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  • LISTA: 5 filmes sobre a juventude

    Na juventude aprendemos, quebramos a cara e vivemos intensamente, uma fase de momentos registrados eternamente em nossas memórias e no cinema Dia 12 de agosto é celebrado o Dia Mundial da Juventude, aquela época de transição entre a criança e o adulto, a total irresponsabilidade e a vida de boletos, aquele momento em que ficar até altas horas na rua, tomar todas as cachaças possíveis, experimentar um punhado de entorpecentes, transar com a maior quantidade de pessoas, mas é também aquela fase em que começamos a nos encontrar, qual profissão vamos seguir, o que gostamos de verdade, fase em que separamos nossos amigos de colegas, começamos no emprego, experimentamos o que é compromisso de verdade, a juventude é talvez, a fase mais memorável de toda nossa estadia na terra e vale lembrar que a juventude pode ser eterna, quantas pessoas ai na casa dos 40 ou 50 anos e que são eternos jovens, quero dizer que: a juventude não tem um prazo, enquanto você se sentir jovem, jovem será. Seguindo essa linha de raciocínio separei então alguns filmes que retratam perfeitamente a juventude, sem limites de idade, o foco da lista é mostrar a juventude curtindo a juventude, momentos de reencontro e felicidade enquanto ainda não existia a responsabilidade. 5. Juventude Transviada (Nicholas Ray, 1955) Onde assistir: iTunes O maior clássico da lista e um dos filmes definitivos sobre a juventude, mas ele – o filme – não teria toda essa magnitude se não fosse por James Dean. A história gira em torno de Jim Stark e relata uma juventude problemática e rebelde, depois que o jovem vai preso por causar problemas na cidade ele se depara com outros jovens que, abandonados pelos pais, seguem o mesmo caminho de Jim, começa então um jogo de conflito e disputas O filme retrata uma juventude de outra época, mas que se pararmos para pensar, o enredo ainda se aplica aos dias atuais. 4. Quase Famosos (Cameron Crowe, 2000) Onde assistir: Claro Now O filme mais pessoal do diretor e não é para menos, essa é a própria biografia de Crowe que conta com detalhes resquícios de uma juventude que muitos de nós gostaríamos de ter vivido, desde uma mãe superprotetora, mas que não poderia deixar o filho não viver o próprio sonho, até uma turnê que Crowe, ainda muito jovem, realizou com uma banda de rock em um ônibus pelas estradas americanas. Essa jornada mudaria toda sua vida, faria com que Crowe se tornasse jornalista e, finalmente, o cineasta que dirigiria sua própria história, uma história tão linda que culminou no Oscar de melhor roteiro original em 2000. 3. O Vencedor (Peter Yates, 1979) Onde assistir: Prime Vídeo O protagonista é um dos personagens mais deliciosos que eu já acompanhei em muitos filmes que já assisti; os diálogos são tão naturais que em alguns momentos eu me sentia dentro da casa dos personagens, um típico filme de sua época em que a amizade e a superação são o ponto chave da juventude. A sequência final, com a corrida de bicicletas é maravilhosa, só gostaria que algumas cenas não fossem tão rápidas quanto a velocidade que eles andam de bicicleta. 2. O Reencontro (Lawrence Kasdan, 1983) Onde assistir: Prime Vídeo O maior filme sobre a amizade que você respeita, e não, não é mais do mesmo, Kasdan faz um relato para lá de honesto do que podemos chamar de amizade, não tem os mesmos clichês ou as mesmas situações corriqueiras que estamos acostumados, vai muito além disso, é um retrato de amor, amizade, carinho, companheirismo e muito mais. Tudo isso com um elenco de jovens que viriam a se tornar grandes atores - a cena em que Glenn Close toma aquela atitude me destruiu de alegria - maravilhoso filme que mostra como poucos o maior sentimento que um ser humano pode sentir por outro, a amizade 1. Curtindo a Vida Adoidado (John Hughes, 1986) Onde assistir: Telecine Play O clássico da Sessão da Tarde, esse filme tem um gosto especial para a pessoa que vos fala, foi através dele que minha jornada cinéfila se iniciou, lá atrás em 2005, quando a Sessão da Tarde ainda era Sessão da Tarde e não isso que é agora. Quem já assistiu esse clássico do eterno garoto John Hughes, sabe o quanto ele é incrível. O filme narra a história de Ferris Bueller (Matthew Broderick), um garoto popular e querido por todos na escola, até que um dia ele resolve faltar à aula e curtir o dia, junto de seu melhor amigo, o depressivo Cameron e sua namorada, claro que nem tudo sai como planejado, mas é um filme delicioso de assistir, sem compromisso, assim como os personagens que ultrapassam a linha do carisma, a obra-prima de uma geração.

  • Critica: O Esquadrão Suicida (James Gunn, 2021)

    James Gunn transforma o Esquadrão, que fica melhor que o anterior, mas ainda assim fraco como um todo. O polêmico Esquadrão Suicida, quem acompanhou a trajetória do primeiro, sabe que o filme foi cercado de expectativas, demorou muito pra ficar pronto, contou com um Jared Leto insano, que incorporou o personagem (Coringa) fora das telas e dentro dela. Todo mundo já sabe qual foi o resultado, a critica massacrou o filme , mas a bilheteria foi expressiva, sem mencionar um Oscar de melhor maquiagem, assim a Warner acreditou no potencial dos Suicidas e lhes deu uma segunda chance. "Tá meio diferente..." O retorno do Esquadrão apresenta algumas mudanças. Passa a contar com a direção de James Gunn (de Guardiões da Galáxia) e sofre algumas ausências no elenco, como Jared Leto — que evidentemente ficou de fora, tem quem diga que foi ele que estragou o primeiro filme — e Will Smith, que foi substituído por Idris Elba. Já o sucesso de Arlequina, garantiu que Margot Robbie voltasse assim como a premiada Viola Davis com aquela personagem, Amanda Walter, insossa e forçada. O grande problema do filme agora é por culpa de James Gunn, que não só criou expectativa de que seria um filme que, possivelmente lembraria a forma descontraída aplicada em Guardiões da Galáxia, como também trabalhou em um fiasco de história. Na trama, o governo envia o chamada Esquadrão Suicida para uma missão, em uma ilha de Corto Maltese, lá eles se deparam com muitos inimigos enquanto se aventuram selva adentro, liderados pelo Coronel Rick Flagg (Joel Kinnaman). James Gunn deixa sua marca, o filme é todo espalhafatoso, as cenas de ação com giros 360º, personagens carregados de alivio cômico, outros inesperados, outros com poderes para lá de bizarros, humanoides, muita selvageria, mas, como mencionei acima, um fiasco de história, ou seja, Gunn preferiu impressionar visualmente do que trabalhar em um roteiro mais arrojado. Os personagens, como já tinha ficado claro no filme anterior, não têm o menor carisma e mesmo Alerquina, que por vezes é engraçada, na grande maioria do tempo é forçada, John Cena e Idris Elba até injetam algum fôlego, mas nada grandioso e nem mesmo os personagens com poderes estranhos – atirar bolinhas, controlar ratos etc – são o suficiente, a impressão final é que Gunn tentou simular o que fez em Guardiões, mas sem sucesso, natural, já que são personagens completamente diferentes.

