações, mas ... nada comparado com o que estava no horário nobre. Laços de Família (Autoria: Manoel Carlos | Direção: Ricardo Waddington , 2000 – 2001) e a cena de Carolina Dieckmann raspando a cabeça, por conta do câncer na medula marcou o país inteiro, Manoel Carlos estava no auge, alguns anos depois voltou com o também clássico Mulheres Apaixonadas (Autoria: Manoel Carlos | Direção: Ricardo Waddington, Rogério Gomes e José Luiz Villamarim, 2003) um folhetim repleto de polêmicas, a novela falava de alcoolismo, agressão às mulheres, agressão a idosos, afinal quem não se lembra do Marcos, maldito, interpretado por Dan Stulbach, que agredia a mulher com uma raquete de tênis ou da adolescente nojenta, Doris (Regiane Alves) que maltratava os avós. O autor ainda voltaria na mesma década com Páginas da Vida (Autoria: Manoel Carlos | Direção: Jayme Monjardim, 2006 – 2007). O meu autor favorito, Gilberto Braga, sempre gostou de polêmicas, se você pensar um pouco, sempre tinha aquelas novelas em que um personagem importante era assassinado, tinha dedo de Braga. No decorrer dos episódios uma espécie de “investigação” ocorria e o público só descobriria quem era o assassino no último capítulo, uma forma de segurar a audiência. Me lembro como se fosse hoje na escola e encontrar escrito na lousa: “quem matou Lineu?” – esse era o segredo da novela favorita da pessoa que vos fala Celebridade (Autoria: Gilberto Braga | Direção: Dennis Carvalho, 2003 – 2004), um folhetim repleto de glamour com as atrapalhadas personagens Darlene (Deborah Secco) e Jaque Joy (Juliana Paes). Tinha ainda a Laura (Cláudia Abreu), uma das vilãs mais maléficas da história da televisão; o outro sucesso de Braga foi Paraíso Tropical ((Autoria: Gilberto Braga e Ricardo Linhares | Direção: Dennis Carvalho, 2007) que tinha Olavo (Wagner Moura) como vilão, aliás, o grande feito de Braga é cuidar de seus vilões, como se seus filhos fossem. Se existe uma autora que sabe marcar época é Glória Perez, nos anos 2000 ela fez uma trinca de novelas que ninguém, enquanto vivo, vai esquecer, começando por O Clone (Autoria: Glória Perez | Direção: Jayme Monjardim, 2001 – 2002) um dos maiores clássicos da televisão, com uma trama completamente diferente do que já tínhamos visto até então, Perez em todas suas novelas, abraçou e tentou trazer para o Brasil, quase sempre com sucesso, cultura de outros lugares. O Clone era filmado no Marrocos e alterou por inteiro a moda feminina no Brasil, saias, pingentes dourados, pequenas pedras no meio da testa e por ai vai, o sucesso voltou com América (Autoria: Glória Perez | Direção: Marcos Schechtman, 2005) uma trama sobre viver o sonho americano, essa não causou moda, mas fez muito sucesso, aposto que você se lembra do “Boi Bandido”, foi a primeira novela também a falar abertamente de homossexualidade. Muita gente ficou furiosa, era esperado que no último capítulo o personagem de Bruno Gagliasso beijasse o companheiro de cena, mas ... não aconteceu. Caminho das Índias (Autoria: Glória Perez | Direção: Marcos Schechtman, 2009) foi um sucesso estranho, Perez abordou a cultura indiana dos pés à cabeça, literalmente, os figurinos entraram na moda e quem não se lembra da personagem de Dira Paes que dava o “leitinho” para o seu marido Abel dormir enquanto ela saía para as noitadas. O “mago” dos anos 90 e 2000 atendia pelo nome de Aguinaldo Silva, que inaugurou o século com Porto Milagres (Autoria: Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares | Direção: Marcos Paulo e Roberto Naar, 2001), Silva sempre abordou temas religiosos em seus folhetins, o tema central de Porto dos Milagres era justamente os milagres de Iemanjá, mas o sucesso veio mesmo com Senhora do Destino (Autoria: Aguinaldo Silva | Direção: Wolf Maya, Luciano Sabino, Marco Rodrigo e Cláudio Boeckel, 2003 -2004) com sua protagonista Maria do Carmo, mas que nem chegava perto de Nazaré Tedesco, a vilã que até hoje rende memes. Impossível esquecer de suas expressões enquanto ela “aniquilava” suas vítimas. Os novos talentos, os fracassos, mudança na nomenclatura e os anos 2010 Os anos 2010 foram marcados grandes sucessos, novos talentos e a queda de grandes autores – e quando digo queda, é demissão da maior rede de televisão do Brasil – foi o caso de Aguinaldo Silva que, depois de produzir O Sétimo Guardião (Autoria: Aguinaldo Silva | Direção: Marcos Allan Fiterman, 2018 – 2019) a novela mais cara da Globo – e também um dos maiores fiascos – foi demitido da emissora onde trabalhou por 34 anos de sua vida. O mesmo aconteceu com Manoel Carlos e sua Em Família (Autoria: Manoel Carlos | Direção: Jayme Monjardim e Leonardo Nogueira, 2014) e Gilberto Braga com Babilônia (Dennis Carvalho e Maria de Médicis, 2015) todos demitidos. Se alguns dos autores consagrados foram para o olho da rua, outros só precisavam de uma chance para mostrar seu talento. João Emanuel Carneiro tem se mostrado o autor mais prolifero dos últimos anos. Seu primeiro folhetim para o horário nobre foi A Favorita (Ricardo Waddington, 2008) que chocou o mundo por conta da reviravolta no final. Lógico que não vou dar nenhum spoiler sobre a trama, mas acredite, essa foi uma das últimas grandes novelas já feitas, mas que logo seria superada pela próxima novela do autor, tanto em qualidade, quanto eu audiência e em audácia. Ela... Avenida Brasil (Amora Mautner, José Luiz Villamarim e Ricardo Waddington, 2012) tinha uma trama totalmente diferente de tudo o que o público brasileiro visto. Por outro lado, era uma novela com diversos núcleos, o autor soube como nenhum outro, criar personagens para todos os públicos. Desde o time de futebol, até o lixão, bígamos, golpistas, traumatizados, apaixonados... tinha pra todos os gostos. Essa é sem dúvidas a novela que zerou o termo “vilã”, porque Adriana Esteves ficou marcada para sempre como Carminha, assim como Debora Falabella como Nina ou Rita, uma grande novela que parou o país, literalmente, no último capítulo o país se trancou dentro de casa para descobrir quem matou Max ... isso sem mencionar os outros tantos personagens como a Mãe Lucinda, Leleco, Tessalia e, lógico, o banana do Tufão. O produtivo João Emanuel Carneiro ainda faria mais duas novelas na mesma década que seriam A Regra do Jogo (Amora Mautner, 2015 – 2016) e Segundo Sol (Dennis Carvalho, 2018) contudo, sem o mesmo sucesso, o autor começou a cair nas próprias armadilhas, começou a se repetir o suficiente para que as tramas ficassem manjadas. O pior folhetim em dos últimos tempos é sem dúvida, a terrível, tenebrosa, pavorosa, medíocre Fina Estampa (Autoria: Aguinaldo Silva | Direção: Wolf Maya, 2011 – 2012). A trama da “Pereirão” até fez sucesso, mas era o cúmulo da idiotice, ainda mais com aquela vilã para lá de tosca, Teresa Cristina. Uma vilã sem motivos – aliás, qual foi o motivo para essa novela ir ao ar? Ninguém nunca vai saber – apesar disso, Aguinaldo Silva veio a se recuperar com a criação do “Comendador” em Império (Autoria: Aguinaldo Silva | Direção: Rogério Gomes, 2014 – 2015) que está atualmente no ar em uma reprise especial, outro caso que fez sucesso porque tinha núcleo para todos os públicos e personagens cativantes, ainda que a maioria deles fosse mergulhada em clichês, como o Téo Pereira, blogueiro sem escrúpulo interpretado por Paulo Betty. O sucesso do folhetim foi tanto que acabou ganhando o Emmy - Academia Internacional de Televisão – de melhor novela. Se João Emanuel Carneiro colocou três novelas no ar durante uma década, sendo que uma delas permanece no posto de melhor novela em sei lá quanto tempo, Walcyr Carrasco fez o mesmo, foram três folhetins só que, um pior que o outro, novelas difíceis de assistir de tão ruim que eram, começando por Amor à Vida (Mauro Mendonça Filho, 2013 – 2014) que sim, fez um sucesso absurdo. A trama de Felix, sim o próprio, que vendia cachorro-quente na Rua 25 de Março, que jogava alguém de sua família no lixo enquanto ainda criança... rendeu boas discussões durante jantares familiares, foi a maior novela no ar em anos com nada menos que 221 capítulos, para mim, uma tortura sem fim. O mesmo aconteceria com O Outro Lado do Paraíso (André Felipe Binder e Mauro Mendonça Filho, 2017 – 2018) outro caso que tinha tudo para dar certo, mas ele se atrapalhou e deu no que deu. Por fim A Dona do Pedaço (Luciano Sabino e Amora Mautner, 2019) uma novela feita às pressas por causa dos baixíssimos níveis de audiência da novela anterior, O Sétimo Guardião, a do gato preto, também ficou longe dos tempos áureos da novela brasileira e dos sucessos do autor nos anos 2000. A Pandemia e os anos 2020 Amor de Mãe (Autoria: Manuela Dias | Direção: José Luiz Villamarim, 2019 – 2021) foi uma grande novela, eu diria que a melhor desde Avenida Brasil, a trama de Lurdes que busca incansavelmente seu filho Domenico, não fez o sucesso que merecia, mas não foi por falta de qualidade. A pandemia atrapalhou as filmagens, Manuela Dias, a autora, resolveu colocar o vírus dentro da trama, o final ficou um pouco corrido, mas no final deu tudo muito certo, valeu muito a pena. Gostou de relembrar os grandes clássicos da novela nacional de 1990 a 2021? Faltou alguma? Deixa nos comentários, quem sabe esse texto não ganha uma continuação.

