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  • Saudade da Guanabara

    Estou com saudade da Guanabara. Aliás, saudade do Brasil, saudade de um Brasil onde o termo saudade era rima para samba, assim como “quero o ontem no amanhã”. Saudade de encontrar o mundo real, presencial. Mas vamos falar da saudade da Guanabara. Saudade daquele São Sebastião que ainda vivia na canção do Chico, na aura de quem fumava um Ary, cheirava Vinícius e bebia um Nelson Cavaquinho. Rio de Dolores, Larmatine, do Café Nice, Dalva, Herivelto, Chocolate e Ataulfo. Saudade do Rio que merece o Rio, que conhece o Rio. Saudade do bate papo na esquina, sem medo de que a conversa informal custe-me a vida. Saudade de ver crianças correndo nas calçadas dos morros, sem medo de que uma bala não perdida, mas sim, covardemente direcionada, execute seus sorrisos pueris. Ultimamente acredito que, para todo brasileiro com um pouco de sensibilidade, a nostalgia não paga mais entrada, e nem sabemos mais se o que esperamos é futuro, ou ilusão. Estamos exaustos dessa devastação, dos crimes que rolam contra a nossa liberdade de sonhar. Saudade da Lapa, aquele bairro querido que foi o berço de boêmios seresteiros, que abrigou o Café Nice - onde dizem que o samba nasceu batido em uma caixa de fósforo. Enquanto alguns insistem que o samba veio do morro, outros se calam para não discutir, acreditam piamente que jamais serão desmentidos. Afirmam inclusive que ali nasceu a primeira escola de Samba. Bons tempos em que a discussão se dava entre pessoas, e não facções, e, na pior das hipóteses, havia uma briga entre Miguelzinho e Camisa Preta, ou, até mesmo, um tiro de canhão que levava uma torre de igreja. Bons tempos, e não faz tanto tempo assim que a lua só ia para casa depois de o sol raiar, e nós também. Passávamos a noite no bate papo, no disse-me-disse, ah que saudade me dá. O samba varava a madrugada. Já imaginou um tempo em que, num mesmo canto, batucavam João de Barro, Pixinguinha, Almirante e Noel? Puxa, devia ser bom à beça. Infelizmente, o Rio que temos hoje não merece o Rio, não conhece o Rio. Só causa horror a quem passa. E diante de tua imagem, tão castigada e tão bela É preciso plantar novos brotos no Engenho de Dentro Para a alma não se atrofiar Oh Meu Deus do Céu, como se faz urgente e imprescindível trocar o mercado da fé, que traz seu poder nas flechas da milícia, que perfuram São Sebastião, por uma cidade tranquila, sarada a cada ferida. Que tudo se transforme em vida. Saudade do Rio em que, até o amor doía em paz. Esse texto citou: Saudade da Guanabara - Audir Blanc Saudades de Mim – Maysa Rio Antigo (Como nos velhos tempos) – Nonato Buzar e Chico Anísio Café Nice – Wilson Batista Memórias do Café Nice – Nestor de Holanda História da Lapa – Wilson Batista Querelas do Brasil – Aldir Blanc e Maurício Tapajós Sebastian – Gilberto Gil e Milton Nascimento Carta ao Tom 74 – Vinicius de Moraes e Toquinho

  • Boeing 737/200 - O "Breguinha"

    O Boeing que levou "Emoções" aos quatro cantos do Brasil. Era novembro de 1933 quando a extinta VASP – Viação Aérea São Paulo – fez sua cerimônia de inauguração, mais precisamente no Campo de Marte. Durante a expansão da cidade de São Paulo, uma forte influência francesa permeava seu crescimento, e não foi por menos que um pedaço de Paris se encaixou na crescente metrópole. Champ de Mars entra na história paulistana como um aeroporto, com pista que levaria aos céus do país máquinas possantes, aladas e desejadas desde Paris por Santos Dumont, nosso brasileiro inventor e idealizador. A VASP foi crescendo em altura e frota, sempre atenta aos lançamentos da indústria aeronáutica e, em 1969, recebe da fabricante Boeing o que viria a ser em curto prazo um grande sucesso de vendas, o Boeing 737. Bimotor com pouco mais de 30 metros de comprimento e uma autonomia de 2.855 km, suficiente para cumprir com folga a rota São Paulo – Recife, oferecendo confortáveis 109 assentos. Não demorou muito e a empresa chegou a ter 40 aeronaves desse tipo em sua frota. Numa campanha publicitária conferida com a genialidade do maestro Theo de Barros surge o “jingle” que lhe conferiu notoriedade e preferência de muitos passageiros. A mensagem musicada de 1972 convidava pessoas a voar de leste a oeste, de norte a sul, apertando o cinto e soltando a imaginação no céu azul com quem gosta de voar. Com Theo a VASP abria suas asas com ternura para ganhar altura, viajar e voar. Na data em que o rei Roberto Carlos completou 80 anos, a VASP volta a ser lembrada como peça importante para divulgação de música e apresentações do cantor por diversas cidades do país. O projeto musical “Emoções” precisava de agilidade e espaço para transportar som e iluminação, oferecendo também conforto aos ocupantes. Num contrato inédito, Roberto Carlos arrenda da VASP o Boeing 737-200 prefixo PP-SMF. Com “Emoções” estampado na aeronave percorreu 19 cidades num período de 40 dias e o rei conseguiu na década de 80 levar seu sucesso a 600.000 pessoas. Mais uma vez a VASP distribuía música pelo país e, lembrando o sucesso de seu jingle, viveu emoções em cada chegada com um passageiro ilustre a bordo. Rita Lee, outro ícone da música brasileira, chegou a dizer que Roberto Carlos era um Boeing no país dos teco-tecos. Elogio ou crítica, a verdade é que nas asas de um jato o rei chegou a seu público e teve gente que mesmo de teco-teco foi até ele viver esse momento lindo. Com o passar dos anos o famoso Boeing 737 foi ganhando mais tecnologia e alcance, chegando à versão 737-800, sempre seguindo os princípios de segurança e eficiência, demonstrados desde os primeiros voos. Ainda hoje algumas empresas aéreas utilizam o 737-200 que, carinhosamente, recebeu o apelido de “Breguinha” e basta informar que ele vai pousar ou decolar e logo surgem inúmeros spotters, observadores e fotógrafos da aviação, clicando, vivendo suas emoções ao som de seus motores, no embalo de suas cores, com fones de ouvido que alegram ao ritmo de Roberto Carlos, de Rita Lee, cada um com seu tom, cada qual com suas asas, decolando e pousando nos ombros dos amantes dos ares e da música, soprando em seus ouvidos tudo aquilo que emoções e aviões podem proporcionar aos céus, aos ouvintes e aos viajantes.

