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  • Critica – Viúva Negra (Cate Shortland, 2021)

    O filme solo da Viúva Negra é repleto de tiro, porrada e bomba, é mais do mes... da Marvel. O corona vírus atrapalhou tudo como já estamos cansados de saber e de falar, com a Marvel não foi diferente, uma das maiores produtoras de cinema do mundo passou o ano de 2020 sem lançar absolutamente nada inédito, algo que não acontecia desde quando a história d´Os Vingadores (Joss Whedon, 2012) começou a se cruzar com Homem de Ferro (Jon Favreau, 2008) esse é o motivo de muita gente estar roendo as unhas por um filme de herói, ou seria “herói” – sabemos que esse Viúva Negra é um filme de despedida de Natasha Romanoff (Scarlett Johansson), que durante anos foi nada mais que uma coadjuvante. Depois o público acabou se afeiçoando à personagem e lógico que a Marvel não iria perder a chance de um filme solo para arrecadar mais alguns milhões, fato é que, o filme é pífio, o estúdio perdeu a chance de explorar melhor a espiã. O filme é, basicamente, uma volta ao passado da protagonista, sobre a qual pouco ou nada se sabia. Até aí é justo, os mais curiosos ficam satisfeitos. Logo no começo do filme fica claro que ela faz parte de uma experiência governamental para que ela se torne uma espiã e assassina, a maior assassina que existe, só que com o andar da carruagem ela descobre que sua família não era sua família de verdade e sim espiões russos. Anos se passam e Natasha reencontra sua irmã Yelena (Florence Pugh), que a recruta em uma missão para salvar outras mulheres, vítimas do programa da Sala Vermelha. Os tropeços começam, o filme tem não só o intuito de arrecadar mais alguns milhões de bilheteria e assinaturas no Disney+, mas também de entregar um filme que passe a mensagem de que a personagem cumpriu com a sua missão e tudo isso acontece da forma mais genérica possível, com longas cenas aéreas de ação para impressionar, muita correria, tiroteio e atrizes envelopadas em colã, fazendo poses sensuais, aliás, um dos melhores momentos do filme é quando Yelena (Florence Pugh) tira um barato das poses que Natasha (Scarlett Johansson) faz quando cai de certa altura. Ao invés de aproveitar a situação que tem em mãos, estamos falando de um filme de protagonismo feminino, a diretora e os roteiristas, claro, preferiram entregar um derivado de Capitão América e o Soldado Invernal (Anthony & Joe Russo, 2014). O pior mesmo é como a Marvel simplesmente não consegue tratar com dignidade o abuso como tema. Sim, o filme toca no assunto, mas de forma forçada, parece que faz apenas por obrigação, como parte das escolhas feitas pelo estúdio. Poderíamos ter tido um filme que contasse a história de Natasha sem esses típicos traumas e nuances, mas... O público que busca por ação frenética e cenas enlouquecedoras como mencionei acima, com certeza vai ficar satisfeito, a diretora Cate Shortland – a mesma da minissérie Falcão e o Soldado Invernal – tem personalidade e as cenas de ação são a prova disso, porém, são cenas repetitivas, tantas lutas e explosões que acabam saturando, o lado bom do filme fica todo por conta de Florence Pugh, que, para a surpresa de absolutamente ninguém, consegue arrancar uma boa atuação de uma personagem quase petrificada, mas o resultado final é mais do que a Marvel fez todos esses anos, desperdiçou a personagem e agora, já era.

  • Justiça de Roraima censura reportagem sobre contrabando de ouro

    A ação foi proposta por uma mulher, supostamente, flagrada oferecendo ouro do garimpo ilegal nas terras Yanomamis O juiz Air Marin Junior, do 2º Juizado Cível de Boa Vista (RR), atendeu ao pleito da fisioterapeuta Thatiana Nascimento Almeida, no processo e determinou retirada provisória dos trechos da reportagem que a citavam, até que uma audiência de conciliação ocorra para que as partes cheguem a um entendimento. A medida deferida concedeu liminar determinando a retirada do ar de trechos da reportagem “‘Compro tudo’: ouro Yanomami é vendido livremente na rua do Ouro, em Boa Vista”, produzido pela Amazônia Real, em parceria com a Repórter Brasil, publicada em 24 de junho deste ano em ambos os sites. A retirada foi feita por medida de caráter liminar/provisório, sem decisão transitada em julgado e sem nenhuma audiência para ouvir a Repórter Brasil, o que pode ser interpretado como censura, pois fere a liberdade de imprensa, prevista no artigo 5°, inciso IX da Constituição. Além disso, “nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social”, determina também o artigo 220 da Constituição. “Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo, não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição” Em sua manifestação nos autos, os advogados André Ferreira e Eloísa Machado, do Coletivo de Advocacia em Direitos Humanos (Cadhu) defendem: “A conduta da Repórter Brasil é perfeitamente lícita e implica o exercício regular do direito de informar. Por isso, não pode receber nenhuma reprimenda, seja a retirada de conteúdo do ar, seja o pagamento de indenização por supostos danos morais” e destacam que: “um dos primeiros sintomas de falência democrática de uma nação é o desprezo pelos veículos de comunicação e à liberdade de imprensa”. Para justificar a decisão, o magistrado faz referência sobre a “alta probabilidade” de que a autora da ação esteja certa em suas alegações. Com a decisão o magistrado penalizou a apuração jornalística publicada pela ong Repórter Brasil, uma entidade reconhecida internacionalmente por suas confiáveis coberturas de temas sensíveis como escravidão contemporânea e agressões aos direitos dos povos nativos/indígenas. Mesmo reconhecendo que a apreciação do processo não foi “exaustiva”, o que significa que não foi analisada nos mínimos detalhes do mérito da questão, o juiz ordenou que a matéria fosse editada, suprimindo todos os trechos que fizessem referência a autora da ação. “Toda a documentação juntada e as alegações da autora indicam, pelo menos nesta seara não exaustiva, a alta probabilidade de que a autora tenha razão”. A ordem judicial foi cumprida e os trechos da reportagem que faziam referências à autora foram retirados. A ONG Repórter Brasil afirmou que irá recorrer da decisão, mas se viu obrigada a acatar a decisão que previa multa de cinco salários-mínimos em caso de descumprimento da liminar. A reportagem citada, faz parte da série Ouro do Sangue Yanomami e denuncia a aquisição ilegal de ouro extraído da Terra Indígena Yanomami por dezenas de pequenas ‘joalherias’ que ficam na Rua do Ouro, em Boa Vista, na capital de Roraima. Nos três dias em que os repórteres da Amazônia Real estiveram nas pequenas lojas, teriam, supostamente, flagraram a autora da ação, entrando em um dos estabelecimentos e perguntando ao vendedor se ele comprava ouro do garimpo. A resposta foi “compramos tudo”. “... a cena flagrada é descrita na reportagem, que, antes da publicação, procurou a envolvida por telefone e pela rede social. O telefone caiu na caixa postal durante os três dias em que a reportagem tentou contato. Após envio de mensagem pela rede social por mensagem particular, ela apagou o perfil. A reportagem também enviou mensagem pelo WhatsApp e a servidora se negou a esclarecer as questões e respondeu com ameaça de processo aos jornalistas”. Aponta nota de esclarecimento publicada no site Repórter Brasil Após a publicação da reportagem, o Ministério Público Federal abriu investigação para apurar as possíveis ligações da autora da ação judicial com o garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami. O resultado poderá ser encaminhado à Polícia Federal com pedido de abertura de inquérito. A íntegra da decisão do magistrado tem acesso público e pode ser consultada no site do Tribunal de Justiça do Estado de Roraima (TJRR): Nº do processo: 0817011-31.2021.8.23.0010

