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  • Bioplástico: Projeto de Osório – RS vence prêmio científico

    Concorrendo com outros 103 inscritos, o projeto vindo de Osório-RS vence a principal categoria do 1º PIEC. por Antônio Pedro, redação Dossiê etc Inscrito no 1º Prêmio de Incentivo ao Empreendedorismo Científico (PIEC / Instagram | Facebook ), o BioStretch (biofilme em inglês), projeto vindo de Osório-RS foi desenvolvido no campus do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), pela estudante Laura Nedel Drebes, orientada pela professora Flávia Twardowski e pelo professor Claudius Jardel, resultou em uma película plástica estável, de fácil replicação e feita a partir de rejeitos da indústria alimentícia como, por exemplo, a casca da beterraba. O polímero sintético, popularmente conhecido como plástico, ainda não tem um biopolímero / polímero biodegradável absolutamente viável como concorrente e o motivo para isso é simples: as melhores fórmulas encontradas, por enquanto, são fórmulas a base de produtos nobres, como alimentos, logo, sua produtividade em larga escala encontra barreiras comerciais e econômicas, com um custo produtivo muito alto, tanto social quanto financeiramente. A pesquisa de Laura vai no caminho certo para superar essa barreira, ao conduzir sua pesquisa com os rejeitos da indústria, ou seja, uma matéria prima de baixo custo, descartada por boa parte das indústrias que processam esses insumos. Os resultados foram os melhores possíveis, estável, a fórmula foi reproduzida diversas vezes e os diversos lotes apresentaram as mesmas características em termos de aparência, flexibilidade, resistência, espessura, translucidez e coloração. Características fundamentais para que um produto seja comercialmente viável. Dando sobrevida e transformando rejeitos industriais em produtos muito úteis, com ótima biodegradabilidade, o projeto recebeu excelentes notas nos critérios que analisaram a sustentabilidade; impacto produtivo; circularidade econômica e viabilidade econômica, garantindo a vitória na categoria "Consciência Circular" e com o 2º lugar na classificação geral. O que é o PIEC? Idealizado pelo cientista e empresário Gabriel Estevam Domingos, desenvolvido e realizado pela consultoria de projetos benV 360, o primeiro O Prêmio de Incentivo ao Empreendedorismo Científico (PIEC / Instagram | Facebook ) foi feito para reconhecer e incentivar a educação através da prática científica dentro do ensino básico (ensinos fundamental, médio e técnico). Inclusivo, o prêmio com inscrições gratuitas, aceitou projetos de estudantes de 07 a 18 anos, de escolas públicas e particulares, da 1ª série do ensino fundamental até o 2º ano do ensino médio e de cursos técnicos. Patrocinado pela Ambipar Group e pela Wise Plásticos, o 1º PIEC distribuiu mais de R$ 60 mil reais em prêmios, entre prêmios em espécie, troféus, homenagens e um laboratório escolar com mais de 400 itens, que atenderão a aproximadamente mil estudantes do colégio estadual Jd. Porto Alegre de Toledo-PR, eleita a “Instituição Pública de Ensino do Ano”. O comitê organizador do PIEC ainda não tem previsão de lançamento, mas já negocia com patrocinadores a realização da 2ª edição do prêmio e espera em breve poder divulgar a abertura das inscrições. O 1º PIEC avaliou os 104 projetos inscritos em 8 critérios: 1 – Aplicabilidade / 2 - Sustentabilidade /3 - Impacto produtivo / 4 – Impacto x Necessidade / 5 – Circularidade Econômica / 6 – Originalidade / 7 – Viabilidade econômica / 8 – Durabilidade.

  • Estudantes de Carnaubal – CE levam dois prêmios no 1º PIEC:

    Dobradinha: Simples, sustentável e viável, projeto científico de estudantes do ensino fundamental vence em duas categorias de prêmio científico. por Antônio Pedro, redação Dossiê etc O Prêmio de Incentivo ao Empreendedorismo Científico (PIEC / Instagram | Facebook ) premiou, em duas categorias, um projeto vindo da Escola Municipal Cosme Rodrigues de Sousa. Simples e inovador, o projeto dos "Canudinhos BioSustentáveis" caiu como uma luva nas categorias: Futuro Brilhante e Nova Realidade da premiação, fazendo com que o grupo ficasse, também, com o 1º lugar na classificação geral do prêmio. Antônio Rafael, Antônio Robson e Kaic Gomes, orientados pela professora Gilvânia Medeiros Sampaio observaram na cultura de cana de açúcar um rejeito largamente desprezado. Enquanto a Cana-de-Açúcar é uma commodity muito valorizada por seus usos comuns, como na produção do etanol, usado como combustível veicular e o açúcar, presente no dia a dia da maioria das famílias, a flor da cana não tem lá grande utilidade, até agora. Usando o subproduto da produção agrícola de cana-de-açúcar, os estudantes perceberam que poderiam produzir "canudinhos biosustentáveis", capazes de substituir o uso de canudinhos de plástico, grandes vilões do meio ambiente. À primeira vista o projeto desses estudantes parece simples demais para ser premiado, principalmente se comparado a outros vencedores, como a complexa película de plástico biodegradável, projeto vencedor da categoria Consciência Circular, mas basta um breve olhar sobre eventuais concorrentes do mercado de canudinhos, que a inovação logo salta aos olhos. O plástico de uso único é um vilão inconteste, já é um consenso científico, ambiental e social que o desprendimento de energia empregado na produção de um material de baixíssimo valor agregado que será usado apenas uma vez, que não se degrada na natureza, um material que usado apenas uma única vez, permanecerá, ao que tudo indica, para sempre na natureza. Para solucionar esse problema, a primeira opção adotada foi a explosiva distribuição de canudinhos de aço inoxidável, com cerdas de plástico para higienização, no caso de um eventual segundo uso, porém, além da altíssima pegada de carbono da produção de qualquer material metálico, o produto também é praticamente não degradável, exatamente por conta da sua principal característica que o impede de oxidar, que o impede de se decompor e reintegrar a natureza. Os canudinhos de flor de cana se decompõem em apenas 5 meses após seu descarte, ou menos, a depender do processo de compostagem. Outras opções que surgiram no mercado são os canudinhos de papel, que se decompõem em um prazo aceitável, embora estejam tendo o seu tempo de decomposição questionado, já que alguns modelos recebem um tratamento de impermeabilidade com a desculpa de preservar o sabor da bebida, uma prática que prejudica a decomposição do produto; já nos canudinhos de macarrão, há o uso de matérias primas alimentícias nobres, como farinhas para o consumo alimentar humano, uma matéria prima da qual o Brasil sequer é autossustentável para fins alimentares O Canudinho do projeto campeão é mais sustentável que seus concorrentes com uma pegada de carbono praticamente nula, sua produção passa apenas pelo processo de corte e higienização. Além disso, a produção desses canudinhos, não depende de área de produção dedicada, sendo um subproduto da cana-de-açúcar. Logo, enquanto houver demanda por álcool, garapa e açúcar, haverá matéria prima abundante e acessível para a produção desses canudinhos. Na categoria Nova Realidade a abundância e baixo custo da matéria prima e a simplicidade do produto final o torna economicamente viável e pronto para ganhar o mercado. Já a vitória na categoria Futuro Brilhante se deu pelas ótimas notas nos critérios Impacto Produtivo, Circularidade Econômica e Impacto x Necessidade, mostrando que o produto atende às melhores práticas de produtividade sustentável, tudo o que se espera de produtos existentes em um futuro melhor. O que é o PIEC? Idealizado pelo cientista e empresário Gabriel Estevam Domingos, desenvolvido e realizado pela consultoria de projetos benV 360, o primeiro O Prêmio de Incentivo ao Empreendedorismo Científico (PIEC / Instagram | Facebook ) foi feito para reconhecer e incentivar a educação através da prática científica dentro do ensino básico (ensinos fundamental, médio e técnico). Inclusivo, o prêmio com inscrições gratuitas, aceitou projetos de estudantes de 07 a 18 anos, de escolas públicas e particulares, da 1ª série do ensino fundamental até o 2º ano do ensino médio e de cursos técnicos. Patrocinado pela Ambipar Group e pela Wise Plásticos, o 1º PIEC distribuiu mais de R$ 60 mil reais em prêmios, entre prêmios em espécie, troféus, homenagens e um laboratório escolar com mais de 400 itens, que atenderão a aproximadamente mil estudantes do colégio estadual Jd. Porto Alegre de Toledo-PR, eleita a “Instituição Pública de Ensino do Ano”. O comitê organizador do PIEC ainda não tem previsão de lançamento, mas já negocia com patrocinadores a realização da 2ª edição do prêmio e espera em breve poder divulgar a abertura das inscrições. O 1º PIEC avaliou os 104 projetos inscritos em 8 critérios: 1 – Aplicabilidade / 2 - Sustentabilidade /3 - Impacto produtivo / 4 – Impacto x Necessidade / 5 – Circularidade Econômica / 6 – Originalidade / 7 – Viabilidade econômica / 8 – Durabilidade.

  • Crise dos Fertilizantes: Brasil deixou de produzir 5 mil toneladas por dia em 2020.