  • LISTA: 5 grandes vencedores do Leão de Ouro

    O festival de cinema mais antigo do mundo começa no próximo dia 01 de setembro, a disputa por um Leão de Ouro inaugura de vez a corrida para o Oscar 2022. O festival de Veneza é conhecido por sua diversidade, ao contrário de Cannes, a seleção do festival italiano aceita filmes originais Netflix na competição, em 2018, Roma, de Alfonso Cuáron abocanhou o Leão de Ouro, particularmente acho que foi marmelada já que o júri era presidido por Guillermo Del Toro, compadre de Cuáron. A competição tem crescido muito nos últimos anos, por conta do Oscar, a corrida por um Leão de Ouro, tem acertado em cheio o vencedor do Oscar de melhor filme, ao menos nos últimos quatro anos A Forma da Água (2017) e Nomadland (2020) venceram o Leão de Ouro e o Oscar de melhor filme, já Roma (2018) e Coringa (2019) foram os filmes mais indicados ao Oscar em seus respectivos anos. O festival só começa em pouco menos de um mês, mas para você que você gosta de um cinema mais underground separei então cinco ótimos filmes que venceram o Leão de Ouro, não vou chamar eles de ‘os melhores’ porque ainda não assisti todos os vencedores, sem mais delongas, segue a lista. 5. Um Lugar Qualquer (Sofia Coppola, 2010) Onde assistir: ClaroVideo O que esse filme está fazendo na lista? Pois é, acredite, é o que muitos leitores que já viram o filme vão indagar, eu sou um assíduo apreciador de toda a obra de Sofia Coppola, desde sua obra-prima Encontros e Desencontros (2003) – aliás, Um Lugar Qualquer, poderia ser um primo de Encontros – aqui a diretora relembra da sua infância, quando acompanha seu pai, o diretor Francis Ford Coppola, durante as gravações, quando ela ficava horas nos hotéis, piscina e acima de tudo, entediada. 4. Adeus Meninos (Louis Malle, 1987) Onde assistir: HBOMax O finado Louis Malle foi um dos diretores mais subestimados da França, ao contrário de grandes nomes como Godard, Truffaut e tantos outros, Malle tem o seu nome gravado pra sempre em nossas memórias, mas merecia muito mais. O Leão de Ouro veio com uma história que se passa na durante a Segunda Guerra Mundial, quando os franceses tentam se proteger e evitar qualquer problema com os nazistas. Ali uma escola católica protege um menino judeu, escondendo sua verdadeira identidade. 3. O Segredo de Vera Drake (Mike Leigh, 2004) Onde assistir: Telecine Play Sabe aquele filme que demora pra dizer ao que veio? Pois bem, é assim que Mike Leigh conduz seu filme. Demora um tanto para chegar até o deslanchar do enredo e quando deslancha somos tragados por um filme impactante, Imelda Stauton está monstruosa em cena e nos faz sentir na pele seu remorso, em algumas cenas fica mais do que claro, o porque da indicação de Leigh a melhor direção no Oscar, grande e importante filme. 2. Coringa (Todd Phillips, 2019) Onde assistir: HBOMax O filme não me deixou ansioso, fui sem sede, a construção e o estudo do personagem são gradativos, a fotografia e a trilha sonora são um espetáculo que fazem o filme crescer junto da atuação digna de Oscar (outra, né?) de Joaquin Phoenix. Em pouco mais da metade do filme as coisas desenrolam numa velocidade absurda, a cena do anão é um abuso de engraçada, assim como a cena do talk show que eleva o filme em um patamar absurdo, fiquei embasbacado, desnorteado e deslumbrado, pois é... obra-prima que fala? 1. O Segredo de Brokeback Mountain (Ang Lee, 2005) Onde assistir: Netflix O melhor filme do século e, claro, um dos melhores de todos os tempos, na minha humilde opinião. Ang Lee fez história em diversos sentidos, mas não vamos focar no filme que conta a história de dois homens que, ao passarem um tempo na montanha Brokeback, acabam desenvolvendo uma relação amorosa que perduraria pra toda a eternidade. É um grande filme que fala de amor, preconceito, relação humanas, um filme que emociona, que toca e que desperta os mais variados sentimentos no espectador, de verdade, uma obra-prima sem precedentes.

  • Japão: Um arquipélago medalhista!

    colaborou: Ricardo Cruz As olimpíadas de verão em Tóquio: Os desafios diante da pandemia. Mesmo com todo sucesso que o Japão mostra ao mundo com sua tecnologia avançada e seus altos recursos de sustentabilidade, receber e gerir uma olímpiada passa a ser uma tarefa que requer muito mais logística e cuidados, diante do cenário pandêmico que permeia o mundo moderno. Bem diferente do que aconteceu em 1964 quando o Japão sediou, como agora, as olímpiadas de verão. Na época o país estava com sua reconstrução bastante avançada, 19 anos após a trágica e covarde cena assistida pelo mundo, com o bombardeamento de Hiroshima e Nagasaki. Com todas as atenções voltadas a Tóquio, o país pôde não só apresentar ao mundo uma organização e eficiência, como também usou, de forma honesta e precisa, todo seu desenvolvimento nas indústrias automobilísticas e de equipamentos domésticos e industriais, oferecendo-os aos outros países. Negociações que não só ajudaram a economia japonesa, mas que também mostraram ao mundo empenho e qualidade nos produtos oferecidos. Com as olimpíadas de 2021 não seria diferente. Os negócios e a propagação da cultura local estavam dentro dos interesses. Lucrar com negociações importantes e ajudar outros países com conhecimento histórico e estilo de vida adequado seriam de extrema importância, não fosse o momento atual. As questões sanitárias com suas exigências em protocolos determinados pela Organização Mundial de Saúde, impediram o país de fazer com que as olímpiadas pudessem ser mais abrangentes nos negócios, no turismo e na cultura. Ao contrário do ocorrido na segunda guerra mundial, agora o mundo se vê acuado e limitado por um vírus presente em todas as cidades do mundo. Tóquio, com sua capacidade sanitária e organizacional sediou os jogos de verão, mas longe de abrir todo o leque de possibilidades que envolvem o evento. Jogos sem público, menos pessoas circulando e segurança dobrada deixaram uma marca histórica também aos japoneses, obrigados a agir dentro das limitações impostas por toda a situação da pandemia. Independente do atual momento global, o país do sol nascente, como poeticamente o chamamos, sempre estará entre os recordistas e medalhistas. Japoneses são exemplos de força de vontade e determinação, com uma filosofia de vida raiz em que a natureza e personalidade humana se fazem presentes em todos os aspectos, inclusive no esporte que a maioria da população tem como hábito, exercícios que visam promover uma melhor saúde física e mental. O “Taissô”, cujo significado é ginástica, está presente nas empresas, nos parques públicos e inclusive nas rádios, sempre visando a harmonia entre corpo e mente. Tendo o Xintoísmo como a espiritualidade tradicional, respeito ao próximo e uma união em prol do bem comum deixam o país mais próximo daquilo que todos buscamos em termos de uma civilização mais justa e correta. Da mesma forma que o mar banha e traz benefícios a seu território, a população japonesa também cerca-se de uma linguagem mais precisa, onde o perdão e a elevação humana fazem-se sempre presentes. Graças a sua capacidade perceptiva com relação ao próximo, conseguem sempre utilizar uma linguagem adequada ao contexto, tanto no pessoal quanto nas áreas de educação e trabalho. “Teineigo” e “Sonkeigo” (linguagens formais do idioma japonês) são exemplos da comunicação nipônica, linda e abrangente, polida, respeitosa e incentivadora. Uma forma perfeita de expressar o respeito ao próximo. A arquitetura presente no país possui traços harmônicos que unem o aspecto cultural com a exuberância da natureza. Casas que enchem os olhos e convidam a entrar numa atmosfera de valorização e pertencimento, expressas em cada detalhe entre portas, janelas, tatames, cores, cheiros e leveza. Numa proposta de junção arquitetônica com saúde e gastronomia, as pousadas tradicionais japonesas, conhecidas como “Ryokans”, oferecem acomodações típicas com comidas que valorizam cada item da colheita diária e sazonal. Um conjunto arquitetônico dotado também de ofurôs, na maioria das vezes com água aquecida pela própria natureza, de origem termal vulcânica, que reforçam ainda mais a tradição com seus cuidados medicinais. A riqueza de cada detalhe e valorização dos aspectos humanos também levaram o Japão a entender e investir constantemente numa educação de ponta, com qualidade e respeito. Diferentemente de muitos países ocidentais, estudantes daquele país frequentam escolas muito bem estruturadas, com aulas praticamente em período integral. Além de abordarem aspectos importantes do ensino como um todo, existem aulas extracurriculares oferecidas em clubes, de forma coletiva. Embora não sejam obrigatórias, costumam ter presença maciça graças aos conhecimentos adicionais como artes, mecânica, culinária, elétrica e eletrônica. Aspectos de uma educação que permitem ao aluno maior autonomia que lhe garantirá solucionar assuntos práticos do dia a dia, sem, necessariamente, precisar da ajuda de um terceiro. Esses aspectos precisos e importantes na área educacional levam os japoneses a terem certeza, na maioria das vezes, sobre suas escolhas profissionais. Ingressam nos ensinos superiores já com bastante bagagem para rumar a um futuro em que seus talentos serão muito bem aproveitados, gerando satisfação pessoal e trabalho em benefício de todos. Dentro de uma filosofia de vida bem caracterizada pelo Xintoísmo, a espiritualidade tradicional do Japão, a população traz consigo de forma bastante internalizada não só o respeito ao próximo, mas também a valorização primorosa de sua cultura. Esses fatores não servem de impedimento para buscar conhecimento em outras partes do mundo, permitindo-os inclusive incorporar na própria cultura aquilo que consideram positivo, porém sempre aperfeiçoando, de forma a manter as raízes e as características tradicionais de seu país. Como exemplo, Osamu Tezuka tornou-se o pai do “mangá moderno”, após conhecer e inspirar-se em Walt Disney, com seus tradicionais personagens. Tezuka criou seus personagens com detalhes para os olhos, maiores e mais arredondados que rapidamente foram bem aceitos pela população japonesa. Seguindo-se a isso, surgiram também os desenhos animados orientais, “Animes”, para os íntimos. Do monte Fuji à belíssima Tóquio. Das cerejeiras em flor à Okinawa. Do sol nascente ao luar de Hiroshima e Nagasaki. Japão. Um país de histórias inspiradoras, de samurais a imperadores. De vítima da guerra a grande vencedor, batalhando por um mundo melhor em todas as áreas e, sem dúvida, um exemplo admirável de povo, de nação e de vida. Ricardo Cruz, cantor, compositor, estudioso e aficionado pela cultura japonesa há mais de 25 anos, foi colaborador desta coluna.