  • 10 coisas para desejar, após melhora de Bolsonaro

    "Desejo prontas melhoras..." veja 10 coisas menos good vibe e mais urgentes para se desejar, agora que o Jair desentupiu. O presidente da república, Jair Bolsonaro, começou a semana que passou, agitando a imprensa. No dia 14 de julho, após quase duas semanas de desconforto abdominal e crises de soluço, o presidente acordou com dores mais agudas, cancelou a agenda e demandou que o cirurgião gástrico Antônio Macedo, o mesmo que o operou em 2018, viajasse para Brasília para avaliar a eventual necessidade de uma cirurgia de emergência, para desobstruir o intestino de Jair. Acabou que apesar do susto e da estranha transferência de Bolsonaro, do hospital militar em Brasília, para o hospital Vila Nova Star em São Paulo, o caso não passou de uma obstrução intestinal que aparentemente foi resolvida com tratamento clínico, sem necessidade de intervenção cirúrgica. O Brasil, diferente da selvageria revelada contra outros políticos em momentos de fragilidade, reagiu muito bem, de forma educada muita gente, normalmente vista criticando o presidente, correu para se solidarizar. Exemplos não faltam, mas esse é um editorial e não uma cobertura jornalística sobre o caso, por isso, ao invés de replicar os desejos de melhoras – já atendidos, afinal, o presidente recebeu alta na manhã desse domingo –, esse editorial irá sugerir uma dezena de outros desejos nobres para se compartilhar nas redes sociais: 01 – Começando pelo óbvio, melhoras aos internados por covid: “Desejo que as mais de 20 mil pessoas internadas em UTIs com Covid-19, por falta de políticas de restrição de circulação, se recuperem prontamente...” 02 — O desejo pode ir ainda mais longe: “... e que as 50% que vão sobreviver, não integrem a estatísticas da “covid-longa”, dos quais aproximadamente 25% morrerão em 6 meses e outros tantos terão sintomas por mais de um ano”. 03 – Um desejo mais leve: Talvez você queira algo mais ligado a vida, então que tal: “Desejo que a vida dos 70% de moradores de favela em dificuldade alimentar melhore, mesmo que o auxílio emergencial só sirva para comprar menos de 14% de uma cesta básica em São Paulo” 04 – O copo meio cheio: Pode ser que esse editorial esteja olhando o copo meio vazio, que tal vermos por outro ângulo: “Desejo que os R$ 40 que SOBRAM, do salário-mínimo, depois de comprar uma cesta básica em São Paulo, seja suficiente para as famílias pagarem seus aluguéis e a conta de luz reajustada em 11,38%. Sem contar, é claro, o aumento de 52% na bandeira vermelha”. 05 – Um olhar para o futuro: Tudo bem, vamos aceitar que tudo isso seja reflexo da pandemia e que ela está no fim, então é melhor saber o que desejar. Pode ser algo como: “Desejo que os 85% de brasileiros adultos que ainda não completaram o esquema vacinal, não sejam acometidos pela variante Delta. A variante Delta é a responsável pela 3ª onda em nações como o Reino Unido; muito mais transmissível, a variante se tornou predominante e hoje responde por mais de 90% dos casos de contaminação detectada. Isso acontece depois de a região já ter vacinado mais de 50% da população adulta”. 06 – Deseje milagres: Aos religiosos, cabe sempre a busca da fé: “Desejo que esse vírus encontre o caminho da luz e renuncie a essa vida errante de homicídios” 07 – Desejo permanente: Para corrigir e reparar a escravidão brasileira, a maior do mundo, “Desejo que a reforma agrária aconteça e retire a concentração latifundiária da monocultura de grãos para ração” 08 – Desejos mais básicos; Quando o governo dificulta o acesso ao básico, nossos pedidos precisam ser mais modestos: “Desejo o pronto restabelecimento dos estoques reguladores de alimentos, uma prática tão antiga quanto as sociedades minimamente civilizadas, para que a alimentação seja, de fato, um direito humano de todos e não o desafio de sobrevivência que é para muitos”. 09 – Desejo contra a violência... “Desejo que os bancos sejam proibidos de sacanear seus clientes, usando de meios (juros) cruéis e motivo torpe (a miséria)” Talvez possa desejar algo mais racional: “Desejo o pronto restabelecimento da sanidade mental, dos banqueiros brasileiros, para que eles percebam que não precisa haver uma lei que regule a taxa de juros, para eles pararem de agir como maníacos econômicos, que violenta a economia popular com os juros do tamanho da jeba de Sex/Life. Bastaria o bom senso de replicar a proporcionalidade de acordo com outros mercados mundiais”. 10 – Que o gigante deixe de sentir orgulho de sua, igualmente gigante, ignorância: “Desejo o pronto restabelecimento do bom senso democrático, para que Bolsonaro tenha sido o último ignóbil, a sentar na cadeira de presidente, desse já tão sofrido, Brasil.” O Brasil é quem mais precisa de um pronto restabelecimento. Este editorial deseja tudo que foi citado acima.

  • Cinema&Sexualidade – Musa Winslet, negócios, trio & Fim

    A musa do cinema, os que ficam no meio e o fim. Cinema&Sexo é uma série especial de publicações da Dossiê etc, escrita por Cleber Eldridge, sobre a relação íntima que existe entre a sétima arte e o pecado da carne. Capítulos anteriores: 01 - "Cinema&Sexualidade – Virgindade e o Amadurecimento Sexual". 02 - "Cinema&Sexualidade – Polêmicas e abusos" 03 - "Cinema&Sexualidade – Luz, câmera e corpos em ação" KATE WINSLET O público sempre tem sua musa inspiradora, isso varia muito de uma época para outra, a beleza muda de tempos em tempos, mas existe uma atriz que por muito tempo foi musa inspiradora de muita gente, não por menos, Kate Winslet é uma das melhores atrizes da história do cinema e muitos diretores quiseram trabalhar com ela, em 2011 ela fez a seguinte declaração: “Estou com 34 anos e não posso mais me expor. Se as pessoas veem meus seios em um filme e dizem que não são naturais, então é ótimo. Mas não posso mais continuar fazendo isto. As Pessoas já viram meu corpo demais”. Winslet sabia do que estava falando, nos anos 90 e 2000 ela foi a atriz sensação, muitos filmes, muitas indicações ao Oscar e ao Globo de Ouro e muitas cenas sem roupas, muitas mesmo. Os mais desatentos ou leigos podem não saber quem é Kate Winslet, ou melhor, sabem mas não ligam o nome à pessoa, pois bem, ela é a Rose, de Titanic (James Cameron, 1997) todo mundo conhece o filme, a história, a bilheteria e os protagonistas, foi ai que Leonardo DiCaprio e Kate Winslet se tornaram estrelas, ela muito mais do que ele, mas ambos já tinham uma carreira antes do estrondo que foi Titanic, Winslet já tinha exibido seu lindo corpo em Almas Gêmeas (Peter Jackson 1994) e Paixão Proibida (Michael Winterbottom, 1996). Os anos foram se passando e Winslet foi só melhorando, o amadurecimento fez com a atriz se tornasse o que alguns chamam de “deusa”. Na obra-prima Pecados Íntimos (Todd Field, 2006) ela interpretou Sarah, uma personagem cheia de sensualidade e mostrou seu lado sexual com vigor, mas foi em O Leitor (Stephen Daldry, 2008) que a atriz finalmente ganhou seu Oscar e claro, muitas cenas sensuais a ajudaram. Kate Winslet foi, é e sempre será sinônimo de grande atriz e sensualidade. HOLLYWOOD E A PROSTITUIÇÃO “Ela é uma senhora ou é uma prostituta? Insulte-a. Se for uma prostituta, ficará zangada. Se for uma senhora, sorrirá”. Viver a sua Vida – Jean-Luc Godard Se falarmos em prostituta no cinema, qual o primeiro filme que chega a sua mente? São tantas as histórias de prostitutas que foram aos cinemas, que eu poderia ficar horas aqui falando, mas vamos àquelas que o grande público lembra, como Uma Linda Mulher (Gary Marshall, 1990), filme que deu à Julia Roberts o mundo, é o conto de Cinderella nas ruas de Nova Iorque, um milionário acha uma prostituta e decide transformar a mesma em uma outra pessoa; A Bela da Tarde (Luis Buñuel, 1967) talvez seja o melhor filme sobre o assunto, com Catherine Deneuve como protagonista e Buñuel, mestre do surrealismo, um dos filmes mais marcantes do diretor que narra a história de uma mulher totalmente infeliz no casamento e que encontra, em um bordel, uma maneira de satisfazer suas fantasias sexuais. Eu disse que eram muitos filmes, só pra mencionar alguns outros títulos sobre o assunto: Poderosa Afrodite (Woody Allen, 1995), Los Angeles – A Cidade Proibida (Curtis Hanson, 1997) e Malena (Giuseppe Tornatore, 2000). 1 + 1 = 3 : MÉNAGE A TROIS “O Sexo entre duas pessoas é uma coisa linda, mas entre três é fantástico” – Woody Allen O cinema sempre ficou entre uma e outra, entre o conservador ou o liberal, tratar o sexo com naturalidade ou como tabu. Colocar três pessoas na mesma cena, na maior pegação, transando, trepando, seja lá como for, sempre foi complicado, mas corajoso que o cinema é, nos brindou com momentos deliciosos com sotaque francês... ménage a trois. Laranja Mecânica (Stanleu Kubrick, 1971) entraria em qualquer tema do nosso especial, a obra-prima de Kubrick nos deleita com sexo, muito sexo, homossexualidade, sadomasoquismo, nudez frontal e, claro, uma ménage entre duas garotas e o protagonista, Alex de Large, ao som de William T. Overture e Rossini. Outro clássico, Os Sonhadores (Bernardo Bertolucci, 2003), mostra uma das cenas mais excitantes dos últimos anos entre os protagonistas Eva Green, o delicioso Louis Garrel e Michel Pitt transando loucamente na banheira, no chão, na cama, no sofá e por ai vai e claro que Woddy Allen não ficaria de fora, em Vicky Cristina Barcelona (Woody Allen,2008) colocaria Javier Bardem entre duas beldades do cinema atual, Penelope Cruz e Scarlett Johasson. E assim chega ao fim nosso especial sobre a maestria com que o cinema aborda a sexualidade, espero que nosso especial tenha aguçado sua curiosidade para explorar todas as fantasias, afinal, o cinema é apenas o meio, a inspiração para um gran finale na vida real... seja só, em dupla ou na suruba, explore suas fantasias! E aí, foi bom para você?

  • LISTA: As melhores series indicadas ao Emmy 2021 e onde assistir.