    Bolsonaro diz que vai faltar fertilizantes, após ceder duas fábricas de fertilizantes à iniciativa privada e fechar uma terceira em 2020. por Antônio Pedro Porto, redação Dossiê etc No último 07 de outubro o presidente Jair Bolsonaro fez uma declaração no mínimo estarrecedora e capaz de deixar muita gente insegura com relação ao futuro do país. Durante discurso em cerimônia para divulgar novas regras sobre segurança do trabalho, o presidente fez um discurso oficial no Palácio do Planalto, o Bolsonaro disse que o preço dos fertilizantes já subiu muito e que o risco de falta desses insumos no mercado, pode fazer faltar alimentos em 2022. Ironia do destino, ou não, o projeto de desestatização, uma das principais bandeiras do governo Bolsonaro, fez o Brasil deixar de produzir pelo menos 5 mil toneladas de fertilizantes por dia. Em agosto de 2020 a Fafen-BA e Fafen-SE (Fábricas de Fertilizantes Nitrogenados) foram cedidas à iniciativa privada por apenas R$ 177 milhões ( 8% da previsão de receita anual, R$ 2 bilhões), e desativou a Fafen-PR, conforme denunciou a matéria de Guilherme Weimann, publicada no site da SINDIPETRO. Juntas as três fábricas tinham a capacidade produtiva instalada de 5 mil toneladas de ureia por dia além de potencial produtivo para amônia, gás carbônico e sulfato de Amônio, todos fertilizantes essenciais para a produção agrícola, os mesmos fertilizantes que podem faltar no mercado internacional. Além dessas três fábricas, a Petrobrás tinha um plano de investimento que previa o término da construção de uma quarta fábrica de fertilizantes, para expandir a atuação através da UFN 3 (Unidade de Fertilizantes Nitrogenados), cuja construção foi interrompida no processo de desinvestimento da estatal, mesmo com 80% das obras concluídas, segurando a matéria de Weimann. A notícia, que já circula e preocupa o cenário internacional, é que a China está com dificuldades de abastecer o mercado interno com fertilizantes e que ao persistir esse cenário, é possível que a China limite volumes destinados à exportação. Por conta da alta do dólar, o preço dos fertilizantes já havia disparado. Conforme apurado pela Folha de S. Paulo, fosfato de monoamônio, ureia e potássio já apresentavam altas de 85% a 104% no acumulado de um ano, quando comparado julho de 2021 com 2020. Essa alta de preços não deve ser tão prejudicial ao grande agricultor que tem expandido seus lucros com a exportação nessa onda de alta do dólar, porém, para os produtores que abastecem o mercado interno isso é um aumento de custos significativo e a ausência desses fertilizantes não anula a produção agrícola, porém, podem reduzir o potencial produtivo da área plantada (peso / área) e fazer faltar alimentos. Caso China e Índia continuem tendo problemas para produzir e distribuir seus fertilizantes, o mundo poderá sofrer bastante com a escassez de alimentos, algo que não deveria passar nem perto de ser uma preocupação para um país como o Brasil, o terceiro maior produtor e segundo maior exportador de alimentos do mundo. A solução para um problema desse tipo poderia ser o investimento na expansão produtiva desses insumos em solo nacional, mas só “poderia”, porque o plano de Guedes de desestatização e desinvestimento, fez com que o Brasil não tivesse reservas, nem fábricas e fertilizantes. As três fábricas juntas eram capazes de abastecer 20% do mercado nacional. Sem fábricas para expandir a produção nacional, ao Brasil resta apenas torcer para que China e Índia não interrompam nem diminuam o fornecimento de insumos agrícolas, caso contrário, poderá faltar comida tanto para os brasileiros, quanto para os países que dependem de alimentos produzidos aqui. À época trabalhadores da Petrobrás entraram em greve e em 2021 partidos políticos acionaram o STF pedindo a reabertura da fábrica no Paraná, nem que fosse para produzir oxigênio para UTIs, mas não conseguiram reverter a decisão.

