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  • Não era amor, era... comício

    Em 1ª aposta João Santana se alia ao MBL, monta comício surpresa, deixa Dória com cara de vice do Ciro e assiste a uma Av. Paulista esvaziada. Desde os discursos golpistas nos protestos antidemocráticos de 07 de setembro, não se falou em outra coisa a não ser no evento de resposta do MBL. Mas quem foi ao evento esperando uma frente ampla contra o fascismo, encontrou, na verdade, um comício do Ciro, com muito antipetismo e algumas participações especiais. Apesar de já estar marcado há meses, desde que o MBL anunciou que romperia com Bolsonaro (sem partido), nas últimas semanas muito esforço foi feito para que os atos não fossem vistos como um ato do MBL, talvez já prevendo e temendo o esvaziamento, uma vez que o grupo caiu no limbo político depois de terem feito parte do golpe parlamentar, trabalhando ao lado de Eduardo Cunha, na manobra de massas nas ruas, enquanto o então presidente da câmara, articulava politicamente o impedimento de Dilma (PT), ao passo que ameaçava o governo com pautas bombas, como o shopping parlamentar, parlashoping para os íntimos. Nesse movimento, chamou a atenção a participação de algumas personalidades, até então, críticas aos métodos e posições políticas do MBL. O grupo acumula ações diretas reacionárias e compartilhamentos dos conteúdos mais infelizes no que diz respeito a civilidade política. Reinaldo Azevedo, por exemplo, crítico de primeira hora dos excessos lavajatistas, um movimento aliado e alimentado pelo MBL, foi enfático ao defender que seria um ato suprapartidário em defesa da democracia e contra o fascismo, isso justo no ato chamado pelo grupo que divulgou fake News sobre a vereadora assassinada Marielle Franco; um grupo reacionário de vigilância ideológica, com atitudes classificadas pelo “tio Rei” como atitudes “fascistóides” que já levaram ao cancelamento do Queermuseu em Porto Alegre – RS e na coação do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), por conta de uma performance que envolvia um homem nu. Essa defesa de que o ato seria suprapartidário não colou. Os campos mais progressistas subiram o tom, lembrando do histórico do MBL, mas nos comunicados oficiais as linhas dissidentes evitaram pregar o boicota, limitaram-se a apontar o MBL como motivo para da não participação. Na expectativa se iria “flopar” / ”miar”/esvaziar ou "bombar" / "lotar" / encher, um jogo de muitas coincidências foi sendo revelado: O MBL, apesar de ter causado grande estrago no cenário político nacional, hoje já não é expressivo, está abandonado, isolado e desacreditado, um grupelho mergulhado nas próprias invenções, limitado a tentar atrair os jovens mais reacionários, pensando no futuro dos pensamentos mais extremados à direita. Aparentemente, sem Ciro teria tido menos da metade do já escasso público presente, ou alguém acha que Simone Tebet e Alessandro Vieira arrastariam multidões?; o “dresscode”/traje escolhido foi a roupa branca, o que combinou muito bem com as dezenas de bandeiras carregadas pela modesta militância do PDT presente no ato que, coincidente e convenientemente, caiu no dia 12, o número da legenda de Ciro, justo o Ciro que vem há meses flertando com cada gota de ódio restante do “antipetismo”, discursou no evento ao lado de Mandetta, outro postulante a 3ª via, ou a qualquer cargo que sobre dela, como o cargo de vice decorativo, ministro da saúde etc; MBL não tem candidato próprio; no mesmo ato, um balão estampado com o desenho de Lula abraçado a Bolsonaro e o carro de som do “Vem Pra Rua” davam o tom “Nem Lula e nem Bolsonaro”, algo curioso de se acontecer em um protesto que dias antes pediu a militância petista emprestada para fazer volume no ato. É bem verdade que nesse mar de coincidências, outro postulante ao cargo de presidente, o governador de SP, João Dória (PSDB) também marcou presença e discursou, mas pelas imagens divulgadas é possível deduzir que ele foi de desavisado, aquilo não foi um protesto, foi um comício do Ciro, minuciosamente orquestrado pelo notável do marketing político, João Santana. João Santana é um marketeiro habituado a vencer eleições nacionais e internacionais, ele conhece o jogo político e, ao que tudo indica, a habilidade dele não apenas permitiu que Ciro ganhasse o apoio do MBL, mesmo depois de tantas rusgas entre as partes, como também foi capaz de convencer Reinaldo Azevedo, um jornalista com melhor trânsito entre os quadros do PSDB, de que a 3ª via ainda está aberta, mas era uma cilada, ou melhor, um comício (do Ciro). No microfone, Ciro Gomes mantinha a estratégia de flertar com o bolsonarismo através do “antipetismo” e, principalmente, “antiLulismo”, dando a certeza aos dirigentes do PT, PSOL e toda a militância canhota que ignorou o evento, que a decisão foi acertada, assim evitaram o constrangimento de serem usados de massa de manobra e ainda ofendidos no mesmo ato que foram chamados a participar. Aos otimistas, que inclui, além de Reinaldo e Dória, Isa Penna (PSOL), ficou a lição: diplomacia de bastidores sempre cabe, mas não se faz demonstrações públicas de afeto com esse tipo de gente que se criou com "escola sem partido" e seus podres derivados. Até 2022 tem muito chão pela frente e água para rolar, de um tudo pode acontecer, mas uma coisa ficou clara, não tem bobo na corrida eleitoral, só desavisados.

  • ESPECIAL: CineBR 50 MAIS - (50 a 41)