  • Racismo na PM: Policial aponta arma para atleta durante treino

    Policial, aparentemente, descontrolado ameaça atleta de MTB: "Resiste para ver o que vai acontecer contigo" Em Cidade Ocidental - GO, policial militar aborda atleta negro com violência e graves ameaças. Felipe Ferreira, o jovem abordado nessa operação possui um canal no YouTube que carrega seu próprio nome. No canal é possível encontrar dezenas de vídeos do atleta fazendo manobras com sua Moutain Bike. Em mais um dia comum na rotina do atleta e YouTuber, ele gravava vídeos para seu canal em um parque público, quando foi surpreendido pela abordagem truculenta da polícia, tudo registrado em vídeo. Sem nenhuma atitude suspeita e mesmo depois de mostrar a câmera da gravação para o policial a abordagem não foi feita com nenhum respeito e aparentemente fora dos padrões que deveriam ser seguidos em uma abordagem realizada por agentes da lei. Um dos policiais, visivelmente alterado e despreparado para o trabalho que realiza, manteve a arma apontada contra o atleta o tempo todo, com um tom de voz ameaçador e intimidador que não deveria ser usado contra nenhum cidadão que não ofereça risco. O outro policial, aparentemente mais controlado dá o suporte para a operação, sem apontar armas e se comunicando de forma pacífica, como deveria ser. No mesmo vídeo é possível observar um policial controlado, seguindo a cartilha, de forma educada, dentro do padrão que se espera de servidores públicos e aparentemente até constrangido em ter que dividir viatura com o outro policial que agiu como se estivesse roubando um banco, ou confrontando um ladrão de bancos. Totalmente desproporcional para a situação apresentada. No final do vídeo é possível ver que o policial, já intimidado pela presença da câmara do atleta, pega o equipamento e o desliga, evitando que o decorrer da abordagem fosse filmado. Apesar do susto, Filipe Ferreira foi liberado, mas nem a Polícia Militar do estado de Goiás, nem o atleta se pronunciaram sobre o caso. Segue o vídeo do momento da abordagem:

  • LISTA: 5 filmes sobre autores literários

    O cinema sempre se apoiou na literatura, assim os grandes diretores buscaram inspirações em grandes autores, resultando numa parceria produtiva e duradoura. O cinema sempre foi uma espécie de caçula da literatura. O cinema sempre encontrou na literatura suas maiores inspirações, assim como os grandes diretores e roteiristas, sempre encontraram nos autores suas maiores inspirações, acho que é um desejo comum de qualquer ser humano, que aquela obra literária, considerada favorita, seja um dia transformada em um filme, ou não – se por um lado, algumas pessoas sonham com determinado ator ou atriz para interpretar seu personagem favorito, outros torcem o nariz e acham que é melhor tudo ficar por conta da imaginação. O que posso afirmar com muita certeza é que, os amantes de cinema e de literatura são espécies completamente diferentes, poderiam ser considerados até da mesma família, criados na mesma casa e até com os mesmos pais, mas com manias, cacoetes e costumes diferentes. O “autor” que vos fala, terminou essa semana um curso de escrita criativa, que me deixou ainda mais apaixonado por literatura – o meu amor por cinema já é de anos e ele só aumenta – foi então que reparei que alguns dos meus filmes favoritos da vida são sobre grandes autores literários, separei então os que considero melhores filmes de alguns dos meus autores favoritos e, acreditem, foi uma lista muito difícil de montar. 5. Autora: Iris Murdoch Filme: Iris (Richard Eyre, 2001) O amor sempre se fez presente em toda obra e carreira de Murdoch, não é por menos, o amor sempre foi presente em sua vida, o filme de Eyre conta os dias de Iris em dois tempos diferentes, primeiro quando ela ainda era jovem e começo de carreira, ainda nos primórdios de seu trabalho e quando conheceu o seu professor John Bayley, na qual passou o resto de seus dias, então a segunda fase do filme, quando Iris já uma senhora e com Mal de Alzheimer. 4. Autor: Leon Tolstoi A Última Estação (Michael Hoffman, 2009) O autor do clássico russo “Guerra e Paz” sempre viveu de forma peculiar e esse filme não conta muito sobre seus trabalhos, é mais focado na doutrina do autor, algo entre a pobreza e a castidade, a realidade de sua riqueza, seus nada menos que 13 filhos e especialmente seu relacionamento com sua amada esposa, que cuida do mestre da literatura em seus últimos dias em estado precário de saúde. No fim das contas é um filme gostoso de assistir, especialmente por conta dos ensinamentos de Tolstoi com seu menino prodígio. Onde assistir: HBO Go 3. Autora: Virginia Woolf As Horas (Stephen Daldry, 2002) O mais chegados na literatura conhecem na intimidade o nome Virginia Woolf e toda sua obra, uma das mais prestigiadas autoras da história, o filme de Daldry narra como o romance Mrs. Dalloway afeta a vida de outras duas mulheres em épocas diferentes, de um jeito ou de outro, a autora é interpretada por Nicole Kidman, que venceu o Oscar por sua atuação, tranquilamente um dos melhores filmes dos anos 2000. 2. Autor: Jack Kerouac Na Estrada (Walter Salles, 2012) On the Road se tornou um clássico e influenciou gerações – a minha inclusive – Jack Keroauc era um ser humano que queria liberdade acima de tudo e de todos e foi pensando nisso que formou – sem querer - a geração beat, uma geração influenciada pela literatura, drogas e muitos jazz. O filme foi uma odisseia, um longo processo da compra dos direitos autorais do livro, até quem seria a melhor opção para dirigir esse road movie e o escolhido foi o brasileiro – e meu diretor nacional preferido – Walter Salles, que, como nenhum outro em terras tupiniquins, sabe fazer um filme de estrada, vou me abster de contar qualquer detalhe do filme, apenas assista e se deixe levar por essas estradas da vida. Onde assistir: Claro Vídeo 1. Autor: Truman Capote Capote (Bennett Miller, 2005) O filme é a obra-prima de Miller, um filme frio, preciso, sinteticamente e simetricamente perfeito. Distante do público, o filme conta a história de como Capote criou sua obra mais celebre A Sangue Frio, uma das maiores obras literárias dos Estados Unidos do século XX. Philip Seymour Hoffman nos entregou a melhor atuação masculina do século (até agora), um monstro em cena, caracterização perfeita, elenco de apoio perfeito e de quebra ainda conhecemos um pouco de Harper Lee, autora da também obra-prima O Sol é Para Todos. Onde assistir: iTunes

  • Garimpeiros incendeiam aldeia indígena no Pará

    Acuados pelas operações da PF, os criminosos atacaram tribo indígena em represália. Na tarde dessa quarta-feira (26/05), indígenas tiveram suas terras Mundurukus atacadas à tiros e a casa da líder Munduruku Maria Leusa foi incendiada pelos criminosos. Ela mora na aldeia Fazenda Tapajós, perto de Jacareacanga, no sudoeste do Pará. Segundo informações da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) o ataque aconteceu em reação a uma megaoperação realizada pela polícia federal, contra a mineração ilegal que destrói flores, degrada o solo e intoxica rio e ar com elementos químicos utilizados na prática mineradora. A operação iniciada na terça-feira, 25, é de grandes proporções e coordenada entre polícia federal, exército, Ibama e Força Nacional. Imagens mostram a casa de Maria Leusa destruída pelo fogo e, em foto tirada do outro lado do rio Tapajós, é possível ver ao longe a coluna de fumaça saindo da aldeia. Por volta das 13:00 Maria Leusa Munduruku enviou mensagem de áudio pedindo ajuda, em seguida o sinal de internet da aldeia foi cortado. “Venham, por favor, está uma confusão, vão queimar minha casa. Adonias [Munduruku] está dando tiro no cais, em todo lugar. Eles estão dando tiro, por favor, me ajuda” Policiais federais que estão na região informaram que o grupo de garimpeiros tinha aproximadamente cem integrantes. Munidos de paus e pedras, tentaram invadir a base da Polícia Federal montada na região e incendiar viaturas. Os policiais reagiram com bombas de gás lacrimogêneo. Ninguém foi preso. A Polícia Federal informou que fez um sobrevoo na área e identificou os pontos de garimpo ilegal. O balanço da operação, que foi iniciada nesta terça-feira (25), ainda não foi divulgado. Os crimes investigados são de associação criminosa, exploração ilegal de matéria-prima pertencente a União e delito contra o meio ambiente. Informações do jornal Folha de São Paulo e Articulação dos povos indígenas.

