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Brasil: A verdade após o derrame criminoso de fake news

Nunca o país esteve tão ansioso por eleitores focados na coerência

No início dos anos 1990, brasileiros de diversas vertentes políticas se uniam em torno do movimento "FORA COLLOR", composto pelos estudantes, Caras Pintadas, mas também por organizações sociais de todas as naturezas.| Foto: Delfim Martins, 1992

Afinal, para onde caminhamos?


Com uma pequena volta no tempo, especificamente na candidatura de Fernando Collor de Melo à presidência da república no final dos anos 80, observa-se claramente, que toda retórica utilizada por aquele candidato voltou a ser aplicada, desta feita por aquele que hoje assume o posto de presidente da república. Uma nação verde e amarela, com propósitos cristãos, reconhecimento ao sofrimento do povo e empenho pela justiça social.


Diante de uma análise menos rasa, fica evidente que palavras, tons, cenas e posturas de conquista eleitoral não se alteraram, por razões bastante óbvias. A população não pode ascender socialmente, com direitos e projeção do país perante o cenário internacional.


Permitir que essas conquistas se concretizem fariam com que os melhores pensamentos, anseios e expectativas com relação ao futuro de cada cidadão fossem se consolidando e, na visão política do retrocesso, seria uma afronta aos interesses corriqueiros de pessoas que deveriam, após eleitas, lutar e trabalhar por um Brasil melhor. Assim, cria-se a retórica da ilusão e conquista para na prática, ser aplicada de forma inversa.


Tempos atrás, entre Collor e Bolsonaro, o destaque e a evidência internacional do país ganhavam luz e projeção. Com um discurso coerente e verdadeiro, surge um presidente à altura das necessidades do país. Lula subiu a rampa. Uma economia que se agigantava elevando o Brasil à sexta potência global, com incentivo à educação, geração de empregos, apoio ao cidadão de baixa renda e, também de forma inédita, voos lotados com preços mais justos. Tudo diante de uma inflação sob controle.

"He is the man" (Ele é o cara), disse Obama em uma das frases mais famosas da história da diplomacia nacional. Dita por Obama a Lula durante a cúpula do G20, em um tempo que o Brasil tinha um chefe de Estado e uma política diplomática respeitados internacionalmente. No mesma ocasião Obama declarou amar Lula, ante de se referir ao presidente brasileiro como "o político mais popular da Terra". | Foto: Ricardo Stuckert / PR

O sorriso e a alegria de um povo começavam a incomodar uma parcela conservadora, embora falsa e pouco embasada. A velha retórica tinha que voltar à tona, com veemência e agressividade para agradar um conservadorismo alheio à cultura e bem próximo de uma realidade escravocrata para também, de forma bem pensada, atingir o maior número de interessados. A estratégia seria mostrar de forma escancarada e, para dar mais gosto, cercada de notícias falsas, exageradas e pintadas de promiscuidade. O passo perfeito para também conquistar os conservadores menos exagerados, mas que se chocariam com revelações de um suposto interesse partidário em conduzir uma população inteira a um esdrúxulo sistema educacional onde se implantaria uma visão de mundo bizarra a seus alunos, comprometendo-os enquanto indivíduos que poderiam trazer danos à sociedade como um todo.


Em paralelo a essa realidade criada em laboratórios da mentira e do asco, começava novamente a crescer dentro do eleitorado brasileiro, um gosto apurado por discursos que seriam contrários a esse fantasma que conseguiram imputar sobre muitos, com palavras de ordem, valorização da bandeira e perseguição aos bandidos do imaginário popular.


Os sinais de alerta começaram a soar entre os mais equilibrados e coerentes e, passo a passo, o gigante pela própria natureza começou a andar com botas de polarização, numa desenfreada caça quase daltônica sobre uma cor que insistiam vê-la como predominante e, portanto, deveria ser tirada da escala. Tão vermelha na visão de muitos, mas que deixou e ainda deixam hematomas arroxeados, esses invisíveis que estão disfarçados no coletivo de um povo que conhece história e lutas, em oposição a outros menos aprofundados ou interessados nesses temas.


O gosto por notícias falsas foi se avolumando, com a óbvia explicação de que muitos não quiseram, ou não conseguiram avaliar fontes, buscar verdades e, mais delicado ainda, não buscaram um aprofundamento que pudesse ir além de suas linhas iniciais, na maioria das vezes, duvidosas.

No último dia 06 de setembro o presidente Bolsonaro editou uma Medida Provisória que impedia redes sociais e empresas como o YouTube de excluir conteúdos enganosos, as famosas fakeNews, e outros conteúdos que firam suas políticas de uso, antes de consultarem as autoridades judiciais. Em 14 de setembro o presidente do Senado Rodrigo Pacheco devolveu a MP, sob alegação de inconstitucionalidade. Durante evento oficial no mesmo dia, Bolsonaro defendeu as fake news "faz parte da nossa vida. Não precisamos regular".

Nesse período em que mais da metade do mandato já foi concluído por parte do presidente eleito com base nesses fatos cruéis e maldosos, o país parece vibrar sobre uma esteira, numa instabilidade não só política, mas também econômica e, arriscando um palpite, dentro de uma instabilidade emocional que merece atenção.


O retrocesso tem garras afiadas e pressa nos objetivos de exclusão, de violência, fome e miséria. Bem distante do falso moralismo difundido e ainda em curso, a corrupção veste a casta governante de forma cara e faraônica, com abrangência inclusive a um tenebroso lado da realidade brasileira, a milícia.

Breque dos apps | Foto: reprodução redes sociais

Hoje, a locomotiva do país está expressa em motocicletas que conduzem um exército de profissionais mal remunerados e que arriscam suas vidas num trânsito caótico e violento, em busca de um sustento que se aproxime da dignidade. Como alternativa ao desemprego que tende a aumentar, motoristas também pegam seus carros conduzindo passageiros que hoje pagam parte dos salários que não recebem mais nas empresas que trabalhavam.


Uma pandemia tomou curso no mundo durante esse período e, mesmo diante do medo e da incerteza quanto à saúde e trabalho, o governo brasileiro não poupou esforços em gerir gastos exorbitantes com negociações tenebrosas por vacinas e compra de equipamentos hospitalares, deixando uma CPI revelar ao mundo, o que de pior temos.


Os meses que se aproximam e coincidem com o final desse governo desastroso, parecem não ter fim. As expectativas são baixas, as previsões de um PIB distante do aceitável e a farra com o dinheiro público em curso só nos fazem aguardar e continuar na luta pela sobrevivência. O oposto do que almejava a parte consciente e responsável de um Brasil que, sem dúvida nenhuma, ficou no vermelho.


Já que deste cenário muito pouco mudaremos, ficam a esperança e a fé de que uma consciência baseada na realidade seja abraçada por parte daqueles que, intencionalmente, ou não, ajudaram a nos colocar nesse patamar sem nível, sem cor e sem progresso. Nessa ordem.

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