  • Apologia ao cuidado na Redução de Danos

    A RD não busca a abstinência como algo possível/desejável, mas torna evidente que entre o “sim” e o “não” existe uma terceira via: o “como?" “...Um dia me disseram Quem eram os donos da situação Sem querer eles me deram As chaves que abrem essa prisão...” Somos quem podemos ser - Engenheiros do Hawaii Usando essa metáfora de libertação pelo conhecimento na música de Engenheiros do Hawaii fica mais fácil entender o quanto o conhecimento liberta, apesar de às vezes também aprisionar (vai de cada um permitir ou não que isso aconteça), mas no sentido da música atrelado ao texto trago para a questão do autoconhecimento, conhecer a si mesmo é extremamente libertador apesar de esbarrarmos nas imposições variáveis de nossa sociedade hipócrita, moralista e repressora. Sim! Infelizmente mesmo assumindo quem somos, pagamos um preço alto por isso, (pagar por pagar que assim seja feita a nossa vontade "nénom"?!) isso é questão de auto respeito à nossa singularidade, o que não vale é seguir sendo algo que te programaram e que nada tem a ver com quem se é na verdade. Mas e o que isso tem a ver com redução de danos (RD)? TUDO! Como bem diz título do texto, Redução de Danos é a ética do cuidado, seja ele com si própria ou para com outras pessoas. É necessário reduzir danos nas relações de um modo geral, melhorarmos nossa relação com nós mesmas, com a comida, com o trabalho, com o consumo... isso é exercício de autoconhecimento e auto amor... Entender nossos pontos fortes e enaltecê-los, mas também reconhecer nossas fragilidades e aceitar nossas imperfeições. Dessa forma entendemos a responsabilidade que temos quando permitimos que algo nos afete de alguma forma. Reduzir danos é também se desintoxicar dos padrões morais dessa sociedade doente, o que facilita perceber melhor o que é de fato importante e a que eu devo dar a atenção devida. É ter a liberdade de controlar os efeitos de algo, sem necessariamente retirar o que pode estar colaborando para um desajuste em alguma questão. Mas para entender melhor, vamos partir do princípio, lá nas " *antrola " ou você acha que Redução de Danos foi inventada agora para os drogados seguirem fazendo seu uso “a torto e a direita” como dizem os moralistas de plantão? Em alguns contextos os drogados entram como protagonistas nessa história, (mas nem sempre, sabemos que nem tudo são buds (flores) nesse país) na verdade essa prática que surgiu no início do século XX, quando em 1926 alguns profissionais de saúde passaram a reconhecer e de certa forma sustentavam a ideia de que em alguns casos não é possível a retirada total da droga, sendo necessária uma reorganização na questão do uso que seja mais adequado ao contexto do usuário, sendo possível também a utilização de drogas substitutivas. Nesse período “os privilegiados” eram soldados que sobreviveram à base de morfina aos traumas da segunda guerra e com isso se tornaram dependentes da substância, mas como isso se deu por consequência de terem defendido o país na guerra, o Estado se viu na obrigação de manter o acesso a substância em casos de não ser possível a retirada da droga. É importante ressaltar que esse é um tipo de tratamento e não uma recompensa pela modificação no seu contexto de uso, na verdade a RD se propõe a reduzir prejuízos biológicos, sociais e econômicos levando em consideração o respeito à liberdade individual de cada um. Mesmo com vários pontos em favor dessa prática, inclusive apelando para o patriotismo sempre prevalente nessas sociedades. Existe ainda uma força muito maior como o moralismo que nesse ponto sempre se manteve conservador, com isso a redução de danos não conseguiu espaço, se mantendo em stand by por muitos anos. Foi quando na década de 1980 que essa estratégia de tratamento e cuidado em contexto de uso de drogas acaba se tornando mais do que necessária. Isso se deu pela iniciativa de associações de usuários de drogas através da proposta de troca de seringas para conter epidemia de hepatite B entre os usuários, assim foi sendo cada vez mais possível entender sua importância. Após isso, somente na década de 1990, período de ascensão da HIV/AIDS, a RD passa a ser considerada estratégia válida pelos serviços públicos de saúde na intenção de conter a transmissão do vírus. Daí em diante, o sistema de saúde passa a adotar também essa postura. Como toda a repercussão em torno da crescente contaminação por HIV/AIDS essa estratégia foi ganhando proporção em diversos países. Diante de várias problemáticas em questão, a RD passa a ser vista por alguns grupos como melhor opção por levar em consideração as singularidades e o respeito às liberdades individuais, o que pode garantir uma regulação mais adequada sem a necessidade de leis repressivas. Apesar dessa estratégia em alguns momentos acabar esbarrando nos desmandos do **biopoder em contextos que buscam a abstinência, quando nesse caso dependem do olhar apurado da equipe que administra essas práticas institucionalizadas, por exemplo. Existe também uma prática conhecida como “abordagem libertadora” que busca acolher o usuário sem a intenção de abstinência, formando assim uma rede de cuidado desde a prevenção até o tratamento ao uso nocivo de drogas, como também o amparo quanto a questões sociais e de saúde necessárias. É a partir daí que começamos a perceber campanhas como “se beber não dirija!” “É proibido fumar em locais fechados!” entre outras consideradas aceitáveis no contexto de drogas lícitas, mas e as ilícitas? Aos seus consumidores resta apenas o estigma de drogado já que não existe regulação e é por isso que a legalização de TODAS AS DROGAS é tão urgente e necessária e não só por isso (sabemos que o fim da guerra as drogas é reduzir danos sobre o povo preto, pobre e de periferia que paga tão caro por tudo isso). É preciso entender que tudo que é feito na ilegalidade abre brechas para uma série de questões que vão além do nosso próprio entendimento, não esquecendo que muito dessa problemática, em sua maioria, vem bem antes da questão com a droga em si. Tudo isso envolve a possibilidade do usuário falar sobre suas questões, ter a liberdade de escolher se cuidar e continuar vivendo e usando drogas (caso queira e isso que isso é o melhor). A possibilidade de traçar planos sobre si e suas experiências ao invés de ser silenciado ou invisibilizado, ou, pior ainda, marginalizado, tornando legítimas essas experiências. O movimento da redução de danos parte de questionamentos que facilitam a compreensão e o acolhimento destas demandas: “O que estas pessoas pensam, sentem e dizem em relação ao uso de drogas?”, “O que faz elas continuarem usando?”. Essas são questões que atravessam suas vivências das mais diferentes formas, mas que são ignorados nesse contexto proibicionista em que estamos inseridos, onde leis e portarias vêm de cima pra baixo, ignorando e não reconhecendo os atores principais dessa trama, colocando-os sempre numa condição de culpado ou doente, convocado sempre a falar na posição de ex-usuário ou um possível abstinente. E é nesse contexto que a RD passa a ser também considerada no debate político pela busca por garantia de direitos. Mas como já dito anteriormente o moralismo por trás dos mandos e desmandos da nossa sociedade hétero patriarcal, que adora julgar sem olhar o próprio rabo, acusam a RD de incentivar o uso de drogas, justamente por não declarar ser uma prática contra as drogas e no meio dessa polaridade ocorre o fenômeno do “vale tudo”. Toda essa discussão em torno do uso de drogas não pode se limitar apenas a políticas de saúde através do SUS nesse sentido da rede de cuidados, mas também pelo fato de outras questões que também atravessam o usuário em diferentes contextos. Existem ainda barreiras que precisam ser quebradas para uma melhor compreensão e discussão sobre esse assunto de uma forma integrada entre possibilidades médicas, comportamentais como também estruturais/sociais. Levando em consideração suas vivências e sua potência para se autorregular. O contrário do que vemos hoje com tanta psicologização, medicalização, institucionalização... Histórias de vida de pessoas sendo baseadas sob o olhar de uma psiquiatria excludente que visa sempre a manicomialização dos usuários de drogas, ele tendo ou não algum tipo de psicopatologia. O que parece ganhar cada vez mais força diante na conjuntura infeliz que estamos vivendo, desse desgoverno de retrocessos atrás de retrocessos, com a retomada das comunidade$ terapêutica$, onde defensor de eletroconvulsoterapia (ECT) é nomeado coordenador de saúde mental de um ministério. Se eu for listar aqui todas as barbáries desse desgoverno caberia num compêndio. Mas enfim... A Redução de Danos possibilita encontros potentes, o que permite que ela se desenvolva e transforme todas as pessoas envolvidas nessa rede de cuidados, principalmente quando existe reciprocidade no reconhecimento das diferenças e das diferentes escolhas que cada um de nós podemos fazer em nossas vidas. Me lembro de uma entrevista com um indígena fazendo um resgate do período de colonização que nossos povos originários foram submetidos. E que acaba trazendo a Redução de Danos como uma luta de resistência, um resgate de nossa memória ancestral que conseguiu preservar muito dessa cultura. A língua, os alimentos, rituais, o reconhecimento do outro sem desconsiderar a fé em si mesmo, (que possamos aprender com nossos povos diversos e de uma riqueza sem fim) onde se reconhece e valoriza a importância do território em que vivemos e as trocas possíveis, a urgente necessidade de diminuir as desigualdades como também as vulnerabilidades o que acaba dando mais um sentido a RD como uma esperança para todos os humanos. É como o reconhecimento da possibilidade de uma vida nova, de um olhar mais humano, mais próximo que possibilita mudanças de dentro para fora. Posso usar a minha experiência pessoal que ocorreu de forma muito orgânica, por exemplo, com a maconha. Já é sabido que nossa amada, mas também odiada planta sagrada possui vários benefícios terapêuticos e claro que a usamos pelo bem-estar e relaxamento que nos proporciona para aguentar essa realidade tão cruel, mas em alguns casos de fato ela pode atrapalhar e foi o que senti quando precisava de concentração e acabava embarcando em algumas viagens. Mas ao perceber que isso estava me atrapalhando em algumas questões, resolvi reduzir danos. Há algum tempo, eu vivia cheia de criatividade (que a maconha proporciona), mas não conseguia me organizar para colocar em prática o que era preciso. Hoje eu faço. Uso quando acho necessário e digo com segurança a vocês que, para mim, é o melhor acalento depois de um dia de muito trabalho, mas não necessariamente precisa ser assim com todas as pessoas. Claro que existe quem funcione muito bem com a ganja, mas a proposta da RD é justamente essa, de você entender até onde a substância está te ajudando ou quando se torna um elefante rosa no meio da sala, é um processo lindo de autoconhecimento, auto respeito, auto responsabilidade... aconteceu assim comigo também com a comida, com a cocaína que embora eu nunca tenha tido uso nocivo, hoje uso apenas quando tenho vontade de curtir aquela onda especifica, no momento adequado, ou seja, raríssimas vezes rs. Com a comida eu fui entendendo que alguns alimentos apesar de muito saborosos não me fazia bem e eu preferi o meu bem-estar, sobre consumismo passei a achar desnecessário, sobre adoecer num trabalho que só me garantia o salário no fim do mês, busquei minha autonomia, sobre o machismo nem te conto, “sem tempo irmão” rs... Olha que coisa linda que a RD fez na minha vida, parece até testemunho de igreja, só que nessa “religião” eu sou a deusa, uma louca, uma feiticeira...amém irmãs! Enquanto não melhorarmos nossa relação seja com o que for, seremos sempre reféns de muletas para obter alguma satisfação nessa vida. E eu entendo que nosso país nos obriga a nos drogar, mas só lembrando de uma frase de pano de prato de uma mana que gostei muito: “um pouco de droga e um pouco de salada, tudo é questão de equilíbrio” ...que saibamos dosar nossa felicidade que vem de fora e aproveitemos melhor a felicidade que vem de dentro. É uma possibilidade de você gerir melhor sua própria vida. Mas, agora fazendo uma reflexão sobre a nossa realidade, será que a redução de danos é para todes? Que ela é necessária acho que posso considerar consenso em alguns grupos, mas ela é de fato acessível? Me parece que não. Primeiro que essa estratégia como dita anteriormente nunca foi levada com a seriedade que merece pelos gestores do nosso país, ainda esbarra numa série de burocracias, leis, decretos, portarias que só servem pra gente seguir desobedecendo, já que não faz o menor sentido. Além de serem extremamente injustas e seletivas. No contexto atual então com o desmonte dos equipamentos de atenção à saúde mental, redução nos gastos em saúde, a ascensão das comunidade$ terapêutica$ entre outros muitos retrocessos, tem também a desigualdade social que impede o acesso à informação, às possibilidades de autocuidado porque se o cara já tira ali da grana do mês que já é curta para comprar a droga (merecida), quanto que lhe sobra pra comprar uma seda de qualidade, piteira longa de vidro e o escambau? É aquela coisa: “O que é um peido pra quem tá cagado?” a pessoa não vai gastar seu rico dinheirinho com acessórios que ainda não fazem tanto sentido para ela, já que ela só quer curtir seu beck roots na paz. Acho super válida a iniciativa dos redutores de danos da região central de São Paulo que distribuem apetrechos de RD, no fluxo da Cracolândia, mas e na quebrada como funciona? Aqui mesmo onde moro não tem nem loja para comprar seda, imagine outros “luxos”. Além de tudo, a informação não chega, o dinheiro não dá e a sociedade não colabora. Por isso já que já estamos acostumadas a desobedecer a leis injustas, que possamos juntas construir de forma coletiva as práticas e saberes que permeiam esse contexto. Entender que a relação com a droga não diz somente sobre dependência, buscando manter o foco na pessoa e não na substância, levar o cuidado para além da droga, respeitar os direitos individuais. Porque sabemos que não existe receita pronta, é um processo e por isso é importante que seja feito de forma humanizada e singular. Vamos fazer valer a máxima #acolhanãopuna "…Don't you think I know what I'm doing Don't tell me that it's doing me wrong You're the one who's really a loser This is where I feel I belong" "Você pensa que eu não sei o que eu estou fazendo? Não me fale que está me fazendo mal Você é um verdadeiro perdedor É aqui que considero o meu lugar..." Snowblind - Black Sabbath *Antrola: Gíria / regionalismo da Bahia para se referir a algo antigo, que aconteceu há muito tempo. Sinônimo de tempos do "guaraná com rolha", "do arco da velha" etc. ** Bipoder: Conceito criado pelo filósofo francês, Michel Foucault, para se referir a interferência do Estado no controle dos corpos e dos hábitos da população Referência Bibliográfica DELMANTO, Júlio. Camaradas caretas: Drogas e esquerda no Brasil após 1961. 2013. Dissertação (Mestrado em História Social) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo SOUZA, T.P.; CARVALHO, S.R. Reduzindo danos e ampliando a clínica: Desafios para a garantia do acesso universal e os confrontos com a internação compulsória. Ministério da saúde. Cadernos Humaniza SUS vol. V