  • Critica - Army of the Dead: Invasão Las Vegas (2021)

    O tradicional filme de zumbi com explosões, muito sangue e um roteiro que parece ter sido escrito por uma criança de 10 anos. O nome Zack Snyder ficou conhecido graças a sua colaboração com a DC, mas muito antes das colaborações com a Warner, ele tinha dirigido Madrugada dos Mortos (2004), filme que lhe rendeu Hollywood e passagem para filmes como 300, O Homem de Aço e mais tarde A Liga da Justiça, filme que lhe renderia algumas polêmicas, não por conta do filme – apesar de ser muito ruim -, mas por problemas pessoais do diretor que perdeu a sua filha e acabou largando a direção do filme. No começo do ano a HBO Max, resolveu lançar a versão do diretor, um filme com mais de 4 horas de duração. O mundo girou, a Netflix resolveu dar liberdade para o diretor que, muitos anos depois resolveu voltar às origens que lhe renderam sucesso, o resultado é Army of the Dead: Invasão Las Vegas. Os inúmeros problemas do filme já começam no enredo, logo nos minutos inicias, ainda antes dos créditos, Snyder joga todas as cartas na mesa, a trama começa com o exército americano transportando uma carga, que ainda não sabemos o que é, do outro lado da estrada uma dupla de recém-casados está dirigindo quando a moça resolve fazer sexo oral no rapaz, ele excitado, acaba perdendo o controle do carro e batendo no comboio, causando o acidente e libertando o conteúdo da carga, um zumbi superpoderoso, que em questão de segundos acaba com todos os soldados ali ao seu redor e invade a cidade de Las Vegas, essa é apresentação da trama, ainda sem nenhum personagem, até então já sabemos que seria um tradicional filme de zumbi, com a correria de sempre, com a matança e explosão de cérebros tradicionais, o que não sabíamos é que Snyder é uma criança quando se trata da criação de personagens. Os momentos que seguem somos apresentados a todos os outros personagens, muitos personagens e nenhum deles com qualquer profundidade, é quando percebemos que o filme vai tentar se levar a sério e esse talvez tenha sido seu maior pecado, especialmente porque o filme tem nada menos que 148 minutos de duração. Somos então de vez introduzidos para dentro da equipe de Scott Ward (Dave Bautista), sua melhor amiga que é apaixonada por ele, os assassinos, a piloto do helicóptero e o arrombador de cofres, essa equipe precisa invadir a cidade tomada por zumbis para entrar em um cofre e pegar 200 milhões de dólares para um magnata que já é rico. Todos esses e a filha do protagonista, a estúpida metida a heroína. Os personagens interagem e os momentos beiram a insanidade da estupidez, eles combinam uma coisa e logo em seguida isso tudo é esquecido, deixado de lado, como se nada tivesse sido dito, incomoda quando percebemos que cada personagem segue um padrão de vários outros filmes, com personalidades já conhecidas e previsíveis, um poço sem fundo de clichês, existe aquele personagem que só vai tomar decisões erradas para atrapalhar a missão, ou então aquela que, de repente, criará um senso de heroísmo e se sacrifica sendo que existiam inúmeras outras opções. Os zumbis parecem ter evoluído, como sempre, não sabemos como ou porque, só sabemos que eles são mais rápidos, mais fortes, inteligentes e até sentimentos eles tem, acreditem, existe um casal de zumbis, não sabemos nada e o roteiro não faz nenhuma questão de esclarecer isso, deixa estar e vamos resolver logo. O ápice do filme é tomado por sequencias de ação, explosões de prédios e helicópteros, correria, muito sangue e até tigre zumbi arrancando cabeça de ser humano tem. Pois é, alguns acham que Snyder é um mestre nas sequencias de ação, eu só consigo pensar: Michael Bay faria melhor ou igual. O que importa é que, sim, alguns irão se divertir muito, já que é um tradicional filme de zumbi. Para quem é um pouco mais exigente, que faz questão que todas as pontas sejam resolvidas, vai ter uma grande decepção.

  • Mais que mamilos: redes sociais censuram o poder feminino

    Instagram da fotógrafa que fazia homens de “brinquedo”, foi bloqueado sem infringir nenhuma regra da rede social. No início de maio a fotógrafa Lud Lower foi surpreendida, era a mais nova vítima dessa ronda ostensiva contra a expressão da mulher, porém, ao contrário do que geralmente acontece, o Instagram não bloqueou a página dela por conta de alguma exposição sexual ou nudez indevida, ou qualquer outro motivo que infrinja as regras da rede social, como os polêmicos "mamilos femininos". Muito pelo contrário... A artistas teve a página de um de seus projetos mais populares bloqueada, mas o curioso nesse caso é que os mamilos, eventualmente, exibidos são masculinos. E antes que se fale em “machismo reverso”, a página “@MyBoyToys” não exibe os mamilos masculinos para exaltar as formas perfeitas do corpo de um homem, mas é uma página que, para além disso, brinca com a fantasia de muitas pessoas, homens e mulheres que gostam de fantasiar o domínio sobre homens. Pele, pelos, cenas em preto e branco, corpos masculinos de todos os “biotipos”, diversidade, sensualidade, jeans rasgados, tatuagens, rostos tímidos, sorrisos safados e uma misteriosa mão que toca seus rostos e corpos com a segurança de quem segura um copo d´água, ou, nesse caso, com a segurança de uma mulher que segura seu brinquedo... Héteros, bis, gays, pans... simplesmente homens. Clicados com um olhar sensual e pequenas, mas fundamentais, participações da própria Lower, que se apresenta em algumas fotos mostrando partes de seu corpo interagindo e manuseando os modelos que interpretam os “brinquedos” dela. A abordagem é sensual e de muito bom gosto, com muitos tons de cinza, caras, bocas, toques e posições. Homens expostos, com vários estilos de roupas, pouca roupa e até nenhuma roupa; vulneráveis às lentes da fotógrafa que “brinca” com seus modelos. A artista é especialista em fotos sensuais de corpos reais, mas especialmente nesse projeto, Lud consegue colocar um olhar de poder da mulher sobre o homem e, em suas fotos, não raramente, qualquer pessoa que olhe, seja homem ou mulher, se sente dentro da cena, perto dos modelos e em meio a interação (palavra de quem já desbravou o site por 30 dias). É a isso que a página se propõe, ser os olhos – às vezes até as mãos, pés, coxas e corpos, de um modo geral, do “leitor” do projeto. Fora dos padrões, esse bloqueio de página é ainda mais estranho já que as cenas mais picantes, não estavam na página que só servia como meio de divulgação do projeto. Todo esse mar de fantasias e cenas eróticas, estão dentro de um site externo, o Instagram da marca divulgava o trabalho com fotos leves, como homens de calça jeans, sem camisa, rostos de homens sendo tocados pela intrigante mão tatuada da fotógrafa... Nesse projeto, Lud Lower é a definição de tudo que um homem cis heteronormativo fantasia em uma mulher: linda, sexy, provocante, ardente, fogosa e disposta ao prazer... Por outro lado, nesse mesmo projeto, Lud é tudo que um homem cis heteronormativo teme em uma mulher: ela é inteligente, talentosa, dominadora, independente e LIVRE. Foi através dessa página, agora bloqueada, no instagram, que Lud Lower – que além de artista, fotógrafa e roteirista brilhante, também é mãe, mulher e como qualquer cidadã tem suas contas para pagar – vendeu boa parte das assinaturas que dão acesso ao conteúdo integral no site. Mais do que uma rede social e local de expressão artística, o Instagram se tornou, especialmente durante os momentos de crise, como o que vivemos, uma opção de divulgação para micro e pequenos empreendedores como Lud Lower. Excluir essas páginas que não infringiram nenhuma regra da rede social, apenas por conta de um grande volume de denúncias, sem verificação humana, torna essas redes sociais vulneráveis a ação de concorrentes e correntes de boicote movidas por grupos de ressentidos intolerantes. As fotos da página @MyBoyToys não mostravam nada de mais, não mostrava os polêmicos (e proibidos) mamilos femininos, não mostrava conteúdo sexual, ofensivo, violento e tampouco mostrava mais pele do que as fotos de musas e musos fitness que recheiam a mesma rede social. Se tem um limite que a página cruzou, foi o limite que mantém a objetificação comercial da mulher, exposta, para atrair leitores. Nos ensaios do My Boy Toys a mulher nunca é objeto, não é manuseável, ela é a dona de suas intenções, senhora da cena e protagonista que decide o que fotografa e o que ignora. O erro de @MyBoyToys foi ter uma mulher livre dirigindo e fotografando homens vulneráveis e tímidos. Poder demais para uma mulher? Em uma sociedade de machos inseguros e ressentidos, em uma sociedade que o homem se sente no direito de agredir física e psicologicamente a mulher que decide pôr fim a um relacionamento, a mulher na posição de liberdade, dominação e soberania, em cenas provocantes, deve assustar muito. Um risco tão grande quanto os perigosíssimos mamilos femininos. Até a publicação dessa coluna, o Instagram ainda não havia se manifestado sobre o bloqueio da página @MyBoyToys, com mais de 40 mil seguidores. A fotógrafa Lud Lower segue divulgando seu trabalho e já tem um advogado que acompanha o caso e aguarda por respostas da rede social. Mais detalhes sobre o projeto podem ser encontrados em: www.myboytoys.com.br www.ludlower.com.br @LudLower @LowersToys @LowersLife