    Separe um tempo, prepare a pipoca e se prepare para maratonar essas pérolas da televisão. O prêmio mais importante da televisão americana foi anunciado na última terça-feira, a Academia de Artes e Ciências Televisivas divulgaram os que consideram os melhores do ano em vários seguimentos, entre eles as comédias, dramas, minisséries, reality e talk shows – uma variedade enorme e para todos os gostos. Eu, como um verdadeiro “fanboy” de premiações, anualmente acompanho e vejo todos os indicados, uma brincadeira pessoal de escolher quem seria o verdadeiro merecedor dos prêmios, lógico que quase nunca isso se torna uma verdade. Para ganhar os prêmios, como em qualquer premiação existe toda uma agenda a se cumprir, não basta ser a melhor em seu segmento, mas também é necessária uma verdadeira campanha para que só então, os prêmios cheguem. Separei então as cinco melhores indicações – em qualquer segmento – para você maratonar aí na sua casa, para quando chegar a premiação, em meados de setembro, você mesmo julgue se foi justa ou não a premiação. Para fazer a lista assisti à todas as indicadas, sem mais delongas, essas são as melhores: 5. The Handmaid’s Tale (4ª temporada, Paramout+) O que muitos de nós esperávamos aconteceu, ou melhor começou acontecer, June (Elizabeth Moss) ainda tem um longo percurso até que sua "vingança" seja concluída, mas a quarta temporada deu umas passadas bem longas e rendeu alguns dos melhores momentos da série, Elizabeth Moss não só brilhou em frente às câmeras como dirigiu os dois melhores episódios e a cena final foi o ápice, bela temporada. 4. Pose (3ª temporada, Netflix) GOD SAVE ELEKTRA! Por onde começar ... tenho certeza absoluta de que a série aguentava mais uma ou duas temporadas, impressionante, quando Ryan Murphy finalmente faz algo que valha nosso tempo, dura apenas três míseros anos, mas fazer o que, o jeito é se contentar. O que importa é que Pose já entrou para a história e a última temporada tratou cada personagem com a delicadeza e o carinho que eles mereciam, não ficou nenhuma ponta solta e todos os cativantes, carismáticos e maravilhosos personagens tiveram o final merecido, essa temporada teve o melhor e mais divertido episódio de toda a série e Elektra (Dominique Jackson) é um ÍCONE, ÍCONE, ÍCONE - só faltou mesmo mais momentos no baile, que foi a marca da série. LIVE, WERK, POSE. 3. Mare of Easttown (Minissérie, HBOMax) Só digo uma coisa, se Anya-Taylor (O Gambito da Rainha) ganhar o Emmy, eu vou ficar muito puto, sério. O draminha de uma cidadezinha, onde todo mundo acha que se conhece e um assassinato abala a comunidade, já é conhecido do público, uma reviravolta aqui, outra ali, com uma policial marrenta, tudo muito clichê, né? Pois é, parece, mas não é o caso aqui. Kate Winslet, o mundo é seu, minha filha. 2. The Crown (4ª temporada, Netflix) O soco e a força que essa temporada é, não dá para descrever, eu sinceramente não saberia escolher uma temporada, todas elas são excelentes por iguais, essa tem tanta força quanto a primeira porque conta momentos importantíssimos da história da família real. Diana, uma "plebeia" mudou tudo, se tornou querida do mundo, a princesa do povo e Charles é um bosta, egoísta e mesquinho, Olivia Colman (seria a nova Meryl Streep?) é uma monstra em cena, olhares e sutilezas, merece o Emmy, mas me fez passar raiva; Rainha Elizabeth ISENTONA chega irritar, Thatcher, mulher nojenta e Gilliam um pouco afetada, mas bem ... fácil uma das melhores temporadas do ano, que venham os prêmios! 1. I May Destroy You (Minissérie, HBOMax) QUE PORRADA! QUE SOCO! QUE SÉRIE NECESSÁRIA! O cotidiano de uma jovem, negra, escritora em ascensão na tumultuada Londres, até que uma noite de balada ela é estuprada. A série mostra o trauma, a dificuldade da mulher independentemente de passar por isso e como a polícia é falha, como os amigos são necessários, como lidar e superar isso, como nossa infância nos molda. Uma série importantíssima e necessária, forte candidata a melhor minissérie do ano!

  • Emmy 2021 - Indicados e Comentários

    Repleta de ausências por conta do prazo de elegibilidade, a lista dos indicados de 2021 parece ter sido coerente O anúncio dos indicados a 73ª edição do Emmy, prêmio anual mais importante da televisão mundial, aconteceu na manhã de terça (13) e com algumas surpresas, como já era esperado, já que a grande maioria das séries que costumam ser indicadas, não eram elegíveis esse ano, séries como Better Call Saul, Ozark e a vencedora do ano passado Succession, não tiveram temporada no período de elegibilidade da Academia de Artes e Ciências Televisivas, que vai de maio a maio de cada ano. A cerimônia desse ano acontecerá presencialmente no dia 19 de setembro e será transmitida ao vivo pela CBS e na plataforma Paramount+, a apresentação da cerimônia ficara a cargo de Cedric the Entertainer. AS SURPRESAS O que acontece todo ano se repetiu, as surpresas e pouquíssimas ausências, Cobra Kai (Netflix) recebeu uma misera indicação à melhor série de comédia, com toda certeza, lembrança de consolação; já The Boys (Amazon) sucesso de critica e público recebeu algumas indicações, entre elas a de melhor série drama, talvez seja uma tática da Academia pra atrair público para a cerimônia; Emily in Paris (Netflix) conseguiu, sabe-se lá como, uma indicação à melhor série comédia, algo muito estranho já que foi por causa dessa série que a Associação Estrangeira de Hollywood (Globo de Ouro) caiu em desgraça e todo aquele bafafá por conta de corrupção dentro da entidade veio a luz. A Academia Televisiva, ao contrário da de Cinema, nunca deixou os afro-americanos de fora, Lovecraft Country (HBO) recebeu uma porrada de indicações, dentre elas a melhor série drama e quase todo o elenco também foi indicado, elenco esse composto majoritariamente por negros. Pose (FX) também entrou para a história, MJ Rodriguez finalmente conseguiu sua indicação e entrou para a história, ela é a primeira atriz transexual indicada em qualquer categoria da premiação, história sendo feita. AS POUCAS ESNOBADAS Se Small Axe (Amazon) foi celebrada no Globo de Ouro, SAG e BAFTA, acabou esnobado nos Emmy, não deu pra John Boyega e nem para Pedro Mescal de The Mandalorian (Disney+) que mesmo indicado em melhor série drama, ficou fora de melhor ator. O elenco de The Queen’s Gambit (Netflix) também acabou boicotado, não rolou para Bill Camp e Marielle Heller. Joseph Fiennes também ficou no time dos esnobado por The Handmaid’s Tale (Hulu) a série foi uma das mais indicadas. INDICAÇÕES E APOSTAS As líderes de indicações foram The Crown (Netlflix) e The Mandalorian (Disney+) com 24 indicações cada. Demorou, mas parece que a Netflix finalmente vai conseguir seu prêmio, The Crown já é a favorita. WandaVision (Disney+) logo atrás com 23 indicações e The Handmaid’s Tale (Hulu) com 21, Ted Lasso (Apple+) também foi ótimo e é o favorito na categoria de melhor comédia. A série recebeu 20 indicações. Já a preferida da pessoa que vos fala Mare of Easttown (HBO) com a maravilhosa Kate Winslet recebeu 16 indicações. Preparem a pipoca! Indicados: MELHOR SÉRIE DE DRAMA · The Boys · Bridgerton · The Crown · The Handmaid’s Tale · Lovecraft Country · The Mandalorian · Pose · This Is Us MELHOR ATRIZ EM SÉRIE DE DRAMA · Uzo Aduba (In Treatment) · Olivia Colman (The Crown) · Emma Corrin (The Crown) · Elisabeth Moss (The Handmaid’s Tale) · Mj Rodriguez (Pose) · Jurnee Smollett (Lovecraft Country) MELHOR ATOR EM SÉRIE DE DRAMA · Sterling K. Brown (This Is Us) · Jonathan Majors (Lovecraft Country) · Josh O’Connor (The Crown) · Regé-Jean Page (Bridgerton) · Billy Porter (Pose) · Matthew Rhys (Perry Mason) MELHOR ATRIZ COADJUVANTE EM SÉRIE DE DRAMA · Aunjanue Ellis (Lovecraft Country) · Gillian Anderson (The Crown) · Helena Bonham Carter (The Crown) · Emerald Fennell (The Crown) · Madeline Brewer (The Handmaid’s Tale) · Ann Dowd (The Handmaid’s Tale) · Yvonne Strahovski (The Handmaid’s Tale) · Samira Wiley (The Handmaid’s Tale) MELHOR ATOR COADJUVANTE EM SÉRIE DE DRAMA · Michael K. 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  • O Brasil e suas cartas embaralhadas!