  • Capitalismo brasileiro: Um jogo de azar que precisa ser proibido

    Por que você é pobre? "Por que você é pobre?" Essa, certamente, é uma pergunta capaz de deixar qualquer um desconcertado. Talvez não desconfortável como se tivesse que responder o valor do seu salário. Isso não, isso é pecado. No país dos salários constrangedores, o perigo é que as pessoas descubram o quão pobres são e que essa situação é perpétua. Claro que a afirmação acima é imprecisa, se trata de uma generalização, mas é uma verdade. Segundo a OCDE, no Brasil, pessoas nascidas nos 20% (40 milhões de pessoas) mais pobres da sociedade, ou seja, estado de extrema vulnerabilidade social, 35% permanecem nessa camada da sociedade para sempre e apenas 7% chegam às camadas de renda mais altas, ou seja, dos 20% mais pobres, apenas 7% chegarão a uma renda de aproximadas R$ 2.250 por mês. Entre os 20% mais ricos, 43% serão ainda mais ricos em renda do que os pais, apenas 7% apresentarão uma queda no patamar social. No balanço geral, leva cerca de 9 gerações, para que uma família das classes de renda mais baixas, alcance a faixa de renda média. O capitalismo brasileiro é um grande jogo de azar: Essa parte do editorial não é uma hipérbole, não é um exagero, generalização nem nada disso. Essa parte do texto é uma constatação técnica. O pôquer, por exemplo, por muitos anos, foi considerado um jogo de azar, tal qual os dados, a roleta, caça níqueis etc. Porém, diversos estudos realizados principalmente nos EUA, mas também no Brasil, já foram capazes de demonstrar que o jogo não depende majoritariamente da sorte, pelo contrário, uma pessoa com qualquer conhecimento sobre o jogo tem no mínimo 10% de vantagem sobre as pessoas que não conhecem o jogo. Outros motivos que levam a essa conclusão são: a existência de grandes nomes do esporte, pessoas que recorrentemente ganham campeonatos regionais, internacionais e mundiais, concorrendo contra outros profissionais que vivem disso e possuem grande conhecimento sobre o jogo; as súmulas de muitos jogos mostram que, não raramente, mais da metade das rodadas do jogo são ganhas por desistência dos adversários, ou seja, rodadas onde as cartas sequer são reveladas, rodadas em que o vencedor poderia estar apenas blefando. Enfim, diferente do Brasil, o pôquer conseguiu mostrar que a técnica pesa mais de 50% no resultado da partida, o Brasil não. A prova no Brasil é que os que nascem ricos ou em condições privilegiadas, com acesso a educação de qualidade, levam larga vantagem sobre aqueles que precisam estudar em situações adversas. O país é incapaz de prover regras justas e condições competitivas para que seus cidadãos ascendam socialmente. Tecnicamente, o brasileiro que nasce pobre, morre pobre, embora as dificuldades acompanhem seus tempos, essas dificuldades atravessam gerações e mantêm essas famílias na mesma camada social de seus antepassados. Tal qual um jogo de azar, é feito para a grande maioria perder, uma pequena minoria ganhar e servirem de propaganda perfeita, os tais cases de sucesso, mas que são exceções irrelevantes, estatisticamente falando. Capitalismo x Comunismo: A falsa dicotomia O argumento mais canalha para combater o fato dos dados, é desclassificar aqueles que possuem domínio sobre os números, então cria-se a figura monstruosa do comunista, um conceito antigo e praticamente impraticável dada o tamanho das concessões que precisariam ser feitas por aqueles que dominam o capital privado e consequentemente o poder sobre a coisa pública. É algo realmente inimaginável de acordo com a conhecida ganância humana. Porém, entre o capitalismo Europeu, o capitalismo estadunidense e o capitalismo asiático, existem largas diferenças. O Brasil de hoje não tem apenas um capitalismo tosco, o Brasil é hoje um centro mundial de lavagem de dinheiro, o Brasil é um paraíso fiscal declarado que isenta de impostos os dividendos dos especuladores, um país que proporciona mais vantagens ao mercado especulativo do que ao mercado produtor, um país que vive uma aceleração acentuada no sentido da desindustrialização, um país cuja maior atividade exportadora é o agronegócios que incoerentemente é um dos setores que menos contribui para a arrecadação fiscal. O Brasil precisa parar de tentar copiar os países que fracassaram socialmente. De que adianta um país propiciar que 2.700 pessoas tenham mais de um bilhão de dólares em suas contas, enquanto 59% da população não tem sequer acesso às quantidades mínimas de alimentos recomendados pelo pela Organização Mundial de Saúde e até pela nossa própria constituição. O que as leis brasileiras dizem sobre o jogo de azar? O decreto lei 3.688 de 03 de outubro de 1941, que dispõe sobre as contravenções penais, diz em seu artigo 50, parágrafo 3º: “Consideram-se jogo de azar: a) – O jogo em que o ganho e a perda dependem exclusiva ou principalmente da sorte;” Isso resume o capitalismo brasileiro, onde ser rico ou pobre é comprovadamente uma questão de sorte, definida pela classe social onde se nasce. Por isso, nada mais justo do que tributar grandes rendas e patrimônios com alíquotas altas que evitem a concentração de riqueza como acontece hoje, inclusive com tributação sobre todas as fortunas acima de 100 milhões. Com um IDH tão ruim, e a 7ª posição entre os países mais desiguais no mundo, não dá para entender que na Europa as grandes rendas sejam tributadas em mais de 50%, enquanto em um país cheio de dificuldades e tantas necessidades como o Brasil, as grandes rendas de juros e dividendos sejam isentas e que o peso da tributação fique concentrado no consumo. Uma prática tributária regressiva. É duro aceitar, mas a verdade é que os Ricos brasileiros – aqueles capazes de viver por anos sem trabalhar – se resumem majoritariamente a um grupo de herdeiros mimados, gananciosos e chorões, que lutam por impostos mais baixos no país onde não existe nada que eles não possam ter, mas sobram pessoas que não tem sequer o que comer. O capitalismo brasileiro é um grande jogo de azar, sem nenhuma competitividade possível. O tal sucesso que os “gurus” do empreendedorismo vendem, depende mais da origem, do que do talento. Se queremos menos desigualdade social e garantir dignidade a todos os cidadãos, o único caminho é entrarmos com tudo no debate sobre as reformas tributárias. Ou a sociedade pressiona por práticas tributárias mais justas, ou, novamente, assistiremos os privilegiados hereditários, decidindo novamente como proteger os próprios privilégios às custas do cidadão comum.