  • Critica: Mare of Easttown (Brad Ingelsby, 2021) – HBOMax

    O drama de uma pequena cidade em que um misterioso assassinato acontece, mas se engana quem acha que é só isso... Se você gosta de Agatha Christie, daquelas investigações minuciosas, que a cada página, ou no caso, a cada episódio uma nova pista aparece e que todos os personagens são suspeitos, essa é a sua minissérie, mas quem gosta de investigação nunca está órfão desse tipo de entretenimento, todo santo ano, uma série ou minissérie como essa vai ao ar e na grande maioria dos casos elas são excelentes, só pra mencionar alguns exemplos que valem a pena são The Killing (2011 – 2014), The Fall (2013 – 2016) ambas excelentes, isso claro, para quem está disposto a embarcar numa investigação. O drama investigativo criado por Brad Ingelsby gira em torno da pequena cidade de Easttown, uma comunidade tradicional dos Estados Unidos, onde todo mundo se conhece e tudo funciona, ao menos essa é a nossa primeira impressão. Somos apresentados então aos personagens liderados por Mare (Kate Winslet, maravilhosa) uma investigadora da polícia local e conhecida de todos os cidadãos. Ela é assombrada por um caso antigo não resolvido e no fim do primeiro episódio, ela é encarregada de resolver o mistério da minissérie, o assassinato de uma adolescente que foi deixada, sem roupas, à beira do rio. O drama da série vai muito além da investigação, já que a protagonista perdeu seu filho mais velho – suicídio – ainda precisa lidar com sua filha e com a custódia do seu neto. E como se os problemas dentro de casa e no trabalho não fossem o suficiente, ela ainda precisa lidar com a vizinhança e seus pacatos problemas cotidianos. A protagonista, como era de se esperar, não tem o melhor dos espíritos, em outras palavras, ela tem a cara fechada, não gosta de lidar com pessoas se não for necessário, usa poucas palavras e é meio rabugenta, um estilo clássico de personagem para esse tipo de trama. O auxílio de Colin Zabel (Evan Peters), um investigador de outra cidade, ou, talvez, o interesse amoroso por Richard (Guy Pearce), um escritor que está de passagem, fazem a diferença, Mare ainda tem de lidar com os amigos, que de fato são amigos, e o ex-marido, que agora já está casado com outra e mora na casa ao lado dela. Está formada a teia de investigação, lembrando que: agora depois do assassinato, todos são suspeitos. A minissérie é marcada por uma trama que se desenvolve com naturalidade, somos tragados não só por conta da investigação, mas todos os problemas da protagonista, a superação e afins, mas também por atuações fantásticas, Kate Winslet que não tem problema algum em aceitar personagens para televisão, brilhou demais, assim como Juliane Nicholson, que interpreta Lory, a melhor amiga de Mare, assim como Evan Peters que está acostumado com personagens excêntricos, aqui faz um detetive mais tradicional, o mesmo vale para Jean Smart – em ótimo momento na carreira – que rouba a cena fazendo a mãe de Mare. Resumindo: o elenco é um dos pontos altos da minissérie que, como já deu para reparar, conta com um roteiro original cheio de reviravoltas, todas elas fazem sentido, claro. O que torna Mare of Easttown uma das melhores produções de 2021 (até agora) é o conjunto todo, um elenco primoroso, direção excepcional, roteiro bem amarrado e lidando com assuntos delicados, sem fugir da trama principal que é entreter com a investigação.

  • Novo projeto de lei prevê doar R$ 41,1 bilhões para empresas privadas.