    Os cinquenta melhores filmes brasileiros de todos os tempos. Os 50 filmes nacionais que todo mundo deveria assistir. O cinema brasileiro é maravilhoso, caso você ainda não esteja convencido, mesmo depois de todos os especiais que nós aqui da Dossiê etc. Colocamos no ar nos últimos finais de semana, então senta aí, no decorrer das próximas semanas de setembro e outubro vamos celebrar os melhores filmes nacionais de todos os tempos, lembrando que essa é uma lista pessoal, então se você sentir falta de algum filme, não se acanhe em deixar nos comentários o nome do filme que faltou. Vale lembrar também que, a cada sábado 10 filmes serão revelados até completarmos os 50. Pois é isso, cá estamos mais uma vez, depois do Telas BR e do A Cara do Cinema Nacional – e futuramente faremos um especial sobre os nossos diretores – para provar de uma vez por todas que o nosso cinema é sim, maravilhoso. Agora sim, sem mais delongas, borá lá que a lista é longa! 50. A Glória e a Graça (Flávio R. Tambellini, 2017) O filme que abre a lista é essa interessante obra de Tambellini que, fala acima de tudo de aceitação e diversidade, o filme narra a relação distante entre Glória (Carolina Ferraz), uma travesti bem-sucedida, e Graça (Sandra Corveloni), sua irmã. O filme conta com sinceridade os problemas uma com a outra, já que devido a situação uma precisa da outra, a convivência, personalidade difícil de ambas faz com que os conflitos explodam. O fato é que, algumas pessoas irão questionar a presença desse filme aqui na lista, já que, é preciso um certo esforço para embarcar na história, mas Carolina Ferraz e Corveloni estão ótimas, aliás, é impressionante como Ferraz caiu como uma luva na personagem, seus trejeitos ajudaram muito, vale apena embarcar nesse conflituoso filme. Onde assistir: Globo Play 49. BR 716 (Domingos de Oliveira, 2016) Barata Ribeiro, 716 – Copacabana, Rio de Janeiro, esse era o endereço de Felipe (Caio Blat) um “tradicional“ carioca que vive em meio à complicada situação política do Brasil durante a década de 1960, ele engenheiro e aspirante a escritor, vive uma vida regada aos prazeres do álcool e festas no apartamento dado por seu pai, é isso. O filme em preto-e-branco conta a história deliciosa de Felipe que em sua casa dá festas gigantescas, com pessoas culturalmente diferentes, com posições políticas diferentes e que criam debates insanos diante da câmera, essa que passeia entre um cômodo o outro. Para quem gosta de assistir discussões bem acaloradas esse é um filmaço e Caio Blat em uma de suas melhores atuações. Onde assistir: Claro Now 48. Praia do Futuro (Karim Aïnouz, 2014) Karim Aïnouz é um dos mais renomados diretores do Brasil, assunto para um outro especial, mas só para falar um pouquinho dele, Aïnouz é um diretor nordestino (fortalezense) e premiado. Em 2019 seu A Vida Invisível, levou um dos prêmios mais importantes em Cannes e esse aqui – Praia Futuro – competiu por um Urso de Ouro em Berlim, mas não aconteceu. Aïnouz faz um cinema autoral e costuma contar suas histórias com muita delicadeza, Praia do Futuro é a prova. O filme se passa em dois momentos, primeiro em 2004, quando o salva-vidas cearense Donato (Wagner Moura) resgata o turista alemão Konrad (Clemens Schick), na Praia do Futuro, em Fortaleza e ambos vão para Berlim; o outro se passa em 2012, quando o irmão de Donato, Ayrton (Jesuíta Barbosa), um entusiasta aficionado por motocicletas, sai em busca do irmão. O enredo aparentemente não se conecta, mas como mencionei Aïnouz tem uma certa delicadeza e consegue fazer isso com muita proeza. Onde assistir: Globo Play 47. Pacarrete (Allan Deberton, 2019) O vencedor do festival de Gramado 2019 requer uma certa paciência, o motivo é muito simples: a protagonista. O filme de Deberton é um daqueles que conta a história de uma senhora, como costumo falar, aquela senhora chata da vizinhança que implica com tudo e com todos, essa senhora é Pacarrete (Marcélia Cartaxo) uma dançarina de balé antiquada e biruta do interior do Brasil que só quer manter seus sonhos vivos. O filme tem um cuidado estético singular, que poucas vezes vemos no cinema nacional, é muito bem dirigido, tem uma direção de arte linda e uma trilha que encaixa perfeitamente no filme, mas o destaque, é claro, fica com Marcélia, em uma atuação gigante, trabalhando bem, o tom de voz áspero e que, aos poucos, nos faz embarcar no filme, por isso, não desista nos primeiros minutos, pois a redenção de Pacarrete vale todo o filme. Onde assistir: Telecine Play 46. 2 Coelhos (Afonso Poyart, 2012) O que todos chamam de “filme cool” – que quando lançado chamou atenção por seu estilo de direção, frenético, que lembra muito os clipes da finada MTV. Com uma história mirabolante, atores convincentes, não deu em outra, um pequeno sucesso, mas que ainda assim, alguns viraram a cara. O filme conta os dias de Edgar (Fernando Alves Pinto) que se encontra numa situação natural para a maioria dos brasileiros, espremido entre a criminalidade, que age impunemente, e o poder público corrupto e ineficiente. Cansado desta situação, Edgar resolve fazer justiça com as próprias mãos e elabora um plano que colocará os criminosos e corruptos em rota de colisão, é o tipo de roteiro de Guy Ritchie adoraria dirigir, mas Poyart foi o mestre. Onde assistir: Telecine Play 45. Como Nossos País (Laís Bodanzky, 2017) O Brasil nem sempre fala da família tradicional – entenda isso como quiser – mas, quando faz, capricha. O filme de Bodanzky fez sucesso em Berlim e fora da competição por conta de sua delicadeza. O filme conta a história da mãe de Rosa (Maria Ribeiro) que lhe faz uma revelação surpreendente certo dia. É então que ela decide fugir de suas obrigações rotineiras, ao fazer isso, acaba descobrindo que a vida guarda muitas outras surpresas. O filme tem um roteiro excelente, com reviravoltas que fazem sentido sem forçar a barra. Os diálogos são o ápice, traz ao pensamento que tudo aquilo, esse “terremoto” dentro de uma casa, no seio de uma família, pode acontecer com qualquer um de nós. Onde assistir: Netflix 44. O Invasor (Beto Brant, 2001) O Invasor é um daqueles “achados da locadora” – uma daquelas fitas que ficam escondidas no meio de tantos filmes esquecidos e quando é finalmente descoberto, grande surpresa. O filme é um daqueles em que “se pode dar errado, vai dar errado”. Conta a história de Estevão (George Freire), Ivan (Marco Ricca) e Gil (Alexandre Borges, — acreditem, ele está muito bem —), que são amigos há anos. A amizade fica abalada quando há um desentendimento nos rumos da construtora na qual são sócios. Estevão não tem os mesmos pensamentos que Ivan e Gilberto, decidem então contratar Anísio (Paulo Miklos), um matador de aluguel para assassinar o sócio e, assim, tirar ele de seus caminhos. O circo está armado e como é de se esperar, tudo vai dar errado. O estilo que Brent escolhe é de um cinema mais independente, de fato, é um filme independente, mas a fotografia granulada faz com que a obra pareça “pobre”, não se enganem. Paulo Miklos está assustador, personagem cheio de trejeitos, insano e com os olhos arregalados, mas o destaque fica é do sensacional Marco Ricca, que como já podem imaginar, é o que perde o controle de toda a situação, um grande filme para quem gosta de “fogo no parquinho”. Onde assistir: Claro Now 43. VIP’s (Toniko Melo, 2011) As comparações com Prenda-me Se For Capaz (Steven Spielberg, 2002) não são do nada, o filme de Spielberg conta a história real de Frank Abagnale Jr (Leonardo DiCaprio) um dos maiores farsantes da história dos Estados Unidos, já o filme de Toniko Melo conta a história do, igualmente farsante, Marcelo da Rocha (Wagner Moura). Reais, as histórias de ambos são tão parecidas que, enquanto Frank deu golpes na PanAm, Marcelo, em seu golpe mais conhecido, fingiu ser Henrique Constantino, filho do dono da Gol, durante o carnaval do Recife. Wagner Moura não é dos meus atores preferidos, mas aqui ele se sobressai, arrisco em dizer que é sua melhor atuação. As comparações, na época do lançamento foram muitas, inevitável já que a história é relativamente parecida, mas uma história como essa, não poderia passar em branco, ainda mais no Brasil, não é? Onde assistir: Claro Now 42. O Cheiro do Ralo (Heitor Dhalia, 2008) O título do filme já entrega o essencial, é um filme estranho, uma daquelas fitas bizarras e que não poderia ser estrelado por outro ator que não fosse Selton Mello, um dos melhores atores da atualidade e do nosso cinema como um todo. Lourenço (Mello) tem como profissão comprar objetos usados de pessoas que passam por dificuldades financeiras, o que o leva a desenvolver um jogo perverso com seus clientes, num dos muitos encontros casuais, ele se vê obrigado a relacionar-se com uma mulher usando uma moeda que deixou de lado há muito tempo: o afeto. Perturbado pelo simbólico e fedorento cheiro do ralo que existe na loja, Lourenço acaba sendo confrontado pelos personagens que julgava controlar. O enredo é assim mesmo, bem estranho, diferente e é justamente isso que faz essa comédia ser marcante, o cheiro do ralo realmente existe está ali, incomoda o protagonista e desperta risos no expectador “a porra do cheiro do ralo”; excepcionalmente bem dirigido, Dhalia é um dos melhores de sua geração, belissimamente encarnado por Selton Mello e com algumas das cenas de maior vergonha alheia que existe. Imperdível. Onde assistir: Globo Play 41. Meu Nome Não é Johnny (Mauro Lima, 2008) O nome da vez é Selton Mello, olha ele aqui de novo, incrível como ele consegue ir do estranho Lourenço do filme acima, para João Estrella, um típico jovem da classe média alta, que viveu intensamente sua juventude, inteligente, simpático, adorado pelos pais, popular entre os amigos, com espírito aventureiro e boêmio, características que o levaram a viver todas as loucuras permitidas — e, também, aquelas que não eram permitidas. No início dos anos 90 se tornou o rei do tráfico de drogas da zona sul do Rio de Janeiro. Investigado pela polícia, foi preso e seu nome chegou às capas dos jornais. Em vez de festas, passou a frequentar o banco dos réus. Sua história revela sonhos e dramas comuns à toda juventude. Sabe aquela história que em algum momento na sua cabeça você pensa: se eu tivesse outra vida, talvez, eu faria igual – ao menos eu faria – pode até parecer uma história repetida, de um garoto mimado que tinha tudo e resolveu tocar o foda-se, na verdade é bem isso mesmo, mas o foco aqui é sofrer com o protagonista, por vezes ele nem merece nossa atenção, piedade ou qualquer sentimento que você venha a ter enquanto assiste, mas o filme causa uma mistura de sensações, mais uma vez encabeçada por uma grande atuação de Selton Mello, que só confirma o que eu disse pouco acima, um grande ator, colecionador de grandes atuações. Onde assistir: Globo Play Gostou? Então vai fazer a lição de casa e assistir os filmes que você ainda não viu, porque sábado que vem trarei 10 outros filmes ainda melhores do que esse... Te espero aqui.