  • LISTA: 5 filmes sobre a classe trabalhadora

    O cinema sempre foi uma ótima vitrine para mostrar, apoiar e muitas vezes denunciar os abusos que a classe trabalhadora sofre. O mundo é assim, trabalhar, trabalhar, trabalhar e no fim morrer, algumas pessoas dedicam toda permanência na terra ao trabalho, de domingo a domingo, para conquistar impérios, outros trabalham para sobreviver, o cinema sempre mostrou isso de uma forma crua e honesta desde Tempos Modernos, a clássica sátira de Charles Chaplin até Roger & Me, documentário de Michael Moore que mostra como o fechamento de uma fábrica do setor automobilístico pode devastar uma cidade inteira. O cinema expõe como trabalhar pode ser dolorosamente necessário, separei então cinco modelos mais recentes e devastadores na mesma proporção. Norma Rae (Martin Ritt, 1979) O filme que rendeu o primeiro Oscar de melhor atriz para Sally Field, foi como Norma Rae uma sindicalista, que luta contra o exploratório mercado trabalhista de sua cidade, que abusa das condições intoleráveis de trabalho perante à dependência da pequena população de Hinleyville e sua à indústria têxtil local, um filme essencialmente feminista que mostra como as mulheres sempre tiveram que lutar e serem "mais fortes" que os homens. Dois Dias, Uma Noite (Jean-Pierre & Luc Dardenne, 2014) O cinema dos Dardenne sempre foi honesto, em alguns casos até demais e isso nem sempre agradou – eu particularmente não sou muito fã de Dois Dias, Uma Noite –, mas é um filme forte por si próprio. O filme gira em torno de Sandra (Marion Cotillard), uma mulher que, com a ajuda do seu marido (Fabrizio Rongione), precisam, para manterem seus próprios empregos, convencer os seus colegas da fábrica onde trabalham a desistirem dos bônus que têm direito a receber. Nomadland (Chloe Zhao, 2020) Frances McDormand, que interpreta Fern, é uma força da natureza, seu olhar triste, mas que dispensa ajuda, causou tanta emoção, que acabei percebendo que a atriz sempre teve esse poder sobre mim. Tanto talento acabou em Oscars - melhor filme, direção e atriz - o tom quase documental traz uma realidade maior e necessária ao filme, as entrevistas com depoimentos sinceros que comovem, a linda trilha sonora e a fotografia cinzenta tornam esse um grande filme. Eu, Daniel Blake (Ken Loach, 2014) O cinema de Ken Loach sempre foi objetivo de estudos, o diretor é um daqueles que não arreda o pé, ele é a favor da palestina, esquerdista convicto e toda sua obra é centrada em temas sociais. Daniel Blake, vencedor da Palma de Ouro - a segunda do diretor - é um exemplar de como o sistema não funciona quando se precisa dele. O filme conta a história de Daniel (Dave Johns), que após um acidente de trabalho, precisa dos recursos do governo, pois não consegue mais exercer suas funções profissionais, mas a burocracia... Você Não Estava Aqui (Ken Loach, 2019) O soco aqui é ainda mais forte que Daniel Blake, é um filme sensível e que com certeza vai arrancar lágrimas de alguns. Além de falar sobre a precarização das relações de trabalho e da "Uberização" do trabalho, expõe o drama familiar, a falta de tempo e perspectiva, o quanto tudo ao nosso redor é afetado: a saúde, a educação dos filhos, o sono, o relacionamento conjugal etc. Você Não Estava Aqui é um filme que deveria passar em todas as escolas, uma verdadeira lição sobre a (des)valorização do trabalho. BÔNUS: A Fábrica de Nada (Pedro Pinho, 2017) Em uma Portugal atual, que passa por um aprofundado processo de desindustrialização, um grupo de operários são surpreendidos pelo repentino fechamento da fábrica em que trabalham, quando durante a madrugada flagram as máquinas sendo retiradas às escondidas da fábrica. Para reverter a situação e garantirem a permanência de seus empregos, os operários iniciam uma greve e em busca de seus direitos, pretendem administrar a fábrica por meio de um sistema de autogestão coletiva da massa falida. Um tema atual e muito bem abordado por um mundo, onde o objetivo é produzir o máximo, com o mínimo de mão de obra possível.

  • Alemanha anuncia lockdown até junho

    Entenda porque a Alemanha com 9% das mortes diárias, por COVID-19, em relação ao Brasil, está decretando lockdown. A maior potência econômica Europeia, a Alemanha (Angela Merkel - CDU), país com mais de 83 milhões de habitantes, deve permanecer com medidas restritivas por todo o mês de maio. O motivo seria uma dificuldade que o país tem encontrado em combater e reduzir a taxa de transmissão da doença, que tem se espalhado com mais facilidade, graças a variante "B117", britânica, que tem como uma de suas principais características, a maior facilidade de contágio, tal qual a variante brasileira "P1". A situação na Alemanha é gravíssima, mas não chega nem perto do Brasil (Jair Bolsonaro - s/ partido). Lá a média móvel está variando na casa das 230 mortes diárias, para se ter uma ideia, proporcionalmente, seria como se o Brasil, com 211 milhões de habitantes, tivesse 585 mortes por dia, mas atualmente morrem no Brasil quase 427% mais que isso; em torno de 2.500 pessoas todos os dias, praticamente 100 mil óbitos registrados somente em abril. Só o estado de São Paulo (João Dória - PSDB), com 44 milhões de habitantes, chegou a registrar média móvel de mais de 1.000 óbitos diários. Proporcionalmente, equivaleria a Alemanha e seus 83 milhões de habitantes registrarem 1.887 mortes todos os dias; Mas não foi isso que aconteceu, com 8 vezes menos mortes do que isso o estado de São Paulo, a maior economia europeia e a 4ª maior economia Global já avisou que permanece por pelo menos mais 30 dias. Com uma situação tão melhor que a do Brasil, por que fechar a Alemanha? Os grandes cérebros de países de todo o mundo já perceberam que o Coronavírus não passa, ele não dá moleza, com um tamanho até 200 vezes menor que um espermatozoide humano, ou até 5 vezes menor que o vírus HIV, ele consegue flutuar no ar e acessar o organismo da vítima por qualquer mucosa viva como boca, trato respiratório e olhos, por exemplo. Ao encontrar células expostas o vírus invade essas células, se multiplica em uma velocidade assustadora dentro das células invadidas. Conforme o vírus se multiplica, ele destrói as células usadas na multiplicação e avançam invadindo, se multiplicando e destruindo outras células em velocidades cada vez maiores. Conforme o vírus se espalha pelo corpo, passa a ser expelido pela respiração e fala daquela pessoa recém infectada, fazendo com que ele infecte inúmeras outras pessoas antes de matar seu hospedeiro. Com tamanha facilidade de transmissão, países de todo o mundo já entenderam que não basta esforços para "controlar" a circulação do vírus, porque um vírus que se espalha como o cheiro, não pode ser "controlado". Logo, países como China, Nova Zelândia, Vietnã, Austrália e tantos outros já usaram com sucesso o método de restrição de circulação rígida e conseguiram acabar com a circulação local do vírus. Ao passo que outros países que utilizaram pequenos períodos de fechamento para "controlar" a doença, como Espanha, Itália, França e Reino Unido e EUA, tiveram uma pequena redução, mas foram atingidos fortemente por uma 2ª onda muito maior que a primeira, devido as variantes que continuaram evoluindo enquanto circularam coletando informações genéticas de milhões de pessoas, chegando a mutações graves como a P1 brasileira, B117 britânica e 501.Y.V2 sul-africana. No Brasil, o presidente Bolsonaro segue ignorando os riscos da pandemia, agindo como uma espécie de espantalho maior, dando sombra para políticos regionais que reagem a pandemia tão mal quanto o próprio presidente, como é o caso da prefeito Bruno Covas a frente da prefeitura de São Paulo, cuja a atuação em relação a transparência dos números foi denunciada pela Dossiê etc essa semana: "Dados revelam "estoque" de óbitos em São Paulo" Após a publicação da matéria com a denúncia a respeito da contagem de óbitos em São Paulo, a coluna da jornalista Mônica Bergamo divulgou que a "Prefeitura de São Paulo espera terceira onda e já autoriza compra de kit intubação". demonstrando claramente que a prefeitura de São Paulo anda na contramão do mundo, mantendo a cidade aberta mesmo sabendo que uma 3ª onda está a caminho e que de 50% a 80% de todas as pessoas que usarem esses kits de intubação, irão morrer. Uma verdadeira omissão dolosa.