    Quanto nos resta de combustível moral? A política brasileira vive um de seus mais intensos momentos. À beira de atingir seu ápice, falcatruas, propinas, descaso e valentia canina, surgem no prato da balança, em contrapeso com a parte das instituições legislativas, jurídicas, que devem pontuar, conduzir e solucionar esses pesos que ficam nas costas da sociedade como um todo. Não só pesa no bolso do contribuinte, também faz surgir um inconformismo entre ter que arcar com responsabilidades inerentes a qualquer cidadão, assistindo ao inverso disso dentro das esferas públicas, como se ocupar um cargo no baixo, médio ou alto escalão já garantisse, desde o início, isenção ou perdão. O governo federal vem atacando qualquer parte que não o defenda. Para garantir o jogo, embaralha as cartas a todo instante, sempre reiniciando para o ponto em que ele quer. No alto comando do país, o que se vê é uma criança birrenta que considera jornalistas como gentalha, urnas eletrônicas são vistas como um brinquedo que não lhe interessa mais e, pouco importa se isso fere a democracia conquistada. O voto impresso nesse momento lhe soa como uma cartilha pré-primária, portanto mais adequada à sua visão pueril de mundo e de atitudes. Estranhamente visto até por muitos de seus eleitores, uma aversão à sua conduta e personalidade tem sido expressa não só nas grandes avenidas do país. Há protestos eclodindo em lugares diversos, desde projeções feitas em importantes marcos do mundo e até em cerimonias como recentemente surgiu, em Cannes. Nessa conduta de cartas marcadas ou caídas, com revelações que surgem a todo instante, cercadas de envolvidos em negociações terrivelmente atrozes, qual passa a ser o papel dos nossos defensores? Que atitudes e condutas temos visto em prol de garantir a isenção da população em gastos desse porte, tirando-lhe das costas esses pagamentos indevidos, somados à grande falta de educação, de saúde, de empregos, de saneamento? Uma verdadeira indústria de Fake News dissemina assuntos, vídeos e, a busca pelo filtro se perde no meio do caminho. Para onde olhar? Em quem acreditar? Embora muitos possam afirmar que o país sempre teve dessas coisas, o que fica difícil de aceitar é o fato que estamos em outro século, onde imperam as necessidades de transparência, responsabilidade e atuação coerente por parte daqueles que ocupam cargos, eleitos ou indicados. A nação está minando diante de situações que geram desânimo, falta de perspectiva e receio para investir e empreender. Não nos faltam modelos de sociedades mais justas e progressistas. Sabe-se que aquilo que é bom para um país não é necessariamente bom a outro, mas sempre há algo de positivo e sensato para se basear, desde que haja interesse político. Sem contar nossos modelos internos e falidos que necessitam de urgente mudança, como nas licitações, por exemplo. Repaginar, não nos interessa mais. Certamente esse é um aspecto que precisa ser modificado com urgência, ou seja, interesse político pensado junto ao povo e voltado para ele. O contrário tem nos afetado de forma brutal. Não há mais lógica ou razão, por isso tanto se perde. Todo poder político fica sim cercado por um jogo, sabemos disso. É inerente e possível. O que não dá para ser aceito é transformar isso num carteado, onde ouro fica com políticos, paus com o povo, tudo isso numa mescla de ases que, na hora h, tira ou esconde na manga seu trunfo. Paletós são trajes que não combinam com atitudes obscuras. Melhor seria então, não usá-los. As propostas são sempre retrógradas, insinuam querer voltar num tempo como se fosse possível consertar, lá atrás, aquilo que tem solução clara e evidente hoje, e para hoje. São vacinas perdidas, seguidas de vidas. São rachadinhas, cheques, malas com dinheiro, ataques, descasos, propostas indecentes, contratos fraudulentos. Ainda assim, pesquisas de institutos diferentes revelam uma insatisfação bastante grande com relação ao atual governo. Notada desde o começo, somente agora vem atingindo níveis altos de desconfiança e incompetência. Um atraso também na percepção da população, mas compressível diante de séculos com cultura negada, educação de baixa qualidade e desvalorização justificada por meritocracia. Mas sim, efetivamente sim, que o país aprenda com esses erros em trazer de volta pessoas tão alheias à nossa realidade. Não podemos mais nos dar ao luxo de escolhas tão pífias, ineficientes e desastrosas, cobertas de discursos moralistas, religiosos, soltos ao vento e também presos a amarras que, no final, laçam o povo, tolhem seus direitos, fecham suas bocas, aumentam seus impostos e criam um abismo profundo entre poder e povo. O país desarrumado em crises, em fome, em mortes e em pontos de vista extremos, não precisa de cartas, nem de trincas, nem de trunfos. O Brasil precisa urgentemente voltar a ser mais do que um país no mapa. Precisa cercar seu território das hienas de paletó, deixando-as fora do poder e dentro de seu espaço selvagem. Apenas lá, como a natureza pede.

  • Cinema&Sexualidade – Luz, câmera e corpos em ação

    Pele, sensações e ideias... O Cinema sabe bem como mexer com nossos sentidos. Cinema&Sexo é uma série especial de publicações da Dossiê etc, escrita por Cleber Eldridge, sobre a relação íntima que existe entre a sétima arte e o pecado da carne. Capítulos anteriores: 01 - "Cinema&Sexo – Virgindade e o Amadurecimento Sexual". 02 - "Cinema&Sexualidade - Polêmicas e abusos" Ao longo das próximas semanas essa série mostrará como o cinema tem retratado o início da vida sexual, sexo a três, nudez, orgasmos, até temas mais delicados como estupros, prostituição e ninfomania contidos nesse texto. Se inscreva na newsletter, as próximas semanas prometem. “Indecente é você ter que ficar despedido de cultura” Ultraje a Rigor Só o que se falou nessas últimas semanas foi da fatídica cena de Sex/Life, em que um dos personagens mostra todo o seu dote, tudo aquilo, segundo uma entrevista que o ator Adam Demos concedeu, a cena foi real, o ator disse que precisava sentir a realidade, que não iria se sentir confortável usando uma prótese, como é de costume cenas como essa, cá entre nós, ele não precisava de prótese nenhuma, afinal se aquilo for realmente real, Demos é a personificação do que chamamos de “dotados”. Falemos então do “nu frontal”, a nudez que durante muitos anos foi proibido nos filmes, um verdadeiro tabu. Mas os tempos mudaram e os diretores queriam e precisavam se expressar de forma mais liberta, aos poucos a coisa foi se soltando e a nudez está cada vez mais normalizada. O nu feminino é o mais comum, não precisa pensar muito para relembrar de algumas das mais lindas atrizes sem roupa, já o masculino sempre foi raro e continua, afinal de contas, nem todo o ator tem a coragem de Michael Fassbender em Shame (Steve McQueen, 2013) e mostrar tudo – medo de ser julgado, talvez – quem não assistiu o ótimo Traídos Pelo Desejo (Neil Jordan, 1992) não faz ideia de como uma cena assim é essencial para uma trama. Os atores, atualmente estão ficando mais à vontade, alguns deles nem pensam duas vezes quando o assunto é fazer uma cena de nu frontal, Senhores do Crime (David Cronemberg, 2007) tem uma cena sensual de Viggo Mortensen; e como se esquecer da polêmica cena final de Killer Joe (William Friedklin, 2011) em que Matthew McConaughey agride um dos personagens enquanto seu dote balança e posa para câmera? Por aqui, no Brasil, terra da pornochanchada isso é assunto superado e vergonha não há, Wagner Moura, Caio Blat e Cauã Reymond já se exibiram em filmes, mas a mais famosa – e recente – é a de Juliano Cazarré em Boi Neon (Gabriel Mascaro, 2013). ORGAMOS “Eu te levei no pedalinho, simba safari e no Plyacenter. Parque da Mônica, trenzinho e matinês, mas sua satisfação um dia, me deixou pasmo, só porque nunca te levei a um tal lugar chamado orgasmo” – AeroSilva Temido por uns, fingido por outros e desconhecido para muitos, os orgasmos sempre permearam o imaginário popular, muito disso com a ajuda do cinema. “Botar pra dentro” ou “sentar com força” e chegar no ápice, naquela gozada, naquele orgasmo, naquela gemida, naquele aaaaah! – nada como gozar, né? O cinema, claro, jamais ficaria de fora e usou e abusou dessa explosão de sentimentos para encantar os espectadores... quem não se lembra da clássica cena de Harry & Sally (Rob Reiner, 1989) em que a protagonista simula um orgasmo no meio de uma lanchonete lotada, ou de Jim Carrey levando Jennifer Aniston ao céu no hilário Todo Poderoso (Tom Shadyac, 2003). O orgasmo é uma coisa única, todo mundo gosta, todo mundo precisa e nem sempre precisa ser escandaloso, O Fabuloso Destino de Amélie Poullain(Jean-Pierre Jeunet, 2001) tem uma das cenas mais lindas e delicadas, quando a protagonista tem seu primeiro orgasmo na vida, filme lindo. MÃO AMIGA E EJACULADAS “Não despreze a masturbação, afinal, é fazer sexo com quem você mais ama” Woody Allen Pois é, acredite se quiser, mais ainda tem muito marmanjo e marmanja por ai que têm vergonha de falar que bate uma, toca uma, chame como quiser, não que a masturbação alheia seja da conta de alguém, mas vergonha por quê? Para quê? do quê? Ken Park (Larry Clark, 2002) é quase uma aula de masturbação tanto feminina quanto masculina e sabia que alguns brinquedos podem te ajudar, estimular? Os brasileirinhos como sempre, não ficam de fora, De Pernas Pro Ar (Roberto Santucci, 2010) que o diga, já O Som ao Redor (Kleber M. Filho, 2013) mostra que mesmo com uma rotina pesada, filhos, casa, isso e aquilo, as mulheres sempre e devem arrumar um tempo para se dedicar ao próprio prazer. O líquido expelindo, os dedos dos pés se contorcendo, a boca seca, o coração acelerado, os órgão latejam... gozou. Todo Mundo em Pânico (Keene Ivory, 2000) fez uma paródia bizarra do ato de ejacular, a cena com a famosa erupção de esperma fez muita gente chorar de rir, já em 9 Canções (Michael Winterbottom, 2004) ejacular a cada uma hora, todo os dias é normal – já pensou, que delicia? – por outro lado, a ejaculação em Anticristo (Lars Von Trier, 2009) pode ser perturbadora e traumatizante. Liberte suas fantasias, seus desejos e suas curiosidades, se tiver dificuldades, sempre haverá um bom filme para te ajudar.