  • ESPECIAL: CineBR 50 MAIS - TOP 10

    O suprassumo do cinema nacional, o "creme de la creme" da 7ª arte brasileira. Chegamos ao tão esperado TOP 10 da série Cine BR 50 MAIS. Com esse TOP 10, chegamos ao fim do ESPECIAL Cine BR 50 MAIS publicada aqui no portal Revista Dossiê etc, uma série especial sobre o cinema nacional que resgatou a memória do nosso cinema e elegeu os 50 melhores filmes nacionais de todos os tempos. A curadoria da série foi feita pelo crítico de cinema Cleber Eldridge e a edição por Antônio Pedro Porto ao longo das últimas 5 semanas. 10. Central do Brasil (Walter Salles,1998) O nome dele mais uma vez se faz presente, Walter Salles – agora com um dos filmes mais queridos por cinéfilos, críticos e público no geral, o nosso último indicado ao Oscar de melhor filme internacional, o filme que rendeu uma indicação à Fernanda Montenegro, de melhor atriz. Não vamos entrar no assunto de que ela merecia aquele prêmio, porque se não vamos ficar horas degringolando, mas esse vencedor do Urso de Ouro de melhor filme, é tudo aquilo que dizem e mais um pouco. O filme conta a história de Dora (Fernanda Montenegro), que escreve cartas para analfabetos na Central do Brasil, a principal estação de trem no Rio de Janeiro. Lá, uma das clientes é Ana (Soia Lira), que vai escrever uma carta com seu filho, Josué (Vinicius de Oliveira), um garoto de nove anos que sonha encontrar o pai que nunca conheceu. Na saída da estação, Ana é atropelada e Josué fica órfão. Mesmo a contragosto, Dora acaba acolhendo o menino e criando afeto por ele. Termina por levar Josué para o interior do nordeste, à procura do pai. À medida que vão entrando pelo país, estes dois personagens tão diferentes vão se aproximando. O filme de Walter Salles mostra as “estradas da vida” – foi a obra que depois da retomada do cinema nacional, conquistou o mundo, como já mencionei acima, abocanhou prêmios em Veneza, no Globo de Ouro e foi indicado ao Oscar, não por menos, é um dos melhores e mais emocionantes filmes que o nosso país já realizou, entre cartas não entregues, viagem de carona e passagens de ônibus, Fernanda Montenegro e Vinicius de Oliveira entregam as atuações de suas carreiras, nessa obra. Onde assistir: GloboPlay 9. Um Dia na Vida (Eduardo Coutinho, 2010) O documentarista Eduardo Coutinho ficou conhecido por suas conversas, foi assim que realizou os seus melhores documentários. Pouco antes de sua morte, Coutinho pensou e desenvolveu uma ideia muito simples, mas diferente de tudo o que já tinha feito ao longo de sua brilhante carreira. O que Coutinho pensou foi: gravar 19 horas de programas e comerciais de canais abertos, assim ele editou o material, gerando pouco mais de uma hora e meia de filme, nas mãos erradas, essa ideia corria risco de ser apenas um truque pretensioso e sem valor, mas nas de Coutinho, virou uma narrativa reveladora e impactante sobre a televisão brasileira, ou melhor, de como a nossa programação é ridícula. O que passava na televisão em 2010 – você provavelmente não lembra, começávamos a manhã com o Telecurso 2000 que ensinava alguma coisa, depois os jornais regionais, desenho pra criançada em uns, missas e cultos religiosos em outros, na hora do almoço mais notícias, esportes, de tarde quando a audiência é naturalmente menor, os programas ficam ainda mais toscos, casos de família, beleza renovada, fofocas dos artistas e por ai vai – o que Coutinho quis mostrar ali foi como somos reféns de uma programação pobre, uma experiência histórica, linguística, social, política e manipuladora que você mesmo poderia ter feito, se não fosse - com o perdão da palavra - tão otário. Onde assistir: YouTube 8. Democracia em Vertigem (Petra Costa, 2019) O que esse filme faz aqui e, principalmente, em uma colocação alta – sério, em nono lugar nos 50 melhores filmes de todos os tempos, o cara que fez essa lista só pode ser um esquerdopata alucinado – provavelmente é isso que você está pensando, mas calma lá, vamos por partes. O filme de Petra Costa é tendencioso, sim, claro que é, qualquer documentário é, afinal de contas, um documentário precisa tomar partido, precisa escolher uma causa para atacar ou defender, quem o assiste também tem que escolher um lado e por isso vou deixar o meu lado bem claro: FOI GOLPE! O documentário – indicado ao Oscar, para quem não sabe - acompanha o Impeachment de Dilma Rousseff, a prisão de Lula e a eleição de Bolsonaro, através de um olhar pessoal, mergulhamos em uma jornada na história da jovem e polêmica democracia brasileira. O que é importa aqui, é você ficar do lado certo, se você leitor é de direita, provavelmente não assistiu esse filme e se assistiu, achou um absurdo, natural – todo santo dia o presidente eleito comete uma atrocidade e nada é feito, o que nos, meros mortais podemos fazer? O que você precisa entender aqui é que, estamos diante de um documentário que coloca em pratica notícias reais, verdadeiras – que esse é um filme obrigatório para entender um pouquinho da nossa atual situação política, Petra faz um painel completo sobre a época do Impeachment não se furtando a fazer críticas seja de posições do Governo e da oposição, lembrando que ela como qualquer outra pessoa, tem sua própria posição, no mais o esperado, quem se enfureceu com os fatos apresentados tenta fazer crer que são mentiras, mesmo sabendo que estão errados. Onde assistir: Netflix 7. Domésticas (Fernando Meirelles e Nando Olival, 2001) O Brasil é imenso, sabemos disso, no meio de toda essa imensidão somos mais de 200 milhões de pessoas, de todas as cores, raças, crenças, ideias, classes e gostos, no meio da nossa sociedade existe um Brasil notado por poucos, um país formado por pessoas que, apesar de morar dentro de sua casa e fazer parte de seu dia a dia, é como se não estivesse lá, as empregadas domésticas. O engraçadíssimo filme da dupla Meireles e Olival gira em torno de cinco exemplares desse Brasil “escondido”. São elas: Cida (Renata Melo), Roxane (Graziela Moretto), Quitéria (Olívia Araújo), Raimunda (Claudia Missura) e Créo (Lena Roque), cada uma com a sua mania: Uma quer se casar, a outra é casada, mas sonha com um marido melhor, uma outra sonha em ser artista de novela e outra acredita que tem por missão na Terra servir a Deus e à sua patroa. Todas têm sonhos distintos, mas vivem a mesma realidade: trabalhar com empregada doméstica. O principal propósito do filme é fazer com que o expectador enxergue que aquela “moça da limpeza” é uma pessoa, é um ser humano, ela tem seus sonhos e objetivos e o filme consegue isso com muita facilidade, mas vai além, porque no final das contas, estamos diante de uma comédia, as personagens são estranhamente engraçadas, com suas manias e falas, resumindo, Meirelles e Olival miraram um alvo e acertaram dois. Poucas vezes na vida eu ri tanto com um filme, como ri desse. Onde assistir: YouTube Filmes 6. Gabriel e a Montanha (Fellipe Barbosa, 2017) O diretor Fellipe Barbosa era um dos grandes amigos de Gabriel Buchmann, eles conviveram, estudaram juntos e se tornaram amigos – essa é uma daquelas histórias que emocionam. Logo após a trágica morte de Gabriel, seu amigo e diretor de cinema, Fellipe Barbosa, percorreu os mesmos lugares da viagem, falou com as mesmas pessoas, entrevistou, coletou fatos para então contar essa lindíssima história de vida, o resultado é uma obra magnífica. Gabriel (João Pedro Zappa), em uma atuação implacável) é um jovem aventureiro cheio de planos para sua vida de estudos, porém, antes de se preparar para a jornada na Universidade da Califórnia, ele decide ir para a África, durante a viagem, Gabriel decide subir o Monte Mulanje, um dos mais altos do Malawi, algo que trará a tragédia para a sua vida. Sou suspeito para falar já que, sou louco por histórias como a do Gabriel, que larga tudo e todos e cai no mundo sem olhar para trás; a peregrinação do garoto por vários países da África, até a sua tola morte me cativou do início ao fim e, ainda que seja longo demais, eu aguentaria mais meia hora, com um belo discurso educacional, um elenco naturalista que poucas vezes vi igual e muito bem dirigido. Gabriel e a Montanha foi uma deliciosa surpresa, de qualidade única. Só aumentou minha paixão por histórias como essa e, claro, minha vontade de colocar uma mochila nas costas e sair mundo a fora. Lógico que, infelizmente, nem tudo é assim simples como parece, então a gente fica feliz de embarcar na viagem desse filme. Um dos melhores da história do cinema nacional. Onde assistir: Netflix 5. Bacurau (Kleber M. Filho, Juliano Dornelles, 2019) O último filme nacional que foi sensação no mundo inteiro – vamos voltar um pouco no tempo, em 2017, Kleber Mendonça Filho anunciou que seu próximo filme seria um faroeste com ficção-científica, só disso já se criou uma expectativa. Como ele faria isso? Onde ele seria filmado? Qual seria sua história? E o elenco? Não sabíamos nada e nem poderíamos, já que, qualquer brecha estragaria toda a experiência que o filme é. Bacurau estreou então na competição de Cannes em 2019, pela Palma de Ouro – os críticos amaram, o filme ganhou o Grand Prix (segundo lugar) no festival, depois fez um longo percurso por vários festivais do mundo, passou em Toronto, Nova Iorque e só então estreou no Brasil. O filme gira em torno de uma espécie de massacre que se desenha na quase escondida cidade de Bacurau, onde os moradores, à mercê de políticos e milicianos, serão alvos de mercenários estrangeiros. O meu único problema com o filme foi achar que ele demora muito para apresentar as personagens e engatar a situação, mas, quando vai, é uma pancada atrás da outra, é tanto que em determinado momento cheguei a paralisar. É um filme sobre o Brasil, é sobre política, é sobre desigualdade, é sobre cidadania e um pouco de tudo e qualquer coisa que eu venha a falar pode estragar a experiência única que é esse filme. Sonia Braga, mais uma vez, rouba a cena, o elenco de não atores deu um tom de realidade assustadora, um choque de realidade inigualável. Onde assistir: Globo Play 4. Babenco – Alguém tem que ouvir o Coração e Dizer: Parou (Barbara Paz, 2019) O grande Hector Babenco, como mencionei quando falei dos filmes do diretor que apareceram na lista (Pixote & Carandiru) sempre focaram em falar da sociedade brasileira, dos problemas com o sistema governamental e afins, mas esse não se trata de um de seus filmes e sim de uma homenagem de sua esposa, a atriz Barbara Paz, que esteve ao seu lado em seus últimos seis anos de vida. O diretor faleceu em 2016, foi quando Bárbara Paz resolveu contar toda a história do diretor de forma documental e em preto-e-branco. O resultado é uma obra sobre um artista, uma experiência que explicita o poder do cinema em evocar memória e falar sobre o tempo. É um lindo relato sobre alguém que viveu desde cedo em contato com a morte e que, em meio a isso, só reiterou sua paixão pelo ofício e, consequentemente, pela vida em si. Os primeiros minutos do documentário são suficientes para arrebatar qualquer amante do cinema e da vida. Babenco narra momentos de sua jornada com um tom de voz diferente de absolutamente tudo o que já presenciei, a colagem com momentos de seus filmes, enquanto ele comenta de forma profunda, são extremamente tocantes. Um ser humano profundo, que lutou por sua vida, que lutou pelo cinema, que amava o cinema, que amava a vida, que amava o Brasil, diretor muito subestimado e como ele mesmo sussurrou em seu leito de morte: “... Eu já vivi a morte, agora tenho que filmá-la”. Simplesmente em transe, uma obra-prima. Onde assistir: YouTube Filmes 3. Edifício Master (Eduardo Coutinho, 2002) O que falar de Eduardo Coutinho que ainda não foi dito? De qualquer maneira vou repetir para ficar fresco na memória, que Coutinho foi o melhor documentarista brasileiro, isso é um fato, talvez um dos melhores diretores que existiram, que Coutinho fazia seus documentários através de conversas. Também não é segredo para ninguém, mas essa obra aqui, esse Edifício Master, é sua obra definitiva. O documentário consiste em uma série de entrevistas com moradores do Edifício Master, um grande prédio de apartamentos tipo conjugado, com mais de vinte por andar, mais de 200 no total. Localizado em Copacabana, durante apenas uma semana, o diretor e sua equipe entrevistaram 37 moradores em 26 apartamentos, montando um painel de histórias e personagens incrivelmente fascinante — e quando digo fascinante, realmente é fascinante. “O que isso tem demais”, você leitor, pode estar se perguntando, é claro que para esse tipo de filme é preciso uma certa sensibilidade, é como sentar e ouvir a história de um completo estranho, o mais impressionante é que aqui, não existe nenhum, absolutamente nenhum relato que seja inferior, todos eles são emocionantes, especialmente o da mãe que é uma garota de programa e não tem vergonha de sua profissão, ou de uma outra que, simplesmente não consegue encarar a câmera ou mesmo Coutinho. Só assistindo para entender o quanto esse documentário diz sobre a vida. Onde assistir: Globo Play 2. Aquarius (Kleber M. Filho, 2016) O cinema de Kleber M. Filho ainda era inédito para mim quando fiquei sabendo que ele tinha sido selecionado para o Festival de Cannes 2016 – esse festival tem um significado especial para mim, mas isso é papo pra outra hora – ainda em Cannes, a equipe protestou no tapete vermelho com cartazes contra o Impeachment da presidenta Dilma Rousseff , deu o que falar, depois do filme, foi unanime, tudo quanto foi crítico ao redor do planeta, tinha amado o filme, ansiedade a mil, alguns meses depois o filme finalmente estreou no Brasil e eu, é claro, estava lá na estreia. O filme narra a história de Clara (Sônia Braga), que já passou dos sessenta, é uma escritora e crítica de música aposentada, viúva, mãe de três filhos adultos e moradora de um apartamento repleto de livros e discos, em um edifício chamado Aquarius. Clara tem também o dom de viajar no tempo, um superpoder que poucas pessoas no mundo são capazes de desenvolver, mas seu maior problema está em um corretor de imóveis que quer a qualquer custo vender o prédio. Aquarius não é só o segundo melhor filme nacional de todos os tempos, como é sim uma obra única para o cinema brasileiro, Kleber Mendonça Filho nos entrega uma obra-prima, dono de uma singularidade, o filme trabalha em cima de uma história muito simples, porém contada com uma maestria que eu raras vezes vi no cinema, o filme é gostoso e inteligente em uma escala muito alta, o diretor poderia continuar contando a história de Clara por mais meia hora que eu definitivamente não iria achar ruim. Sonia Braga parece ter encontrado o personagem de sua carreira. Sensacional, excepcional e mais todos os elogios para o filme são poucos, em sala lotada, ao fim da sessão aplausos acalorados, de pé, e como não seria diferente, um Fora Temer retumbante, pois bem, Aquarius é um dos melhores exemplares da sétima-arte. Onde assistir: Globo Play 1. Cidade de Deus (Fernando Meirelles, 2002) O que um filme precisa para ser chamado de “o melhor de todos os tempos”? O mais importante é entender que qualquer lista é relativa, não existe e nem nunca vai existir consenso, discordância faz parte de qualquer meio e essa é a graça. Mas, o melhor filme nacional de todos os tempos — na minha humilde opinião —, não é só o melhor filme brasileiro, como um dos melhores da história do cinema mundial e se você já assistiu ao filme, sabe do que estou falando, eu simplesmente poderia parar de falar agora, mas vamos lá. A história é fictícia, mas inspirada em fatos narrados por um jornalista que foi morador da Cidade de Deus, no livro de mesmo nome. A história conta a vida de um garoto chamado Buscapé (Alexandre Rodrigues), desde sua infância, nos anos 60, até o início de sua vida adulta, no final dos anos 70, dando uma ideia da criação das favelas, da origem do tráfico de drogas e de sua relação no dia a dia dos moradores. O filme foi indicado a quatro Oscar: de melhor diretor para Fernando Meirelles, melhor fotografia, edição e roteiro – era o melhor filme do ano tranquilamente, o elenco é magistral, a fotografia alaranjada nos joga para dentro daqueles dias, a edição dá o ritmo frenético ao filme e a história é fantástica, tudo isso somado a todas as cenas que já fazem parte da história do cinema e que entraram na cabeça de qualquer brasileiro. Quem não se lembra do “...Pega a galinha...”, ou, “...Quer tiro na mão ou pé?”, quando a molecada do “Caixa Baixa” é enquadrada pelo maior personagem que esse cinema já criou, Zé Pequeno (Leandro Firmino). O filme de Meirelles não tem erro, não tem nada fora do lugar, ele funciona como um relógio que você acabou de comprar e mesmo tantos anos depois, ele continua perfeito. Cidade de Deus é o melhor filme nacional de todos os tempos. Onde assistir: Globo Play É indescritível o orgulho que a Dossiê etc tem de poder divulgar, comentar, recomendar e incentivar o consumo da cultura nacional, em especial do cinema nacional. Um cinema tão, injustamente, criticado, desacreditado, boicotado pelo poder público e que recebe pouquíssimo investimento, principalmente se comparado ao mercado internacional como nos EUA, Reino Unido, França e Índia, mas que consegue tirar leite de pedras e produzir belíssimas obras que retratam visões geniais de mundo, visões íntimas e únicas de um Brasil profundo Por fim, o portal Revista Dossiê etc esclarece que o intuito de listas como essa a CineBR 50 MAIS, não é, de forma alguma, desmerecer um trabalho ou incentivar uma concorrência descabida em um setor que precisa se unir para crescer, pelo contrário, nosso intuito é única e exclusivamente manter viva a história do cinema nacional e fazer com que nossos leitores, incentivados por essas listas, passem a se interessar cada vez mais e consumir mais do nosso cinema, mais da nossa arte e mostrar que em qualidade e talento, não deixamos a desejar para nenhum cinema do mundo. Talvez em quantidade, mas não em qualidade. Viva o cinema nacional!