  • Monogamia: Condição ou consequência?

    Morte do Mc Kevin reacende discussão sobre fidelidade: Regra ou escolha? Como se a pena de morte estivesse prevista em nossa constituição (não está) e como se “traição” fosse crime (não é), pessoas vibraram e zombaram da morte do funkeiro MC Kevin, que supostamente traía a esposa, Deolane Bezerra, minutos antes de cair da sacada de um hotel. Discursos acalorados pelo momento tomaram as redes sociais e deram lição de moral aos que traem. A viúva, emocionada em no velório do MC, chegou a dizer que “homem casado não anda com homem solteiro”, quase que responsabilizando essa mistura de estados civis pela morte do cantor. Esse editorial se propõe a refletir sobre toda essa situação. OBSERVAÇÃO: Parte desse texto já estava pronto antes da morte precoce do cantor e se tratava de uma reflexão sobre a cultura monogâmica e seus impactos sobre a liberdade e a violência contra a mulher. Segue: “Meninas A mamãe e eu estamos nos divorciando. Não chorem... Eu Sei que estão chateadas Eu Sei que estão confusas Eu não sei o que a mamãe disse, mas deixa eu explicar isso do meu lado, de uma forma que vocês entendam: Vocês têm essa boneca, não é?! Vocês têm essa boneca Você tem a sua boneca, você gosta da sua sua boneca, você ama a sua boneca Mas e se eu dissesse para você que essa é a única boneca que você vai poder brincar para o resto da vida? Como se sentiria? Se sentiria triste, é claro! Porque tem um monte de bonecas nas suas prateleiras. E se para brincar com as outras bonecas, você não pode mais ter essa boneca aí. Mesmo que essa boneca não queira mais brincar com você, vocês duas estão vivendo uma mentira. Tem outras bonecas que vocês gostariam. Estão fazendo novas bonecas todo ano Quer uma boneca aeromoça? Que tal uma boneca garçonete, ligeiramente acima do peso? Que tal uma boneca que, por acaso, é a melhor amiga da sua boneca preferida? Podia acontecer não é? Que tal a boneca que você só brinca um dia e nunca mais vai vê-la de novo? Que tal a boneca que um amigo seu está brincando e ele quer que você dê uma “brincadinha” com outra boneca. Você nem quer brincar com aquela boneca, mas você brinca, porque seu amigo está brincando com aquela boneca e você não quer ficar para lá e deixar a outra boneca sozinha. Então é por isso que eu e mamãe estamos nos divorciando, a monogamia não é realista.” É com o monólogo acima que Gordon (Colin Quinn) o pai de Amy (Amy Schumer), abre o filme Descompensada (Judd Apatow, 2015), explicando o que, ao seu ver, seria a monogamia, ou simplesmente passando um pano na própria imagem, depois de trair a mãe das garotas, que resolveu se separar. É um dos textos mais crus que encontraremos no cinema sobre o que seria a monogamia e poligamia, não há nessa fala a intenção de convencer (depois há), mas sim uma forma simples de explicar algo óbvio... A vida não é mono. A monogamia é uma herança da idade média, a era medieval. O casamento tradicional e monogâmico sempre foi uma cortina de aparências, há documentação histórica que datam da Idade Antiga, de Reis e Rainhas que promoviam verdadeiras orgias em seus castelos. Boa parte deles com “aposentos” separados, onde lhes esperavam os criados e criadas responsáveis por protegê-los, banhá-los, vesti-los, despi-los, distraí-los e, até, satisfazê-los sexualmente, se a majestade quisesse. Oras, mas se queriam viver essa vida de pecados e perversão, por que se casaram? Pode ser que você se pergunte isso e a resposta está na essência do casamento, o início do casamento. Diferente do que se tornou a celebração de um casamento, onde as pessoas se casam por supostos sentimentos românticos, antigamente não era isso que acontecia. Na maior parte do mundo o patriarcado imperava, as mulheres serviam seus maridos e para nada serviam além da administração domésticas e para gerar herdeiros. É importante ressaltar que as mulheres, geralmente, não eram alfabetizadas, salvo as nobres e em alguns lugares a mulher sequer gozava de fé pública. Sua palavra não tinha valor, e talvez por isso, na bíblia não tenha o livro de Maria, Madalena, ou qualquer outra figura feminina. Além disso, em tempos de guerras, era muito comum que os soldados fossem para longe e voltassem somente após muitos anos, isso os que tinham sorte de não morrer em combate, ou por alguma doença contraída nessas longas viagens. Não raramente suas esposas deixadas na terra natal, procriavam e davam a eles “filhos dos Deuses” – seria como os filhos do “Boto”, aqui no Brasil – filhos que as mulheres concebiam nos períodos em que seus maridos estavam fora, afinal, é melhor dizer que os Deuses te engravidaram, porque a libertinagem tinha limites, era reservada aos quartos do império e aos homens, mas somente em prostíbulos e tabernas, o ambiente familiar sempre manteve certas aparências. Como fica evidente que o Amor era algo secundário, quando se falava em casamento, entre as famílias pobres, era o jeito mais barato de um homem ser servido e poder ter o tempo livre para trabalhar e pagar impostos para a Coroa. Além disso, sempre foi estratégico que as pessoas se reproduzissem, pois crianças significavam mão de obra para o labor e para as recorrentes guerras travadas pelos inúmeros impérios/cidades que disputavam territórios, rotas comerciais, recursos naturais e para proteger seus impérios de invasores. O casamento dos nobres, por outro lado, eram grandes acontecimentos políticos. Geralmente os nobres davam suas filhas em troca de paz, em troca de mantimentos para suas cidades e até em troca de apoio militar. Em tese, quando uma princesa de um Reino, trocava votos com o príncipe de outro Reino, o que se esperava era que, mesmo que esses reinos não se unissem, ao menos decretassem tréguas em respeito a aliança das famílias e quando necessário, apoios militares e comerciais. A