  • LISTA - 5 séries para entendermos a sociedade

    Não há como analisar o presente, sem saber o que aconteceu no passado. Confira 5 séries épicas que mostram porque somos assim. "Eu vejo o futuro repetir o passado, eu vejo um museu de grandes novidades. O tempo não para" O Tempo Não Para - Cazuza O mundo em que vivemos é cheio de defeitos. A espécie dominante, nós humanos, somos egoístas, gananciosos, bélicos e extremamente irracionais quando fatores como sentimentos e religião são considerados na equação, porém, embora pareça o contrário, as coisas estão melhorando e temos tudo para que as coisas melhorem em um ritmo cada vez maior. Como veremos na lista que preparei o, cobiçado e turístico, velho continente foi construído sobre campos de sangue e irracionalidade e se lá encontraram uma forma de frear os erros do passado e prover dignidade às pessoas para instalar um mínimo Estado de Bem-Estar Social, significa que podemos ter alguma chance também. Como diria o Cleber: “sem mais delongas”, vamos aos nomes: Os Bórgias (Neil Jordan, 2011) Por milênios grandes impérios se mantiveram firmados na certeza de que seus líderes foram escolhidos pelo próprio Deus. Supostamente empossados por Deus, os reis tinham poderes supremos sobre o reino e tudo que nele era produzido. Da distribuição de alimentos, até as decisões de Guerra, tudo era decidido pelos reis. E se os reis eram empossados por Deus, quem era o mensageiro? O sacerdote, óbvio. Não importa para qual reinado se olhe, o que todos têm em comum é a testemunha do Deus que passa o recibo e fica ao lado do monarca. Sacerdotes, bispos, bruxos, feiticeiros etc. Vários nomes para definir aquela figura mística e/ou mítica que garante, frente ao temor popular, que aquela pessoa é de fato o escolhido. Os Bórgias é uma série que não mostra o sacerdote de um reino, mostra o sacerdote dos sacerdotes da Europa Renascentista, o Papa. Rodrigo de Borja/Borgia foi o Papa Alexandre VI, sobrinho de Affonso de Borja (Papa Calisto III) e protagonizou um dos momentos mais decadentes do poder na Europa Cristã. Uma série que na minha opinião faz House of Cards parecer sessão da tarde. Enquanto os EUA, ainda estão no 46º presidente, quando Alexandre VI assumiu o trono papal, a estrutura política do Vaticano já tinha assistido a 212 sucessões papais. Trama política de primeira, com um enredo histórico riquíssimo. Disponível em: Starz Play Marco Polo (John Fusco, 2014) O capitalismo, a economia de mercado e a rota da seda. A série é inspirada nas aventuras do Mercador Marco Polo que serviu de diplomata e braço direito nas decisões econômicas de Kublai Khan, o 5º grande Khan do Império Mongol. Não se trata de uma biografia fiel, mas mostra muito bem como o “globalismo” é uma realidade antiga e em 1271 o dinheiro já ditava as regras e definia as prioridades políticas. O comércio internacional já acontecia em grandes volumes com rotas bem estabelecidas, acordos multilaterais, tributação de cargas, desembaraços aduaneiros e claro, guerras, sangue, sexo, belas locações, uma superprodução que não deu muito resultado para a Netflix, mas eu indico, porque nesse tempo o Atlântico ainda não havia sido cruzado, as Américas eram isoladas, habitadas por seus nativos e povos originários, então tudo nos parece muito novo, mas em 1.200, a rota da seda era muito mais do que uma rota comercial, era a prova de uma diplomacia pujante. Onde assistir: Netflix The Last Kingdom (Nick Murphy, 2015) – Uma história de imposição da fé, pela força Uthred (Alexandre Dreymon) é um personagem ficcional que homenageia uma figura que supostamente existiu com algumas diferenças em relação ao personagem em um período de mais de 100 anos após o período da história retratado na série, por volta dos anos 850 a 900. A série consegue mostrar como todos nós, independentemente de religião ou origem, podemos ser bons ou ruins a depender do meio que vivemos e das necessidades que não nos são atendidas. A série é uma óbvia crítica a obsessão de Alfredo O Grande (David Dawson) em reunir os reinos saxões naquela que seria tida como Inglaterra, sob uma perigosa premissa de alinhamento religioso. Logo, os vikings que tinham outra crença, em outros deuses, com outros dogmas e prioridades, eram vistos como inimigos imperdoáveis, inegociáveis e que deveriam ser extintos. De fato, muito menos organizados, foram expulsos daquela região, dando fim a idade do ferro e abrindo a idade média. Uma das transições históricas mais sanguinárias, necessária para entender o caminho que nos levou a atual organização geopolítica europeia e que mostra a importância histórica dos mercenários guerreiros, muitas vezes escondidos pelas histórias oficiais que os reinos registram sobre si. Disponível em: Netflix Império Romano (David O’Neill e John Ealer, 2016) O berço das instituições: O império Romano foi o mais importante dos impérios para o que hoje se entende como civilização. Se observarmos nosso cotidiano, encontraremos muita influência romana, desde o estado de direito, o ordenamento jurídico, organização e representação política. Se as partes boas carregamos até hoje, as partes ruins vieram junto, como por exemplo a grande influência dos mais ricos na representação política. A série mistura cenas épicas, muito bem-feitas, com a narração de historiadores especialistas no estudo do Império Romano, um conteúdo rico que organiza as informações para o espectador e entrega uma porção daqueles momentos “noooossa, é por isso que...” em quem assiste. Cômodo, Júlio César, Calígula, leis, senado, conselheiros, influência, hábitos... Não há como entender o mundo que nos rodeia, a força e onipresença do latim, o desejo sexual e a opulência humana, sem entender o que foi o Império Romano, dada a importância dessa influência que persiste até hoje. Onde assistir: Netflix Black Sails (Neil Marshall, 2014) A resistência ao poder imposto, um sopro de esperança no coração dos sonhadores. À primeira vista pode parecer que a série é personalista, que tem um protagonista e os coadjuvantes, mas essa série não conquistou o primeiro lugar por isso, pelo contrário, é o simbolismo do que ela representa que a trouxe até aqui. Black Sails se passa em Nassal, uma ilhota nas Bahamas, o refúgio dos errantes, dos condenados, dos injustiçados, perseguidos e escravizados. Nassau foi a república pirata que tentou resistir a expansão do capitalismo de sangue e vislumbrou naqueles perseguidos pelos mandos e desmandos do velho continente, a chance de um recomeço no ainda pouco conhecido novo mundo. Até hoje rotulam de pirata tudo o que há de ruim, ou de falso na sociedade, mas o que a série mostra é uma realidade de convivência marginal. Homossexuais, ex-marinheiros descartados pelas coroas, escravos fugitivos, imigrantes de todas as regiões do mundo, prostíbulos, bares, hospedarias, tráfico. Tudo aquilo que existe desde que o mundo é mundo, mas ali também se desenha uma verdadeira democracia representativa com voto direto e direitos inimagináveis para a época. Através da democracia pirata, a tripulação de um navio poderia, por exemplo, através do voto direto escolher seu capitão e, por vezes, o capitão deposto continuava atuando como parte da tripulação, um espírito democrático de fazer inveja no “Aécio Snows”... Diferente dos cornéis que à essa época já começavam o reinado das dinastias brasileiras, capitães de Navio não eram incontestáveis, tinham “contra-mestres” que eram o elo de ligação entre a tripulação que caso discordasse de decisões dos capitães, poderiam pleitear mudanças por meio dos contramestres. Coisa fina! Uma democracia prática e representativa que colocou mulheres no comando de navios. Capitãs de dezenas, centenas de marujos, escolhidas por força do voto direto e respeitadas por sua posição em uma época que a mulher era uma mera serva das vontades de seus maridos. Longe de ser uma utopia pacífica, a série retrata os crimes, saques, revoltas, rebeliões e batalhas em alto mar de tirar o fôlego. Cenas e diálogos que fazem jus a curiosa história da ilha dos excluídos. Onde assistir: Starz Play BÔNUS: O reino perdido dos Piratas (Patrick Dickinson e Stan Griffin, 2021) Indo direto ao ponto, como eu sei que vocês ficarão órfãos de Black Sails, porque a série é realmente muito legal para quem curte uma boa aventura épica. O Reino Perdido Dos Piratas é uma série documental dramatizada no mesmo estilo de Império Romano. O mais legal é que depois de assistir Black Sails, você pode reconhecer alguns dos muitos personagens da série da “Starz Play” na série da Netflix. Black Sails foi muito feliz em misturar personagens fictícios, com personagens reais sobre os quais há boa documentação histórica produzida pelos impérios da época, já que os piratas eram ameaças reais, tendo realizado roubos históricos a navios mercantes e também navios de transporte de valores da coroa espanhola. Menos romântico do que Black Sails, O Reino Perdido dos Piratas se prende aos registros históricos e reafirma muitos dos nobres valores democráticos e de liberdade que compunha o código de conduta dos piratas e de Nassau. Nessa série a realidade bate mais forte e você descobrirá que apesar da grande fama dos piratas, a maioria deles não sobrevivia ao comando de um navio mais do que alguns poucos anos e a curta história da ilha pirata, deixa claro que a liberdade é um sonho que morre cedo. Como diria o capitão Nascimento em Tropa de Elite 2: “O sistema é foda”. Onde assistir: Netflix