    Se aprovado, o Governo Federal doará orçamento superior ao bolsa família para pagar a folha de pagamento das empresas; Programa para incentivar a contratação deve gerar prejuízos ao erário, precarizar as relações de trabalho e incentivar o rodízio de funcionários nas empresas. O Projeto, que tramita na câmara, baseado na MP 936 e MP 1.045, medidas provisórias emergenciais que regularam as relações de trabalho na pandemia, como a redução de jornada e de salário proporcionalmente, agora é um projeto de lei permanente. O projeto de lei relatado por Christino Áureo (PP-RJ), é apoiado pelo Governo Federal e recebeu emendas absurdas, como um programa de empregabilidade que prevê salários de R$ 550,00, sem INSS, sem direitos e sem vínculo empregatício. O Governo aposta na geração de empregos no ano da eleição, nem que para isso tenha que usar o dinheiro público para convencer a iniciativa privada, mas erro pode custar caro ao governo que já possui índices de rejeição acima de 60%. Anteriormente o Governo Bolsonaro já se frustrou com outros projetos que deram errado como o carteira verde-amarela. Nem o desmonte previdenciário, nem o desmonte trabalhista foram capazes de fazer os empresários contratarem, pelo contrário, o desemprego que já começava a aumentar no último trimestre de 2019, encontrou a pandemia em março de 2020 e foi ladeira abaixo, somando hoje aproximadamente 14,8 milhões de desempregados, o maior índice de desemprego desde o início da série histórica da PNAD contínua, em 2012. A lei trabalhista, já tão desconstruída desde a reforma trabalhista de 2017, já permite contratações por horas de trabalho na chamada “jornada intermitente” que permite ao empregador contratar equipes para trabalhar por exemplo, 1 dia por semana, com ganhos proporcionais, resultando em rendas bem inferiores ao salário-mínimo, agora enfrenta uma nova violência, ainda mais cruel: cortar o salário-mínimo e pagar por isso. Entenda... A proposta quer fazer o Estado, literalmente, pagar com dinheiro público, com dinheiro de impostos, 50% do salário das contratações que acontecerem nesse Regime Especial de Trabalho Incentivado, Qualificação e Inclusão Produtiva (REQUIP). Diferente da lei de aprendizagem, o programa aceita uma gama de idades muito maior o que abre brechas para a precarização das relações de trabalho, basta que os contratados obedeçam ao seguinte perfil: Pessoas entre 18 e 29 anos; trabalhadores sem emprego formal (carteira assinada) nos dois anos anteriores; pessoas inscritas no Cadastro único. O polêmico programa prevê que o trabalhador receberá a metade de um salário-mínimo, R$ 550, valor inferior ao auxílio emergencial pago a partir de abril de 2020 por conta da pandemia, que era de R$ 600, sem contrapartida. O projeto ainda prevê que esse valor seria pago em duas partes, uma pelo governo (R$ 275,00) através do Bônus de Inclusão Produtiva (BIP) e outra (R$ 275,00)pelo empregador através de um artifício chamado Bolsa de Incentivo à Qualificação (BIQ), artifício esse, que resguardaria o empregador do pagamento de impostos e do recolhimento de FGTS, INSS e outros encargos tradicionais, previstos em prol do trabalhador, além de dissolver a possibilidade vínculo empregatício. No novo projeto de lei, emprego mudou de nome e as vagas serão enquadradas como Compromisso de Inclusão Produtiva (CIP). De partida esses números mostram que o erário (dinheiro público) seria responsável por 50% da nova folha de pagamento dessas empresas. Porém, o buraco é um pouco mais embaixo, o projeto ainda quer que o empresário possa abater o valor gasto com as bolsas, direto da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Fazendo com que 100% do custo desse trabalhador, que gera lucros para empresas privadas, seja pago com dinheiro público. Falhas estruturais do projeto: O Programa é perigoso para além do que se possa observar à primeira vista, pois, ao permitir que o programa pague menos que um salário mínimo, o programa já permite a desvalorização do trabalhador, que pela nossa constituição, não deve receber menos do que um salário-mínimo para uma jornada de trabalho (44 horas) e, embora o projeto de lei governista preveja no máximo 22 horas semanais nessa relação de trabalho, na prática cada um desses profissionais poderão substituir mãos de obra que requerem menos qualificação como recepcionistas, auxiliares, office boys, atendimento de telemarketing, limpeza etc. Profissões que hoje estão amparadas pelo salário-mínimo, em breve poderão ser substituídas por pessoas enquadradas no REQUIP. O resultado disso é que muitas empresas poderão substituir pessoas que ocupem esses cargos menos estratégicos, por 2 profissionais que recebam metade de um salário-mínimo e custem à empresa, algo perto de R$ 0,00 (zero reais), principalmente se a parte do projeto que prevê abatimento da CSLL for aprovada. Na prática essa lei favorece apenas a concentração de renda nas camadas mais altas que terão custos menores de folha financiando lucros maiores às custas da fragilização da economia popular. Queda na arrecadação de impostos: Um dos grandes problemas ignorados por essa sanha neoliberal de “desonerar a folha” é a falta de compreensão do sistema fiscal. Todo dinheiro arrecadado pelo Estado tem uma função, em relação a qual, não saberíamos viver sem, como todos os clichês: Segurança pública, educação pública, SUS, Programa Nacional de Imunização (PNI) etc. Por exemplo: Se hoje um profissional CLT sofre de um problema de saúde grave, ele se afasta do trabalho para cuidar da saúde e 70% de sua renda é garantida pelo fundo que ele e seu empregador ajudaram a compor quando o INSS foi recolhido e repassado; no caso do trabalhador enquadrado como CIP, não há cobertura. A rede de proteção social fica furada e pessoas sem vínculo empregatício, sem contribuição social, ficam vulneráveis, sem renda e acumulam problemas que podem afetar a saúde econômica de toda uma família. Outra situação comum se dá quando empresas precisam cortar custos, reduzir investimentos e/ou sanar a operação, nessas circunstâncias, as empresas demitem "sem justa causa", demitem apenas por uma questão de readequação operacional e trabalhadores CLT são automaticamente protegidos pelo fundo de garantia, seguro-desemprego, multa sobre o FGTS; diversas verbas rescisórias que protegem o trabalhador e o funcionamento econômico da grande massa de trabalhadores e suas respectivas famílias. Porém, quando se ataca esses artifícios de proteção social, se deteriora a economia como um todo, porque cada pessoa fora da atividade econômica, cada pessoa impedida de consumir, em um sistema capitalista, é um impacto negativo no PIB do país, é faturamento menor para micros empresas, é arrecadação menor para o estado, é mais risco social se acumulando e gerando crises econômicas recorrentes e cada vez mais graves, além das típicas tensões sociais como a violência urbana. . A atenção da sociedade precisa se voltar para esse ponto: O empresário aumentará seu lucro, às custas da redução do salário dos funcionários e da benevolência do Estado que pagará metade de sua folha, mas também aumentará sua lucratividade, abatendo os 50% que coube a ele pagar, do imposto devido sobre o Lucro Líquido. É um ganho duplo. O REQUIP fará Governo Federal transferir RS 41 BILHÕES de fundos que deveriam ir para o combate à pobreza (Sistema S, FAT, FECOEP etc) para financiar lucros privados, sem nenhuma contrapartida social ou benefício ao trabalhador. Um valor que já é mais de R$ 6 bilhões superior aos R$ 34,9 bilhões destinados ao bolsa família no orçamento de 2021. O Bolsa família atende às famílias em vulnerabilidade social extrema. Para os próximos três anos o projeto prevê triplicar esse investimento, permitindo que empresas acima de 20 funcionários tenham até 15% da força de trabalho paga pelo dinheiro público atuando nesse regime CIP. Fomento à precarização do trabalho: De nenhum ângulo que se olhe a precarização pode gerar efeitos positivos na sociedade. Nem sob a ótica do emprego, isso porque, entre a precarização que existe no empreendedorismo (trabalho informal por conta própria) e a precarização da relação de trabalho quando se está submetido a um trabalho que gera lucro para outra pessoa, não há dúvidas que a precarização do trabalho por conta própria é mais edificante e promissor, nesse caso é a precarização "menos pior". Não há nenhum benefício em facilitar que empresas tenham mais lucro sobre o trabalho de outras pessoas, usando para isso a estratégia da precarização da situação econômica dessas pessoas. Alto lá! O que conduz um país para o progresso, para o crescimento, para a melhoria na condição de vida de seus cidadãos é exatamente a valorização do trabalho. Salários-mínimos capazes de pagar as necessidades básicas dos trabalhadores, pois o cálculo é óbvio: quanto menos pessoas em vulnerabilidade social, menor é a quantidade de recursos destinados a programas sociais, maior é o consumo e, consequentemente, mais favorável é o ambiente para negócios. O sistema predominante no mundo é o capitalismo e embora eu não goste e seja um sistema até certo ponto manipulável para a desumanidade, muito pouco se pode fazer sobre essa predominância, porém, é preciso que se entenda de uma vez por todas que em um sistema capitalista o essencial não é o lucro, mas sim o consumo generalizado. Para um sistema capitalista dar certo, todos precisam ter a capacidade de consumir, nem que seja o básico (habitação, alimentação, saúde e bem estar) para que empresas tenham mercado potencial e a economia tenha dinamismo. Para um sistema capitalista dar certo e prosperar com justiça e oportunidades, é necessário que todos os riscos estejam concentrados nas partes mais ricas da sociedade e que as camadas mais pobres não tenham nenhum risco de cair para a miséria, é essa segurança da base da pirâmide social, da grande classe média-baixa, que sustenta a dinâmica econômica produtiva básica que qualquer país necessita para não se afundar em grandes depressões econômicas e garante que seja lá quem for que tiver uma ideia empreendedora, possa testá-la sem o risco de passar fome na iminência de seu projeto dar errado. Lá em cima, quem quer luxo que arrisque tudo, se uma empresa não consegue pagar seus funcionários, essa é uma empresa problemática, talvez um modelo de negócio que não se sustenta, é importante que se deixe a dinâmica de mercado dar o futuro dessas empresas, pois empresas vão, mercados consumidores ficam e a dinâmica econômica se mantém. O que não dá, é para o dinheiro público sustentar o fracasso, ou, a ganância empresarial, através de uma transferência direta de capital que fomente o lucro privado, sem contrapartida para a sociedade. Sem sombra de dúvidas esse dinheiro seria mais bem gasto se investido para suportar programas estruturados de proteção social como a Renda Básica de Cidadania, ou mesmo aumentando o alcance e o valor do Benefício de Prestação Continuada e do bolsa família. Esse projeto de lei, posto como está, se parece mais com uma tentativa de lesa-pátria do que com um projeto de geração de empregos.