  • Pipe Social lança 3º Mapa de negócios de impacto

    Realizado em meio a pandemia, o relatório aponta 30% dos negócios impactados pela queda nas vendas, seguido por 25% dos que apontaram dificuldades em acessar recursos financeiros; 6% fecharam as portas. Economia verde, negócios sustentáveis, Capitalismo consciente, empreendedorismo responsável etc. São muitos os nomes dados às atividades econômicas que geram impactos socioambientais positivos e que dessa forma colaboram para o atingimento dos 17 objetivos para o desenvolvimento sustentável das nações unidas (ODS/ONU). Para esse estudo, todos esses conceitos são englobados em negócios de impactos. O estudo é desenvolvido pela Pipe Social, uma entidade que se propõe a fazer o mapeamento e acompanhar a evolução desses negócios de impacto a cada dois anos e, é bom que se diga, tem sido muito bem-sucedida nesse objetivo. O mapa de negócios de impacto é, hoje, uma das melhores bússolas sobre o tema. Embora a amostragem ainda seja pequena, vem crescendo edição após edição e hoje já cobre a realidade de 1.300 negócios de impacto e já é capaz de apontar tendências bem evidentes para o setor, como o domínio das empresas que tem como área de impacto a tecnologia verde e projetos voltados para a afirmação da cidadania. Meu entusiasmo e a defesa da ideia de negócios responsáveis, me leva há estudar esses negócios e seus diversos desdobramentos, há pelo menos seis anos. Antes do mapa dos negócios de impacto de 2017, tudo se resumia a “cases de sucesso” e capas de portais de empreendedorismo, com aquela ideia ainda incipiente e poética do que seriam negócios sustentáveis. Particularmente, acredito que a Pipe Social trouxe mais pragmatismo para a leitura do setor, com uma metodologia e amostragem que evoluem a cada edição. Apesar da pandemia, os dados mudaram pouco. É importante lembrar que as atividades de impacto são negócios que ainda dependem muito da capacidade de captação de doações e investimentos, apenas 20% são financeiramente sustentáveis, ou seja, produzem com seus serviços e produtos, receita suficiente para manter o negócio, ainda que, sem nenhum investimento ou capital externo. Nesse ponto específico, pouca coisa mudou o financiamento mais acessado, além do capital próprio, é o capital próximo, aquele capital que vem da família, dos amigos e dos fãs dos projetos. Isso é um dado preocupante que repete o lugar do privilégio que também domina o empreendedorismo digno – recorte que exclui o empreendedorismo por necessidade e precarizado como a PeJotização das atividade – em que os maiores investidores também são os familiares, mas esse ano há de se reconhecer um avanço da participação de créditos bancários passando de 3% em bancos de fomento e 3% em bancos privados em 2019, para 9% nos bancos de fomento e 12% dos empreendedores tendo acessado crédito nos bancos privados. Aqui é importante abrir dois parênteses: 1) – Esse percentual ainda é muito baixo, já que a função social principal dos bancos nas sociedades é fomentar novos negócios e se todos os negócios precisam de capital e só 12% acessaram, isso indica que o ambiente de crédito ainda é inóspito e pouco parceiro dos nossos negócios; 2) – A pesquisa foi realizada entre dezembro de 2020 e fevereiro de 2021, um momento em que já estávamos há 9 meses imersos na crise da pandemia, isso deve ter feito as empresas aceitarem e se submeterem, por necessidade, às taxas bancárias como um tipo de última alternativa. E nos bancos de fomento, muitos projetos surgiram, também por conta da pandemia, apoiando muitos negócios em microcrédito e essa oportunidade somada a necessidade do momento devem justificar essa alta, mas também denunciam que o crédito ainda é muito inacessível no Brasil. Principalmente aos negócios de impacto. O perfil do empreendedor também mudou muito pouco, os empreendedores de impacto ainda se parecem muito com os startupeiros da Faria Lima: homens (54%), brancos (66%), jovens de até 44 anos (71%) e do sudeste do país (51%), com uma escolaridade significativamente mais alta que a média nacional. São 25% de pessoas com ensino superior completo contra aproximadamente 16% dos brasileiros com ensino superior; o mapa também mostra algo em torno de 13,25% de empreendedores de impacto com pós-graduação, contra algo em torno de 4% dos Brasileiros, uma representação 300% maior. Isso mostra uma espécie chancela sobre o modelo de negócios de impacto que atrai uma quantidade considerável de pessoas com escolaridade acima da média nacional. Isso pode indicar uma tendência, já que um dos maiores vácuos que o mercado enfrenta é intelectual, logo se os recursos humanos educacionalmente qualificados e desejados têm ido para as iniciativas de impacto, pode ser uma consequência natural, que o mercado passe a buscar os serviços dessas iniciativas como uma frequência cada vez maior. Os dados que citei são apenas um aperitivo da enormidade de dados importantíssimos que a Pipe Social revela nesse estudo divido em 5 partes fundamentais: 1) – Perfil do empreendedor e seu time; 2) – Um olhar para os negócios 3) – Um olhar para o impacto 4) – Análise Histórica 5) – Visão de futuro Confira o mapa completo, clicando aqui :

  • Clipe: "Falta", a nova música de Luiz Kingsman

    PRÉ-LANÇAMENTO: Em primeira mão a Dossiê etc apresenta o novo clipe de Luiz Kingsman. Uma daquelas ideias despretensiosas que invadem nossa mente com frases prontas. Foi mais ou menos assim que Luiz Kingsman descreveu o momento que pensou no refrão da música. Como sempre faz, gravou uma “demo” no celular, só para não esquecer o ritmo e deixou para lá. Meses depois, ainda sem poder realizar seus shows por conta da persistente pandemia que vivemos, enquanto planejava seu próximo álbum, Kingsman escutava todas as gravações que tinha deixado no celular e essa foi a música que lhe trouxe os melhores sentimentos. A música lhe inspirou saudades dos amigos, da família e de tantos outros encontros que o momento atual impediu. Pronto, estava decidido qual seria a música a ser lançada. “Falta” é uma música calma, tranquila, muito diferente das músicas que o artista está acostumado a lançar, Kingsman diz que as músicas de “jogar a raba para o alto” ficam para o final da pandemia, ou para o lançamento do EP que ainda não tem data definida, mas deve acontecer ainda no segundo semestre de 2021. Aquele refrão que corria o risco de sequer virar uma música, no final das contas ficou tão boa que Kingsman resolveu lança-la junto com um clipe que por conta da pandemia foi solo, sem o tradicional balé que sempre o acompanha em seus clipes. Mas por falta de balé, ninguém chora. Luiz que já estudou teatro, canto e, claro, dança, recheia o clipe dançando um balé contemporâneo "freestyle". A aposta foi repetir com o clipe o que fez com a música: sentir e, despretensiosamente, imprimir em dança, expressar com o corpo o que a alma sente. Com uma equipe reduzida por conta da pandemia, Luiz Kingsman faz questão de ressaltar a importância de sua equipe, que trabalhou dobrado para dar conta do desafio. “Sem essa equipe dedicada formada por profissionais muito competentes e amizades queridas, que me apoiam a cada momento, eu não teria chegado até aqui e essa música também não teria ficado como ficou" Cheia de novidades, a artista drag também concorre ao prêmio Dynamite de música Independente na categoria música POP com o álbum “Jogação”. Na entrevista de lançamento de “Falta”, a pergunta que não pode faltar é: — Do que é que Luiz Kingsman está sentindo mais falta? A resposta foi rápida: “Abraços, não vejo a hora de poder conviver com as pessoas que eu gosto e abraçar muito” — E o que Luiz Kingsman fará assim que a pandemia acabar? “Muitos shows, tomara!”, — Mas e os amigos? “Estarão comigo!”. Falta - Luiz Kingsman Luciane Candido - Diretora de Arte Adriano Banks - Diretor Geral de clipes Henrique Bessone - Produção Geral / Criativo Cris Lunardi - Central Luiz Kingsman

  • Portugal e a Revolução dos Cravos

    A tomada de poder por um grupo de militares colocou fim a um governo que flertava com o fascismo Havia comigo um ar de incerteza, de dúvida, de sensações misturadas entre boas e outras nem tanto. Um mar de informações tomou conta de mim entre novidades e expectativas quando saímos de casa rumo ao aeroporto. Com meus pais eu iria pela primeira vez entrar em um avião que me levaria a conhecer avós, tios e primos em Portugal. Era um retorno saudoso que meus pais faziam nas férias dos filhos para apresentá-los à família. Família era o que me soava na cabeça o tempo todo. Viagem, encontros, abraços, união, alegrias, Portugal. Talvez por ironia do destino essa sensação se apresentava de forma muito intensa para mim porque um pouco mais adiante eu iria conhecer algo oposto a isso, uma cena dura que me faria crescer com uma visão diferente de mundo. Direitos de encontros, de fraternidade e respeito passariam a ser um lema. Algo pairava no ar, embora eu não pudesse ter certeza do que era, mas que me preparava intuitivamente para vivenciar, presenciar, e ter forças para suportar. Como última escala técnica chegamos ao aeroporto dos Guararapes em Recife. Já era noite e os padrões de segurança da época não permitiam nossa presença a bordo durante o reabastecimento de um Boeing 707. Numa enorme sala ficamos todos à espera da chamada para reembarque quando começaram a se formar filas. Talvez por conta da curiosidade mirim que me cobria desde a saída de Viracopos, resolvi então ficar no final de uma dessas filas. Queria observar aquilo tudo, ver os casacos nas mãos que seriam utilizados só acima do equador, acompanhar as revistas manuais pré-embarque... Foi nesse momento que me virei e vi um casal, sem vínculos. Ela, morena como uma sertaneja, permanecia cabisbaixa e acuada carregando em seus braços uma pequena malha que talvez fosse adequada para uns 20 graus, não menos que isso. Ao contrário, seu acompanhante tinha um belíssimo casaco de lã, luvas e cara sisuda. Mais ao fundo aparece outro homem, afetuoso talvez por característica ou pena, trazia em sua mão uma garotinha de uns quatro anos que andava aos pulinhos. E descalça. De novo minha intuição me alertou. A cena, bastante inusitada para um aeroporto onde pessoas usavam botas e sapatos, contrastava com a ingenuidade daquela menina. Talvez fosse uma Severina lembrando morte e vida, talvez fosse uma pequena Iracema. Entregue aos braços da mãe e sob os olhares daquele homem, a malha fria e amarelinha ficou entre elas como um aquecedor para um abraço de despedida, permitido por alguns segundos. Volta a garotinha em direção à saída com seu “tio” do quartel e segue a fila para embarque, desta feita com o casal de vínculo zero embarcando a frente. O sisudo e a mãe de coração partido. Pronto, aquilo que eu não sabia o que era, aconteceu. Em minha cabeça uma enorme interrogação e em meu peito apenas reticências, pedaços de pétalas murchas misturadas ao cheiro dos perfumes dos passageiros. Talvez aqueles dois fossem o cravo e a rosa, mas os espinhos estavam com ele, guardados nos bolsos do casaco para usar “just in case”. Chegamos e fazia bastante frio naquela manhã de dezembro em Lisboa. O inverno de 1970 ainda segurava a presença dos primeiros raios de sol e descendo a escada do avião, o que se via eram luzes, ônibus, carros, pequenos tratores puxando carretas com malas... Levei algum tempo, talvez alguns anos, para entender o motivo deles desembarcarem a frente de todos em Lisboa. Entramos num ônibus enquanto o casal permaneceu em pé ao lado do avião. Ela não usou sua malha. Quando chegou o carro da polícia para levá-la ao exílio, eu logo notei que o frio da vida já tinha tomado conta de sua existência e talvez fosse melhor não se agasalhar para ganhar mais resistência ao que ainda estava por vir. Era também um Portugal duro. De Salazar a Marcello Caetano, fazia o papel de anfitrião aos indesejados da ditadura brasileira, provavelmente os recebendo com vinho azedo e migalhas de pão, a mesma que oferecia a seu povo, principalmente os habitantes das ilhas, a extrema periferia cercada de água como eles deveriam considerar com seu escalão. Não sei, jamais saberei o que houve no final com aquela mulher. Nem com sua filha. Mas sei o que significa amor para os cruéis, para os algozes. Amor eles torturam e matam à bala. Enquanto permanecia essa covardia ditatorial brasileira, alguns anos depois, lá em Portugal do cantor e compositor José Afonso, surgiram os cravos, em quantidade e fraternidade devolvendo ao povo o que ele mais ordena: Fim da opressão, devolução de seus direitos... Aos 20 minutos e 18 segundos iniciou-se a transmissão da canção “Grândola, Vila Morena” pela rádio Renascença. Era 25 de Abril de 1974. O início da revolução que buscava um ambiente fraterno e solidário: A Revolução dos Cravos. “Em cada esquina, um amigo Em cada rosto, igualdade Grândola, Vila Morena Terra da Fraternidade” Hoje, 47 anos separam aquele país triste e escuro de um Portugal mais moderno, com fortes avanços sociais, de lutas, conquistas, segurança e paz. Para que dentro dele não cheguem mais morenas arrancadas de seus filhos, não aportem mais casacos comprados com o suor do faminto e de suas ilhas, aquelas todas lindas e resistentes ao isolamento, surjam sempre o que o povo mais almeja: Trabalho, igualdade, alcance e união entre todos seus filhos. A revolução dos cravos há que ser lembrada como um divisor de águas. As do mar e dos rios ficam a seu povo por direito. Aos Salazares e afins, que amarguem o vinho da impotência diante do que o povo conquistou, e bebam na sua ressaca as águas maltratadas do período em que eram dirigentes do país. Portugal de Alfama, de Camões, de Amália, de Coimbra... Portugal de Bragança, de Guimarães, de Açores, de Funchal. São flores, são rosas, são cravos. São de Portugal!