  • Inflação: Acumulado de 12 meses bate 10,25%

    Com o pior setembro para a Inflação, desde 1994, alta de juros trava crescimento econômico, mas se mostra inútil contra a inflação. por Antônio Pedro Porto Conforme previsto pelo IPCA-15, índice divulgado no meio do mês que apresenta a prévia do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), índice de inflação oficial, o acumulado de 12 meses rompeu uma linha simbólica e atingiu os dois dígitos. O IPCA-15 previu que esse seria o pior setembro desde 1994 e previu também que que o acumulado de 12 meses superaria os 10%, entretanto o resultado exposto pelo IPCA foi ainda pior, ao invés dos 10,05%, o IPCA confirmou uma preocupante tendência de alta, com avanço de 0,2 p.p. atingindo 10,25%. Ignorando completamente os motivos que têm gerado a alta dos preços, o Banco Central intervém contra o dólar com o aumento da taxa de juros que recai sobre todas as empresas. Segundo dados do próprio banco Central a taxa de juros média para pessoas jurídica ficou 44% mais caro desde setembro de 2020, até agosto desse ano (último dado disponível). Algo que assim como o combustível, tem um efeito inflacionário em cadeia. De julho para agosto a taxa de juros média para pessoas jurídicas avançou 5%, cinco vezes mais que a inflação. Peso que é repassado aos preços. Por que a inflação subiu em setembro: Os motivos da alta da inflação são os mesmos já apontados no IPCA-15 de setembro, a energia elétrica pressionada por um aumento médio de mais de 6% no preço, graças à cobrança da tarifa extra de energia, a bandeira vermelha, que atingiu um 2º nível graças à crise hídrica e ausência de ações compensatórias do governo federal, que mesmo com os níveis críticos nas represas, até agora não decretou nenhuma política de racionamento do uso de energia ou consumo de água. Apenas foi anunciado um anúncio sobre a readoção do horário de verão, extinto por esse mesmo governo em um dos primeiros atos de governo. Os outros dois vilões também não apresentam sinais de tréguas. Os alimentos continuam sem nenhuma política regulatória a respeito de reservas e estoques estratégicos para consumo interno, por isso, com o mundo passando por uma crise de abastecimento, os grandes produtores rurais têm aumentado seu lucro vendendo o produto para o mercado internacional, enquanto no Brasil a fome e a miséria avançam assustadoramente sobre uma população que está longe de ter uma reposição de renda compatível com o avanço cambial do dólar que parece estar estabelecido acima dos R$ 5,20 há mais de um mês. Com os motivos explicados acima, os preços dos alimentos continuam altos, a proteína animal, popularmente conhecida como a “mistura”, a carne animal tem um aumento acima de 20%, bem como a cesta básica, que em setembro passado tinha um preço aproximado de R$ 563,35 e em setembro de 2021 já sai a R$ 673,45. O avanço corresponde a 10% do salário mínimo atual (R$ 110,00). Ainda sobre o preço dos alimentos, a única manifestação do presidente Jair Bolsonaro, foi no sentido de alerta, dizendo que os fertilizantes estão ficando mais caros e que uma eventual falta do insumo pode fazer com que falte alimentos no próximo ano. Vale ressaltar que a política de desestatização do atual governo cedeu duas fábricas de fertilizantes à iniciativa privada para a exploração comercial por dez anos e desativou uma terceira que ficava no Paraná. Deixando de produzir 5 mil toneladas de fertilizantes por dia. Até agora, itens como os combustíveis, cujos custos afetam toda a cadeira produtiva pelo impacto gerado no frete, já avançou mais de 42,02% em 12 meses, com destaque para o etanol, cujo aumento já supera os 64%, a gasolina avançou 39,6%, mas Petrobrás já anunciou um aumento válido a partir de hoje na gasolina e gás de cozinha sofrerão novo aumento de 7,2% no preço de ambos, alta que só será calculada no IPCA de outubro.

  • LISTA: 5 filmes para Dia das Crianças

    Tem filhos, sobrinhos, netos e/ou uma criança interior? Então essa lista é para você! ATENÇÃO: os títulos a seguir podem fazer com que as crianças aprontarem mais do que o normal. Alo, alo criançada é hora do filme – para celebrar o Dia das Crianças, a lista dessa semana da Dossiê separou alguns títulos especialmente para as crianças (nem que seja aquela que ainda existe dentro de você!), tentamos fugir um pouco dos clássicos da Disney ou das animações da Pixar e focar nos filmes, especialmente em clássicos infantis que, infelizmente, não passam mais na televisão aberta, mas que a gente sabe que você ama, ou vai amar! Te garanto que esses filmes são tão divertidos quanto as animações, aliás, são tão divertidos que podem estimular as crianças a aprontar umas travessuras pela casa, cuidado com as armadilhas, viu?! Agora sem mais delongas, bora para lista 5. Desventuras em Série (Brad Silberling, 2004) O que você faria se um vilão malvado interpretado por Jim Carrey estivesse no seu encalço? Os Baudelaire precisam fazer exatamente isso, fugir do vilão malvadão, Conde Olaf. Após a morte de seus pais, três irmãos vão morar com um parente bem distante, o malvado Conde Olaf, ele tenta, a todo custo, ficar com a fortuna que os jovens têm direito, mas que ainda não podem administrar. Mas nem queiram saber do que ele é capaz de fazer para ficar com essa fortuna. Ele só não contava com a extrema inteligência dessas crianças. O filme é muito divertido e apesar do clima sombrio, não tem nada de assustador, é uma aventura para todas as idades, que agrada tanto os pais como as crianças. Onde assistir: Telecine Play 4. Gremlins (Joe Dante,1984) Os bichinhos fofinhos que parecem ursinhos de pelúcia, lembra? Os bichinhos fizeram sucesso em meados dos anos 80, especialmente porque de fofinhos deles não tinham nada. O filme conta a história de um pai cientista que acaba de criar um bicho diferente, ele presenteia o seu filho e deixa três regas muito claras, até que quebra as três regras relacionadas a seu novo bichinho de estimação e acaba, sem querer, liberando uma horda de pequenos monstros que infernizarão uma pequena cidade, mostrando que de fofinhos, como eu disse, eles não tinham nada, eles se transformam em criaturas diabólicas e destruidoras, o filme é diversão garantida. Onde assistir: Looke 3. A Fantástica Fábrica de Chocolate (Tim Burton, 2005) O filme de Tim Burton é uma refilmagem do filme de mesmo nome que passou inúmeras vezes no SBT durante a infância da pessoa que vos fala, mas o motivo de eu não colocar o clássico aqui na lista é um só: ele é muito assustador. O filme de 2005 tem todo aquele toque de Burton, todo gótico, mas com uma pegada muito mais infantil, narrando a história de um grupo de crianças vence o concurso das barras de chocolate Wonka e têm acesso à misteriosa, mágica e fantástica fábrica de chocolate, onde segredos bizarros da fabricação do produto estavam até então trancafiados a sete chaves. Ouso em dizer que esse é o melhor filme da carreira do diretor... falei e saí correndo. Onde assistir: HBO Max 2. Esqueceram de Mim (Chris Columbus, 1990) O filme que fez com que Macaulay Culkin se tornasse uma celebridade, o garoto foi uma estrelinha nos anos 90, até que se perdeu para se encontrar, assunto para uma outra hora. Já o diretor Chris Columbus fez carreira com filmes “desse tipo”, ele dirigiu também os dois primeiros filmes da franquia Harry Potter, o primeiro filme da saga Percy Jackson e o, também clássico, Uma Baba Quase Perfeita (1993), mas esse em especial tem um gostinho de infância diferente. Kevin McCallister (Culkin), um garoto de oito anos, foi esquecido acidentalmente por sua família na pressa da partida para uma viagem de Natal. O garoto, sozinho, surpreende-se com a chegada de dois ladrões – divertidíssimos – tentando invadir a casa, só que o menino terá uma maneira bem especial de recepcionar esses invasores. Onde assistir: Disney Plus 1. Os Goonies (Richard Donner, 1985) O clássico definitivo que toda criança deveria assistir, o filme gira em torno de um grupo de garotos conhecidos como Goonies, um grupo que parte em busca de um lendário tesouro perdido, já que sua cidade corre risco de despejo por dívidas. Sem aceitar que suas casas virem campos de golfe para os “almofadinhas”, os garotos enfrentam as armadilhas criadas por Willy Caolho, o pirata dono da fortuna perdida, enquanto têm de fugir dos perigosos bandidos da família Fratelli. O filme é uma verdadeira aventura para os pequenos e corajosos exploradores, um filme que contém todos os elementos para agradar a criançada, tem personagens carismáticos, caça ao tesouro, vilão assustador e ainda valoriza a amizade e a família. Gostou? Então prepare a pipoca e curta o feriadão com a criançada! Onde assistir: Netflix

  • Como seguirá o Brasil até as próximas eleições?