  • LISTA: 5 filmes que se passam durante as Olimpíadas

    Olimpíadas despertando o melhor de nós, ou não! Não foram apenas os esportes que marcaram a história Olímpica... Os Jogos Olímpicos, a maior competição do mundo, mas que definitivamente não tem o reconhecimento que merece e isso é evidente, apesar de as maiores emissoras de televisão fazerem uma cobertura plausível, o público não abraça, não como uma Copa do Mundo, por exemplo. De qualquer forma, é um evento global, é emocionante e tem prestígio, eu mesmo adoro, claro alguns esportes mais do que outros, mas adoro! Separei então uma listinha, não sobre as Olimpíadas em si e sim sobre fatos que aconteceram durante os jogos. Todas os filmes são baseados em fatos e todos durante os jogos de verão, para os jogos de inverno eu teria que fazer uma outra lista, porque história e filme bom é o que não falta, sem mais delongas, segue a lista. 5. Invencível (Angelina Jolie, 2014) Olimpíadas de Berlim-1936, o corredor Louis Zamperini é finalista dos 5.000m, quando é convocado para servir nas Forças Aéreas Americanas na Segunda Guerra Mundial, é então que começa o drama de Zamperini. Primeiro que ele não consegue concluir sua participação na competição, seu avião é bombardeado ele fica no meio do mar por 47 dias, quando chega em terra firme, é capturado por japoneses e enviado aos campos de concentração – uma verdadeira saga que seria concluída com o atleta carregando a tocha na Olimpíadas seguinte. Onde assistir: Amazon Prime 4. O Caso de Richard Jewell (Clint Eastwood, 2019) O diretor Clint Eastwood ficou famoso por seus personagens em faroestes, mas nos últimos anos ele ganhou fama por ser ultraconservador e extremamente patriota, tanto que seus filmes mais recentes têm focado muito nisso. A história de Richard Jewell acontece durante as Olimpíadas de Atlanta, mais precisamente no Parque Olímpico, quando o protagonista ajuda centenas de pessoas a se salvar de uma tragédia que viria acontecer, uma bomba explodiu, ataque terrorista. O protagonista iria de herói a vilão em questão de dias, quando foi de salvador da pátria ao maior suspeito de colocar e explodir a bomba, excelente filme em uma carreira que o diretor devia desde Menina de Ouro (2004). Onde assistir: HBOMax 3. Foxcatcher – A história que chocou o mundo (Bennet Miller, 2014) O milionário John DuPont era dono de um time de Wrestling e queria que o seu time fosse medalhista, para isso ele convidou Dave & Mark Schultz para se juntarem a sua equipe Foxcatcher. Juntos eles disputam as competições e foram campeões em Los Angeles-1984, mas a personalidade do dono time não era das mais fáceis, o que acabou colocando a dupla de lutadores em caminhos tortuosos e sem volta, o terceiro filme do grande Bennett Miller faz jus a sua fama de um cinema simétrico, tem uma tensão e atuações poderosas. Onde assistir: Claro Now 2. Carruagens de Fogo (Hugh Hudson, 1981) O maior clássico da lista, mas o que torna uma das maiores zebras do Oscar – foi uma das maiores surpresas da história da premiação, quando o anúncio de melhor filme foi feito – é também a referência quando falamos em filmes que se passam ou falam sobre as Olimpíadas. O filme conta a história de dois atletas com propósitos similares e diferentes ao mesmo tempo, um corria em nome de Deus e da sua religião e o outro para quebrar as barreiras do preconceito, lado a lado eles buscam uma vaga para competir em Paris-1924. É um ótimo filme, mas o que o torna clássico mesmo é a trilha sonora de Vangelis, que foi eternizada logo na cena de abertura do filme. Onde assistir: Disney Plus 1. Munique (Steven Spielberg, 2005) O último grande filme do gigante Steven Spielberg, diretor de clássicos como A Lista de Schindler, O Resgate do Soldado Ryan, Tubarão e Indiana Jones, fez de Munique um de seus filmes mais pessoais. O filme conta a história do ataque terrorista que ocorreu nas Olimpíadas de Munique-1972, realizado por um grupo extremista palestino e foi denominado como setembro Negro – algum tempo depois o serviço secreto Israelense quer “vingança” e contrata uma equipe para matar os suspeitos. Spielberg dirige esse filme com maestria, a trilha do John Willians ajuda e o filme marca a primeira e única cena de sexo em toda a carreira do diretor. Onde assistir: Claro Now

  • Voar nos anos 70. Perfeição e glamour no ar!

    Sem tecnologia digital e com muito glamour. Viajar de avião nos anos 70 é algo que vale muito relembrar A década de 70 foi marcada na aviação pelos jatos de quatro motores para as rotas internacionais, com aeronaves produzidas pela Boeing, como o 707 e o DC8, da Douglas Aircraft Company, ambas norte americanas. Com um raio de alcance maior que seus antecessores, empresas aéreas do mundo começaram a adquirir em maior escala essas aeronaves para seus voos intercontinentais, em especial o Boeing 707 que em pouco tempo já se fazia presente nas pistas dos aeroportos ao redor do planeta. Apesar de toda tecnologia necessária nos projetos, aeroportos e funcionários de ar e terra foram logo treinados para fazer com que essas máquinas voadoras pudessem atender a toda demanda das malhas aéreas. Para receber os quadrijatos com suas equipes de bordo, passageiros, cargas, serviços de catering (alimentação a bordo) entre todas as outras necessidades, rapidamente os aeroportos passaram por transformações que permitissem uma adaptação aos novos jatos. Equipamentos como fax, computadores e internet ainda não faziam parte da maioria das empresas, principalmente nos aeroportos e, como os recursos não eram tão avançados, o volume de trabalho era maior, mais demorado, com uma quantidade grande de papéis, desde as passagens até os impressos que deveriam ser preenchidos e entregues na polícia de imigração. Para os que sempre apreciaram a aviação, o momento era espetacular para assistir as aeronaves, uma vez que a segurança exigia cuidados, mas ainda permitia aos passageiros e frequentadores dos aeroportos estar em terraços que propiciavam acompanhar toda a movimentação, do pouso ao desembarque, do taxi à decolagem. Outra característica que chamava bastante a atenção nos aeroportos era a grande quantidade de pessoas que acompanhavam os passageiros para embarque, bem como buscá-los nas chegadas. Japoneses, Portugueses, italianos e Espanhóis costumavam comparecer em grande quantidade, afinal, era um grande evento. No Brasil, dois grandes aeroportos eram bastante requisitados para os voos, principalmente os internacionais. Um deles, o aeroporto de Viracopos em Campinas e, o outro no Rio de Janeiro, conhecido na época como aeroporto do Galeão. Um voo, por exemplo, entre Viracopos e a Europa teria necessariamente uma escala no Galeão e, muitas vezes também em Recife, o famoso aeroporto dos Guararapes. Num final de tarde em Campinas era possível ver aeronaves estacionadas lado a lado, desde o Boeing 707, equipamento utilizado pelos Transportes Aéreos Portugueses, até o DC8 da SAS, Scandinavian Airlines System. Após o check-in, com a devida emissão dos cartões de embarque e despacho de bagagens que giravam em torno de 20 quilos por passageiro, o passo seguinte era fazer na polícia federal o famoso carimbo de saída no passaporte. Detectores de metais e outros recursos de segurança hoje utilizados, não existiam na época. A verificação das bagagens de mão e dos passageiros era toda feita de forma manual, com a famosa técnica de mão no corpo por parte dos agentes aeroportuários. Da sala de embarque os passageiros poderiam seguir a pé até as aeronaves ou, no caso de estarem estacionadas mais distante, o percurso era feito a bordo de ônibus que faziam duas ou três viagens até que todos os passageiros tivessem acesso à escada de embarque. Os Fingers, aqueles túneis que ligam a sala de embarque direto à aeronave, ainda não existiam, então era bastante comum essa movimentação de passageiros e ônibus nos pátios dos aeroportos. Uma vez a bordo, os uniformes das comissárias sempre chamavam a atenção. Normalmente eram confeccionados com saias mais curtas, uma moda presente na época, além de chapéus que combinavam com as cores dos uniformes que, por sua vez, combinavam com as cores que a empresa aérea utilizava em suas aeronaves. Os recursos da época não permitiam a escolha do assento antes do embarque. Uma vez a bordo e antes da próxima escala onde outros passageiros também embarcariam, os comissários percorriam os assentos ocupados e na parte superior do encosto espetavam algo parecido com um cartão onde se lia “ocupado”, em português e inglês. Era a maneira de garantir que o passageiro que embarcou primeiro tivesse seu lugar definido, uma vez que nas escalas, por questão de segurança, não era permitido permanecer a bordo. Para o embarque, todos os procedimentos de vistoria manual eram feitos novamente, inclusive para os passageiros que já tinham embarcado anteriormente no aeroporto onde a aeronave iniciou seu trajeto. Em termos de entretenimento, pouco era oferecido. Na década de 70 ainda não existiam nas aeronaves telas individuais para filmes e musicais. Acompanhar o trajeto da aeronave como acontece hoje no air show era impossível, mas essa parte era muito bem-feita por parte dos pilotos. Tempos em tempos forneciam as informações sobre localização, altitude, velocidade, condições climáticas e outras curiosidades, como sobrevoar grandes rios ou regiões de fronteira. Além disso, jornais e revistas eram distribuídos aos adultos. Crianças tinham como opção revistas de pintura e atividades, devidamente acompanhadas de lápis de cor. Havia também na época a possibilidade de visitar a cabine de pilotos. Olhava-se tudo de forma mais rápida, sem contar muito com eventuais outras informações por parte da tripulação. A demanda do voo era grande, inclusive com presença de engenheiro de voo, não oferecendo muita possibilidade para maiores explicações aos passageiros sobre toda a dinâmica que envolvia a cabine. Em termos de tempo de voo, não era muito diferente do que ocorre hoje com aeronaves mais modernas. Um percurso de Recife a Lisboa, por exemplo, ocorria nas mesmas seis horas e trinta minutos que hoje faz um A330. As rotas entre Nova Iorque e Europa costumavam ser feitas sem escalas quando o Boeing 707 era utilizado, mas do Brasil à Europa e Ásia, algumas escalas eram necessárias para reabastecimento e entrada de outros passageiros. A exemplo, TAP, Iberia, Alitalia e Air France normalmente voavam de Campinas até seus países de origem, com escalas no Rio de Janeiro e Recife. Voos da Pan American Airways (PANAM) costumavam fazer escala em Caracas antes de seguirem aos EUA. Já a empresa Aero Peru oferecia um voo de Campinas a Lima, seguindo depois a Los Angeles, Honolulu e Tóquio, com aeronaves DC8. Esse mesmo tipo de equipamento era utilizado pela SAS no percurso Campinas, Rio, Monróvia (Libéria), Estocolmo. Voar nos anos 70 era bastante diferente do que acontece hoje. Mais horas eram necessárias para se alcançar uma cidade, porém o conforto oferecido com maior espaço entre as poltronas, além de todo o charme que envolvia a época e suas aeronaves, sem dúvida tornava essas viagens bastante memoráveis. Atualmente, não parece fazer sentido imaginar voos e aeroportos em pleno funcionamento, sem poder contar com os recursos tecnológicos disponíveis. Por outro lado, nos anos 70 as operações ocorriam com uma demanda maior de tempo, mas apesar de uma tecnologia ainda em crescimento, toda logística se dava de forma bastante boa, garantindo segurança, pontualidade bem próximas do desejável e excelentes viagens. Bagagens de mão com adesivos de várias cidades do mundo, uniformes coloridos e estilizados, passageiros elegantes, aviões de corredor único, decolagens com fumaça escura. Todo charme e muito mais, nas viagens aéreas nos anos 70.