  • Dados revelam "estoque" de óbitos em São Paulo

    Dados mostram mais de 1500 óbitos não contabilizados nos últimos 55 dias; o total pode chegar a 33% do total já registrado na cidade de São Paulo. No pico da pandemia e com muito mais mortes, proporcionais e absolutas, do que a maioria das grandes cidades do país, pior que o resultado do estado de São Paulo a frente da pandemia e pior até de que países como a Alemanha, que acaba de prorrogar o lockdown até junho e em situação muito pior do que boa parte dos estados brasileiros, a cidade de São Paulo (Bruno Covas - PSDB) avançou no “Plano São Paulo”, apontado melhoria do cenário epidemiológico e permitindo a reabertura de bares, restaurantes, academias, escolas e até a realização de cultos religiosos e eventos esportivos, algumas das situações mais propícias para a continuidade da cadeia de transmissão da COVID-19. Para dar fotografia fiel do momento que São Paulo enfrenta, a cidade possui um índice de mortes por 100 mil habitantes pior do que o Brasil (185,3), pior de que o estado de São Paulo (210,7) e pior do que a Alemanha, que acaba de prorrogar o lockdown por 30 dias (98,5). A cidade de São Paulo apresenta um índice de 215* mortes por 100 mil habitantes, de acordo com os dados oficiais divulgados pelo município. * É importante ressaltar que, de acordo com o boletim diário COVID-19 publicado pela prefeitura de São Paulo em 25 de abril de 2021, a cidade de São Paulo divulga na primeira página 26.532 óbitos consolidados, entretanto, na 4ª página do mesmo documento, boletim nº 395, o número de óbitos acumulados, por data de digitação, soma 29.211 em consonância com o número de óbitos, por data de óbito: Essa redação pediu esclarecimentos à prefeitura sobre a discrepância de 2.679 casos entre o total da primeira página e os totais da 4ª página do boletim. Em nota a Secretaria Municipal de Saúde se limitou a afirmar que o número exposto na primeira página do boletim diário diz respeito aos óbitos de casos de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG), são extraídos do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe SIVEP-Gripe enquanto os números do segundo quadro são do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), que por sua vez é alimentado com os registros de óbitos do Município de São Paulo. Mesmo com o município reconhecendo que o número informado pelo Registro de Óbitos do município é o número que alimenta o SIM e que os números do SIM são maiores que os números do SIVEP-Gripe, o município reporta o menor número para o estado de São Paulo e consequentemente para a contabilidade nacional. Com a vaga resposta da secretaria de saúde, investigamos o histórico de boletins diários da cidade de São Paulo e os dados apresentam um estranho padrão: No início da pandemia, a dificuldade em testar todos os casos, fez com que se criasse um grande "estoque" de óbitos suspeitos, ou seja, pessoas que faleceram com sintomas compatíveis com a COVID-19, mas, por falta de testagem/confirmação da causa da morte, não se pôde comprovar o motivo da morte e, por óbvio, esses óbitos não foram contabilizados. Em setembro de 2020, 6 meses após a primeira morte por covid no país, conforme mostra o gráfico acima, o problema estava superado e o número de casos registrados como suspeitos, foi de 1% em relação aos óbitos confirmados pelo relatório SIVEP-Gripe (16 suspeitos | 1733 casos confirmados). Porém, conforme o final do ano se aproximou, o número de casos suspeitos e, portanto, não contabilizados, voltou a subir inexplicavelmente, já que a essa altura da pandemia os processos de testagem já estavam funcionando plenamente, como ficou demonstrado em agosto e setembro. No final de ano, orientada por esses dados a prefeitura de São Paulo permitiu que comércios não essenciais funcionassem. O governo do estado não fechou as estradas e as festas de final de ano, em combinação com os feriados de carnaval, fizeram com que o número de óbitos mensais disparasse (linha laranja) e os casos suspeitos estacionaram em uma incomum estabilidade específica. Depois do pico de 25% em dezembro, todos os meses desde então (jan, fev, mar, abr) 17% dos óbitos foram incluídos no cálculo de suspeitos e, portanto, não contabilizados no total de mortes oficiais. Entretanto, apesar da estabilidade percentual rígida e incomum, em torno de 17%, o número de óbitos definidos como suspeitos, continua em tendência crescente, passou de 16 casos em agosto, 1% dos casos, chegando a eliminar da contabilidade oficial 737 óbitos em março e 844 em abril (até o dia 25/04). Somente em abril de 2021, do dia 1º ao dia 25, foram adicionados 844 óbitos ao cálculo de óbitos suspeitos. Caso fossem considerados no cálculo oficial, elevaria o número de óbitos diários de 229 para 263. É possível que essa quantidade de óbitos suspeitos possa estar levando a tomada de decisões erradas sobre as fases do Plano São Paulo e consequentemente aumentando os índices de contágio e morte em decorrência da doença. Ainda assim, esses números, por si só, não nos permitem afirmar se o número de óbitos suspeitos se deve a uma ineficiência na testagem nos casos da cidade, ou se, por colaborarem para um número mais positivo, são ignorados sistematicamente pelos gestores do município. O fato é que o volume de casos suspeitos é preocupante. Na consulta à prefeitura, também perguntamos sobre esse número que salta os olhos, um total de 8.631 óbitos que surgem no relatório como casos suspeitos (registrados por data do óbito). Conforme apuramos, esse número vem crescendo dia após dia, sem nenhuma variação negativa detectada. Nos últimos 4 meses houve um crescimento de 2.178 casos suspeitos, 33,75% de crescimento em apenas 120 dias. Buscamos, para fins de comparação, outra prefeitura que adota uma contagem semelhante à contagem da prefeitura de São Paulo. A prefeitura de Belo Horizonte (Alexandre Kalil - PSD). Apresentava em 23 de abril apenas 182 óbitos em investigação, já tendo descartado 2.299 casos suspeitos. Um indicador que não aparece nos boletins da prefeitura de São Paulo. É comum que haja pessoas com problemas respiratórios graves que morreram antes que fossem testadas, porém, em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais (MG) apenas 182 casos estão nessa conta. Se os casos suspeitos de São Paulo se confirmarem, o número de óbitos subirá 30%, chegando aos 37.842 casos; em Belo Horizonte, essa mesma confirmação total subiria apenas 4%, chegando a 4.287 óbitos, um número compatível com a realidade apresentada no boletim diário do município. Nessa hipótese, a prefeitura de São Paulo sairia dos 215 óbitos por 100 mil habitantes e iria para 307 por 100 mil, ao passo que Belo Horizonte passaria dos atuais 163 casos por 100 mil, para 170 / 100 mil hbt. Outro ponto que essa reportagem pode notar durante a apuração, foi a mudança do relatório conforme os dados ganharam suas próprias dinâmicas. Até junho de 2020, quando os óbitos registrados pelo sistema SIM e SIVEP-Covid eram semelhantes, ou até menores no SIM, ambos apareciam na primeira página, um ao lado do outro com o mesmo destaque. Mas em julho de 2020, quando o SIM passou o número de mortes do SIVEP, o SIM perdeu definitivamente seu lugar de destaque e apenas o SIVEP permaneceu na primeira parte do relatório com letras grandes. Em agosto a tendência se confirmou, o SIM registrou 2.308 óbitos, contra 1.733 do SIVEP-Gripe, uma diferença de 33%, Acima a tabela antiga, mostrando ambos os totais, um ao lado do outro, evitando qualquer tipo de dúvida; abaixo, o novo modelo, que privilegia dados do SIVEP-Gripe, com um número de mortes menor e deixa o total do SIM mais abaixo, em letras menores. Na imagem abaixo, o layout de julho de 2020 ainda deixava o total SIM na primeira página, apesar de sem destaque, mas conforme a diferença aumentava a distância das informações também aumentou. Atualmente o total SIM se encontra na 4ª página do relatório, e vem assim desde fevereiro de 2021. A importância dos números precisos: Esses números de óbitos suspeitos podem induzir a decisões erradas sobre a evolução das fases de abertura da cidade, do estado e até mexer com a percepção de risco do munícipe, já que este, quando percebe os números mais baixos, por conta própria voltam aos seus hábitos comuns, fortalecendo ainda mais a cadeia de transmissão do vírus. São Paulo é uma cidade com uma enorme densidade demográfica e é o maior centro comercial do país. O vírus circular em São Paulo, principalmente nos índices que têm circulado, significa condenar todo seu entorno, desde cidades vizinhas onde reside boa parte da força de trabalho que opera na cidade, que recebem e enviam seus produtos a São Paulo por meio de caminhoneiros e motoristas, até o estado e o país inteiro a uma contaminação residual, já que produtos, animais, turistas, trabalhadores e executivos podem carregar consigo o vírus, contaminando todos os lugares por onde passarem. Questionamentos e respostas: Enviamos um e-mail para a secretaria municipal de saúde com as seguintes perguntas: 1. No boletim diário da Prefeitura de São Paulo (ref. Nº 395) há um número consolidado de óbitos na página 01 (26.532 na ocasião), já na página 04, o total de óbitos por data de registro aponta 29.211 no dia 24/04, total que bate com o total por data de ocorrência também na página 04. Nossa dúvida é: Por que existe essa diferença de óbitos entre a página 01 e a página 04? Qual o método utilizado no total de óbitos da página 01 e qual o método utilizado no total de óbitos da página 04? 2. Ainda na página 04 há uma coluna de óbitos suspeitos que somam 8.631 casos. Esses casos suspeitos possuem perspectiva de serem confirmados ou descartados? 3. Quais são os principais motivos que levam os casos suspeitos a não serem confirmados nem descartados? A secretaria retornou o contato com a seguinte resposta (Na íntegra): Segue nota. A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), informa que os dados publicados no Boletim Diário Covid-19 são tabulados a partir de diferentes fontes. O primeiro quadro exibe o número de óbitos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por Covid-19 e tem como fonte o sistema Sivep-Gripe. Trata-se do sistema oficial de notificação de casos hospitalizados (SRAG) e óbitos suspeitos ou confirmados para Covid-19. As fichas de notificações são inseridas no sistema a partir da suspeita e encerradas conforme investigação do caso (resultados laboratoriais, de imagem, vínculos epidemiológicos e clínica). O quadro intitulado Óbitos acumulados por datas de registro e ocorrência tem como fonte o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), que deve ser procurado pela imprensa em caso de interesse ou necessidade de mais esclarecimentos. Os dados do SIM são baseados nos registros de Declarações de Óbitos do Município de São Paulo e o processo de notificação dos óbitos de SRAG por Covid-19 inclui como fonte de informação os óbitos provenientes do SIM. Todas as declarações de óbitos com diagnóstico correspondente a SRAG ou SRAG por Covid-19 são investigados pela vigilância epidemiológica do município.