  • Autonomia do banco central criou inflação superior aos combustíveis

    Com 168% de reajuste na Selic em apenas 5 meses, independência do BC foi de “bala de prata” a “tiro no pé” do bolsonarismo. Entenda... Se alguém me perguntasse, em 2020, se o governo Bolsonaro tinha cometido algum acerto na economia eu responderia sem pestanejar: “Cometeu apenas um acerto, a redução drástica da taxa Selic”. A Taxa Selic é a taxa de juros básica, no limite da simplificação é o custo do dinheiro, quanto mais baixa a taxa Selic, mais barato é a captação de crédito no mercado, a taxa é a referência para remunerar todos os tipos de produtos financeiros, como crédito para capital de giro, crédito imobiliário, crédito pessoal etc. Em agosto de 2020 a taxa chegou ao menor patamar histórico (2,00% a.a.) e essa mínima histórica persistiu até o início do ano, porém, de março até agosto deste ano a taxa Selic cresceu 162%, passando para 5,25% a.a., mas com a escalada da inflação analistas apostam que o Comitê de Política Monetária (COPOM) pode elevar para até 9% a Selic até o final do ano. Para as contas públicas esses aumentos de juros são muito prejudiciais, cada 1% acrescentado à taxa Selic, aumenta a dívida pública em mais de R$ 30 bilhões e apenas de fevereiro a julho o Banco Central aumentou a Dívida Pública Federal (DPF) com taxa flutuante, em mais de R$ 100 bilhões, passando de R$ 1,81 trilhão em fevereiro de 2021, para R$ 1,92 trilhão em julho de 2021. É como se você comprasse uma moto com R$ 18 mil, pagasse 3 parcelas e sua dívida subisse para R$ 19 mil, porque em 5 meses os juros de 2% mais que dobrou. A diferença é que com o aumento da Selic, você paga mais, mas não fica com a moto, esses R$ 100 bilhões a mais para pagar a dívida pública saem dos bolsos do contribuinte, esse dinheiro terá de sair de políticas públicas e de eventuais investimentos, tão necessários em períodos de recomposição econômica. Esse é um movimento que só beneficia os “credores” do país, os donos dos títulos da dívida, os bancos. Quanto maior a Selic, maiores os rendimentos dos títulos do tesouro, maiores os juros que os bancos cobram no crédito imobiliário — 20% mais caro até agora —, por exemplo, e mais segurança para os fundos de investimento que têm por hábito ancorar parte dos riscos das carteiras que administram em papéis públicos, logo, se os juros sobem e os papeis rendem mais, os bancos lucram mais porque a performance dos fundos de investimento “magicamente” melhora. Vale lembrar, ainda que não haja impedimento legal, que Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, trabalhou por 18 anos para o banco Santander, um dos principais bancos do país e um dos principais beneficiados pelo aumento da taxa de juros. Se não há um conflito de interesse direto, parece haver, no mínimo, uma boa vontade com o setor que o empregou por tantos anos e que provavelmente voltará a empregá-lo quando sua aventura pelo Banco Central terminar. CONTROLE PÚBLICO x CONTROLE AUTÔNOMO De 1.998, no final da primeira gestão FHC (PSDB), até agosto de 2020, a taxa Selic foi sendo combatida paulatinamente passando de inacreditáveis 38% a.a. para os 2,00% registrados na gestão Bolsonaro (sem partido). Esse avanço, fez, por exemplo, com que o Brasil fizesse a maior inclusão social do mundo, fazendo com que milhões de famílias pudessem financiar a linha branca de sua casa (geladeira, fogão, forno), comprar o primeiro veículo da família, financiar o primeiro imóvel e até a universidade dos filhos. Edit: No final do governo FHC (dezembro de 2002) a Selic enfrentava um momento estresse, passando de 18% para 22% em apenas 4 meses, ainda assim, 16 p.p.a menos que a taxa de juros recebida de Itamar Franco. Em 2006, final da primeira gestão do governo Lula (PT), a Selic já marcava 13,25% a.a., sendo que FHC passou o bastão com a taxa de 25% (janeiro de 2003). É óbvio que isso deu fôlego para que ele fosse reeleito e o Brasil decolasse no melhor momento econômico na história, desde a redemocratização. Em 2008 o mundo passava por uma da maiores crises econômicas da história, gerada pelo mercado financeiro estadunidense com casos absurdos de especulação sobre títulos imobiliários completamente desregulados e casos de pirâmides financeiras implodindo em plena Wall Street, bem embaixo do nariz do governo estadunidense. E foi a partir desse momento, quando economias do mundo inteiro desabavam, bancos quebravam, empresas fechavam, pessoas perdiam seus empregos e suas casas, que o mundo quebrou o paradigma e descobriu que baixar juros e realizar expansão monetária durante períodos de crise, gera benefícios econômicos e não descontrola a inflação como se pensava até então. Para a retomada econômica, o mundo econômico desenvolvido que já vinha praticando taxas de juros mais baixas para fomentarem o crescimento de seus países e o controle do desemprego, tombaram completamente suas taxas de juros para níveis negativos e, finalmente, o mito de que os juros baixos causam inflação, ou que juros altos curam a inflação caiu por terra, na última década os países baixaram suas taxas de juros a níveis negativos nos EUA e Europa, reduziram o desemprego e retomaram o crescimento sem nenhum susto inflacionário. Aqui no Brasil a gestão Dilma (PT) até arriscou seguir por esse caminho, em março de 2013 a taxa chegou a 7,5%, porém, com a economia pouco afetada pela crise de 2008, a demanda superou a oferta e mesmo com a chegada de grandes montadoras ao Brasil — JAC (2012), Hyundai (2012), Mercedes-Benz (2013) e Jeep (2015) — a entrega de veículos no Brasil enfrentava filas de até 3 meses, o consumo estava extremamente aquecido pelo crédito pessoal, mas os juros bancários ainda eram impeditivos para investimentos. A Inflação acelerou e o governo Dilma entrou em rota de colisão com Eduardo Cunha que chantageava o governo com a possibilidade de aceitar algum dos pedidos de impeachment. Para tentar evitar seu impedimento o governo Dilma abandonou suas convicções econômicas e ao invés de regular o crédito, ou cortar subsídios empresariais, preferiu atender às chantagens do “mercado” e até Joaquim Levi, ex-presidente do Bradesco (mais um banqueiro), foi chamado para apagar o incêndio. Dilma entrou com a Selic em 10,75% a.a. e saiu em agosto de 2016, por via do impeachment, com a Selic em 14,25% a.a. Colocando fim a uma série histórica de quedas da Selic. Porém, desde o governo Temer (MDB) o governo federal apostou nessa redução da taxa Selic para tentar fazer caixa, já que essa taxa é a base para a remuneração e rolagem da dívida pública, logo cada ponto percentual da taxa Selic reduzido, representa um valor menor de juros a ser pago pelo tesouro nacional sobre a dívida pública mantida. O movimento de baixa da Selic é um movimento virtuoso, pois a consequência dessa redução da taxa básica de juros é a queda do custo do crédito, o que de forma geral melhora o ambiente de consumo e negócios do país. Para se ter uma ideia, esses mais de R$ 100 bilhões acrescidos à dívida pública por conta desse movimento de juros é quase 400% (4x) maior que o orçamento de aprovado para investimentos federais em 2021 e mais de 10 vezes (1.000%) maior que os R$ 9,5 bilhões previstos para 2022. O Governo Bolsonaro recebeu o país com Selic de 6,5% a.a. em janeiro de 2019 e a política econômica continuou levando a sério a necessidade de baixar os juros no país, o que eu considero o único acerto desse “desgoverno”, até que em fevereiro desse ano, o mantra liberal “autonomia do Banco Central” chegou ao mundo material e mostrou a que veio. Curiosamente, o período de aumento de 162% na taxa básica de juros, coincidiu com o período de autonomia do banco central, através da lei complementar sancionada por Bolsonaro em 24 de fevereiro. Menos de um mês depois, na reunião de 17 de março, em pleno pico da segunda onda da pandemia, com desemprego em alta e empresas quebrando, o Banco Central do Brasil, agora autônomo/independente, dono do próprio nariz, “colocou as manguinhas de fora”, subiu os juros em 0,75%, para 2,75% um salto de 37% em relação aos 2,00% que vinham sendo mantidos há mais de 6 meses (ago. 2020). Relação Juros x Inflação: Infelizmente pouco se fala sobre o impacto dos juros sobre a inflação, porque juros não são considerados nos cálculos de índices de preços ao consumidor como o Índice Nacional de preços ao Consumidor (INPC) — que mede a inflação de rendas entre 1 e 5 salários-mínimos — e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) — 1 a 40 salários mínimos —, logo, não pesam diretamente nos indicadores de inflação, porém, é importante lembrar que toda a cadeia produtiva é dependente de crédito, seja para investimento, manutenção da empresa em negócios sazonais ou até para montar estoques a preços mais vantajosos e, por óbvio, os 162% de aumento na taxa básica de juros pesa diretamente sobre o custo de produção e de prestação de serviços, sendo o setor de serviços principal vetor econômico do país, responsável por mais de 60% do PIB. Claro que os aumentos não são repassados proporcional e integralmente ao consumidor, mas esses reajustes já são visíveis na taxa média de juros das operações de crédito para empresas (PJ). Por exemplo, a taxa que em setembro de 2020 chegou a uma média de 9,99% a.a., já avançou até 13,47% a.a., segundo dados do Banco Central, um aumento de 34,2%, índice de inflação superior ao IPCA (9,68%) e ao INPC (10,42%), semelhante ao de itens como Laranja Lima (33,42%), Gás Veicular GNV (33,18) e superior ao aumento de itens como a média das carnes (30,77%) e a média de aumento dos combustíveis (30,22%). Na tabela abaixo, é possível ver no detalhe a evolução da Selic nos últimos 12 meses, mostrando uma clara tendência de alta no juros médio dos créditos para pessoas jurídicas. Publicamente o Banco Central diz que os reiterados aumentos na taxa de juros estão sendo dosados para controlar a inflação, porém essa visão é altamente contestada por diversos economias. Graças à crise de 2008 e aos esforços dos países na retomada econômica, atualmente já se sabe que as taxas baixas de juros, em economias com capacidade instalada ociosa, não pressionam a inflação, porque, nesse caso, o aquecimento da economia ocupa a capacidade produtiva ociosa. Com base nessa certeza, desde a crise de 2008, o mundo inteiro se utiliza de taxas de juros muito baixas ou até negativas (abaixo da inflação), para estimular a criação de empregos e a queda dos índices de ociosidade produtiva. Isso acontece porque quando os juros sobem, negócios especulativos ficam mais atraentes e o rentismo (viver de renda sem produzir) passa a valer a pena, mas quando os juros caem, o dinheiro do especulador busca o risco da economia real em busca de rendimentos mais altos. Nos EUA por exemplo a taxa básica de juros está por volta de 0,25% e o desemprego, mesmo com a pandemia, estava em 5,9% em junho; No Brasil, uma economia extremamente deficitária, com um parque industrial em retração e mais de 15 milhões de desempregados (14,6%), possui uma ociosidade enorme, manter os juros baixos não acentuaria a inflação. CAUSA ou EFEITO? O ponto mais fundamental dessa análise é constatar que a inflação não está sendo causada pelo excesso de consumo, o que poderia justificar uma alta de juros como forma de desestimular o consumo, mas a inflação está sendo causada pelas políticas de preço, pelo câmbio e pela política de exportação de alimentos. Na prática, o que o Banco Central Independente está conseguindo se tornar um peso inflacionário no momento em que o país mais precisa de juros baixos. O BC autônomo consegue afundar ainda mais aquilo que parecia não ter como piorar, o governo Bolsonaro.