  • A história já fez justiça, faltam as desculpas

    Barroso admitiu que Dilma não foi afastada por crimes, mas sim por motivos políticos. Foi golpe! A imprensa é, sem sombras de dúvidas, o órgão mais importante no contexto de uma democracia (pressupondo, claro, que por se tratar de uma democracia, o estado de direito já está posto). Historicamente coube à imprensa agir na vanguarda das ideias e coube a ela a denúncia de ideias e ações que precisam ser ultrapassadas. Desde os casos de corrupção mais corriqueiros, até os casos mais escandalosos como a Vaza-Jato , todos vieram à luz graças ao trabalho investigativo da imprensa. Porém, nem todas as virtudes do mundo são capazes de apagar os erros cometidos. A esses, depois de cometidos, resta apenas o reconhecimento, arrependimento e o pedido de desculpas. Apesar de sua grande importância a imprensa muitas vezes errou ao longo do tempo, para além daqueles veículos sensacionalistas que nascem para o erro e cultivam trajetórias errantes até seu fim, mais recentemente representados por sites e blogs com autores ocultos que têm como razão de ser o objetivo de desinformar dolosamente. Ignorando todos esses que usam o erro como método de trabalho, precisamos falar de veículos de imprensa sérios, com profissionais sérios, ainda que submetidos a controles editoriais que agem a serviço de interesses de mercado. Veículos como Estadão, Folha, Veja, Globo e outros tantos grandes dependentes do comércio de mídia, que muitas vezes se deixam levar pelo calor do momento e pela opinião de seus anunciantes. Em nossa história recente assistimos veículos que, incitados pela venda de manchetes fáceis e cliques curiosos, cedem a narrativas de eventos duvidosos e pouco embasados em fatos de formas que iludem e distorcem a visão de justiça de um povo sofrido, pouco educado, pouco lido e, portanto, vulnerável a desinformações absurdas como a “mamadeira de piroca”, como esse mesmo povo poderia discernir a notícia, da tinta forçada de grandes veículos? Contra a presidente Dilma Rousseff a falta de profissionalismo não foi focalizado, foi generalizado, o bom senso e a apuração viraram a exceção, era uma agenda explícita: tirar a Dilma para liberar as reformas. O caminho? Lavajatismo. Primeiro foi realizada uma cobertura de orelhada, com uma péssima prática de apuração jornalística, pitaqueiros de plantão, como a bancada da Globo News, ganharam mais espaço e fizeram questão de atacar, para além do que se possa considerar razoável, apresentando temas importantes para o desenvolvimento nacional, sem contrapontos, fazendo coro por posições econômicas que não são consenso nem dentre economistas consagrados. Muito pouco contribuíram para que o público entendesse o que se estava sendo dito, pelo contrário, o discurso do medo e a temerária comparação com a Venezuela ditaram a ordem do dia por meses. Ainda hoje, 5 anos após o processo de afastamento da presidenta Dilma, pouca publicidade foi dada para os reais motivo da derrocada de Dilma. Justiça seja feita, Dilma tentou coibir o modus operandi corrupto utilizado por muitos políticos do centro legislativo do país. Além da “faxina” ministerial, feita em 2011, feita sob a desconfiança de que tal ato supostamente, enfraqueceria a figura política de Dilma, ao invés de simplesmente elencar os conhecidos motivos das substituições ministeriais terem se dado; Embalada pela reeleição em 2014, Dilma também foi terminantemente contra a reeleição de Eduardo Cunha (MDB) para a presidência da câmara afim de priorizar a agenda econômica do país e aprovar pautas sociais. Mesmo chantageada por Cunha que a ameaçava com a abertura do processo de impeachment (mesmo sem crimes de responsabilidade existentes), Dilma foi valente como poucos políticos teriam coragem de ser, seu sucessor Temer, por exemplo, muito diferente disso, seguiu pelo caminho mais fácil e usou emendas para conseguir votos que barrassem sua investigação no STF e a aprovação da tão sonhada reforma trabalhista e previdenciária ao gosto dos liberais, porém, os prometidos empregos e ajuste fiscal jamais vieram.. Dilma vetou pautas bombas como o explosivo aumento de 78% para servidores do judiciário, um absurdo imoral que com certeza causaria danos ao erário e poderia levar a responsabilização de Dilma por uma eventual improbidade administrativa. Grande conhecedor de manobras regimentais Cunha fez de tudo um pouco para inviabilizar o governo de Dilma Rousseff e amparado por políticos movidos por interesses outros, conseguiu. De acertos e erros se faz um governo Claro que as críticas sobre a condução econômica do governo Dilma podem e devem, legitimamente, serem feitas, porém, o curioso disso é que normalmente os erros apontados são erros como a concessão de benefícios fiscais para estimular a indústria a produzir com preços acessíveis e garantir empregos sempre que um setor ameaçava demissões em massa, como virou rotina o setor automobilístico fazer. Ou seja, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, a FIESP dos patos e sapos infláveis, pressionou o governo por esses abatimentos fiscais que geravam as críticas e, a mesma FIESP, pressionou muito por uma “reforma trabalhista” que na verdade é “reforma escravagista”, que retira direitos e ganhos reais das camadas mais vulneráveis da população, os trabalhadores. É inconcebível que ainda hoje esse tipo de reforma seja cogitada em uma economia dependente do mercado consumidor interno, enquanto a concentração de renda aumenta em ritmo exponencial, sentenciando o Brasil a 8ª posição de país mais desigual do mundo. Essa parte da história a mídia de grande alcance, criticada aqui, retratou com um nome muito palatável, bonito e de difícil compreensão para o grande público a “desoneração da folha”. Essa a Dilma não topou e fez bem. Dilma limpou os ministérios, tirou de Cunha o controle da distribuição de cargos na Itaipu, rompeu com Cunha indicando Arlindo Chinaglia (PT-SP) para concorrer à presidência da câmara, vetou todas as pautas bombas indo contra Eduardo Cunha e contra a pressão do judiciário. Segundo palavras da Mônica Moura, mulher de João Santana, ex-marketeiro do PT, em uma audiência com o ministério público afirmou categoricamente que ela e o marido foram procurados por Marcelo Odebrecht para que pedissem à Dilma que o atendesse para intervir por ele, naquele momento já investigado pela Lava Jato. Mônica foi taxativa, disse que Dilma, certa de que seu nome não estaria envolvido em nada, se recusou veementemente a atendê-lo e a intervir na investigação contra a Odebrecht. Para criar o cenário de pânico, diziam que era coisa de comunista a manutenção de empresas estatais estratégicas como a Petrobrás, Eletrobrás e os Correios; toda a política de subsídios de combustíveis e gás de cozinha foram condenadas, como se no Brasil a pobreza não existisse e a população estivesse preparada para lidar com o aumento em cadeia que o preço de insumos básicos como energia geram. Hoje a gasolina já passou de R$ 6,00, os aumentos acumulados nos combustíveis já passam de 30% e a inflação sobre os alimentos deteriora a renda dos brasileiros mais pobres, simplesmente porque o atual governo extinguiu os estoques públicos regulatórios de preços. Os alimentos estão sendo todos exportados sem compra mínima pelo governo. Na prática, a ausência desses estoques reguladores, faz com que o brasileiro pago em real, tenha que disputar produtos com o mercado internacional, tendo, portanto, que acompanhar a cotação do produto em dólar, uma catástrofe econômica de qualquer ponto que se olhe. Faltou a grande mídia entender de Brasil, entender que subsídio para energia no Brasil não é uma medida populista, é uma política social de inclusão. Não faz o menor sentido, um país produtor de insumos, praticar um preço flutuante internacional para regular o consumo interno cujas variações da renda do cidadão não acompanham a flutuação do câmbio. O efeito prático disso é o encarecimento do transporte público, do frete, dos produtos de consumo básicos que passam a ser transportados e produzidos com uma energia mais cara. Essa cadeia de impactos cresce feito uma bola de neve e quando essa bola encontra as camadas mais pobres da população, culminam no uso de lenha, quando não outros combustíveis mais perigosos e imprevisíveis como o álcool que vitimou o Sr. Stive Daves, brasileiro que sem condições para comprar o gás de cozinha se submeteu a um risco desnecessário e inaceitável para o século XXI. Os caprichos da História: Eduardo Cunha foi condenado, um corrupto regular com o qual Dilma fez frente e se recusou a ceder; Aécio, seu algoz, foi flagrado negociando com Joesley Batista valores a serem entregues para seu primo, já que seu primo, nas palavras de Aécio, era um que eles “matassem antes de fazer delação”; Marcelo Odebrecht foi condenado e preso; Romero Jucá, o gênio flagrado em ligação propondo “um grande acordo com supremo, com tudo” para “estancar a sangria” segue investigado; Temer, um dos maiores beneficiados desse grande acordo, o vice decorativo, hoje é tão decorativo quanto uma múmia do Cairo, viu o resto de prestígio político que ainda tinha ser substituído pela fama de golpista. Lamentavelmente seu nome continuou a surgir em investigações de corrupçãom chegando a ser preso em uma ação desastrada do juiz Marcelo Bretas (outro que caiu no ostracismo); Moro, vergonhosamente, aceitou cargo no governo Bolsonaro, após prender Lula, candidato que liderava a corrida eleitoral. Hoje, símbolo da vergonha nacional aceitou trabalhar na empresa que gerencia a recuperação judicial da Odebrecht, empresa que ele mesmo condenou e, depois de ser flagrado na “Vaza-jato”, Moro ainda se tornou persona non grata entre os juristas mais notáveis do mundo, chegando a ser cancelado em eventos por ameaça de boicote dos demais participantes que se recusaram a dividir palco para falar de corrupção com um palestrante que, conforme comprovado pela “Vaza-Jato”, corrompeu o Estado Democrático e de Direito e descumpriu preceitos básicos do código de processo penal, se beneficiando diretamente de seu desvio ao aceitar o cargo de Ministro da Justiça do adversário de quem prendeu. Por falar em “Vaza-Jato”, bendito seja o bom e saudável jornalismo investigativo que antes de publicar a série de matérias, reuniu vários veículos de imprensa, para, em consórcio, analisarem tamanha quantidade de mensagens oferecidas pelo hacker Walter Delgatti Neto. Muito diferente da apuração sobre a lava-jato da Globo, que trabalhou como impressora dos procuradores da lava-jato, imprimindo qualquer coisa que lhes fosse oferecido. Nessa toada a Globo “imprimiu” até apresentação de Power point ao vivo, cheio de convicção e sem nenhuma prova. No final a força tarefa foi desmoralizada até ao justiceiro Deltan Dallangnol saiu dessa história devendo explicações. Na verdade, ele se utilizou do subterfúgio da prescrição, algo que ele criticava nos réus que acusava, mas que caiu como uma luva para ele, após audiência que analisaria sua conduta ser adiada por 42 vezes. Contra Lula não resta nenhum outro processo. Todos que passaram pelas mãos de Moro foram cancelados após a revisão do entendimento do ministro Edson Fachin declarando que os processos estavam fora da competência da 13ª vara de Curitiba, além da flagrante suspeição do magistrado em julgar aquele que ele tinha como inimigo político. É hora da "mea-culpa": A Globo, que já assumiu e se desculpou por ter apoiado o golpe militar em 1964, foi uma das emissoras que mais contribuiu para a ruptura institucional que começou no impeachment da presidenta Dilma e culminou na eleição de uma pessoa com pouquíssimo apreço pela democracia e que, semana após semana, tenta estimular uma espécie de “autogolpe”. O grupo Globo levará 49 anos para reconhecer o erro de romper com a democracia e criminalizar a atividade política? Será que vai levar 49 anos para se arrepender do vergonhoso dia que incentivou protestos contra a presidente Dilma, com boletins em cada um dos intervalos comerciais da programação? Quanto tempo demorará para a imprensa se envergonhar e se arrepender de ter dado palanque para o “grupelho protofascista”, como Haddad definiu o MBL. Grupelho que com um discurso raso, insuflou o movimento golpista, até então se dizendo apartidário e sem ambições políticas, mas que logo se revelaram obsessivos pelo poder e pelas mamatas da vida pública que sempre criminalizaram. Como bem se viu, “o mundo não girou, capotou”, as coisas se arranjaram, a história fez justiça em tempo recorde e Dilma, diferentemente de seus algozes que covardemente a atacaram, está livre, sem acusações, sem investigações, sem culpa, sem malfeitos, sem improbidade e símbolo de um país que por interesses escusos é capaz de romper com os valores mais fundamentais de uma nação. A história fez justiça pela honra de Dilma, a essa altura, até um dos, se não o mais lavajatista dos ministros do STF já reconhece que o impeachment foi um golpe político. Mas não achemos que está tudo bem, ainda faltam as desculpas e o aperfeiçoamento das práticas jornalísticas para que o erro não se repita. Todos aqueles que contribuíram para o Impeachment de Dilma, todos àqueles que acharam razoável jogar uma mulher inocente aos leões sob o pretexto de uma condução econômica desastrada, saibam: tem a digital de vocês nas teclas que elegeram Bolsonaro. Não se pode, sob o pretexto de rearranjo econômico depor uma presidenta legitimamente eleita pelo voto direto, com uma agenda bem definida e que doa a quem doer, foi a agenda escolhida pela maioria dos votos. Governos ruins passam, uma democracia enfraquecida deixa sequelas graves. Não basta saber que Dilma é inocente, é preciso que aqueles que agiram injustamente tenham a decência de se desculparem pelo desastre que culminou na eleição de Bolsonaro e consequentemente na pior gestão da pandemia do mundo. À Dilma, esse editorial gostaria apenas de desejar os melhores ares por onde quer que vá, infelizmente esse país não estava preparado para uma mulher capaz de peitar gangsters. Ao contrário, nomearam o gângster como o “malvado favorito” deles e em seguida veio o desastre chamado Bolsonaro. Somos um país errante. “Todos esses que aí estão Atravancando nosso caminho, Eles passarão... Nós passarinhos!” Poeminho do contra – Mario Quintana