    Opinião: Tudo indica que a caminhada do país será mais árdua e cercada de maldades políticas. Enquanto o Brasil e o mundo assistem perplexos o imbróglio que se tornou a política no país, os noticiários e pesquisas oficiais revelam fome, carestia e desemprego, por sinal, bastante crescentes. Ao assistir uma CPI ou ter acesso a áudios trocados entre parte do governo e empresários, a sensação de desalento toma conta de qualquer pessoa que anseia por um país mais justo, com mais igualdade e livre dessas amarras medievais. Houve tempos em que a situação que nos envolvia politicamente tinha aspectos bem parecidos aos de hoje, mas quando se internaliza que estamos muito mais a frente em termos de tecnologia e bons acertos por parte de países mais desenvolvidos, em prol de seu povo e, também, dos outros, logo uma crise de insegurança e tristeza nos acomete. Para muitos que já vivenciaram situações de autoritarismo e descaso em tempos remotos, ter esses aspectos novamente em curso geram frustração e exigem grande empenho sobre como orientar e incentivar os mais jovens à caminhada, uma vez que se deparam com essa nova onda, pela primeira vez. Existe uma clareza nos estudos dos comportamentos políticos do Brasil: Distância absoluta entre poder e povo, não só para que este último seja lesado, mas para que também se mantenha distante porque entender, administrar e trabalhar em benefício do contribuinte, como deveria ser, não faz parte da capacidade humana dos que governam, se é que governar vem a ser um conceito compreensível e aplicável a eles. Líderes religiosos abrem suas portas a fiéis e desviam o foco da religiosidade para inserir em suas mentes a ideia de que devem eleger políticos que lhes são indicados, sempre com a justificativa de que são homens de bom coração e conduta, não revelando, de forma alguma, seus interesses obscuros na manutenção de templos incapazes de sair da forma rasa como estudam fé, religião e história. E chegam esses homens a postos importantes no governo, para depois fazer o que de pior for possível, para pagar aos que divulgaram seus nomes como pessoas do bem em prol da nação. Uma mistura tão irresponsável quanto perigosa, no mesmo nível que fazem algumas emissoras de televisão que separam horários para programas religiosos e atrativos, estilo reality show, onde até um suposto estupro é concebido. Mas, ainda assim, são capazes de afirmar que separam muito bem as coisas, para espanto geral de qualquer pessoa dotada de algum equilíbrio, cultura e razão. Diante dessa relação conflituosa que açoita nosso país, cabe uma pergunta bastante séria: Como faremos para chegar até as próximas eleições sem que esse assalto de dinheiro, valores e dignidade nos deteriore? Haverá tempo e espaço suficientes dentro da correria que nos cerca, para ficarmos mais atentos ao que vem por aí? O que efetivamente poderemos fazer para garantir sobrevivência e discernimento diante da balburdia consentida e imposta? A meu ver, pouco importa que ainda existam defensores dessa política nefasta. Não conseguem mais adeptos para engrossar seu coro, a não ser continuar nos ataques pelo medo de que voltemos a ter justiça social, ainda que de forma lenta. Sem dúvida que temos pressa em rever o país nos trilhos do progresso, mas qualquer gota de favorecimento ao povo cairá na pele dos que lutam pelo contrário, como um ácido que queima e fura. Seria espantoso se agissem de forma diferente, mas é o que lhes agrada e convém, portanto que abracem sua causa até que em algum momento resolvam sair da terra semi plana, uma vez que até a totalidade dessa ideia já tem também sua parte corroída. Que valorizem a Guedes enquanto estudamos Freire, que se vistam de amarelo como se fosse ouro, enquanto seguimos com a verdadeira cor do amor, da paixão e da arte de saber escolher. Temos ainda mais um ano pela frente. Força, Brasil!

  • Crítica: Round 6 (Hwang Dong-hyuk, 2021)

    A Netflix e sua jogada de mestre – Round 6 tem tudo o que o espectador gosta e espera. O cinema Coreano quebrou todas as barreiras possíveis em 2019, o filme Parasita, de Bong Joon–ho se tornou unanimidade em todos os cantos de planeta, ganhou a Palma de Ouro em Cannes, o prêmio de melhor elenco no SAG (Screen Actors Guild / Prêmio do Sindicato dos Atores) e terminou vencendo quatro Oscars: Melhor filme internacional, melhor roteiro, melhor diretor e melhor filme, o primeiro filme na história a vencer o Oscar sem ser falado em inglês, foi um marco – o que isso tem com Round 6? Muita coisa, mas estou tentando fazer um paralelo, para aquela meia dúzia de pessoa que ainda tem preconceito com produções asiáticas, o cinema Coreano talvez seja um dos melhores da atualidade, logo, a televisão não ficaria atrás, estamos diante de um fenômeno mundial, tanto no cinema, como, agora, na televisão. A própria direção da Netflix já disse que a série de Hwang Dong-hyuk, foi a mais assistida da história da plataforma e todo esse sucesso tem um motivo. O sucesso da Netflix segue passos parecidos com Parasita (2019) – mas vamos por partes, a ideia da série partiu do próprio diretor quando ele mesmo passou por inúmeros problemas financeiros, isso tudo quando ele já sabia que a humanidade tem um fascínio pelo espetáculo da violência. Juntou o útil ao agradável e a ideia surgiu. Gi-hun (Lee Jung-Jae) é o que alguns chamariam de fracassado, ele mora com alguém, surrupia dinheiro de sua carteira e de sua conta bancária, tem uma filha que mora com a mãe e está desempregado, ele é o candidato perfeito para um estranho tipo de recrutamento de uma empresa que oferece a solução para todos os seus problemas financeiros, desde que você tope participar de um jogo do qual não sabe absolutamente nada a respeito. O jogo em questão envolve mais de 400 pessoas, todos eles, aparentemente, na mesma situação financeira, todos precisam muito do dinheiro que o jogo oferece e não é pouco, mas os candidatos só têm noção do que é com o que estão lidando depois do Round 1, quando a brincadeira de “Batatinha frita 1, 2 ,3...” termina com metade dos jogadores “eliminados” da competição. A trama revela sua reviravolta mais inusitada: não é só o fato de que as pessoas “eliminadas” são, na verdade, assassinadas, mas também a de que mesmo sabendo disso, metade dos sobreviventes aceita seguir no jogo. O egoísmo – ou seria necessidade? – fala mais alto e os jogadores continuam, round após round, morte após morte, horror após horror, mas continuam com o jogo até o famigerado Round 6. O jogo logo se transforma em uma carnificina e nós espectadores só queremos mais e mais, o espetáculo da violência é o nosso melhor entretenimento, pare para pensar: se em algum momento o jogo perdesse essa violência, com certeza acharíamos ruins, seria uma gincana do “Topa Tudo Por Dinheiro”, ou seja, quanto mais violento melhor – até ai tudo bem, a série trabalha a violência perfeitamente bem, junto disso temos a gama clássica de personagens o herói, vilão, o corrompido, o carismático, a irritante, o sem potencial mas que vai longe e o com potencial que logo se perde. A série tem personagens e situações para todos os gostos, não há do que reclamar quanto a isso. O problema da série está nas pontas soltas, o policial infiltrado que passa parte da série andando de um lado para o outro dentro da ilha e dos corredores e que acaba não fazendo muito sentido, não faz nenhuma diferença na trama principal. O sucesso da série é composto por uma porção de fatores, mencionei tudo acima, uma boa trama, com um certo exagero na violência, um elenco pontual, mas isso é algo típico das produções coreanas e que nada afeta o todo, aliás, o exagero das atuações só dá mais emoção aos jogos, uma produção impecável, direção de arte, fotografia, edição e trilha sonora foram ótimas e um roteiro, repleto de reviravoltas, que consegue segurar, chocar, fazer com que tenhamos empatia e antipatia pelos personagens e especialmente pelas situações. As transformações, as perdas, os enganos, existe algo de perturbador até na maneira como nos comportamos enquanto espectadores, é uma ótima série que agradou todo mundo sem ressalvas, agora é esperar que a Netflix não estrague tudo com uma segunda temporada.