  • Maior inflação em 21 anos: Entenda as causas da alta dos preços

    Sem reação, governo assiste inflação galopar, mesmo com quase 15% de desemprego e renda do brasileiro em queda. Imagine que no final do ano, ao invés de reajuste, seja anunciada uma redução no salário-mínimo: “Salário-mínimo cai de R$ 1.100, para R$ 985”. Assustador, não é mesmo? Mas não precisa esperar até dezembro, é isso que está acontecendo agora conforme inflação anunciada para rendas entre 1 e 5 salários-mínimos (R$ 1.100 a R$ 5.500). Entenda o que é a inflação e porque ela está tão alta: A inflação começa a bater novos recordes e levar a lembrança do Brasil à índices que não eram vistos há 20 anos. No acumulado de 12 meses, o Índice Geral de Preços Ao Consumidor (INPC) que mede a variação de preços referente ao consumo de famílias com renda que vai de 1 a 5 salários mínimos, o índice que representa mais de 70% da força trabalhadora, chegou a 10,42% e o IPCA que mede inflação do consumo de famílias com renda entre 1 e 40 salários mínimos acompanha de perto o galope, acumulando nos últimos 12 meses 9,68%. Contra isso praticamente nada tem sido feito, a não ser uma política de aumento de juros, orientada pelo Banco Central e muito criticada por economistas que veem risco de isso desacelerar a retomada econômica por tornar o crédito mais caro e apontam que as taxas baixas de juros, em economias com capacidade instalada ociosa, não pressionam a inflação, porque, nesse caso, o aquecimento da economia não leva a demanda a superar a oferta, mas sim, consome a ociosidade. Na prática, o que a alta de juros está fazendo é pressionar ainda mais a inflação ao encarecer o crédito tão necessário para expansão, estoque, capital de giro, antecipação de recebíveis etc. A inflação não está sendo causada pelo excesso de consumo, o que poderia justificar uma alta de juros como forma de desestimular o consumo, mas a inflação está sendo causada pelas políticas de preço, câmbio e balança comercial absolutamente desregulada. Política de preços: O Brasil, apesar de ser autossuficiente em óleo cru, após o impeachment da presidenta Dilma, abandonou os planos de refinar esse petróleo no Brasil. Em busca de “facilitar a criação de lucros” com menos investimentos, um movimento que deixa os acionistas privados felizes. Nessa estratégia, todo subsídio que incidia sobre o preço dos combustíveis foi retirado e o preço passou a ser flutuante, ou seja, acompanhar a cotação internacional do petróleo, ao invés de ser precificado com base em seu preço de extração. Com isso, o brasileiro que recebe em real, passou a comprar combustível em dólar. O mesmo movimento aconteceu com os alimentos. A política econômica do governo Bolsonaro desprivilegiou o estoque regulador de alimentos, que como o próprio nome indica, serve para regular a oferta e demanda de alimentos, impedindo que nas supersafras os grãos se desvalorizem causando prejuízo aos produtores e, por outro lado, impedindo que a escassez desses alimentos, em uma eventual seca ou entressafra ocasione a explosão dos preços como tem acontecido agora. Sem o estoque regulador, os produtores não têm nenhum compromisso com o consumo interno, eles vendem para quem pagar mais. O mercado externo, atingido pela pandemia, precisou comprar cada vez mais alimentos e para isso veio para o Brasil — que é uma espécie de fazendinha do mundo — com bolsas de dólar e a única forma de nós brasileiros concorrermos com isso é cobrir a oferta e isso é o principal ingrediente que tem feito o preço dos alimentos subir. Não por acaso, a maior parte dos 10,48% são afetados por itens da cesta básica e do preço dos transportes afetado diretamente pela flutuação da moeda, que faz o preço dos combustíveis subir. Dos 10 itens com maior aumento acumulado em 12 meses — oito acima de 40% — oito são alimentos, completado pelo etanol em 3º lugar (62,26%) e a gasolina em 9º (39,09%). Em São Paulo, a cesta básica teve um aumento de 20,47% no acumulado de 12 meses. Balança Comercial: A economia dá sinais de que deve avançar para a inflação de dois dígitos inclusive no IPCA e colocar as pessoas mais pobres em maus lençóis, porque hoje, para o Governo, tentar regular o estoque de alimentos significaria comprar alimentos a peso de dólar, um gasto não previsto no orçamento desse ano, nem do ano que vem. Pelo lado da balança comercial, esse tipo de ação também não está nos planos do governo, regular o estoque de alimentos, ou no mínimo uma regulação sobre a oferta de alimentos para o mercado interno, significaria para o para a união renunciar a bilhões de dólares em vendas geradas pelo agronegócio, uma movimentação que impede que o dólar exploda em um eventual déficit (comprar mais do que vender) na balança comercial. O Brasil sob as políticas econômicas desse governo está entregue à miséria e à fome. Entender o tamanho desse erro é bem simples, se seus filhos estiverem com fome em casa, você não vende para fora o único pacote de arroz que sobrou na dispensa, sendo que o mercado da cidade está sem estoque, tampouco deixa sua família em apuros com uma poupança enorme no banco. Paulo Guedes e toda sua desastrosa equipe econômica deveriam considerar o fato de que apesar da balança comercial ser muito importante para conter a flutuação do câmbio, é um mercado que não gera arrecadação quando é exportado, o agronegócio brasileiro é um mercado irrigado por benefícios fiscais e perdão de dívidas com o fisco. Traz dólar para o Brasil, mas é um dólar que tem dono. Enquanto o Brasil usa métodos antiquados para tentar, sem sucesso, controlar o dólar e a inflação, a população padece sem conseguir suprir suas necessidades mais básicas como a alimentação. O câmbio: Câmbio para lá, câmbio para cá, mas afinal, o que é o câmbio?! Câmbio significa troca, do latim cambiare, o câmbio tão falado na imprensa todos os dias é a “taxa de câmbio” ou a taxa que se paga para trocar uma moeda, no nosso caso o real pelo dólar. Na data de publicação dessa matéria, a taxa do dólar comercial fechou a R$ 5,25, isso significa que para cada dólar que quisermos, será necessário pagar cinco reais e vinte e cinco centavos. Essa relação entre moedas costuma se dar com base na confiança econômica. Quem tem muito dinheiro aplicado/investido precisa se “proteger” das oscilações de mercado, como crises econômicas que desvalorizam as empresas ou como, por exemplo, a inflação, por tanto, se a inflação chega a 9,68% (IPCA) como chegou agora, os investidores precisam alocar seu dinheiro em algo que renda mais do que isso, para que o seu patrimônio/poder de compra não diminua. Como o dólar é a âncora econômica do mundo, o dólar pode não ser a moeda mais valorizada, porém, é a moeda lastreada/ancorada na 1ª economia do mundo. Isso, para a lógica do mercado significa muito, porque é lógico que os EUA como qualquer outro país tem risco de crises, mas, por suas dimensões econômicas e empresas essenciais para a economia mundial (Google, Microsoft, Intel, aws, Qualcomm etc.), aparenta para o mercado ter uma capacidade maior de se reconstruir, como fez desde a crise de 2008. E no fim das contas, sobre as moedas também se aplica a lei da oferta e demanda, quanto maior a crise (como a pandemia), maior a busca por moedas com lastro seguro, o dólar/euro; quanto maior a busca pelo dólar mais caro ele fica. E é por isso que é tão importante para a moeda de um país em desenvolvimento, como o Brasil, ter uma reserva tão robusta de dólar como o Brasil acumula desde 2011, para que o mercado internacional confie mais na moeda e faça negócios com empresas nacionais, porque eles sabem que se tudo der errado, o Brasil ainda possui US$ 370 bilhões da moeda mais negociada no mundo para se “reconstruir” e, ouso dizer que esse é o único motivo que fez com que o real não se desvalorizasse ainda mais, porque no fundo, a economia mundial acredita que quando o bolsonarismo passar — e vai passar — o país ainda terá reservas sólidas para fiar sua reconstrução. Observação: Faltou à matéria esclarecer que é a maior inflação para o mês de agosto, em 21 anos, repercutindo a matéria da Rede Brasil Atual, em 9 de setembro que traz o detalhe desses dados. Tão logo percebida a falta dessa informação o texto foi prontamente completado em 21 de setembro de 2021. O link para a matéria da Rede Brasil Atual foi incluído no texto.