  • Crítica: Genera+ion (Zelda & Daniel Barnz, 2021) – HBO Max

    O retrato de uma geração que está mais preocupada com si mesmo do que com o mundo Baby boomers, Geração X, Geração Y, Geração Z e Millennials – cada um no seu tempo, cada um com a sua cultura, cada um com seus percalços e a eterna guerra de qual geração é melhor. Se você é um baby boomer e está lendo isso, com toda certeza vai falar que a sua geração é a melhor, com melhores filmes, músicas e cultura no geral E eu até concordo viu, para quem não sabe, os babies boomers são aqueles que cresceram nos anos 70 e se tornaram adultos nos anos 80, sinto uma inveja leve. Os Millennials ou Geração Y – da qual faço parte – cresceu nos anos 90 e início dos anos 2000, quando os celulares e a redes sociais ainda estavam engatinhando, ou seja, nós, os agora ‘trintões’, tivemos a chance de curtir a infância, brincar na rua, descobrir nossa sexualidade – ainda que isso tenha sido muito difícil – tudo sem sermos esmagados, se é que me entendem. Mas e a geração de agora? Os nossos filhos, como será para eles, dominados pelas redes sociais, grudados na tela do celular e como é a adolescência, como é a garotada que frequenta a escola? São essas questões que Genera+tion (Generation) tenta responder. A HBO mais do que qualquer outro canal ou produtora de televisão, sempre soube explorar esse terreno, só para citar dois exemplos, Girls (2012 – 2017) mostrava a evolução de um grupo de garotas entre 25 e 30 anos e todos os seus problemas e resoluções, já Looking (2014 – 2016) seguia o mesmo caminho, mas tinha como protagonista um grupo de homossexuais; em Generation, criada por Zelda Barnz em conjunto com o seu pai, Daniel Barnz, é inspirada nas suas próprias experiências pessoais e segue o dia a dia de adolescentes queers, numa comunidade conservadora na Califórnia. O real objeto da série é contar com naturalidade como a garotada está se saindo diante de tudo o que está acontecendo ao redor do mundo. As crises políticas, os cancelamentos, os movimentos #MeToo e #BlackLivesMatter. Ao contrário das séries mencionadas acima, Genera+íon mescla as histórias entre homens e mulheres, heteros e homos, dessa forma, os adolescentes passam por suas próprias crises, como a aceitação alheia, a sexualidade, a família, escola e afins – e é sempre aquela coisa, o problema de um, pode ser a solução de outro e vice-e-versa. O elenco gigantesco toma todo o espaço, por isso a série tem 16 episódios – mais do que o normal, para padrões atuais – a cada episódio somos apresentados a um personagem em particular e seus amores, problemas e soluções. Os atores desconhecidos evidentemente se entregaram aos personagens e fica claro em suas atuações que eles conseguem passar para tela com maestria os dramas da atual adolescência, tudo isso fugindo dos padrões. Aliás, a série não tem personagens padrões, eles são gays, lésbicas, bissexuais, negros, latinos e, felizmente, o hetero normativo branco foi deixado de lado. O retrato de uma geração que está mais preocupada com si mesmo do que com o mundo e que mesmo diante de tantos problemas, ainda é indecisa, não sabe o que faz ou o que quer. Para quem tem interesse em mergulhar em um mundo paralelo – porque realmente parece que os personagens estão em outra dimensão, isso claro, para nós de gerações anteriores – pode ser interessante ou realmente enfadonho e irritante, Genera+íon é uma série da qual dá para tirar muitas impressões, positivas ou negativas. Resumindo, é uma série relativa demais para ser resumida.