  • Saiba tudo o que rolou na cerimônia do Oscar de 2021

    O Oscar é uma premiação como qualquer outra, é a escolha de um grupo de pessoas que escolhe “o melhor” em determinados seguimentos, ano após ano. Os mais de 10 mil votantes, escolhem os que consideram os melhores da indústria cinematográfica. Em 2021 a Academia completa seus 92 anos de existência, foram 92 cerimônias, 92 filmes escolhidos como melhor de cada ano e de lá para cá, muitas, muitas controvérsias, muitos filmes aclamados, outros ótimos e alguns fracos. Mas existe um fato que não pode ser alterado, os escolhidos nunca são unanimidade, isso não existe, o seu favorito de cada ano, pode não ser o meu, ou dos críticos. Claro que existem prêmios que são incontestáveis como O Poderoso Chefão (1972), ou, Parasita (2019), mas isso é algo raro, eu por exemplo, não acho que A Forma da Água (2017) tenha merecido o prêmio, por outro lado, Birdman (2013) era definitivamente o melhor dos concorrentes, mas para outras tantas pessoas, Boyhood (2013) era o melhor. Como eu disse, é tudo uma questão de gosto, de concordar ou discordar, mas no fim, apenas aceitar. O Oscar se tornou uma tradição para mim, ano após ano, desde 2006, eu me sento em frente a televisão e assisto cerimônia do início ao fim, com meus palpites e minha torcida, foi o Oscar que me moldou como cinéfilo e agora crítico. Quando eu passava horas e mais horas nas extintas videolocadoras, algumas capas de filmes vinham com aquele letreiro dourado que dizia: “10 indicações ao Oscar”, esses filmes me chamavam mais atenção do que os outros, acabei me interessando pelo que era Academia como instituição e o que significavam o prêmio, para a indústria e para as pessoas, 15 anos depois, já sei a história dos Oscar de trás para frente, mas agora vamos focar nos prêmios e nos melhores momentos do Oscar 2021. Começo como o esperado e grandes mudanças impostas pela pandemia O salão de entrega dos prémios ficou diferente do convencional, esse ano, nada daquela plateia gigante com centenas de pessoas, apenas os indicados em um salão muito bem-organizado, cada um na sua mesa e poltrona. Os primeiros prêmios entregues foram os de melhor roteiro original, como esperado a história da mulher que não aceita machismo levou o prêmio, justo, “Bela Vingança”, de Emeral Fennell abocanhou o careca dourado, assim como Florian Zeller & Christopher Hampton, de “Meu Pai” - uma adaptação da própria peça de teatro, aliás, Zeller que dirigiu o filme está preparando uma trilogia, Meu Pai foi a primeira parte, os próximos serão “Meu Filho” e “Minha Mãe”. O melhor filme internacional também ficou dentro do esperado, em uma das melhores seleções dos últimos anos, “Druk - Mais uma Rodada”, venceu e Thomas Vinterberg fez um dos melhores discursos da noite - aliás, os discursos foram muito mais longos do que o habitual - o diretor agradeceu a sua filha que faleceu recentemente quando tinha apenas 19 anos. A Netflix se saiu muito melhor do que nos anos anteriores, em anos anteriores o serviço sequer ganhava nas categorias técnicas, mas a coisa mudou. “A Voz Suprema do Blues” levou melhor maquiagem e figurino, já Mank, que foi o filme mais indicado esse ano (10 indicações) ficou com direção de arte e fotografia, prêmios justíssimos, diga-se de passagem, e como já se tornou costumeiro, o serviço de streaming também levou melhor documentário, “Meu Professor Polvo” - muita gente torceu o nariz para esse prêmio, mas ... como eu disse mais acima, tudo questão de gosto pessoal, já a Amazon também se saiu melhor que a encomenda, O Som do Silêncio ganhou dois técnicos, melhor de edição - uma grande surpresa, mas não no melhor sentido - e melhor som. O ator que "abalou", Daniel Kaluyaa as estruturas do cinema em “Corra!” (2017) não demorou e levou melhor ator coadjuvante por Judas e o Messias Negro, prêmio justo, uma atuação poderosa, gritante e digna de prêmios, assim como Youn Yuh-jung, por “Minari” vai em uma direção oposta de Judas, aliás, são filmes completamente diferentes, para todos os efeitos, os dois prêmios foram justíssimos, eram de fato, os melhores de suas categorias. As surpresas da noite,,,, O prêmio de melhor filme, que costuma ser o último da noite, para fechar a cerimônia, aconteceu antes das melhores atuações. “Nomadland”, de “Chloe Zhao”, filme que foi super aclamado por toda crítica, venceu o prêmio principal (melhor filme). Mas pouco antes disso, Zhao se tornou a segunda mulher na história a ganhar a estatueta de melhor direção - a primeira foi Katherine Bigelow, por “Guerra ao Terror” - um momento e prêmio marcante. As duas últimas categorias foram melhor atriz e melhor Ator, enquanto assistia a cerimônia, me perguntei o motivo da troca, mas logo se explicou, duas grandes surpresas: Frances McDormand, levou seu terceiro Oscar de melhor atriz, agora por Nomadland, ela ultrapassou Meryl Streep, que também tem três prêmios, mas um deles é de coadjuvante. O último prêmio foi o de melhor ator, o mundo inteiro acreditava que a vitória seria de Chadwick Boseman, mas ... and the Oscar goes to ... Anthony Hopkins, por “Meu Pai”. O resumo da opera é que, foi uma cerimônia de três horas de duração, que mais pareceram 30 minutos. Tudo muito rápido, tudo dentro dos conformes, com o distanciamento social, algumas surpresas extremamente agradáveis e uma noite que ficou para história por tantas coisas diferentes, inversão nos prêmios e agora está oficialmente aberta a corrida para o Oscar 2022... Nos vemos lá! Veja todos os vencedores em lista clicando aqui:

  • Oscar 2021 - Lista de vencedores

    Confira abaixo a lista completa de vencedores do Oscar 2021, por categorias: MELHOR ATOR NOMEADOS RIZ AHMED O Som do Silêncio CHADWICK BOSEMAN A Voz Suprema do Blues ANTHONY HOPKINS Meu pai GARY OLDMAN Mank STEVEN YEUN Minari MELHOR ATOR COADJUVANTE NOMEADOS SACHA BARON COHEN Os sete de Chicago DANIEL KALUUYA Judas e o Messias Negro LESLIE ODOM, JR. Uma noite em Miami ... PAUL RACI O Som do Silêncio LAKEITH STANFIELD Judas e o Messias Negro MELHOR ATRIZ NOMEADOS VIOLA DAVIS A Voz Suprema do Blues ANDRA DAY Estados Unidos x Billie Holiday VANESSA KIRBY Pieces of a Woman FRANCES MCDORMAND Nomadland CAREY MULLIGAN Bela Vingança ATRIZ COADJUVANTE NOMEADOS MARIA BAKALOVA Borat: A Fita Seguinte GLENN CLOSE Era Uma Vez Um Sonho OLIVIA COLMAN Meu pai AMANDA SEYFRIED Mank YOON YEO-JEONG Minari LONGA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO NOMEADOS DOIS IRMÃOS: UMA VIAGEM FANTÁSTICA Dan Scanlon e Kori Rae A CAMINHO DA LUA Glen Keane, Gennie Rim e Peilin Chou SHAUN, O CARNEIRO: O FILME - A FAZENDA CONTRA-ATACA Richard Phelan, Will Becher e Paul Kewley SOUL Pete Docter e Dana Murray WOLFWALKERS Tomm Moore, Ross Stewart, Paul Young e Stéphan Roelants MELHOR FOTOGRAFIA NOMEADOS JUDAS E O MESSIAS NEGRO Sean Bobbitt MANK Erik Messerschmidt RELATOS DO MUNDO Dariusz Wolski NOMADLAND Joshua James Richards OS 7 DE CHICAGO Phedon Papamichael MELHOR FIGURINO NOMEADOS EMMA Alexandra Byrne A VOZ SUPREMA DO BLUES Ann Roth MANK Trish Summerville MULAN Bina Daigeler PINÓQUIO Massimo Cantini Parrini MELHOR DIREÇÃO NOMEADOS DRUK - MAIS UMA RODADA Thomas Vinterberg MANK David Fincher MINARI Lee Isaac Chung NOMADLAND Chloe Zhao BELA VINGANÇA Emerald Fennell MELHOR DOCUMENTÁRIO NOMEADOS COLLECTIVE Alexander Nanau e Bianca Oana CRIP CAMP Nicole Newnham, Jim LeBrecht e Sara Bolder THE MOLE AGENT Maite Alberdi and Marcela Santibáñez MY OCTOPUS TEACHER (O professor Polvo) Pippa Ehrlich, James Reed e Craig Foster TIME Garrett Bradley, Lauren Domino e Kellen Quinn MELHOR DOCUMENTÁRIO CURTA-METRAGEM NOMEADOS COLETTE Anthony Giacchino e Alice Doyard A CONCERTO IS A CONVERSATION Ben Proudfoot e Kris Bowers DO NOT SPLIT Anders Hammer e Charlotte Cook HUNGER WARD Skye Fitzgerald e Michael Scheuerman A LOVE SONG FOR LATASHA Sophia Nahli Allison e Janice Duncan MELHOR MONTAGEM NOMEADOS MEU PAI George Lamprinos NOMADLAND Chloe Zhao BELA VINGANÇA Frédéric Thoraval O SOM DO SILÊNCIO Mikkel EG Nielsen OS 7 DE CHICAGO Alan Baumgarten MELHOR FILME INTERNACIONAL NOMEADOS DRUK - MAIS UMA RODADA Dinamarca SHAONIAN DE NI (DIAS MELHORES) Hong Kong COLLECTIVE Romênia O HOMEM QUE VENDEU SUA PELE Tunísia QUO VADIS, AIDA? Bósnia e Herzegovina MELHOR MAQUIAGEM E PENTEADO NOMEADOS EMMA Marese Langan, Laura Allen e Claudia Stolze ERA UMA VEZ UM SONHO Eryn Krueger Mekash, Matthew Mungle e Patricia Dehaney A VOZ SUPREMA DO BLUES Sergio Lopez-Rivera, Mia Neal e Jamika Wilson MANK Gigi Williams, Kimberley Spiteri e Colleen LaBaff PINÓQUIO Mark Coulier, Dalia Colli e Francesco Pegoretti MELHOR TRILHA SONORA NOMEADOS DESTACAMENTO BLOOD Terence Blanchard MANK Trent Reznor e Atticus Ross MINARI Emile Mosseri RELATOS DO MUNDO James Newton Howard SOUL Trent Reznor, Atticus Ross e Jon Batiste MELHOR CANÇÃO ORIGINAL NOMEADOS FIGHT FOR YOU de Judas e o Messias Negro; Música de HER e Dernst Emile II; Letra de HER e Tiara Thomas HEAR MY VOICE de Os 7 de Chicago; Música de Daniel Pemberton; Letra de Daniel Pemberton e Celeste Waite HUSAVIK do Eurovision Song Contest: The Story of Fire Saga; Música e letra de Savan Kotecha, Fat Max Gsus e Rickard Göransson IO SI (SEEN) de Rosa e Momo; Música de Diane Warren; Letra de Diane Warren e Laura Pausini FALE AGORA de One Night in Miami ...; Música e letra de Leslie Odom, Jr. e Sam Ashworth MELHOR FILME NOMEADOS O PAI David Parfitt, Jean-Louis Livi e Philippe Carcassonne, produtores JUDAS E O MESSIAS NEGRO Shaka King, Charles D. King e Ryan Coogler, produtores MANK Ceán Chaffin, Eric Roth e Douglas Urbanski, produtores MINARI Christina Oh, produtora NOMADLAND Frances McDormand, Peter Spears, Mollye Asher, Dan Janvey e Chloé Zhao, produtores BELA VINGANÇA Ben Browning, Ashley Fox, Emerald Fennell e Josey McNamara, produtores O SOM DO SILÊNCIO Bert Hamelinck e Sacha Ben Harroche, produtores OS 7 DE CHICAGO Marc Platt e Stuart Besser, produtores DESIGN DE PRODUÇÃO NOMEADOS MEU PAI Peter Francis; Decoração do cenário: Cathy Featherstone A VOZ SUPREMA DO BLUES Mark Ricker; Decoração do cenário: Karen O'Hara e Diana Stoughton MANK Donald Graham Burt; Decoração de Cenários: Jan Pascale RELATOS DO MUNDO David Crank; Decoração de Cenários: Elizabeth Keenan TENET Nathan Crowley; Decoração do cenário: Kathy Lucas MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO NOMEADOS BURROW Madeline Sharafian e Michael Capbarat GENIUS LOCI Adrien Mérigeau e Amaury Ovise IF ANYTHING HAPPENS I LOVE YOU Will McCormack e Michael Govier OPERA Erick Oh YES-PEOPLE Gísli Darri Halldórsson e Arnar Gunnarsson MELHOR CURTA-METRAGEM EM LIVE ACTION NOMEADOS FEELING THROUGH Doug Roland e Susan Ruzenski THE LETTER ROOM Elvira Lind and Sofia Sondervan THE PRESENT Farah Nabulsi e Ossama Bawardi TWO DISTANT STRANGERS Travon Free e Martin Desmond Roe WHITE EYE Tomer Shushan e Shira Hochman MELHOR SOM NOMEADOS GREYHOUND: NA MIRA DO INIMIGO Warren Shaw, Michael Minkler, Beau Borders e David Wyman MANK Ren Klyce, Jeremy Molod, David Parker, Nathan Nance e Drew Kunin RELATOS DO MUNDO Oliver Tarney, Mike Prestwood Smith, William Miller e John Pritchett SOUL Ren Klyce, Coya Elliott e David Parker O SOM DO SILÊNCIO Nicolas Becker, Jaime Baksht, Michellee Couttolenc, Carlos Cortés and Phillip Bladh EFEITOS VISUAIS NOMEADOS PROBLEMAS MONSTRUOSOS Matt Sloan, Genevieve Camilleri, Matt Everitt e Brian Cox O CÉU DA MEIA NOITE Matthew Kasmir, Christopher Lawrence, Max Solomon e David Watkins MULAN Sean Faden, Anders Langlands, Seth Maury e Steve Ingram O GRANDE IVAN Nick Davis, Greg Fisher, Ben Jones e Santiago Colomo Martinez TENET Andrew Jackson, David Lee, Andrew Lockley e Scott Fisher MELHOR ROTEIRO ADAPTADO NOMEADOS BORAT: FITA DE CINEMA SEGUINTE Roteiro de Sacha Baron Cohen & Anthony Hines & Dan Swimer & Peter Baynham & Erica Rivinoja & Dan Mazer & Jena Friedman & Lee Kern; História de Sacha Baron Cohen e Anthony Hines e Dan Swimer e Nina Pedrad MEU PAI Roteiro de Christopher Hampton e Florian Zeller NOMADLAND Escrito para o cinema por Chloé Zhao UMA NOITE EM MIAMI ... Roteiro de Kemp Powers O TIGRE BRANCO Escrito para o cinema por Ramin Bahrani MELHOR ROTEIRO ORIGINAL NOMEADOS JUDAS E O MESSIAS NEGRO Roteiro de Will Berson e Shaka King; História de Will Berson e Shaka King e Kenny Lucas e Keith Lucas MINARI Escrito por Lee Isaac Chung BELA VINGANÇA Escrito por Emerald Fennell O SOM DO SILÊNCIO Roteiro de Darius Marder e Abraham Marder; História de Darius Marder e Derek Cianfrance OS 7 DE CHICAGO Escrito por Aaron Sorkin PRÊMIO HUMANITÁRIO JEAN HERSHOLT TYLER PERRY Por conta de sua dedicação a comunidade por meio de inúmeras doações e gerações de emprego.

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