  • Pandora Papers: Dólar alto faz Guedes lucrar R$ 16 milhões. Entenda:

    Segundo apuração de consórcio internacional, Paulo Guedes teria US$ 9,5 milhões em Paraíso Fiscal e pode estar lucrando com a mesma alta do dólar que torna o alimento mais caro para os brasileiros. A reportagem dos jornalistas de Allan de Abreu e Ana Clara Costa publicada neste domingo pela Revista Piauí, analisou mais de 11 milhões de documentos obtidos pelo consórcio internacional de jornalistas investigativos ICIJ, encontrou uma conta com US$ 9,5 milhões do Ministro Paulo Guedes nas Ilhas Virgens Britânicas, um famoso e badalado paraíso fiscal. Essa notícia chama a atenção porque o país tem assistido a uma enorme desvalorização cambial, segundo a Austin Ratings, o real foi a 6ª moeda que mais perdeu valor em 2020, isso é absolutamente anormal para uma economia que até 2018 era a 9ª maior economia do planeta. Em janeiro de 2019, mês de posse do Governo Bolsonaro, o dólar era cotado na casa dos R$ 3,70, colocando o patamar atual, em 01 de outubro de 2021 a moeda marcava R$ 5,37. Essa valorização do dólar perante o real, conferiu um avanço patrimonial de mais de R$ 15 milhões de reais para Paulo Guedes, um valor que se formou sem gerar nenhum emprego, sem pagar nenhum imposto, um valor que se formou apenas pela desvalorização do real, moeda pela qual Paulo Guedes, ministro da economia deve zelar, impedindo grandes desvalorizações que prejudiquem o país. Para efeitos de comparação, de 2014, quando Guedes enviou o dinheiro para o exterior, mesmo com todas as turbulências econômicas o capital dele tinha se valorizado R$ 12,33 milhões, uma média de R$ 3 milhões por ano; já durante a sua gestão, com o descontrole cambial, ele pode ter lucrado, em média, mais R$ 5 milhões por ano. Pela lei, não é ilegal manter dinheiro em contas do exterior, porém, o artigo 5º do Código de Conduta da Alta Administração Federal (chefe de estado, ministros, secretários, presidentes de estatais etc.) veta que funcionários públicos com informações sensíveis e privilegiadas, operem ou invistam em setores que possam ser afetadas por políticas públicas pelas quais eles são responsáveis exatamente pela prudência de evitar o que é conhecido como Conflito de Interesses entre o interesse de enriquecimento pessoal e o interesse de tomar as melhores decisões pensando no bem do país e de seus cidadãos. O que são Offshore? É importante ressaltar que ter uma Offshore não é crime, pelo contrário, para algumas atividades cujas negociações são feitas em moedas estrangeiras, como o dólar, é importante ter uma conta em moedas estrangeiras para proteger o investimento de oscilações cambiais. Por isso geralmente as empresas importadoras mantém essas contas, geralmente em paraísos fiscais, já que a Offshore não gera atividade comercial e não se utiliza da infraestrutura do país hospedeiros, apenas mantém a empresa e a conta por uma formalidade contábil e por isso pagam menos impostos. Uma Offshore nada mais é do que uma espécie de “empresa fantasma”, sem sede, sem funcionários, se equipamentos, mas que possibilite às pessoas jurídicas desfrutarem de condições fiscais de outros países. Porém, o que deveria ser apenas um artifício comercial, uma burocracia cambial, acaba servindo para que pessoas e empresas que desejam ocultar patrimônio, ou obter rendimentos não tributáveis, prática popularmente conhecida como rentismo. Essa prática também é utilizada para investir em fundos internacionais sem pagar imposto de renda sobre o lucro dessas operações. Quando o investimento é feito via Offshore, a tributação anual sobre o capital repatriado é substituída por um Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) menor que 1%, apenas na remessa do dinheiro. Para não terem que pagar imposto sobre o lucro na volta desse capital, geralmente esses investidores possuem cartões corporativos com limites altíssimos que permite a eles movimentar essas contas sem pagar os impostos devidos na repatriação do lucro. Trocando em miúdos, é como se esse investidor brasileiro fosse na verdade um turista que gasta o dinheiro aqui, mas a fatura do cartão vai para seu país de origem, logo, toda a tributação e benefícios por ela gerada, ficam concentrados no país da Offshore ou da conta bancária. Nada de bom recai sobre o Brasil, origem do capital investido. Por conta de toda essa desregulação, Offshores são largamente usadas para práticas de crimes como lavagem de dinheiro do crime organizado, evasão de divisas, ocultação de patrimônio e até financiamento de redes terroristas, embora com o advento dos criptoativos, o crime organizado tenha encontrado caminhos menos burocráticos para movimentarem seus recursos. A situação de Guedes e Campos Neto: Contra Paulo Guedes e Roberto Campos Neto, até então, não pesa nenhuma acusação. Por conta de suas posições em cargos públicos, protocolarmente, ambos devem ser convocados para prestar esclarecimentos nas comissões de ética da câmara dos deputados, caso sejam constatados indícios de crimes, inquéritos poderão ser instaurados pela Procuradoria Geral Da União (PGR) e, a depender da repercussão política, ambos podem ser afastados de suas funções e gerar alguma turbulência econômica nessa semana que se inicia. A matéria da revista Piauí ainda destaca que o texto da proposta de reforma fiscal que tramita no congresso foi alterado, sem resistência do governo, beneficiando investidores na condição do Ministro Paulo Guedes, com dinheiro em paraísos fiscais. Originalmente, a Receita Federal havia sugerido que a partir dessa reforma tributária passasse a ser cobrado impostos de renda sobre ganhos de capital no exterior, mas a ideia foi derrotada por pressão de grandes empresas nacionais que operam com contas no exterior e sem que o Ministério da Economia esboçasse reação. Na reforma que tramita no congresso ainda há um polêmico trecho que deseja reduzir a tributação para repatriação de recursos, passando de 27,5% para apenas 6%. Já Roberto Campos Neto, apesar de ter valores bem mais modestos nessas contas, aproximadamente US$ 1 milhão, é o responsável direto por ações de controle de câmbio, como por exemplo o leilão de dólares da reserva internacional brasileira. Apesar de Campos Neto se defender dizendo que informou o Conselho de Ética sobre suas aplicações internacionais, com a disparada de dólares e o vazamento Pandora Papers, sua permanência no cargo pode se tornar mais difícil nos próximos dias, principalmente porque já vem falhando nas tentativas de conter o câmbio e a inflação. Panama Papers (Documentos do Panamá): O Caso Pandora Papers guarda grande semelhança com esse outro escândalo internacional. Ambos começaram da mesma forma, um vazamento milhões de documentos detalhando a abertura dessas empresas, os dados de seus respectivos donos e as movimentações financeiras realizadas. À época, a empresa exposta foi a Mossack Fonseca, uma consultoria panamenha especializada nesse tipo de operações. Como era de se esperar, muitas contas de pessoas famosas foram descobertas, movimentações pelo mundo todo, com empresas de fachada ocultando patrimônios gigantescos, inclusive de chefes de Estado como o ex-presidente da Argentina, Maurício Macri e o Rei Salman da Arábia Saudita, além de cartolas como o então presidente da FIFA, Michel Platini e o secretário-geral da mesma entidade Jérôme Valcke. Já se sabe que no conteúdo da apuração do vazamento Pandora Papers, estão envolvidos os nomes de funcionários do alto escalão de mais de 90 países, como Paulo Guedes e Roberto Campos Neto, mais de 30 chefes de estado e milhares de empresários que podem, ou não, ter se utilizado do esquema para algumas das práticas criminosas acima citadas acima. A Dossiê etc (infelizmente) não faz parte do consórcio que investigou os documentos vazados, apenas cumprimos com o nosso objetivo de tornar as notícias mais acessíveis para o grande público, incluindo a contextualização dos fatos, explanação em paralelos e simplificação para a explicação de conceitos técnicos. Dos veículos de mídia parceiros do ICIJ no Brasil (Revista Piauí; Poder 360; Metrópoles; e Agência Pública), participaram da investigação dos Pandora Papers os seguintes jornalistas: Allan de Abreu, Ana Clara Costa, Fernanda da Escóssia e José Roberto de Toledo (revista piauí), Alice Maciel, Anna Beatriz Anjos, Ethel Rudnitzki, Natalia Viana, Raphaela Ribeiro e Yolanda Pires (Agência Pública), Lucas Marchesini e Guilherme Amado (Metrópoles), Fernando Rodrigues, Mario Cesar Carvalho, Guilherme Waltenberg, Tiago Mali, Nicolas Iory, Marcelo Damato e Brunno Kono (Poder 360).

  • ESPECIAL: CineBR 50 MAIS - (20 a 11)