  • Luz, Câmera e pouca ação: O curioso caso dos criminosos tímidos

    Livro “Pobreza à brasileira” previu que câmeras nos uniformes iriam reduzir violência e letalidade policial. Nas últimas semanas o assunto que mais chamou a atenção dos jornais foi exatamente essa inovação no trabalho da polícia. Uma medida incentivada há anos por defensores dos direitos civis, a câmera nos uniformes sempre enfrentou resistência dos policiais que se sentem vigiados. Porém, o fato é que apenas um mês após a implantação de um sistema piloto com apenas 3 mil câmeras, correspondente a 3% do efetivo na ativa, a taxa de letalidade da polícia militar do estado de São Paulo já reduziu ao menor nível em 8 anos e nos 18 batalhões que já adotaram a novidade, a letalidade em confrontos foi a ZERO. O livro Pobreza à brasileira passa longe de ser uma obra de críticas sobre a segurança pública. O objetivo da obra, como aponta o título, foi falar sobre todos os aspectos da pobreza no Brasil, mas não há como falar da pobreza, sem falar da violência sobre pessoas negras, realizada por uma das corporações que historicamente mais humilha e oprime populações pobres, em especial o recorte de pessoas negras residentes em favelas. O capítulo 11.6 do livro destaca: “Não é aceitável que menos do que 100% das ações policiais sejam filmadas por dispositivos instalados na viatura e na farda dos policiais... ...As imagens desses dispositivos podem ser tornadas públicas, resguardando a privacidade de todos os filmados, sempre que uma conduta inapropriada for notificada. Assim, caso a acusação seja infundada, os policiais rapidamente se livrarão dos entraves burocráticos; já se a denúncia for procedente, poderá haver a pronta reparação e responsabilização dos equívocos e excessos cometidos. Essa é uma medida simples, relativamente barata e que teria efeito imediato sobre os índices de abuso policial. Sob o controle da controladoria e corregedoria das polícias, essas imagens dariam celeridade a processos disciplinares que hoje podem levam anos.” Pobreza à brasileira, p. 191 (Coleção Dossiê) Chegar a essa conclusão passou por entender e observar as corporações como um todo e entender o perfil dos profissionais que compõem as filas dessas corporações. Para isso, talvez o ponto mais importante para se levar em consideração é a origem social desses policiais que, apesar de historicamente servir às elites, inclusive em ações de capturas de escravos e opressões a movimentos trabalhistas, esses policiais não são filhos da elite. São, em geral, pessoas de origem humilde, criados nos seios das igrejas e bombardeados por uma mídia moralista que caricatura e espetaculariza a violência em nome da audiência. A carreira militar não privilegia o preparo intelectual e o raciocínio crítico em suas fileiras, longe disso, o perfil do policial ideal para instituições militares são pessoas de origem humilde, dependentes do soldo militar, a quem se possa controlar pelo medo da perda do salário e da estabilidade da carreira. A religiosidade, principalmente cristã, predominante no Brasil, também contribui para essa postura, pois na forma militar de gerenciar as tropas, não cabe contestação, tal qual as religiões, em que não cabe contestação ao que o padre/pastor ou as escrituras pregam. O moralismo de aparências das igrejas também ajuda esses postulantes aos postos policiais a entrarem no clima do moralismo militar, do pecado, da visão preconceituosa sobre os comportamentos e costumes populares. E dessa forma, passando pela Capoeira, Samba, Pito do Pango, Umbanda, Candomblé, Rap e Funk, se é de negro, se vem da favela, se pobre gosta e se a igreja critica, a polícia oprime. A insegurança dos policiais também é outro ingrediente importante, pessoas inseguras costumam ser mais vulneráveis ao espírito de corpo, mais entregues às corporações por acreditarem que ali suas inseguranças estão protegidas e escondidas por seus uniformes e mais obedientes às regras impostas. Pessoas inseguras tendem a ser mais apegadas às bolhas de convívio e se esforçam mais para se manterem nessas bolhas, exatamente por se sentirem protegidas do mundo. Esse espírito de corpo, o corporativismo, assim se fortalece: pessoas inseguras, tímidas, com a mesma origem social, a mesma vulnerabilidade financeira, a mesma crença, a mesma criação religiosa, seguidoras dos mesmos dogmas e adoradoras dos mesmos ídolos, todos unidos e entrelaçados para combater, seja como for, aquilo que a sociedade em que cresceram as ensinaram a temer, o caricato “crime”. “...Tem que bater, tem que matar, engrossa a gritaria Filha do medo, a raiva é mãe da covardia” As Caravanas – Chico Buarque. O resultado disso é lastimável, uma corporação pouco efetiva na hora de evitar crimes e pouco preparada para solucionar crimes cometidos – não por acaso o trabalho investigativo não é uma das tarefas da Polícia Militar. Esta que deveria se reservar ao trabalho preventivo, não raramente acumula operações desastradas de resposta ao crime que culminam na ofensa de pessoas inocentes, quando a falha é leve, até a morte de pessoas sobre as quais não pesava nenhum crime e nem confrontos com a polícia, pessoas confundidas, ou, simplesmente pessoas que se enquadravam no estereótipo do criminoso temido, o homem negro, pobre e morador de favela que corresponde a 75% das vítimas da violência policial. “É uma outra realidade. São pessoas diferentes que transitam por lá. A forma dele [policial] abordar tem que ser diferente. Se ele [policial] for abordar uma pessoa [na periferia], da mesma forma que ele for abordar uma pessoa aqui nos jardins [região nobre de São Paulo], ele vai ter dificuldade. Ele não vai ser respeitado... ...da mesma forma, se eu coloco um [policial] da periferia para lidar, falar com a mesma forma, com a mesma linguagem que uma pessoa da periferia fala aqui no Jardins, ele pode estar sendo grosseiro com uma pessoa do Jardins que está ali, andando” - Tenente-coronel Ricardo Augusto Nascimento de Mello Araújo, em entrevista para UOL. O espírito de corpo gerado nesses policiais, faz com que em muitas ocasiões eles se calem quando presenciam crimes, abusos e excessos cometidos por outros policiais, por acharem que essas atitudes possuem um menor potencial ofensivo, do que o traficante que vende seus “baseados”; isso quando não se aliam e formam enormes quadrilhas para incorrerem, juntos, nesses crimes, como os 54 policiais do 22º batalhão, presos em 2018 sob a suspeita de envolvimento com o tráfico de drogas. Talvez esse caso tenha ganhado essa dimensão porque a prática de denunciar crimes na corporação não é bem-vista pelo corporativismo ali criado. Eu não consigo acreditar que todos esses policiais flagrados tivessem genuína vontade de participar daquilo, talvez só tenham achado mais seguro não se oporem nem denunciarem, afinal, há diversos casos em que os denunciantes é que passam a ser perseguidos dentro da corporação, ao invés de premiados pela legítima denúncia de um desvio. Com essa cultura da hierarquia incontestável e do ávido corporativismo, a instituição que zela mais pela sua imagem do que pela sua conduta, acaba traída pelos excessos que, indiretamente, estimula em seus oficiais e vê sua imagem derreter quando uma ação mata nove jovens inocentes que curtiam um baile funk; quando policial com o emocional, visivelmente abalado, aponta a arma para seu próprio colega de farda por motivos torpes; ou quando a justiça militar absolve policiais militares do crime de estupro contra uma civil, mesmo depois de a perícia ter encontrado sêmen na viatura e a vítima alegar ter sido obrigada a fazer sexo, porque a justiça militar acha que ela poderia ter reagido contra dois policiais armados dentro de uma viatura em movimento com o giroflex ligado; quando um soldado LGBTQIA+ é discriminado e torturado por seus pares; quando a corporação exonera uma policial por denunciar seu superior por assédio sexual e, em seguida, promove o denunciado. São situações cotidianas, corriqueiras, situações nebulosas que poderiam ter sido elucidadas com uma simples câmera acoplada em seus uniformes. Se o arcabouço da formação e da estrutura militar não nos permite confiar na palavra de policiais aculturados para esconder erros e proteger a imagem da corporação, é óbvio que a melhor saída é produzir registros invioláveis, fazer isso por meio das câmeras nos uniformes, de forma que lentes e microfones nos aponte toda a verdade em seus mínimos detalhes. Os polêmicos autos de resistência, ou seja, quando um suspeito reage com violência à abordagem policial, tantas vezes usados para justificar mortes em situações suspeitas, agora se veem obrigados a fazer acareações com imagens reais. A principal ferramenta de esconder erros, a fé pública, agora faz registros em boa resolução, transmite em tempo real e não pode ser construída a partir de interesses outros que não seja o real esclarecimento dos fatos. Os resultados vieram rápido e a tese defendida no livro se mostrou real, a questão que fica é: Ou os criminosos são muito tímidos para reagirem frente à luz vermelha piscante, ou as estruturas militares só funcionam bem quando têm uma câmera pendurada nos uniformes?! Nas palavras do ouvidor da polícia, Elizeu Soares Lopes, em entrevista para a folha de S. Paulo “O bom policial, e a maioria é boa, não teme a câmera, pelo contrário. Isso é instrumento importante. E a população fica protegida porque vai exigir que o policial tenha um comportamento condigno, conforme os padrões e os protocolos da própria polícia... lembra daquele caso dos guardas municipais de Santos que foram humilhados pelo desembargador? Hostilizados pelo desembargador? Imagine se aquelas cenas não tivessem vindo à tona, será que aqueles guardas ainda estariam empregados?” Os policiais também são vítimas da estrutura militar: Longe de querer criminalizar a, essencial, atividade policial, o livro também traz um recorte pouco abordado sobre a endemia de suicídios nas polícias, um dos dados que mais expõe o descaso do Estado pela instituição que usa como máquina de opressão: Enquanto no Brasil a taxa de suicídios é de 6,1 suicídios por 100 mil, na polícia militar essa taxa salta 355% para 21,7 suicídios por 100 mil policiais por ano e na polícia civil é ainda pior, uma taxa de 30,3 por 100 mil policiais, 5 vezes mais que a média nacional. Para os critérios da organização mundial da saúde (OMS), qualquer taxa de suicídio acima de 10 por 100 mil habitantes por ano, já é considerada um indicador de endemia, ou seja, uma doença recorrente e perigosa que requer atenção e adoção de medidas pelas autoridades. Em 2019, uma matéria do G1 apurou que para um efetivo de cerca de 45 mil oficiais na ativa da PM do Rio de Janeiro, havia um efetivo de apenas 77 psicólogos para atendê-los. Se esse atendimento fosse necessário apenas aos oficiais da ativa, isso já seria um número absurdo de quase 600 policiais a serem atendidos por cada terapeuta, quando se expande esse universo para atender os policiais inativos, os da reserva e os dependentes de PMs (muitos que perderam seus entes em confrontos), esse número salta para quase 2.600 pessoas por terapeuta. Ainda segundo a reportagem, em 2019, apenas 11 mil atendimentos foram realizados, muitos desses realizados em atenção ao mesmo policial, já que experiências traumáticas demandam uma certa quantidade de sessões para serem sanadas. Isso significa que se cada policial atendido passou por pelo menos 2 atendimentos, quase 90% do efetivo não passou nem perto da atenção psicológica da polícia; Se as câmeras forem capazes de reduzir o número de confrontos, de óbitos e de violência, colateralmente as câmeras também reduzirão traumas e, consequentemente, o número recorde de suicídios policiais. Por qualquer ponto que se olhe a implementação das câmeras nos uniformes só traz aspectos positivos e não deveria demorar para que essa obrigatoriedade recaísse sobre as demais forças policiais, como a polícia civil responsável por desastres como a morte do menino João Pedro e a do Jacarezinho, com 28 mortes e laudos que apontam para o crime de execução no Rio de Janeiro; serviços particulares de segurança de casas noturnas, transportes de valor, agências bancárias e qualquer outra atividade que implique no porte de armas. Se uma pessoa tem o privilégio do porte da força letal, há de coexistir com esse privilégio todo o peso da fiscalização do Estado em nome da segurança da sociedade e do Estado Democrático e de Direito. Que esse ótimo exemplo se multiplique, isso é evolução e mais segurança para todos.