  • Crítica - Sex/Life (Patricia Rozema, 2021 - 1ª Temp.)

    Quando Desperate Housewives encontra Cinquenta Tons de Cinza O amor é essencial para cada um de nós, aquele amigo que se torna namorado, aquele desconhecido que se torna marido, a vida se encarrega de colocar as pessoas nos nossos caminhos, se ela é a pessoa certa ou errada, só o tempo para confirmar, se for a pessoa certa, ótimo, você vai casar, comprar uma casa, fazer uma porrada de filhos, envelhecer e morrer, se não for a pessoa certa, o ciclo começa tudo de novo, até que você encontre sua alma gêmea, a metade da sua laranja e faça parte do grupo de casados e felizes da vida, essa é a vida da maioria esmagadora da humanidade, mas no meio de tudo isso, tem algo muito importante: o sexo. O pensamento da criadora Stacy Rukeyser foi esse, podemos ser felizes no casamento e ao mesmo tempo ter “sexo de qualidade”? – entre aspas porque isso é muito relativo – a série gira em torno da Billie, interpretada por Sarah Shashi que, desde o primeiro até o último episódio não tem expressão alguma, é uma verdadeira porta e isso inclui as muitas cenas de sexo, ela começa fantasiar e escrever um diário relembrando os momentos intensos e sexuais que viveu com seu ex-namorado Brad (Adam Demos que viralizou por conta da cena na academia) quando seu casamento com Cooper (Mike Vogel) começa ficar morno, o surto de nostalgia vira um problema quando, em uma bela manhã, Cooper acaba lendo o diário onde Billie registra todos os seus devaneios e começa a confusão que cá pra nós, uma verdadeira bobagem, problemas sem cabimento e que poderiam ser resolvidos com um estalar de dedos. Os acertos da série são poucos, mas tem alguns, como colocar uma mulher de meia-idade, com dois filhos e em plena fase de lactação, fato é que a libido das mulheres costuma ficar mais intensa nesse período e a série mostrou isso relativamente bem. Outro ponto alto é que todos os episódios foram dirigidos por mulheres e focou única e exclusivamente no prazer feminino, não vemos em momento algum close-up do Brad ou Cooper chegando ao orgasmo, já as meninas, uma sucessão delas. Os problemas são muitos, as cenas de sexo tomam tanto tempo da série que acabam deixando a narrativa de lado, sim, é uma série que foca no sexo, mas são incontáveis as cenas de sexo, muitos devaneios do roteiro para mostrar uma coisa mais quente - mas, cá entre nós, quem é que vai reclamar ou se quer lembrar da importância da narrativa, quando tem um monte de gente bonita e gostosa em tela e em mais da metade do tempo elas estão sem roupa?! É muito mais fácil entreter assim do que pensar em como desenvolver o problemático relacionamento, aliás, quando as discussões começam a ficar boa, o roteiro sempre apela para as cenas de sexo, isso porque, assim como todas as relações “quentes” desse tipo de história, a dinâmica entre Billie e o ex é desconfortavelmente próxima de um relacionamento abusivo. O mesmo serve para Cooper, que tenta incansavelmente recuperar o seu casamento e os momentos com Billie, mas no meio de tantas tentativas de recuperar e apimentar a relação, fica evidente e escancarado que o personagem só quer recuperar o seu orgulho, aliás, Mike Vogel está muito astuto, é o único de todo o elenco que dá para salvar. A série faz parecer que a protagonista está no meio de um furacão, quando claramente ela está, apenas, tomando uma garoa, afinal de contas, a “culpa” é toda dela, ela entrou ali e ela deveria saber sair, ou, na melhor das hipóteses, deveria saber que não poderia ser de outro jeito, que ela nunca seria capaz de ter uma relação saudável em que, ao mesmo tempo, o sexo é de qualidade. Por fim, a tentativa pífia de ser um drama erótico acaba transformando a série num encontro de donas de casa desesperadas com fetiches sexuais. Tem momentos quentes e uma narrativa que simplesmente não anda resultando no que eu chamaria de: péssimo entretenimento. Ao que tudo indica a série terá continuação, aguardemos...