    Chegamos ao TOP 20 e agora a coisa ficou séria, A sensação é de quem tem muito filme bom, para pouca lista, talvez a próxima seja TOP 100, mas por enquanto confira essas pérolas do cinema nacional. O ESPECIAL CineBR 50 MAIS é um especial de publicações do Portal Dossiê etc, escrita por Cleber Eldridge, sobre os 50 melhores filmes brasileiros de todos os tempos, na opinião do autor. Dos campeões de bilheteria, até àqueles filmes esquecidos no deposito das extintos vídeo locadoras, se é bom, se tem qualidade se marcou época, você encontrará aqui. Aproveite e se aventure pelo cinema nacional. Uma viagem inesquecível. Boa leitura! 20. Pra Frente Brasil (Roberto Farias, 1982) Os tempos — os péssimos tempos — de ditadura militar renderam excelentes histórias, na maioria dos casos, essas mesmas histórias foram mortais para algumas pessoas e em tantos outros, para famílias, que foram devastadas. Pensando, nisso o diretor Roberto Farias (Assalto ao Trem Pagador, 1962) resolveu tocar na feriada. Ambientado na Copa do Mundo de 1970, enquanto prisioneiros políticos eram torturados nos porões da ditadura militar, inocentes são vítimas desta violência, os acontecimentos são vistos pela ótica de uma família quando um dos seus integrantes, Jofre (Reginaldo Farias) um trabalhador comum, é confundido com um ativista político e desaparece. Um filme forte e necessário, não poderia ficar de fora dessa lista. Onde assistir: YouTube 19. Cabra Marcado Para Morrer (Eduardo Coutinho 1984) O filme que finalmente colocou Eduardo Coutinho no meio cinematográfico, ele, documentarista, já tinha feito alguns trabalhos antes, todos de menor escala e sem o grande sucesso, ou seja, esse foi o filme que colocou o nome de Coutinho entre nós e o definiu como o maior e melhor documentarista do Brasil. O documentário conta a saga de uma família, no início da década de 1960, quando um líder camponês, João Pedro Teixeira, é assassinado por ordem dos latifundiários da Paraíba. As filmagens de sua vida, interpretada pelos próprios camponeses, foram interrompidas pelo golpe militar de 1964. Quase duas décadas depois o diretor retoma o projeto e procura a viúva Elizabeth Teixeira e seus dez filhos, dispersados pela onda de repressão que seguiu ocorrendo após episódio do assassinato. O tema principal do filme passa a ser a trajetória de cada um dos personagens que, por meio de lembranças e imagens do passado, evocam o drama de uma família de camponeses durante os longos anos do regime militar. Onde assistir: GloboPlay 18. Filme Demência (Carlos Reichenbach, 1986) O ator, diretor, escritor e fotografo Carlos Reichenbach é uma daquelas pessoas proliferas, que, quando enfiam um projeto na cabeça, dedicam todo seu tempo e recursos para que esse se realize da melhor forma possível. “E quem não faz isso?”, você deve estar se perguntando, sim, todo diretor e qualquer pessoa que deseja algum sucesso faz isso, mas Reichenbach faz de uma maneira diferente e de um jeito que só assistindo ao filme para entender. O diretor conta o cotidiano de um pequeno industrial do fumo, falido economicamente e em crise doméstica, é praticamente exilado da casa pela mulher e passa a refugiar-se em visões e alucinações. Como na lenda, Fausto, terá de encontrar seu correspondente Mefisto, que durante a história lhe aparecerá de várias formas e personalidades. Onde assistir: YouTube 17. Terra em Transe (Glauber Rocha, 1967) O grande Glauber Rocha vai ser um dos principais nomes do próximo especial aqui da Dossiê, já que ele foi possivelmente, o maior nome que nosso cinema já colocou na história da 7ª arte. Rocha sempre tocou em assuntos importantes, fez filmes geniais e fincou seu nome história, eu sinceramente, gostaria de morar em uma rua chamada: Rua Glauber Rocha. O seu melhor trabalho foi selecionado para o Festival de Cannes, de quebra, ainda ganhou o prêmio de melhor direção. Infelizmente ele foi o único diretor brasileiro na história, mas isso só confirma o que eu acabei de falar acima. O filme percorre os dias de Paulo (Jardel Filho), um jornalista que tenta mudar a situação ao planejar a ascensão de um candidato supostamente oposicionista, Vieira (José Lewgoy), e buscando o apoio do maior empresário do país para deter o avanço de uma multinacional estrangeira sobre o capital nacional. Tudo começou bem, porém, problemas sociais e a corrupção arruínam sua intenção. Onde assistir: YouTube 16. O Bandido da Luz Vermelha (Rogerio Sganzarela, 1968) Os clássicos finalmente começaram aparecer, já reparou, não é?! Pois cá estamos, diante de mais um dos títulos mais populares da longa história do nosso cinema. O filme baseado na história real do criminoso catarinense que assaltava suas vítimas em Santos e ficou conhecido como o "Bandido da Luz Vermelha" por utilizar sempre uma lanterna vermelha durante seus golpes. João Acácio Pereira da Costa (Paulo Villaça) foi perseguido pela polícia durante seis anos, após assassinar algumas de suas vítimas. O filme continua importante para a cinematografia brasileira, um dos destaques do Cinema Marginal e qualquer um que assiste essa poderosa obra enxerga isso. Sganzarela dirigiu com maestria, as colagens de imagens das ruas brasileiras, ele estampou o cinema marginal, contando ainda com a grande atuação de Paulo Villaça. Onde assistir: YouTube 15. Eles Não Usam Black-tie (Leon Hirszman, 1981) Os anos 80 marcaram nosso cinema com seus filmes denúncia, foram muitas as obras que escancaravam as atrocidades da ditadura militar, outros tantos que denunciaram nossos governos e suas falácias e outro grupo de diretores focaram na classe trabalhadora – foi nessa que Hirszman focou. O ano é 1980, a vida do operário Tião (Carlos Alberto Ricceli) entra em um verdadeiro turbilhão, ao mesmo tempo em que encontra a felicidade no casamento com Maria (Bete Mendes), grávida. Tião deve enfrentar a fúria de seu pai (Gianfrancesco Guarnieri), um sindicalista que fica com muita raiva ao saber que Tião, temendo perder o emprego, furou a greve dos operários. O filme é um daqueles “faço ou não faço”, “o certo ou o errado”, “fico lado da minha família ou da minha família”; o filme é inspirado na peça de Gianfrancesco Guarnieri e trata de várias questões e, é aí que está o grande mérito do filme em seu roteiro. O filme ainda tem uma das cenas mais emblemáticas do nosso cinema, que é quando Tião e Maria discutem por conta de um ocorrido, é uma daquelas cenas de travar na cadeira, grande e importante filme. Onde assistir: GloboPlay 14. Tatuagem (Hilton Lacerda, 2013) O filme de Hilton Lacerda apareceu em todos os especiais sobre o nosso cinema, ficou mais do que claro que eu tenho um chamego por essa obra e são vários os motivos para isso. É um filme que fala sobre arte, sobre a arte da rua, fala do LGBTQIA+ e tantos outros assuntos necessários, tudo isso de forma surpreendentemente divertida. Brasil, 1978. A ditadura militar já mostra sinais de esgotamento e, em um teatro localizado na periferia entre Recife e Olinda-PE, um grupo de artistas provoca o poder e a moral estabelecida com seus espetáculos e interferências públicas. Liderado por Clécio Wanderley (Irandhir Santos), a trupe conhecida como Chão de Estrelas, juntamente com intelectuais e artistas, além de seu tradicional público de homossexuais, ensaiam resistência política a partir do deboche e da anarquia. O filme foi um sucesso no Festival do Rio de Janeiro quando passou e ainda colocou nos holofotes Rodrigo Garcia na pele de Paulete, um dos personagens mais engraçados do nosso cinema. Não por menos, no mesmo festival Garcia ganhou o prêmio de melhor ator coadjuvante. Eu poderia narrar incontáveis cenas divertidas, mas é melhor você assistir e tirar suas próprias conclusões, só te garanto uma coisa, é de cascar o bico. Onde assistir: Netflix 13. O Som ao Redor (Kleber M. Filho, 2013) O nome Kleber Mendonça Filho foi uma surpresa, o diretor até então tinha feito apenas alguns curta metragens, como Recife Frio (2009) e Vinyl Verdade(2004). Dos curtas já dava para ter uma ideia de como seria o seu cinema, isso foi o que tanto eu, como outros inúmeros críticos imaginavam, mas não foi o que aconteceu no seu primeiro longa-metragem. A vida numa rua de classe-média na zona Sul do Recife toma um rumo inesperado após a chegada de uma milícia que oferece paz de espírito e segurança particular. A presença desses homens traz tranquilidade para uns e tensão para outros, numa comunidade que parece temer muita coisa. Enquanto isso, Bia (Maeve Jinkings), casada e mãe de duas crianças, precisa achar uma maneira de lidar com os latidos constantes do cão de seu vizinho. Uma crônica brasileira, uma reflexão sobre história, violência e barulho. O primeiro longa do diretor é um retrato social delicioso com múltiplas histórias que se encaixam, não é só um olhar particular do que está por trás dos muros das casas alheias e pessoas aparentemente comuns, é um drama familiar, é comédia sobre a vizinhança chata, sobre os guardinhas da rua, é sobre tudo e sobre todos. Onde assistir: Netflix 12. Terra Estrangeira (Walter Salles, 1995) O maravilhoso Walter Salles. No capítulo anterior do ESPECIAL Cine BR 50 MAIS, eu mencionei que ele era o eu diretor favorito e que outros filmes do mestre das estradas apareceriam por aqui, pois é, cá estamos, Terra Estrangeira é o segundo longa-metragem, totalmente em preto-e-branco e foi o encontro de Salles, com as estradas. O plano econômico do governo Collor projeta o país no caos, no meio disso a vida de Paco (Fernando Alves Pinto), um jovem estudante paulista, desmorona com a morte da mãe e o fim de um sonho de ser ator. Paco decide deixar o Brasil e para isso, aceita levar um objeto contrabandeado para Lisboa. Já do outro lado do Atlântico ele conhece Alex, o amor e o perigo da morte. O filme tem um clima de suspensa muito forte e presente, uma fotografia em preto-e-branco lindíssima e com grandes atuações. O segundo filme de Salles só lhe abriria caminhos e estradas, essas estradas da vida. Onde assistir: Indisponível =( 11. O Que é isso, Companheiro? (Bruno Barreto, 1997) Os anos 90 foram importantes para o nosso cinema, mundialmente falando, foi uma década em que nossos filmes estavam constantemente entre os mais premiados, esse retrato da ditadura militar foi o segundo filme brasileiro a ser indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro – agora, categoricamente chamado de melhor filme internacional –, o primeiro foi O Quatriho (Fábio Barreto, 1995). O caos histórico do Golpe de 64 é retratado após o AI-5, em 1968, que decreta o fim da liberdade de imprensa e dos direitos civis, Nesse período, estudantes entram para um grupo de militantes, abraçando a luta armada clandestinamente em busca de libertar prisioneiros que estão sendo torturados nos porões da Ditadura Militar. Muitos filmes sobre a ditadura brasileira e dói perceber que o Brasil ainda não está tão distante da realidade retratada nesses filmes. Mas xô melancolia, o cinema é a prova de que dias melhores são possíveis, mais do que isso, o cinema faz parte dos dias melhores que queremos para nós, então assista os filmes que ainda não conhece Onde assistir: Globo Play Quer ver os filmes escolhidos da 50ª até a 21ª posição? Clique aqui Quer ver quais foram os filmes escolhidos no TOP 10? Então siga nossas redes sociais e fique por dentro ( Instagram | Facebook | Twitter | LinkedIn )