  • LISTA: 5 filmes sobre manifestações populares

    A população nas ruas, os direitos, manifestações, insatisfações e os gritos por liberdade. O cinema mais do que tudo, tem o intuito de contar uma história, seja ela tirada da literatura, ou a biografia de uma pessoa ou até um momento, um marco da nossa história, uma revolução, um protesto, uma manifestação... na última terça-feira o país foi chacoalhado por manifestações populares, tanto de direita quanto de esquerda, os motivos são protestos políticos, tanto contra quanto a favor do governo – ou seria desgoverno? – pensando nisso, juntamos essa pequena lista de filmes que fala de momentos históricos, pessoas e manifestações que entraram para a história. 5. No (Pablo Larraín, 2012) O tom documental é perfeito para contar a história de um período conturbado do Chile, semelhante àquela palhaçada do voto impresso no Brasil, porém, o filme tem um tom meio frio, também, por conta do tom documental. É um filme que conta a história do poder da propaganda quando falamos de política, da influência dela no processo democrático, no caso do Chile, no processo de redemocratização, já que a obra de passa durante o poder do ditador Pinochet. Onde assistir: Telecine Play 4. Os Sonhadores (Bernardo Bertolucci, 2003) O filme se passa durante o polêmico maio de 1968, quando a França passava por um período turbulento. Lá, o estudante americano Matthew (Michael Pitt) se encontra com dois irmãos franceses Theo (Louis Garrel) e Isabelle (Eva Green). Eles ficam isolados por muito tempo dentro de um apartamento, fumando, conversando e trepando muito, só que lá fora, uma revolução está para acontecer, uma homenagem à história do cinema em várias citações – dos filmes mudos à Nouvelle Vague – e homenagem aos heroicos tempos da revolução estudantil e da militância dos anos 1960. Onde assistir: 3. Selma: Uma Luta Pela Igualdade (Ava DuVernay, 2014) O mundo todo sabe quem foi Martin Luther King – se não sabe, faça o favor de ir procurar —, para garantir os direitos de voto dos afrodescendentes ele liderou uma campanha que culminou na marcha épica, de Selma a Montgomery – Alabama, que estimulou a opinião pública americana e convenceu o presidente Johnson a implementar a Lei dos Direitos de Voto em 1965. Essa a história de Selma, um dos maiores e mais importantes acontecimentos da história dos Estados Unidos. Onde assistir: Prime Video 2. Clash (Mohamed Diab, 2016) O filme ocorre durante os eventos políticos de junho de 2013, no Egito e se passa inteiramente dentro de um camburão policial, no meio de uma confusão. No meio do protesto os personagens se refugiam dentro do camburão, lá se encontram pessoas de diferentes ideologias políticas, como Irmandade Muçulmana e apoiadores pró-exército, além de outras pessoas sem nenhuma ligação com essas facções. É uma daquelas obras agonizantes, claustrofóbicas e muito bem dirigido. Onde assistir: Globo Play 1. Milk – A Voz da Igualdade (Gus Van Sant, 2008) O primeiro homossexual assumido que assumiu um cargo público nos Estados Unidos, foi Harvey Milk (Sean Penn). Para isso ele percorreu uma longa caminhada até lá, protestou e marcou presença manifestações em prol da diversidade e afins, ele acabou morto aos 48 anos por um rival político derrotado nas urnas. Seu engajamento e a tragédia recorrente fizeram dele um herói do movimento LGBTQIA+. Onde assistir: Star + PS.: não inclui nenhum filme brasileiro porque eles estarão no especial dos melhores filmes nacionais de todos os tempos que começa amanhã aqui no site, fique de olho.

  • Crítica: Carnaval (Leandro Néri, 2021)

    O carnaval de Salvador, tão maravilhoso, merecia um filme à sua altura... O carnaval brasileiro, é a maior festa do planeta. Tem gente que gosta, tem gente que não gosta e tem gente que ama, que simplesmente não consegue ficar em casa, foliões que precisam ir às ruas atrás dos bloquinhos e dos trios elétricos. Esse ano infelizmente não tivemos carnaval, alguns de nós estão com os hormônios à flor da pele, ansiosos pela festa de 2022. Mas, enquanto isso não acontece podemos sonhar e assistir essa ‘obra’ que se passa no carnaval de Salvador, sonho de todo mundo que ama o carnaval, mas antes de analisarmos melhor o filme de Leandro Néri, vamos fazer um pequeno panorama das produções que a Netflix tem encomendado por aqui, no Brasil. O serviço de streaming faz filmes em todos os países, em todos os quatro cantos de planeta, mas parece que por aqui eles não capricham, basta olhar para alguns dos títulos para saber do que eu estou falando. Só para mencionar alguns péssimos exemplos estão Cabras da Peste (Vitor Brandt, 2021), Os Salafrários (Pedro Antônio, 2021) dentre outros, não vou nem entrar no assunto das séries, porque, se não, vou acabar me prolongando demais, mas Carnaval, é mais um da safra de filmes sem graça, carisma, enredo ou boas atuações, diríamos que é de um todo ruim. O filme conta a história de Nina (Giovana Cordeiro), uma influenciadora digital com poucos seguidores, 100 mil. Desesperada e capaz de tudo para angariar seguidores, ela acaba fazendo algumas trapalhadas até que é convidada para ir fazer algumas fotos no carnaval da Bahia, ela abre mão do seu cachê para que suas três melhores amigas — Michelle (Gessica Kayane), Mayra (Bruna Inocencio) e Vivi (Samya Pascotto) — possam ir junto. As quatro têm personalidades completamente diferentes umas das outras, cada uma com seus objetivos para a viagem e no meio do calor da Bahia, a confusão está feita. Isso era para ser algo divertido, o que claramente não é nem para as personagens e nem para quem assiste. O retrato de uma galera “problemática” que ao invés de curtir o momento, se esconde atrás de câmeras, postagens, seguidores e que aparentemente são incapazes de sentir empatia uns pelos outros. O filme até tinha alguma intenção, afinal de contas, estamos falando da geração do agora, dos “xóvens”, que ostentam dinheiro sem muito pudor, mas é impressionante como um roteiro escrito a seis mãos — pois é — tenha resultado num filme tão pobre como esse. Os roteiristas criaram as próprias armadilhas e se jogaram nelas, a busca por uma identidade digital e a preocupação com seguidores deixam o filme monótono, já as personagens amigas carregam um peso caricato altíssimo. Michelle é o clássico alívio cômico dos filmes nacionais, a pegadora da turma; Vivi é a nerd com todos os trejeitos possíveis, inclusive no figurino com o clássico óculos da nerd; e Mayra, que em uma cena está completamente jogada no meio da multidão e em outra tem fobia de aglomeração, assim, do nada, de uma cena para outra. O elenco tem personagens "pobres" em mãos e tentam extrair o pouco que sobre delas, ainda assim, é muito difícil, as atrizes até se encaixaram bem no que foi exigido das personagens, mas falta algo, por incrível que pareça Michelle é a melhor delas, com uma boa sacada cômica e piadas de pronto, todas elas são caricaturas com alguma simpatia. Os personagens masculinos também não ajudam muito, todos batidos: Salvador (Jean Pedro) é o soteropolitano sexualizado/sedutor, “da cor do pecado”, a tentação da turistada; Fred (Michel Borges) é o cantor canastrão de axé que esconde um segredo que poderia ser muito mais bem explorado, ao invés disso, fica entre nuances e quando revelado é feito de qualquer jeito, sem aquele pico de emoção esperado; e Samir (Rafael Medrado) é a versão nerd masculina. O resultado é uma obra boba, sem qualquer profundidade ou preocupação em se aprofundar nas personagens que não tem carisma suficiente para que nós, espectadores, queiramos saber mais sobre elas, as saídas fáceis do roteiro são melodramáticas e previsíveis, é mais uma produção Netflix Brasil de pouca – ou nenhuma – qualidade.

  • Quarta-feira é logo ali...

    Apesar da grita e da provável bagunça localizada, depois de terça vem a quarta. “Os idiotas vão tomar conta do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos.” Profetizou, Nelson Rodrigues, com sua acidez característica. Não que ele esteja errado, realmente, os idiotas são muitos, nos EUA elegeram Trump e no Brasil, bom, não pega bem dizer, mas elegeram o Bolsonaro. Antes de mais nada, gostaria de propor a seguinte hipótese: E se formos todos idiotas? Sim, independentemente do nosso voto nas últimas eleições, podemos partir do princípio de que somos todos idiotas, pessoas com atitudes impulsivas, desejos egoístas e hábitos perturbadores. Sim, seres humanos são animais tão irracionais e passionais quanto qualquer outro, porém, nossa capacidade de vida em sociedade e de realizações coletivas, faz com que aprendamos, sob a vigilância diversa, a controlar boa parte dos nossos instintos pitorescos, não por acaso, os principais crimes acontecem em locais isolados do olhar alheio, algozes escolhem encurralar suas vítimas em locais discretos, com a menor chance possível de serem impedidos ou flagrados. Uma semana estranha: É uma verdade que nossa geração não está habituada a atitudes golpistas. Embora nosso meio-campo político seja muito delicado e dependente de acordos das mais diversas naturezas, nem sempre republicanos, eventualmente acabe em labirintos diplomáticos e ameaças constantes de impedimento do mandatário eleito, de modo geral, desde a redemocratização não se via um personagem tão disposto a declarar uma ruptura quanto o atual presidente. Mais bravateiro do que metódico, Bolsonaro não parece reunir em si capacidade intelectual e moral de liderar uma insurgência contra a estabilidade democrática. Para isso ele precisaria que centenas de milhares de brasileiros armados se levantassem contra todas as instituições com a cara no sol. Teriam de enfrentar resistências institucionais e militares, seriam filmados, identificados, rastreados e presos. Policiais e outros servidores públicos seriam exonerados e perderiam todos os direitos previdenciários e outros benefícios próprios da carreira pública. Trabalhadores comuns demitidos por suas empresas, famílias em colapsos financeiros, fronteiras comerciais imediatamente fechadas, o real se desvalorizaria em uma velocidade nunca antes vista e a compra de produtos importados, incluindo o tão falado “trigo do pãozinho”, se tornariam inviáveis do dia para a noite. Vigilância sim, pânico não... Apesar de tudo parecer jogar contra e impedir uma real ruptura democrática, não podemos nunca subestimar a “quantidade”, lembra? São muitos, realmente são, mas o pudor público, o medo de perder os privilégios, o medo da miséria, da prisão, do desemprego e nas últimas consequências, até o zelo pela própria integridade física pode fazer com que tudo isso não passe de mais uma ameaça vazia de um presidente incompetente e desesperado, o rei que ficou nu no cenário nacional, expondo todas as entranhas de seus gabinetes e sua incalculável, e sempre surpreendente, ignorância. A família Bolsonaro parece sentir suas estruturas estremecerem, os pilares da família estão cheios de trincas e “rachadinhas”. Antes tido como sólido e indestrutível, hoje, os alicerces do clã parecem construídos com areia de praia e concreto de péssima qualidade. A cada investida do ministério público, mais informações comprometedoras surgem, a cada martelada, um reboco cai, expondo um emaranhado estrutural de saques, depósitos e movimentações financeiras que, de tão atípicas, já podemos chamá-las exóticas. Encurraladas, as peças grandes do tabuleiro convocam seus “peões”, que assim como no Xadrez, são os primeiros a cair. De Sara Giromini a Sérgio Reis, os peões começam a cair, Daniel Silveira e Roberto Jeferson já estão íntimos da carceragem e aos peões do Bolsonarismo resta apenas aderir à prática democrática, ou, sentir na pele o peso das instituições responsáveis pela preservação democrática. O brasileiro é meio inflamado, grita, xinga e ameaça, mas o brasileiro é pudoroso, nós temos vergonha de fazer besteira em público, a não ser que o “público” seja homogêneo, seja dentro de nossas bolhas, mas no fim das contas, depois de xingar muito nos estádios, os fanáticos vão para o conforto de seus lares, os árbitros também. Estejamos atentos, vigilantes e firmes contra as investidas golpistas, mas... ...se avexe não, amanhã pode acontecer tudo, inclusive nada... trecho de Natureza das Coisas, Flávio José ... afinal, até a idiotice, quando vigiada, tem limites. Aproveite o feriado para ver uns filmes, fique em casa, coma, beba e descanse. Quarta-feira é dia de voltar ao trabalho... para quem trabalha.