expressão “davam suas filhas” pode soar um tanto misógino e violento, mas o mundo até hoje é misógino e violento, esse é o melhor termo para descrever o que acontecia. A verdade é que a história é recheada desses casos, os impérios que não se enfrentavam é porque tinham casado seus príncipes em uma negociação de paz. Transformar o Amor em um contrato a ser assinado com sangue (até que a morte os separe) não deveria ser nada romântico, soa perturbador que tantas mortes decorram daquilo que, em tese, é fruto do Amor. Quantos vidas foram tiradas por ciúmes, futuros brilhantes ceifados por homens medíocres, homens frustrados, homens fracos, desinteressantes e inseguros como crianças , que na iminência de perder aquelas que consideram como se “suas” fossem, cometem um crime tão comum que ganhou até nome: feminicídio, o crime cometido contra a mulher apenas por ela ser mulher. Ou seja, crimes de ciúmes, de ódio, homicídios cometidos, geralmente, por homens que não queriam ver aquelas mulheres livres para serem felizes com outras pessoas, ou simplesmente porque não queriam perder o controle sobre a vida de suas companheiras e se aproveitam da proximidade que têm para matá-las antes que saíssem do cárcere monogâmico. Um sorriso, uma mensagem de texto, uma piadinha, a ligação do amigo, a conversa com outro homem, o convívio com a família, balada com as amigas, ciúmes, descontrole, bebida... são várias as desculpas que os homens inventam para manterem suas mulheres em cativeiro, para darem gritos, socos na parede, tapas, agarrões, beliscões, empurrões, socos, facadas, tiros... O caminho é incerto, mas o destino é sempre o mesmo, o fim da autonomia da mulher pelo cárcere, pelo medo ou pela morte. Dessa vez foi o MC Kevin, um jovem de 23 anos, de origem pobre que estava conseguindo ascender na vida pela sua música e, de repente, por um medo irracional que nenhum de nós deveria ter, ele preferiu colocar a própria vida em risco pulando de um andar para o outro, por medo das consequências de sua traição, que se repita, não é crime. Dessa vez foi um MC famoso, cuja morte repercutiu, mas a realidade é diferente, a realidade é como a de julho de 2018, quando Tatiane Spitzner foi agredida, asfixiada e jogada pela varanda do apartamento em que vivia com seu assassino, o biólogo Luis Felipe Manvailer. O mesmo ciúme, tão romantizado por décadas na literatura, na TV e no cinema, capaz de gerar verdadeiros “barracos de família” e situações constrangedoras, é o mesmo ciúme capaz de matar, um sentimento doentio que precisa ser culturalmente combatido e administrado em acompanhamentos psicológicos e psiquiátricos. Durante nossas vidas mudamos de estilo, mudamos de preferências, trocamos de ídolos, mudamos de crença, alteramos e substituímos nossos sonhos e, eventualmente, aquilo que nós gostávamos antigamente, continua nos agradando, mas isso só acontece porque apreciamos na medida certa, sem excessos, sem exageros, sem exclusividade. A monogamia pode ser considerada um peso grande demais para carregarmos e para obrigarmos as outras pessoas a carregarem por nós, a troco de uma simples chantagem que é difícil de ganhar, “Sou eu ou um mundo de possibilidades, você escolhe”. Se poupe. A monogamia é muito ineficaz para a fidelidade, caso contrário a traição não seria um comportamento tão comum. Não seria um genuíno hábito humano; por outro lado a monogamia tem sido assustadoramente eficiente como desculpa para os comportamentos mais animalescos. Em nome da monogamia e do ciúme, em defesa da honra do “corno” medíocre, violência e covardia de toda espécie acontece. Reflita: A última vez que te quiseram em namoro, foi para satisfazer todas as suas necessidades afetivas, ou foi simplesmente para que você não consiga isso com outra pessoa e acabasse saindo desse relacionamento? Reflita... Talvez, em uma sociedade mais evoluída e civilizada, a monogamia não fosse uma condição e sim uma consequência de um desejo genuíno por uma pessoa, ou pela falta de desejo por outras; talvez em uma sociedade mais evoluída, as relações que já não são mais feitas como negócios diplomáticos, dê um passo além e passem a se consumar não pelo desejo da exclusividade sobre o outro, mas, sim, pelo desejo genuíno de conviver mais tempo com quem se gosta; talvez daqui alguns anos, casamentos se deem entre amigos, formando uma comunidade domiciliar de pessoas que se amam, não de pessoas que se vigiam e, quem sabe, o sexo com terceiros não defina o relacionamento que deve ou não existir, como vislumbrou a conversa entre a sexóloga Ana Canosa e a editora Barbara dos Anjos. MC Kevin não precisava morrer por um comportamento tão banal. Em um relacionamento maduro ideal, a conversa sobre desejos e, eventuais, traições não deveriam ser um tabu, um risco de guerra conjugal. Deveria ser apenas uma conversa franca sobre vontades e necessidades humanas, como se conversa sobre culinária, ou nem isso, afinal, relacionamento não é confessionário. Na pior das hipóteses uma conversa madura e um combinado sobre término, indenização da mulher traída e liberdade para ambos viverem como quisessem. Debochar de perdas financeiras geradas por separações, vá lá. Mas a morte por uma traição, é totalmente desproporcional. Independentemente das suas dúvidas, desconfianças e neuras, a monogamia é e sempre será uma incerteza, uma consequência de um relacionamento completo em si. Existem pessoas traídas que levam anos para descobrirem – isso quando descobrem – tal qual existem pessoas que nunca traíram e foram alvos de injúrias, cobranças, interrogatórios e violência. Seja monogâmico, seja poligâmico a régua para saber quando um relacionamento deve terminar é uma só. Se te faz bem: mantém; se te faz mal: tchau-tchau. Final feliz é regra de filme infantil. No mundo real, se está indo mal, “tchau-tchau”.