  • Cinema & Sexualidade: Polêmicas e abusos

    Colaborou: Antônio Pedro Porto A longa e conturbada relação do cinema com o sexo e os abusos... Cinema&Sexo é uma série especial de publicações da Dossiê etc, escrita por Cleber Eldridge, sobre a relação íntima que existe entre a sétima arte e o pecado da carne. O primeiro artigo da série foi "Cinema&Sexo – Virgindade e o Amadurecimento Sexual". Ao longo das próximas semanas essa série mostrará como o cinema tem retratado o início da vida sexual, sexo a três, nudez, orgasmos, até temas mais delicados como estupros, prostituição e ninfomania contidos nesse texto. Se inscreva na newsletter, as próximas semanas prometem. Entrega-te ao prazer absoluto. Nada nas águas quentes dos pecados da carne. Pesadelos eróticos além de qualquer medida. – Rocky Horror Picture Show O cinema, os diretores, produtores e especialmente os estúdios sempre foram cuidadosos quando se trata de sexo, por uma série de fatores: alguns atores ou atrizes se recusam na hora de filmar cenas de sexo explícito, ou cobram cachês adicionais que encarecem o o projeto. Claro que para isso existe dublê de corpo, mas alguns diretores são carrascos e exigentes, o que pode resultar em problemas; outro empecilho é que quando há cenas de sexo explícito, a classificação do filme passa para Maiores de dezoito (+18), o que pode prejudicar a bilheteria. Aparcela correspondente ao público adolescente é muito grande, tudo precisa ser minuciosamente estudado Na semana passada eu abordei temas relativamente mais tranquilos, agora entraremos numa área mais espinhosa, então... violência sexual e estupros. “Estupro é um dos crimes mais terríveis da Terra. O problema dos grupos que lidam com o estupro é que eles tentam ensinar a mulher se defender. Enquanto o que precisa ser feito, é ensinar o homem a não estuprar” – Kurt Cobain O estupro é algo inadmissível e não consigo nem imaginar a sensação que uma mulher – e até alguns homens – sentem depois de passar por um ato grotesco como esse, mas é claro que o cinema, como arte, tentou muitas vezes entender como o ser humano se sente diante disso, tanto o estuprado quanto o estuprador. Irreversível (Gaspar Noé, 2002) é sem qualquer dúvida, o filme mais difícil que eu já assisti em toda minha vida e, ainda assim, é uma obra-prima, talvez um dos filmes mais violentos que existem. Quando estreou mundialmente, na competição de Cannes em 2002, o filme foi vaiado durante a exibição, não é de surpreender, a cena do estupro é uma das coisas mais horríveis de se assistir, porque você consegue sentir a mulher sendo atacada, estuprada, agredida, a verdadeira miséria, fica o alerta, precisa ter estômago para encarar o filme. O sádico diretor Lars Von Trier também relatou o estupro em Dogville(Lars Von Trier, 2003) que ao contrário do filme mencionado anteriormente, foi aplaudido em Cannes, a obra é uma comparação brutal do diretor com a América. O estupro é um crime hediondo e todos sabemos disso, ainda assim a justiça consegue falhar miseravelmente em alguns casos, há algumas semanas noticiou nos jornais que um juiz não condenou dois policiais acusados de estuprar uma garota em uma viatura porque a garota – a estuprada – simplesmente não reagiu. Pois é, não dá para acreditar em algumas coisas, o filme Millennium – Os Homens que não Amavam as Mulheres (David Fincher, 2011) faz um retrato da justiça que a pessoa escolhe, a justiça com as próprias mãos. No filme a protagonista é estuprada, uma cena tensa e o estuprador sai impune, ao menos é o que ele achava, é quando a garota decide se vingar dele, exatamente na mesma moeda, sim, ela decide estuprar ele e sim, isso é possível, uma cena ainda mais difícil de assistir, já que, obviamente, a garota é muito mais cruel com o estuprador. Engana-se quem acha que só mulheres são estupradas, Amargo Pesadelo (John Boorman, 1972) conta a história de quatro amigos que, depois de muito tempo sem se encontrar, se juntam para descer uma última vez as correntezas de um rio, antes que ele se torne uma represa, mas eles jamais imaginariam o inferno que os aguardava. Um dos personagens é encurralado por um grupo de caipiras que o estupra e o obriga a gritar como um porco. A cena foi censurada em vários países e faz com o que os homens se sintam na pele de uma vítima de estupro, sem contar que como um todo, é um ótimo filme. A arte imita a vida e a vida repete a arte Infelizmente, é bem verdade que nem sempre os abusos estiveram só no roteiro. Por trás das câmeras o cinema também ficou marcado por escândalos como estupros e abusos em cena, como no caso do filme O Último Tango Em Paris (Bernardo Bertolucci,) em que a atriz Maria Schneider contracenava com Marlon Brando em uma cena de estupro. Porém Brando utilizou um recurso que não estava planejado, passou um tablete de manteiga de fato na região anal da atriz de apenas 19 anos, sem avisá-la antes. Apavorada e sem reação por estar diante de grandes nomes do cinema (Marlon e Bertolucci, 1972) a jovem atriz guardou esse segredo até 2007 e garantiu que apesar de ser uma cena de estupro, as lágrimas e a angústia eram reais, a atriz foi estuprada diante das câmeras. Em 2016 a internet viralizou um vídeo em que, “Bertolucci”, o diretor, assume que essa monstruosa atitude foi planejada por ele e combinado com Brando, sem o consentimento da atriz: "A sequência da manteiga é uma ideia que eu tive com Marlon na véspera da filmagem. Eu queria que Maria reagisse, que ela fosse humilhada... ...Eu não queria que ela interpretasse a raiva, eu queria que ela sentisse raiva e humilhação " Avançando no tempo para os anos 90, em 1994, o cinema registrou uma das cenas mais “anticlímax” da história da sétima arte. O filme O Especialista (Luis Llosa, 1994), estrelado Sharon Stone e Sylvester Stallone conseguiu transformar o que era para ser uma cena erótica de dois amantes arrebatados pelo desejo em um chuveiro, em uma cena “broxante” de uma mulher sendo forçada a algo que ela realmente não quer. Tudo começou porque Sharon não queria fazer cena de nudez. Com a carreira já muito marcada pela cruzada de pernas mais famosa do cinema, em Instinto Selvagem (Paul Verhoeven, 1992), lançado 2 anos antes, a atriz decidiu que uma cena de sexo não fazia sentido para sua carreira, atitude que já tinha cravado no filme Invasão de Privacidade (William Baldwin, 1993). Diante da recusa, a arma utilizada por Stallone para convencer a colega, foi embebedá-la e tal qual fez Bertolucci, Stallone também contou isso com orgulho por ter tido uma suposta sacada de mestre desde o lançamento do filme, mas com mais detalhes em 2006: “Chegamos ao set e ela decidiu que não queria tirar a roupa. O diretor pediu à maioria da equipe que saísse do quarto, mas ela continuava se negando a tirar. Se eu havia prometido que não passaria do limite com ela, então qual era o problema? ‘É que estou de saco cheio de nudez’, disse ela. Eu pedi que ficasse de saco cheio disso no filme de outro. Como ela não se convencia, fui até o meu trailer e peguei uma garrafa de vodka Black Death que Michael Douglas tinha me dado. Após algumas doses, éramos puro tesão.” Sylvester Stallone respondendo sobre a cena do banheiro em entrevista para o site Ain´t It Cool Não nos enganemos, esses não são casos isolados. Nos últimos anos o movimento #MeToo deu voz a milhares de vítimas de predadores sexuais da indústria audiovisual, que antes se sentiam acuadas para denunciar personalidades tão poderosas. Dentre os principais nomes denunciados pelo movimento orgânico da rede social está Harvey Weinstein, um verdadeiro magnata, fundador da Miramax, que já foi uma das produtoras cinematográficas mais importantes do mundo Já mais próximo do mundo leigo, está o nome de Kevin Spacey, que também foi denunciado pelo movimento #MeToo por abusar de menores de idade. Por conta dessa denúncia ele foi imediatamente afastado das produções Netflix e House Of Cards, a trama política de maior sucesso do mundo, foi simplesmente cancelado pela plataforma de streaming que demonstrou tolerância zero para esse tipo de comportamento. O ator ainda responde a processo na justiça. NINFOMANIA “A ninfomania não existe. É algo que os homens inventaram para controlar os desejos femininos” – O Diário de uma Ninfomaníaca Afinal, o que é ninfomania? O dicionário diz: desejo excessivo, anormal e permanente que ocorre em algumas mulheres ou fêmeas. Historicamente falando, sabemos que os homens são seres altamente sexuais, que sexualizam tudo e que colocariam o pênis em qualquer buraco que se mova e, em alguns casos, o buraco nem precisa se mover. Mas também sabemos que, qualquer prática em excesso pode se transformar em sérios problemas, pensando nisso Shame (Steve McQueen, 2011) segue essa linha, conta a história de Brandon (Michael Fassbender), um cara que precisa – ao menos é o que ele acha – transar todos os dias e em alguns casos, mais de uma vez por dia, seja com homens ou com mulheres, ele precisa gozar e não consegue se dar conta de que tem um problema. Já Ninfomaníaca I & II (Lars Von Trier, 2013) segue uma linha contraria, o filme conta de forma poética, a história de uma mulher, desde o seu nascimento até a casa dos cinquenta anos e toda sua transformação, desde os primórdios quando ela era uma criança qualquer, até ela se tornar uma adolescente sexual e se transformar em uma adulta ninfomaníaca normal, porque o filme trata isso como se fosse uma coisa natural e com uma certa romantização e eu, sinceramente, entendo algumas pessoas têm apetite sexual mais forte e está tudo certo, transem o quanto quiserem e se protejam. EXPLICITO “Oh! Sejamos pornográficos. Por que seremos mais castos que nosso avô português?” Trecho de Em Face dos Últimos Acontecimentos – Carlos Drummond de Andrade Garganta Profunda (Gerard Damiano, 1972) foi o primeiro filme erótico em cinemas comuns, contava a história de uma mulher que descobria ter um clitóris na garganta, sucesso absoluto conquistou muitos admiradores com o passar dos anos, entre eles o escritor Truman Capote, o ator Warren Beatty, o cantor Frank Sinatra e muitos outros, o filme é até hoje reconhecido por moldar a cultura sexual dos Estados Unidos. De tão significativo que é para a indústria cinematográfica, em 2013 foi lançado Lovelace (Rob Epstein, Jeffrey Friedman, 2013) que aborda a conturbada vida da atriz Indo além do clássico, Império dos Sentidos (Nagisa Oshima, 1976) é um verdadeiro culto ao sexo, talvez o filme com uma narrativa que mais tenha cenas de sexo da história do cinema – claro que, não estou contando com os pornôs – o filme conta a história de uma ex-prostituta gueixa e o dono de um restaurante que são envolvidos por uma paixão avassaladora e regada a muito, muito sexo. Se for para transar que seja sem roupa, que seja intenso, que seja bem-feito e claro, que não tenha vergonha de se mostrar.

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