  • A CARA DO CINEMA BRASILEIRO: 04 - Os Premiados

    Aos trancos e barrancos, o cinema nacional se esforça para fazer bonito e faz, é uma pena que nem sempre o reconhecimento aconteça... A CARA DO CINEMA BRASILEIRO é uma série especial de publicações do Portal Dossiê etc, escrita por Cleber Eldridge, sobre os atores que fazem o cinema nacional sobreviver, crescer e nos maravilhar com suas obras a cada dia. Dos medalhões, que foram do cinema para a TV, até as revelações não tão conhecidas do grande público, os rostinhos do cinema brasileiro desfilarão pela série de publicações A CARA DO CINEMA BRASILEIRO. Aproveite e se aventure pelo cinema nacional. Uma viagem inesquecível. Boa leitura! Chegamos à minha parte favorita, o reconhecimento internacional do nosso cinema e, acreditem se quiser, nosso cinema é muito valorizado lá fora. No decorrer dos anos, algumas produções ganharam o mundo, mas não sem antes passar em alguns dos maiores festivais do cinema, nos atentamos a principal trinca de festivais que são: Berlim, Cannes e Veneza para falar um pouco dos filmes que foram laureados. BERLIM O festival de cinema alemão é o que mais prestigia o cinema brasileiro, ano após ano, os curadores enfiam filmes que se sabe lá de onde saem, mas que pipocam por lá e acabam premiados. O Urso de Ouro, que é o maior e principal prêmio do festival já e ele já veio para o Brasil duas vezes, Tropa de Elite (José Padilha, 2008) e Central do Brasil (Walter Salles, 1997), filme que também ganhou o prêmio de melhor atriz, Fernanda Montenegro, mas uma década antes duas atrizes já tinham sido premiadas foram Marcélia Cartaxo, por A Hora da Estrela (Suzana Amaral, 1986) e no ano seguinte Ana Beatriz Nogueira, por Vera (Sérgio Toledo, 1987), um dos primeiros filmes nacionais a tratar da diferença entre identidade de gênero e sexualidade. Já os atores, infelizmente ainda não foram reconhecidos por suas atuações, mas como mencionei acima, a curadoria do festival ama o cinema brasileiro, então é só questão de tempo até que um deles seja reconhecido. Já bateram na trave, só para mencionar, dentre os últimos concorrentes estavam o ótimo Julio Machado, por Joaquim (Marcelo Gomes, 2017) – mais conhecido por Sob Pressão – e Wagner Moura e Jesuíta Barbosa, por Praia do Futuro (Karim Aïnouz, 2014). Foi por pouco! CANNES O meu festival favorito que tem certa fama, Cannes é o festival mais importante e glamoroso do mundo, logo sua curadoria é muito mais exigente, sem mencionar o fato de que eles têm seus queridinhos, uma espécie de clubinho. Kleber M. Filho entrou para esse clube depois que Aquarius (2016) entrou na competição principal, aliás, Sônia Braga merecia demais aquele prêmio de melhor atriz, mas... Fernanda Torres foi a primeira atriz brasileira ser reconhecida, por Eu Sei que Vou te Amar (Arnaldo Jabor, 1986), duas décadas depois, Sandra Corveloni também venceu como melhor atriz por sua atuação em Linha de Passe (Walter Salles, 2008) se tornando a segunda e, por enquanto, última laureada, sinal de que Walter Salles é um ótimo diretor de elenco e assim como Berlim, nenhum ator brasileiro foi reconhecido por lá. A Mostra Un Certain Regard – mostra paralela do festival – já reconheceu alguns filmes nacionais, mas nunca um ator em específico, mas vale lembrar de Eu, Tu, Eles (Andrucha Waddington, 2000) e o mais recente A Vida Invisível (Karim Aïnouz, 2019) com a ótima Carol Duarte. VENEZA O festival italiano é meio carrancudo com as produções brasileiras, são raras as aberturas para nossas produções, nenhum ator ou atriz nunca foi reconhecido com o Copa Volpi – nome do prêmio de melhor interpretação – aliás, eu sequer lembro da última vez que uma produção nacional foi indicada para concorrer aos prêmios. OSCAR O Oscar, ah o Oscar... O mundo inteiro sabe que nossa única atriz a ser indicada ao Oscar foi Fernanda Montenegro, por Central do Brasil (1997) e vou te falar que deve continuar sendo a única por muito tempo. O motivo é simples, para ser indicado ao Oscar, ser bom não é o suficiente. O filme precisa de uma boa distribuição, precisa de investimento pesado, precisa de propaganda, precisa chegar aos mais de 10 mil votantes, é preciso uma verdadeira campanha de marketing e as produções nacionais, geralmente, não têm cacife para que isso aconteça. Nem o filme de Walter Salles, herdeiro do banqueiro Moreira Salles e com um patrimônio líquido estimado em mais de US$ 2,5 bilhões, conseguiu até agora e olha que qualidade para isso, sabemos, não faltou. E mais, se nossas produções não conseguem sequer ser indicadas a melhor filme internacional, quem dirá em alguma categoria de atuação em que a disputa é muito mais acirrada, lógico que temos muitos atores que merecem esse reconhecimento, mas sem investimento, não vai acontecer. Mesmo sem trazer a estatueta, Fernanda foi uma grande vencedora e trouxe mais do que prêmios, trouxe autoestima para o cinema nacional. À partir da indicação de Fernanda, o Brasil começou a sonhar e acreditar que o Oscar um dia vem. E assim vamos nos despedindo por essa série de publicações que tinha como objetivo dar uma visão completa do cinema nacional, suas origens, atrizes e atores que fizeram história, ou que hoje somam na construção da história do nosso tão amado, injustiçado e pouco incentivado. cinema nacional. Mas calma, não há espaço para melancolia, na próxima semana temos encontro marcado com um novo especial sobre o cinema nacional, dessa vez, o foco não estará nos atores e atrizes que atuaram e atuam em nosso cinema, será sobre as 50 melhores produções cinematográficas brasileiras de todos os tempos. Vai ter filmes para todos os gostos e lembranças. Enquanto o próximo sábado não chega, você pode conhecer a série TELAS BR, um olhar sobre o audiovisual nacional, pode conferir a lista que eu preparei sobre Os 5 Melhores Intérpretes da Atualidade ou as dezenas de listas, críticas e dicas de filmes e séries para você