  • ESPECIAL: Telas BR - Panorama do Cinema Nacional - Parte II

    Os anos 2010 foram anos audaciosos e comprovaram de uma vez por todas, o quanto o cinema nacional é maravilhoso (Esse texto é continuação do texto TELAS BR: Panorama do cinema brasileiro - Parte 01 que desbrava o cinema nacional dos anos 90 e 2000) O cinema brasileiro sempre se fez presente no mundo inteiro, desde sempre, desde os primórdios, como foi mencionado na primeira parte do panorama, mas a década 2010 trouxe algo diferente, especial, não diria inovador, mas sim um frescor. Os novos talentos pipocaram, Heitor Dhalia, Kleber Mendonça Filho, Hilton Lacerda e Marco Dutra só para mencionar alguns. Os maiores festivais de cinema do mundo abraçaram com força o cinema nacional, especialmente a Berlinale que, todo santo ano, faz questão de colocar vários títulos entre as mostras e alguns nomes parecem ter se tornado figuras carimbadas, dentre os competidores pelo Urso de Ouro em Berlim estão Todos os Mortos (Caetano Gotardo e Marco Dutra, 2020), Joaquim (Marcelo Gome, 2017) e Praia do Futuro (Karim Aïnouz, 2014) isso, como mencionei, só na competição principal, filmes que, infelizmente, não são do grande público. Mais do que isso, Berlim costuma abraçar o cinema brasileiro especialmente quando trata do tema LGBTQIA+ como Bixa Travesty (Claudia Priscilla e Kiko Goifman, 2018) e Mãe Só Há Uma (Anna Muylaert, 2016). O Festival de Cannes costuma ser “mais rigoroso” na sua seleção, especialmente quando se trata da Palma de Ouro, competição feita para um nicho de diretores, mas Kleber Mendonça Filho conseguiu furar essa barreira e entrar para o grupo. Seus dois últimos filmes Aquarius (2016) e Bacurau (2019) competiram pela cobiçada Palma, o último ficou com o prêmio do júri e se tornou uma sensação entre os cinéfilos e críticos americanos, já nas mostras paralelas do festival, A Vida Invisível (Karim Aïnouz, 2019) ganhou a mostra Um Certo Olhar e representou o Brasil na disputa do Oscar, mas não aconteceu. Por falar em disputa do Oscar, a comissão ainda não acertou, existe um dilema para escolher o nosso representante, mandar um sucesso comercial, um aclamado pela crítica ou um “filme de Oscar” – nenhuma dessas opções tem sido a certa, dentre algumas das escolhas estão o excelente O Som ao Redor (Kleber Mendonça Filho, 2012), o (péssimo) Pequeno Segredo (David Schürmann, 2016), o bom Bingo – O Rei das Manhãs (Daniel Rezende, 2017) e o maravilhoso Babenco - Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou (Bárbara Paz, 2019), uma hora essa indicação chega. Os sucessos de bilheteria arrastaram multidões aos cinemas, especialmente as comédias. O saudoso Paulo Gustavo levou quase 10 milhões de pessoas aos cinemas, apenas, com Minha Mãe é uma Peça 2 (César Rodrigues, 2016); em Minha Vida em Marte (Susana Garcia, 2018) conquistou mais de 5 milhões de espectadores; a trilogia De Pernas Pro Ar (Roberto Santucci (1 e 2), Júlia Rezende (3), 2010 – 2019) também foi sucesso. Já fugindo do gênero cômico, Tropa de Elite 2 (José Padilha, 2010) foi um marco, com seus 11,1 milhões de espectadores, superando depois de 34 anos, os 10,7 milhões de espectadores de Dona Flor e Seus Dois Maridos (Bruno Barreto, 1976), foi a maior bilheteria do cinema nacional por 9 anos, até que os 11,6 milhões de espectadores invadiram os cinemas para ver, a comédia, Minha Mãe é Uma Peça 3 (Susana Garcia, 2019). Os temas abordados na década variaram tanto que tem para todos os gostos As Boas Maneiras (2017) um realismo fantástico lobisomens e a classe trabalhadora; por falar em classe trabalhadora, esse foi um dos temas mais abordados, Que Horas Ela Volta? (Anna Muylaert, 2015) foi um sucesso; Casa Grande (Fellipe Gamarano Barbosa, 2014) abordou a classe média alta de uma forma peculiar, já o primoroso Gabriel e a Montanha (Fellipe Gamarano Barbosa, 2018) foi uma homenagem de amigo para amigo. O cinema nacional parece ter se desapegado dos cacoetes e foi corajoso, alguns filmes chocaram por contarem histórias impressionantes, caso dos excelente O Lobo Atrás da Porta (2013), O Animal Cordial (2017) e Teus Olhos Meus (Caio Sóh, 2011) Já as biografias parecem nunca sair da moda, retratam das mais variadas personalidades, desde políticos como Lula – O Filho do Brasil (Fábio Barreto e Marcelo Santiago, 2010), passando por Bruna Surfistinha (Marcus Baldini, 2011) e personalidades televisivas Hebe – A Estrela do Brasil (Maurício Farias, 2019), teve biografia até para lutadores, como o atleta de MMA, (José) Aldo – Mais Forte que o Mundo (Afonso Poyart, 2016) e claro, as inúmeras biografias de cantores(as) que fizeram sucesso em outras décadas. Foram muitas, Elis, Simonal, Gonzaga: De Pai pra Filho e Tim Maia são só algumas delas. O que importa mesmo é que, se você conhece alguém que ainda declina do nosso rico cinema, essa pessoa não faz a menor ideia do que está falando, eu poderia ficar aqui citando outros trabalhos maravilhosos como Estômago, 2 Coelhos, Aos Teus Olhos, Canastra Suja, Meu Nome Não é Johnny e o lindíssimo Tatuagem, são tantas, tantas obras que eu só posso afirmar, o cinema nacional é um espetáculo para aplaudir de pé!