  • LISTA: 5 filmes/séries sobre crimes reais

    Os mais absurdos, bárbaros e perversos crimes em excelentes narrativas e roteiros, mas, atenção! Todo cuidado é pouco... Os crimes “mais hediondos” costumam chocar a população em todos os cantos do planeta, quase sempre e não muito tempo depois, produtores de cinema contratam uma equipe para reconstruir essas cenas, isso quando algum diretor não tem um interesse súbito por crimes do passado. Alguns casos são tão chocantes que costumam dar nó garganta e embrulhar o estômago de quem os assiste, nos fazendo questionar a fé na humanidade, as motivações que fazem com que essas pessoas cometam tais atrocidades, na maioria das vezes ou é por desespero, ou por dinheiro, isso quando não é alguém, simplesmente querendo ver o circo pegar fogo, ou seja, tirar vidas a troco de nada. Os filmes a seguir são histórias reais, com pessoas reais, logo crimes reais tentaram fugir o máximo que consegui de outras tantas listas sobre o tema, caso tenha esquecido algum marcante, deixa aí nos comentários. 5. The Act (Minissérie, 2019) O primeiro caso da lista é um daqueles que deixa qualquer um de boca aberta, mas olha lá: O caso aconteceu nos Estados Unidos, Gypsy Rose Blanchard (na série interpretada por Joey King) é uma garota que passou a vida inteira acreditando que tinha uma grave doença, que a impedia de fazer uma porção de coisas, como comer o que crianças gostam de comer, andar por aí, ter amigos, ir à escola e afins, tudo isso porque sua mãe Dee Dee (Patrícia Arquete) era uma louca varrida e superprotetora. O fato é que, a mãe da garota inventou tudo isso para que a filha nunca saísse de baixo de suas asas... pois é, dá para acreditar? Outro crime acontece quando a garota Gypsy descobre que sua mãe a enganou durante toda sua infância e adolescência, ela então conhece um garoto na rede e começa se relacionar com ele. O crime é um daqueles absurdos e meio difíceis de acreditar ou escolher um lado da história. Quem está mais errada? A mãe que fez isso ou a filha que se vingou da mãe? De qual lado você fica? Assista a minissérie e tire suas próprias conclusões. Um adendo especial para a atuação fenomenal de Joey King. Onde assistir: Starz Play 4. Dr. Death (Minissérie, 2021) O caso aqui é ainda mais impressionante, se em The Act é até compreensível a mãe superprotetora e a filha revoltada, Dr. Death não nos permite engolir as atrocidades do Dr. Christopher Duntsch (Joshua Jackson). O caso real do cirurgião que fazia suas operações sob efeito de álcool e drogas, isso quando não deixava seus pacientes em estado paralítico ou em condições irreversíveis – atenção – de propósito. O primeiro episódio da série já tem um clima muito sombrio, chega ser assustador, a série segue os passos dos Dr, Robert Henderson (Alec Baldwin) e Dr. Randall Kirby (Christian Slater) que percebem os erros grotescos do cirurgião e decidem parar ele. O que posso afirmar, é que a história é sinistra. Onde assistir: Starz Play 3. O Silêncio dos Inocentes (Jonathan Demme, 1991) O assassino mais famoso da história do cinema, Hannibal Lecter (Anthony Hopkins), mais conhecido por seu sadismo e pela forma como assassinava suas vítimas. Não é uma pessoa real, é um personagem criado por Thomas Harris, mas ele foi inspirado em Alfredo Balli Trevino, um assassino mexicano que Harris entrevistou em meados da década de 60. O premiado filme conta a história de Clarice Starling (Jodie Foster) – já relembro da cena em que Hannibal diz o nome dela, com aquele jeito peculiar – ela precisa da ajuda do assassino para capturar outro assassino, o assassino em série Buffalo Bill. O filme é maravilhoso, eterna referência a filmes de serial killer / assassino em série, um dos poucos suspenses a ganhar o Oscar de melhor filme e um dos três a fazer parte do Big 5* no Oscar. *Big 5 (vencedor dos Oscars de melhor filme, direção, ator, atriz e roteiro) Onde assistir: Telecine Play 2. Zodíaco (David Fincher, 2007) O diretor – ou devo chamar de mestre? – David Fincher é um dos melhores diretores da atualidade e o favorito da pessoa que vos fala. Diretor singular, cheio de estilo e meticuloso, acreditem ele é ímpar. Como se isso não fosse o suficiente ele tem um interesse particular em histórias reais e de assassinos; Zodíaco não é o seu primeiro filme sobre o assunto e nem será o último. O filme se passa nas décadas de 60 e 70 em San Francisco, Califórnia, por lá um assassino que se autointitulou de Zodíaco assassinava pessoas aleatoriamente, sem nenhum motivo específico. Onde assistir: Telecine Play 1. Capote (Bennett Miller, 2005) & A Sangue Frio (Richard Brooks, 1967) Capote: Truman Capote foi um dos maiores escritores estadunidenses de todos os tempos e sua personalidade excêntrica chamava atenção por onde o louro de voz fina passava. A obra-prima de Bennett Miller – um dos grandes diretores da atualidade – narra com maestria o processo criativo do escritor que se deparou com a notícia dos assassinatos um dia qualquer em um jornal e que lhe renderia A Sangue Frio, um dos livros mais lidos e premiados do século XX. O finado Phillip Seymour Hoffman nos brindou com a melhor atuação masculina do século XXI, até agora. Onde assistir: Apple TV A Sangue Frio: O famoso assassinato – e mais famoso livro de Truman Capote – foi transformado em um filme minucioso, com uma belíssima fotografia naturalista, trilha sonora que foge da tragédia e um elenco incrível: o ator que interpreta Perry Smith, é idêntico ao real assassino. Em suma, é um filme frio como pede o livro, cheio de tensão e que foca principalmente na dupla de assassinos; a cena do acontecimento principal é genial, um grande filme à altura dos melhores livros do século XX. Onde assistir: YouTube Filmes

  • Crítica: "Dois filmes que não valem um"

    O crime que chocou o Brasil: Caso Richthofen merecia uma representação bem melhor O caso de Suzane Von Richthofen e os irmãos Cravinhos aconteceu em outubro de 2002 e foi um daqueles casos com níveis de crueldade que chocam o país inteiro e se você leitor tem idade suficiente, é bem provável que se recorde como foram aquelas semanas. Os jornais não falavam de outra coisa, toda semana uma evidência diferente surgia, toda semana um culpado era identificado e cada descoberta se revelava como um capítulo decisivo de uma novela que só teve fim anos depois, quando o caso foi a julgamento e colocou o trio de assassinos na cadeia. Hoje, 19 anos depois, o caso voltou às manchetes por conta da reconstrução narrativa por Mauricio Eça. Os filmes de Eça, A Menina Que Matou Os Pais e Os Meninos Que Mataram Meus Pais têm como principal foco mostrar como Suzane (Carla Diaz) e Daniel (Leonardo Bittencourt) se conheceram, como foi o relacionamento de ambos e o que de fato aconteceu para que eles tomassem a decisão que acabou em morte. O filme começou a tomar forma ainda em 2006 quando Suzane deu uma entrevista para o Fantástico, naquela ocasião a menina que usava uma franja que cobria todo seu rosto, usou um tom melancólico e jogou toda a culpa no seu parceiro Daniel Cravinhos; só que antes da gravação da conversa, foi flagrada falando com seu advogado e recebendo uma orientação para que ela chorasse durante a entrevista. A Globo, é claro, colocou tudo isso no ar e considerou a reportagem manipulada pelo então advogado de Suzane. O mais estranho é que os filmes de Eça partem exatamente dos depoimentos e da manipulação dos fatos, para narrar seus filmes. O filme começa com a mesma cena, uma recriação da descoberta dos corpos de Marísia e Manfred pela Polícia Militar de São Paulo, em 2002 – o filme então salta para 2006, quando filma Suzane e Daniel narrando, de acordo com suas memórias e respectivas versões, o que de fato teria acontecido. A história contada por ambos é estruturalmente a mesma, mas seus papéis no destino trágico são diferentes. O que Daniel conta é que Suzane era uma garota com problemas e que encontrou nela uma espécie de saída para seus “problemas” – já que ela é branca, rica, morava em uma mansão e tinha absolutamente tudo o que queria na vida –, o que Suzane conta é que Daniel vivia próximo de uma realidade de crime perigosa, que se tornou namorado abusivo e a conduziu a matar sua rica família por ganância, ou seja, as duas versões do filme tentam basicamente fazer com que nós espectadores escolhamos um culpado, analisemos os fatos e tomemos uma decisão e é aqui que os problemas dos filmes começam, nem todo mundo conhece o caso, então os menos informados — e os mais jovens — podem sair prejudicados. E para que raios duas versões de um caso que já foi julgado e encerrado se não irá se propor nada além de representá-los? Aliás o filme até tenta brincar, fazendo com que nós espectadores tomemos uma decisão, mas isso, no fim, não faz a menor diferença. Os problemas continuam, já que os filmes simplesmente não funcionam de forma individual, até dá para entender que os roteiristas queriam ilustrar a jornada de Daniel e Suzane, mas o resultado é uma história completamente sem graça e, para ser o mais sincero possível, sem significado, sem ápice. Depois que o filme termina, a única coisa que conseguimos pensar é: Para que, por que eles fizeram isso? O dinheiro seria a resposta mais prática, mas sinceramente, não dá para acreditar. A atuação de Carla Diaz é desastrosa, quem acompanhou o Big Brother Brasil (BBB 21), vai entender, nem parece que ela está atuando, ao menos não na versão dela da Suzane vítima, repleta de cacoetes, ela não passa emoção alguma e nem quando tenta ser dissimulada, funciona. Bittencourt tenta se esforçar, mas o personagem não ajuda muito, ele até está bem como “vilão” – o restante do elenco cumpre com o frágil roteiro. O que posso concluir é que, se Mauricio Eça tivesse optado por uma minissérie ou um filme para televisão, o resultado possivelmente teria sido melhor, aliás, esse gênero de crime real tem ganhado espaço nas produções brasileiras, o esforço de toda a equipe de contar essa história que chocou o país está ali, fica em evidência, mas o resultado é desastroso, dois filmes que, juntos, não valem por um.

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