  • LISTA: 5 melhores intérpretes brasileiros da atualidade

    O cinema nacional é uma caixinha que sempre nos dá gratas surpresas. E nessa festa, a cereja do bolo fica por conta dos nossos atores e atrizes. Confira essa lista: 5 melhores intérpretes da atualidade... Os nossos atores e atrizes tem muito potencial, como em qualquer lugar do mundo, eles só precisam de um bom roteiro e o personagem certo para que eles brilhem, proclamem seu texto e deixem o seu melhor gritar. O público aprendeu apreciar os nossos atores e atrizes para além do que já somos acostumados na televisão, não que interpretar na televisão seja uma tarefa mais fácil, mas sim, no cinema é outra coisa, nas últimas semanas contamos a história dos nossos interpretes, relembramos alguns dos personagens mais marcantes, movimentos cinematográficos e por ai vai, são inúmeros nomes, eu poderia ficar horas listando, mas separei o que eu acho de melhor, lembrando que amanhã vai ao ar o último episódio do “A Cara do Cinema Nacional” com os nomes mais premiados do mundo, sem mais delongas, segue a lista. 5. Selton Mello O nome mais famoso da lista, mas Mello antes de se jogar no cinema, traçou um caminho brilhante na televisão, desde criança ele nos brindou com suas performances. No cinema ficou ainda mais próximo do público com O Auto da Compadecida (Guel Arraes, 1999), sua versatilidade lhe garantiu personagens mais excêntricos como o Lourenço de O Cheiro do Ralo (Heitor Dhalia, 2006) e até personagens reais, como o rebelde João Guilherme em Meu Nome Não é Johnny (Mauro Lima, 2008). Atualmente com um folhetim no ar, Nos Tempos do Imperador (Globo, 2021), Mello tem se destacado mesmo quando ataca como diretor de seus próprios filmes O Palhaço (2011) e o mais recente O Filme da Minha Vida (2017). 4. Maeve Jinkings O que você precisa saber de Maeve, é que, ela é uma das maiores e mais promissoras atrizes que o cinema brasileiro nos revelou nos últimos anos. Se tornou parceira do diretor Kleber Mendonça Filho, com dois trabalhos: ela está especialmente bem em O Som ao Redor (2012), filme aclamado pela crítica, e repetiu a parceria com Aquarius (2016), mas, antes dessa parceria acontecer ela já mostrou ao que veio em Falsa Loura (Carlos Reichenbach, 2007) – o que importa mesmo é que precisamos ficar atentos aos futuros trabalhos dela. 3. Leandra Leal O rosto dela é conhecido por muitos desde Senhora do Destino (Globo, 2004) e agora em Império (2014) reprisado na Globo – parceira de Aguinaldo Silva, mas que sempre brilhou no cinema e isso já faz muito tempo. Leandra Leal, sempre mostrando uma aura inconfundível, teve seu melhor trabalho no filme O Lobo Atrás da Porta (Fernando Coimbra, 2013) um filmaço, que logo mais terá uma análise mais profunda aqui no site. A atriz também participou de outros sucessos, Bingo – O Rei das Manhas (Daniel Rezende, 2017) e ela, assim como Selton Mello, também decidiu ir para trás das câmeras e dirigir, seu filme de estreia foi Divinas Divas (2016), um doc lindo sobre a primeira geração de artistas travestis, que se apresentavam nos tempos áureos da Cinelândia, no Rio de Janeiro. Olho nela! . 2. Irandhir Santos O nome do cinema, a cara do cinema e a prova de que o cinema nacional às vezes pode ser muito difícil. Irandhir é majoritariamente um ator de cinema que sempre “torceu o pescoço” para a televisão, mas que, nos últimos anos, acabou aceitando personagens no horário nobre. Chegou chegando. No cinema ele sempre brilhou e fez inúmeros trabalhos. Como esquecer se sua atuação fenomenal como Djair de O Animal Cordial (Gabriela Amaral Almeida, 2017) ou Clécio de Tatuagem (Hilton Lacerda, 2013) – sempre trabalhando com os melhores diretores de nossas terras, fez dois filmes de Kleber Mendonça Filho e conquistou papeis nos filmes de Hilton Lacerda. 1. João Miguel O autêntico ator que nasceu para dar o ar de sua graça nas telonas e não abre mão disso. Ciente de suas condições, o ator não é nenhum galã enquadrado nos padrões de beleza comercial impostos pela indústria, mas que tem talento de sobra como ator. João Miguel já nos brindou com grandes papeis e uma das melhores atuações da história do nosso cinema, com seu papel Raimundo Nonato, um cozinheiro excêntrico que domina o filme Estômago (Marcos Jorge, 2007). Na parceria com o diretor Marcelo Gomes, dizem até que João Miguel ajudou no roteiro de Cinema, Aspirinas e Urubus (2005). São tantos trabalhos que não dá para contar, mas uma certeza existe, João Miguel, mesmo que faça poucos trabalhos — e essa parece ser uma característica especifica dos bons atores — é o melhor ator do nosso cinema e ao final de cada obra em que atua, deixa em nós um gostinho de “quero mais”.

  • Ivanildo é a cara do trabalhador brasileiro

    A CPI escancara uma triste relação de trabalho entre um dos profissionais mais confiáveis da empresa, que em doze anos não recebeu uma oportunidade relevante e a empresa, que acuada pela CPI dá o melhor benefício da carreira do trabalhador. A CPI foi para cima da VTC Log, uma empresa com uma quantidade assustadora de contratos milionários com o ministério da saúde, chega a parecer que a empresa é uma estatal, dada tamanha responsabilidade da empresa sobre a logística do ministério da saúde e, sinceramente, parece que o principal cliente e fonte de receitas é o serviço público Ivanildo trabalha na VTC Log e empresas do mesmo grupo, desde 2009. De lá para cá, Ivanildo executa as mesmas funções de “motoboy” para a empresa, por isso recebe seu salário, cerca de R$ 1.800,00, um valor compatível com a média nacional para motofretistas registrados e ainda um valor mensal "de R$ 500 e poucos", que diz respeito ao valor de aluguel da moto, um acordo justo se Ivanildo fosse apenas um motofretista. Porém, Ivanildo não é um simples motofretista, ele é praticamente uma “transportadora de valores”, o trabalho de Ivanildo, segundo declarou na CPI da Covid, consiste basicamente em fazer trabalhos de banco e transporte de valores, com comprovantes de saques que vão de R$ 49 mil a mais de R$ 400 mil em um único dia e quase um milhão apenas de 24 a 28 de dezembro de 2018 e mais de 2 milhões apenas em 2021, como ressaltou a senadora Simone Tebet. Ivanildo é um trabalhador brasileiro como outro qualquer, mal pago pelo trabalho que faz, foi usado pela empresa para um trabalho que colocou sua vida em risco todos os dias em que precisou transportar valores, um movimento muito visado por quadrilhas de “saidinha de banco”. Pior do que isso, Ivanildo está há 12 anos na mesma empresa, no mesmo cargo, com o mesmo salário de “base da pirâmide”. Um homem negro, um homem simples, um homem trabalhador, bom profissional e absolutamente confiável, tanto que tinha a confiança da empresa para movimentar e transportar centenas de milhares de reais diariamente. Infelizmente, na lógica do mercado de trabalho racista, o homem negro e simples serve para ser um funcionário da base da pirâmide muito confiável e fiel, mas na hora de receber apoio, investimento na carreira e oportunidade de promoção, não recebe, ainda que seja o profissional mais confiável da empresa. Segundo o que vem sendo citado na CPI, a VTC Log possui mais de R$ 500 milhões em contratos ativos com o Ministério da Saúde, é uma empresa de grande porte, com muitas receitas, vastas margens de lucro e supostamente teria pago boletos no valor de até R$ 6 mil reais, mais de três vezes o salário mensal do funcionário com doze anos de empresa, para um funcionário do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, que, supostamente, teria sido responsável por um aditivo de 1.800% sobre o valor inicial do contrato, como denunciou a senadora Eliziane Gama, amparada pelos comprovantes de pagamento apresentados pelo relator da CPI, Renan Calheiros. Ivanildo carregou milhões de reais em cheques e dinheiro vivo durante anos, um serviço que custaria muito caro se fosse feito por transportadores de valor oficiais e ainda teria um problema, transportadores de valor, além de geralmente não fazerem pagamentos de boleto na boca do caixa, geram registros de movimentação, coisa que o motoboy Ivanildo, não faz. Ainda na mesma seção, o destaque ficou por conta do Senador Izalci Lucas, contador de ofício, o único que sabia como funcionava o trabalho de um motoboy, se desculpando por eventuais constrangimentos sofridos pelo motoboy, já que durante toda a sessão, senadores leigos não entendiam como funcionavam os saques. Claro que o motoboy, em algum momento pode ter levado envelopes de valores altos para pagar propinas, porém, o que ficou demonstrado foi uma movimentação de caixa, muito longe das cenas cinematográficas do cenário político nacional com caixas e malas de dinheiro. Quando uma empresa manda um cheque para que o dinheiro seja sacado e com o dinheiro desse saque os boletos sejam pagos, geralmente, é porque a empresa não quer deixar registro e é óbvio que serve a fins não tão republicanos, afinal o sonho da contabilidade de uma empresa proba/correta é o registro instantâneo e pagamentos identificados, tal qual é feito com os pagamentos online. Só não se deixa rastro para aquilo que não se quer vínculos e rastros comprobatórios como, por exemplo, supostos pagamentos de propinas, compra de produtos ilícitos e manutenção de segredos. Segundo os senadores, essa pode ser a ponta de um fio solto, muitas coisas podem ser descobertas se a CPI conseguir rastrear os boletos que eram pagos com esse dinheiro sacado. Em 12 anos Ivanildo não foi promovido, não foi treinado, não recebeu aumentos relevantes, não melhorou de vida, não recebeu nenhuma oportunidade relevante. Sobre as denúncias ventiladas na CPI, nada podemos concluir por enquanto, mas assistindo a aguerrida ação dos advogados contratados pela empresa para assistir o motoboy convocado como TESTEMUNHA e não como investigado, é possível afirmar que agosto de 2021 é o mês que a empresa mais gastou com Ivanildo em 12 anos, pena que foi em benefício da própria empresa e não do fiel funcionário.