  • O Terremoto de Lisboa

    Um evento de grandes proporções muda a estrutura de Portugal e do poder mundial Em 1755 Portugal era a grande nação. Os descobrimentos estavam trazendo muita riqueza ao país e era para lá que pessoas importantes do mundo gostavam de viajar, conhecendo seus aspectos de desenvolvimento, seus palácios, conventos e as características de uma Lisboa já moderna e próspera. Figuras políticas de vários países tinham atenção especial ao visitar a terra do rei. Com pungência diplomática percorriam a cidade, recebiam acomodações luxuosas e eram também servidos com a comida especial que quase divinamente saia dos fogões com a criatividade gastronômica dos conventos Naquela época as naus portuguesas levavam aos cofres do reinado uma quantidade indescritível de diamantes extraídos de solo brasileiro, carregados com força arrancada de uma África sequestrada, inclusive para mover seus remos quando não soprava vento suficiente para as velas. Porém, diante de tanta ponta, tecnologia de navegação, poder econômico e político, algo de muito ruim também acontecia por lá, com a permissão do rei. A igreja católica mantinha em Lisboa seus palácios da inquisição. Apesar da escravidão mantida por séculos pelos portugueses, ainda havia espaço para desenvolvimento humano, desde que um indivíduo não caísse nas garras cruéis de uma máquina de matar, recheada de torturas horripilantes praticadas na inquisição. As sessões começavam com pessoas presas nas salas dos palácios por dias. Um tempo angustiante em que viam nas paredes as pinturas das técnicas de dor que lhes seriam aplicadas. Era necessário aos algozes do escalão da igreja uma saturação de medo, para validar ainda mais o que faziam na prática. Muitos viveram dores incalculáveis por dias e dias, alguns com seus ossos quebrados de forma a gerar dores absurdas por longos períodos. Outros morriam sem voz, após dias gritando numa fogueira de gravetos para que a morte chegasse somente depois de muita dor, ardendo graveto por graveto. A igreja ao lado do poder, uma junção de crueldade com permissividade. Mas aconteceu que nesse mesmo ano, precisamente no dia primeiro de novembro, o dia de todos os santos do Papa Gregório III, Lisboa sofreu seu primeiro ataque. O solo tremia freneticamente, casas e muralhas estalavam antes da destruição que chegava rápido. Cumes de montanhas e picos vieram abaixo e a cidade experimentou um grande terremoto. Barulho, poeira, destruição e gritos eram o cenário reinante. E não parou por aí. Um tsunami veio varrer outra parte dessa história e, por último, um incêndio de proporções gigantescas completou esse tríplice ataque a uma Lisboa rica, injusta, moderna e cruel. Começava na história do mundo a primeira contagem de mortos e feridos, uma busca entre os escombros, um uso incessante dos recursos médicos da época. Um cenário devastador cheio de dores e gritos, dessa vez não mais por aquilo que muitos temiam, mas sim e talvez uma ira de Deus como muitos acharam. Os reflexos do terremoto foram sentidos em várias partes. Só depois de muitos anos, quando as informações chegavam junto com as embarcações é que muitos souberam que suas dúvidas estavam relacionadas ao evento sísmico de Portugal. Em alguns lugares no norte da Europa, durante muitos anos não se descobria o porquê de alguns lagos apresentarem suas águas acima ou abaixo do nível, variações que ocorriam no mesmo dia, efeito do terremoto. Um evento sem precedentes não só em virtude de seu abalo. Terremotos de maiores magnitudes foram registrados em outros lugares do mundo, mas esse, em particular, mexeu com uma esfera política dominante, com um poderio financeiro e, em virtude do envolvimento com a própria história da época, há quem o considere como o terremoto que mais modificou e abalou estruturas, tanto físicas quanto políticas. E assim, Portugal que injetava muito dinheiro ao PIB Inglês, com aluguel de naus e compra de tecidos exclusivos aos palácios, Portugal que recebia poderosos do mundo em finanças e poder começou a buscar sua reconstrução com a ajuda do Marques de Pombal, cuja estátua desponta em Lisboa hoje, sobre um pedestal de pedra trabalhada num ponto estratégico e visível de Lisboa. Criticado ou não, foi com ele que Lisboa recuperou o que pôde, reconstruiu o que precisava e pouco a pouco foi devolvendo à cidade uma imagem que não lembrasse mais o evento devastador que mexeu com o poder e com a igreja. Recentemente, uma obra num convento da cidade fez mais revelações. Ossadas encontradas foram periciadas e confirmadas como vítimas do terremoto. Estavam quebradas e com areia, vítimas do terremoto e do tsunami. Essas perícias apontaram também que em alguns lugares de Lisboa o incêndio atingiu mais de mil graus. É a temperatura necessária para explodir um crânio, como era o caso de muitos ali. Ainda assim Portugal permanece no ranking de bons países para se viver. Passou por outros abalos políticos como a presença de Salazar no poder, viveu pobreza que obrigou muitos a imigrar para países de língua portuguesa, inglesa e tantas outras. Passaram-se muitos anos e a maior potência global passou para o outro lado do mar, em terras que se iniciaram com 13 colônias até se consolidar como Estados Unidos da América. Um país de características protestantes de Martinho Lutero. Com a invenção da prensa, Gutenberg inaugurou seu projeto tendo a Bíblia como primeiro livro impresso na história. Um compêndio que lido por Lutero o fez protestar contra a igreja católica da qual era monge, apresentando suas 95 teses sobre o que ele entendia ser o contrário do que fazia a igreja. Assim, cresceu a América a ponto de que hoje seu presidente, o grande líder, viaja a bordo do Air Force One, o famoso avião presidencial, sempre acompanhado de dois caças. Coincidência ou não, há outro líder no mundo que ao viajar de avião também tem caças acompanhando. A diferença é que hoje ele mora no Vaticano

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