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EDITORIAL: Vem aí, mais um ano novo

2022: Ilusão VS Pragmatismo


É chegado o final de mais uma volta em torno do sol. Aqui na terra consideramos isso um grande feito e nos sentimos a vontade para comemorar isso, como se isso não fosse natural e fossemos merecedores de todos os louros e festejos por isso. Mas é mais simples do que isso, é só uma volta ao sol, se estivéssemos aqui, ou não, daria no mesmo, o planeta daria a mesma volta em torno do sol, completaria essa volta no “mesmo dia” e na “mesma hora” que ocorre conosco aqui, depois de submeter as várias regiões terrestres às quatro estações.


Nesse último editorial de 2021, poderíamos desejar um ano novo cheio de saúde, paz, alegria, amor, esperança e prosperidade e sim, faremos isso, (segue spoiler) no final do texto, mas antes, esse editorial acha prudente desejar coisas mais reais.


Podemos começar pela prosperidade: Claro, todos sabemos que usar roupas íntimas amarelas nos farão ter um ano mais próspero, é um consenso, mais sagrado que pular as sete ondinhas, mas não. Não vai acontecer. Na verdade, o comércio vai desencalhar um monte de peças com cores muito vibrantes que estavam encalhadas, mas por aqui é melhor desejarmos que você poupe, esqueça os supérfluos e escolha bem onde você gasta. Quanto menor a renda da população, maior é o seu valor como escolha política, quando o dinheiro fica escasso é bom que ele flua de cima para baixo, sendo gasto em comércios locais, pois os pequenos precisam de apoio e geram, proporcionalmente, mais empregos por faturamento, do que as grandes marcas.


Saúde para correr, vibrar, cantar e aglomerar. Saúde para os encontros, para os amores, para os amigos, para a família, mas vamos com calma, a pandemia não acabou e o número de casos é o maior de todos os tempos desde o início da pandemia. Apesar dos sintomas mais brandos da variante Ômicron e de uma parte do globo com imunização adiantada, não há como prever como o vírus irá se comportar em nosso organismo a longo prazo e não dá para ignorar que 1,7 milhão de novos casos em apenas um único dia, é o cenário perfeito para a criação de novas variantes que podem ser mais agressivas e ainda mais transmissíveis do que a última grande variante conhecida. Ao que tudo indica, podemos ter que retomar aos cuidados das ondas anteriores.


Paz: Esqueça isso, paz virou um conceito abstrato, algumas pessoas têm conseguido atingir paz interior ainda que o mundo esteja um caos, já as pessoas vítimas do caos instalado por esse governo, não sabem sequer o que é ter paz. A paz é como “Deus”, uma força superior de forma abstrata para qual todos rezam, mas que poucos se arriscam a dizer que sentiram, afinal, poucos são os que desfrutam das graças de Deus e da Paz. O ano de 2022 será um ano de conflitos, debates e defesa de um Estado Democrático De Direito. Claro, é altamente recomendável que as pessoas possam, eventualmente, se retirarem de suas rotinas e se deleitarem com qualquer lazer barato que as satisfaça e tempere a vida com um punhado de sorrisos, porque economicamente, ao que tudo indica, a coisa só vai piorar e não há paz onde há fome.


Amor... Bom, os tempos andam difíceis até para amar. Os números da violência doméstica não param de subir e com a pandemia, parece que todo mundo se sentiu mais dono de todo mundo. As rotinas estão voltando, pessoas têm voltado aos escritórios (aqueles que ainda têm empregos), aos encontros com amigos e o ciúme tem dado o tom da tragédia.


Mulheres violentamente agredidas, espancadas, esfaqueadas, baleadas, mortas à luz do dia. Quando contam com alguma sorte, conseguem receber apenas violência moral e verbal, essas podemos chamar de sobreviventes. Para o Amor nossos votos é que antes de juntar os trapos e as escovas de dentes, que ambos tenham um fundo de reserva individual para emergências, para fugir se necessário e reestabelecer sua vida em outro lugar, em outra cidade, longe do agressor, já que a justiça e a polícia não têm sido céleres e eficientes em evitar as tragédias. Desejamos que nesse ano ninguém romantize o ciúme e ao invés disso fuja de qualquer relacionamento ao primeiro sinal de ciúme, a qualquer demonstração de posse; parece grotesco falar assim sobre o tão socialmente desejado “Amor”, mas a verdade é que são as relações amorosas e os ciúmes os responsáveis diretos pela imensa maioria de casos de violência doméstica e a falta de independência financeira ainda é o principal motivo que mantém vítimas de violência doméstica presas aos seus agressores. Ao menor sinal de ciúme, termine, a distância entre o ciúme e a violência é o primeiro tapa, e a distância entre um tapa e uma morte, pode ser uma faca. Considere viver só, com relações livres e efêmeras, a solteirice é um templo de paz perto das violências morais e físicas possíveis dentro de um relacionamento em regime de exclusividade, vigilância e controle.


Esperança: Às vezes pensa-se a esperança como a virtude e/ou habilidade dos otimistas. Esqueçamos essa tolice, a virtude do otimista é a fuga da realidade, a auto enganação. Todo otimista é um maquiador de realidades, quando as coisas dão certo, acontecem tarde, o otimista só finge não perceber. Mas a esperança, bom, essa cabe aos realistas, porque até quando se analisa o cenário e se constata o caos, é possível esperar, esperançar sobre um eventual futuro menos cruel, menos dolorido, menos desigual e menos desumano.


Repito, isso não é papo de otimista nem privilégio dos abastados, bem da verdade, o privilégio dos abastados é viver, não esperar nem ter esperanças — se não pela manutenção da qualidade de seus próprios privilégios—. Longe de ser um privilégio, ter esperanças é uma necessidade do pobre, do oprimido, do violado, do violentado, do escravizado e do faminto, não há qualquer sentido na vida, se não a espera pelo amanhã, pelo amanhã melhor e isso é esperança. Queremos saber o que acontecerá amanhã, queremos ver as mudanças ocorrerem e temos a esperança que cedo ou tarde ocorram, de preferência enquanto estivermos aqui para testemunhar e usufruir da melhoria que todos os dias esperamos para a nossa medíocre vida.


E é apoiado nisso, unicamente na esperança, que esse último editorial do ano da Revista / Portal Dossiê etc te deseja uma excelente passagem de ano, que suas dores sejam esquecidas e superadas em breve, que cada ausência sentida reverbere em amor para dar aos que ainda podem e precisam receber, que cada desejo não atendido se transforme em sonhos futuros para alimentar a alma e que, apesar de todos os ataques que sofremos diariamente, nos sintamos ousados para continuar sonhando, esperançando e lutando por dias melhores.


Desejamos a todes nossos leitores, um Feliz 2022 (na medida do possível).

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