  • Critica: Tungstênio (Heitor Dhalia, 2018)

    O diretor Heitor Dhalia é um dos melhores diretores que surgiram nos últimos anos, mas sinceramente, que filme tenebroso esse, não? O nosso cinema, como estamos explorando nas ultimas semanas e vamos continua durante as próximas, tem muitos talentos, muitos mesmo, desde sempre e a cada ano surgem mais e mais, Heithor Dhalia é um deles, diretor dos ótimos O Cheiro do Ralo (2006) e Serra Pelada (2013) e de A Deriva (2009) que eu confesso não gostar muito, mas tem seu valor, Dhalia é um diretor independente e que logo mostrou seu talento e seu estilo, mas seu mais recente trabalho, Tungstênio esbanja estilo na direção e só, acaba por ai, não da pra entender. Os talentos não ficam apenas atrás das câmeras, o especial que tá rolando aqui no site todo sábado, mostra os inúmeros talentos que interpretam e nos fazem sentir, mas pra cada talento, tem um ou outro que ... não dá, os roteiristas então, mas vamos lá. O filme é uma adaptação de um HQ nacional, escrito e desenhado por Marcello Quintanilha mas o problema do filme já começa ai, no enredo, nem todo filme precisa de uma história mirabolante e nem nada disso, mas esperamos que seja no mínimo algo que seja interessante, mas olha só, a obra se passa em Salvador, Bahia e tudo começa porque dois pescadores estão no mar, próximo ao porto e explodem bombas para pegar alguns peixes o que é ilegal, em terra, ali próximo, Ney (José Dumont) e Caju (Wesley Guimarães) escutam a bomba e o senhor Ney, um ex-militar, começa surtar e ameaçar o garoto Caju, que por um motivo – completamente estúpido – resolve envolver o policial militar Richard (Fabrício Boliveira) na situação, é ai que tudo vira uma bagunça sem sentido algum, pra ajudar, ainda temos no paralelo, Keira (Samira Carvalho) contando, avulsamente, que está com problemas no relacionamento com Fabrício, ela não se conecta com o restante da “história”. O fiasco de história simplesmente não tem emoção, não tem nada ali, poderia ser tranquilamente um curta de 20 minutos, é tanto o fiasco que o filme tem meros 70 minutos, a situação toda é uma bobagem, os personagens não tem absolutamente nenhuma profundidade e mesmo que tivesse, eles não são interessantes o suficiente pra que nós,o público queiramos entrar em suas vidas, mas os problemas continuam. O roteiro nem se preocupa em se aprofundar nos personagens, talvez o material original também não tenha isso, Fabrício Boliveira fez o melhor que pode com o personagem que tinha em mãos, mas não foi o suficiente, ficou canastra demais como um policial marrento e macho alfa, o militar por José Dumont faz muitas caras e bocas, berra o tempo todo e como não sabemos porque ele tem esse persona, fica meio vago, o melhor do elenco é o jovem Wesley Guimarães, que tem um ar natural da Bahia, tem os trejeitos necessários e o sotaque perfeito pra falar o dialeto baiano, alias, quem não conhece o dialeto, bom assistir com legenda e por fim, pra que raios aquela narração em off do Milhem Cortaz? O desastre só não é maior porque Dhalia empregou um estilo interessante, as cenas rápidas, com alguns slow motions e paradas repentinas deixam o filme mais dinâmico, mas essa é a única qualidade do filme, só pra ficar bem claro, porque de resto, nada se salva.

  • Panair do Brasil: A empresa aérea que conquistou o mundo!

    Como um governo militar agiu para interromper uma excelência em qualidade com rotas que iam desde o Brasil até o Oriente Médio. A Panair do Brasil foi sem dúvida uma das maiores empresas aéreas do país, chegando a ser a segunda no mundo em operações e rotas. Infelizmente, a excelência em sua qualidade de serviços, com um padrão altamente diferenciado em atendimento e manutenção não a poupou de ter suas asas arrancadas durante um governo militar, tirando do ar aquela que até hoje está presente no imaginário coletivo. Tudo teve início com hidroaviões que operavam a rota Nova Iorque – Rio – Buenos Aires, em 1920. Com o nome de NYRBA, em alusão ao trajeto, a percursora em voos para a América do sul foi ganhando forças num período em que o Brasil ainda era um país exótico e remoto, com a maior parte da população vivendo em sua faixa litorânea. Em 1930, após a queda da bolsa de valores de Nova Iorque, a NYRBA foi vendida para a norte americana PAN AM e passou então a chamar-se Panair do Brasil, ainda voando com hidroaviões até 1937, quando recebeu seu primeiro avião para pistas. Três anos depois a Panair já tinha uma das rotas domésticas mais extensas do mundo, cobrindo a parte litorânea, interior e a bacia amazônica. Com a chegada da segunda guerra o país tinha um ministério da aeronáutica recém-criada e ainda com poucas condições de estabelecer e criar mudanças nos aeroportos que, inclusive, pudessem atender às necessidades dos países aliados. A Panair do Brasil então foi autorizada a criar e manter aeroportos pelo país como Belém, Fortaleza, Salvador, Natal e Recife, entre outros, com uma concessão que durou 20 anos. Aeroportos que tiveram fundamental importância na defesa do atlântico sul e também no transporte e logística entre o país e África ocidental. A partir de 1946 as ações da empresa começaram a ser vendidas até que em 1961 a PAN AM não tinha mais nenhuma participação, estando, portanto, a Panair totalmente nacionalizada num processo conquistado pelos empresários Celso da Rocha Miranda e Mário Wallace Simonsen. Quando a empresa incorporou aviões utilizados na guerra, como o Constellation, a Panair voava para todo o país, América do Sul, Europa e oriente médio, além dos Estados Unidos. Uma aeronave que, na época, apresentava o que havia de mais avançado em tecnologia e velocidade, mas que também tinha suas enormes necessidades de esforços para enfrentar determinados percursos, como a travessia do atlântico em direção à Europa, onde passar ao longo do Equador exigia muito controle para enfrentar ventos, chuvas e pedras de gelo que atingiam os para-brisas. Cruzar os Alpes em direção a Roma e Zurique exigia dos pilotos uma vestimenta parecida com a utilizada nos esportes de neve, uma vez que a maior parte do aquecimento era fornecida aos passageiros, deixando a cabine de pilotos com baixas temperaturas que chegavam a formar um pouco de gelo na parte interior e que passava a derreter quando a aeronave começava a baixar em direção aos aeroportos. A aviação vivia seu momento áureo, com muito glamour e luxo a bordo. Um voo para a Europa era praticamente um evento social, inclusive com a lista de passageiros sendo divulgada pelos jornais. As aeromoças eram escolhidas a dedo pela competência profissional e, também, pela beleza que muito chamava a atenção pelos aeroportos do mundo. Uma empresa reconhecida internacionalmente, com recursos crescentes e manutenção própria, a Companhia Eletromecânica Celma (GE CELMA Ltda), que era impecável na qualidade e segurança, atendendo inclusive outras empresas aéreas como a revisão de motores da própria FAB. Políticos como Juscelino e Jânio Quadros, cantores como Elis Regina e Milton Nascimento, além de inúmeras outras pessoas ligadas às mais diversas profissões tinham um carinho especial pela Panair, que tornava as viagens extremamente agradáveis com seus atendimentos impecáveis em terra e a bordo. Um pedaço do Brasil que se fazia presente pelo mundo com reconhecimento internacional pelo famoso padrão Panair, que inclusive inspirava outras empresas, independentemente de serem aéreas ou não, ao buscar em seus atendimentos ao cliente um padrão que se equiparasse ao que era oferecido por aquela que era sinônimo de qualidade e satisfação. A empresa, suas operações e lucratividade seguiam muito bem até que o Brasil sofreu o golpe de 1964 e, a partir daí, coisas inexplicáveis começaram a cercar a Panair até que, em fevereiro de 1965 foram comunicados, sem prévio aviso, que suas linhas tinham sido suspensas por um ato assinado pelo ministro da aeronáutica, Eduardo Gomes, ao mesmo tempo em que suas operações domésticas foram imediatamente concedidas à, já existente, Cruzeiro do sul e as rotas internacionais passaram a ser operadas pela Viação Aérea Rio Grandense (VARIG). As alegações das autoridades de governo para a suspensão foram consideradas arbitrárias, principalmente com a justificativa de que a Panair era devedora do governo federal, porém as lutas e manifestações por parte dos funcionários, na época em torno de cinco mil pessoas, não conseguiram trazer de volta o direito de funcionamento daquela que, sem dúvida, foi a mais bem sucedida e administrada empresa aérea até então. A justiça pouco alcançou para a retomada, apesar dos esforços. Um corte brutal que continuou em curso até apagar e enterrar um nome, uma história, uma excelência em serviços e que resultou, finalmente, num leilão em que foram vendidas desde poltronas até talheres e louças utilizadas a bordo, arrematadas por aqueles que gostariam de guardar em seus acervos um pouco da exemplar história interrompida, açoitada, injustiçada e destruída graças a interesses obscuros, desleais e chocantes. Tudo isso feito por aqueles que, por prazer ou dinheiro, destruíram o que havia de melhor e que voava só nas asas da Panair. Como curiosidade, o ponto mais alto do país, o Pico da Neblina, foi descoberto pelo comandante Mário Jucá, da Panair, em 1950. A delegação Brasileira chegou vitoriosa da Copa da Suécia em 1958, a bordo de um de seus aviões. Por fim, com famílias sem emprego e sonhos interrompidos diante do arbitrário e da barbárie, a empresa foi título da música “Saudade dos aviões da Panair”, de Fernando Brant e Milton Nascimento, e que ficou imortalizada na voz de Elis Regina

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