  • Urna Eletrônica: A culpada sem provas

    A nova jogada de quem não aceita perder o que perdido está. Diante de fortes sinais de corrupção que ecoam entre os quatro cantos do Brasil, institutos de pesquisas vêm revelando que já não há mais interesse por parte da maioria da população brasileira em manter no poder aquele, ou aqueles, que têm extrapolado os limites do aceitável na conduta de quem tem por dever, comandar o país. Atitudes nada diplomáticas, somadas a uma visão de mundo tão ultrapassada quanto hipócrita, têm refletido na visão dos cidadãos como um meteoro em rota de colisão diante de um país cuja tecnologia não tem condições de prevenir data e hora, nem tampouco os estragos. Um meteoro mitológico, sabemos, mas dotado de vida própria a ponto de interferir no bom senso, na floresta, na educação, na economia, nos ânimos até de quem não era oposição. Brasília virou um canteiro de obras. Lotada de guindastes, caminhões, elevadores, tratores e muito cimento, sabe-se que nenhum deles será utilizado para se construir algo sólido. São os maquinários e ferramentas do poder em que levantam, mudam, transferem, cercam, escondem e fazem-nos pagar por tudo isso. Um canteiro de obras imaginário que vem mudando a estrutura da sociedade e sua arquitetura moral. Uma obra de destruição revelada tanto na mídia impressa, quanto na eletrônica. Sim, é possível acompanhar os bastidores dessa construção imaginária que tanto descontrói, via física ou digital. É assim que se apresenta a mídia no mundo moderno. Há uma preferência muito grande, por parte de uma camada do governo, em utilizar com garra e pontaria uma mídia eletrônica paralela. Uma espécie de mercado de baixa qualidade dispara via redes de notícias falsas, cujo único objetivo é difamar imagens consolidadas e capacitadas em gestão pública, ao mesmo tempo tentando trazer aos mercadores o mérito por aquilo que é feito em benefício da população. Uma inversão de valores propositalmente arquitetada, mas que já cheira a escombros. Não, realmente eles não utilizam o lado impresso dessa faceta. Seria custoso e de pouco alcance para o denominado gabinete do ódio, ou “gabinete do ópio”, já que deixa muita gente numa espécie de anestesia que, alegremente, os faz sentir como inatingíveis pelo meteoro. Foi uma montanha russa. Em pouco tempo as pessoas viveram fortes emoções em subidas e descidas, curvas e gritarias de êxtase sem acreditar que, lá no finalzinho, essa adrenalina iria se dissolver. O parque de diversões ficou sem graça e com preços altos. Subir nesses carrinhos que percorrem trilhos divertidos ficou tão ultrapassado quanto as falsas notícias que antes pareciam eficazes no combate aos oponentes. Uma insatisfação generalizada tomou conta da maioria e está exposta nos rostos, nos cadernos dos jornais, nas telas, nas emissoras de rádio e TV. O fim parece tão óbvio quanto o medo de perder o poder, suas regalias e, principalmente, a imunidade. Como “a esperteza um dia come seu dono”, o momento agora está além-cercadinho. As armas digitais e eletrônicas perdem sua eficiência perante o derrame de fake news e, pior ainda, vêm revelando dia após dia cada detalhe dessa trama sórdida. Nada mais pode surgir daí, a não ser o famoso tiro pela culatra. Às armas, como diziam nas batalhas históricas. Agora em direção às urnas eletrônicas. Elas, somente elas, vão revelar rapidamente a insatisfação acentuada. Bom momento para cercar a imaginação popular sobre sua eficiência e honestidade. Talvez queiram provar que a culpa pela qualidade dos políticos que estão aí seja procedente dessas urnas que, segundo eles, não precisam de provas para afirmar suas falhas. Foram todos eleitos por elas, mas não interessa mais. O voto impresso auditável, lindo nome escolhido a dedo, surge como sendo a salvação da pátria para manter no poder aqueles que o povo já não tolera mais. Não duvido que o próprio presidente tenha o desejo de comparecer às sessões eleitorais para gentilmente emprestar aos eleitores sua caneta bic. Lógico, sem higienizá-la. Nesse emaranhado que cerca a mente fértil do poder, vale qualquer recurso para tentar garantir a permanência no palco das canetadas, das agressões verbais, da intolerância ao pobre. Uma cortina foi colocada no caminho. Pesada e grossa. Mas, sabemos o que esconde. Certo fez o Trump. Deixou para espernear só no finalzinho, quando efetivamente acabaram suas esperanças. Aqui, o fim começa mais cedo. E nos delírios dos que se sentem eternos, urnas eletrônicas são vistas como urnas funerárias, deixando-os sim, mortos de medo. Às urnas, eleitores. Confira alguns sites que podem te ajudar a descobrir se uma notícia é verdade, mentira ou distorcida: Agência LUPA: https://piaui.folha.uol.com.br/lupa Fato ou Fake: https://g1.globo.com/fato-ou-fake/ site E-farsas: https://www.e-farsas.com/ Site boatos; https://www.boatos.org/ Agência Aos Fatos: http://www.aosfatos.org Checagem Truco: https://apublica.org/checagem/

  • LISTA: Filmes e Séries sobre a vida de "Influencer"

    Blog, Youtube, TIkTok e Instagram, são tantas as ferramentas que os chamados “influencers” estão dominando o mundo. Os “influenciadores digitais” estão por aí, o que antes era passatempo, hoje virou profissão. Tem muita gente por aí que se sustenta criando conteúdo para as redes sociais, pessoas com milhões de seguidores sendo que a grande maioria deles não tem muito o que dizer. Geralmente são caricaturas, piadistas de piadas de gosto duvidoso, são pessoas que gostam de exibir o corpo, mais conhecidos como “biscoiteiros” – não vou negar, acho esse mundo bem divertido, digno de arrancar altas gargalhas e isso, por si só, já é alguma coisa bem positiva. Para quem procura algo mais profundo ou que valha o tempo, precisa garimpar muito mais. O que você vai ver a seguir é um punhado de filmes e séries que tem como foco central esse mundo de influenciadores, vamos voltar no tempo em que os blogs eram moda, no obscuro mundo dos youtubers e como essa coisa de ganhar curtidas pode ser tóxica. 05. Black Mirror: Ep. Nosedive (Netflix, 2016) O que o ser humano, mais do que qualquer outra coisa, gosta? Curtidas, Likes e Corações. Esse episódio de Black Mirror provoca algumas reflexões, especialmente para quem é doente por curtidas, visualizações e afins, mostrando uma sociedade onde tudo depende de uma pontuação obtida por curtidas nas redes sociais, a protagonista fez o que pode e claro, o que não pode para conseguir as curtidas, uma busca desenfreada e enlouquecida pela aceitação alheia, ajuda a repensar se de fato vale viver pelos outros. 04. Gossip Girl (HBOmax, 2021) O sucesso d´A Garota do Blog veio em 2002, quando os blogs estavam no auge e estouraram no mundo inteiro, foi então que Cecily Von Ziegesar se aproveitou do assunto e começou a escrever seus livros – um total de 11 – que viriam se tornar série (The CW, 2007-2012). A versão original é muito ruim, de verdade, roteiro e elenco escassos, situações vergonhosas até para época, mas como muito do que é ruim, faz sucesso, não deu outra. A Gossip Girl era uma “fofoqueira” que gostava de brincar com a vida de adolescentes ricos de uma escola da high society no Upper East Side, Nova Iorque – o que todo mundo queria saber é quem era a garota que publicava as fofocas. A HBO resolveu então fazer uma refilmagem, que ainda está no ar, agora como os blogs estão quase extintos, a garota ataca via Instagram, essa nova roupagem ficou muito melhor. O roteiro e o elenco estão funcionando e a série foge da futilidade que é a versão original e toca em assuntos mais delicados, vale a pena dar uma olhada, mas também vale lembrar que é uma série voltada para o público mais jovem, então... 03. Julie & Julia (Nora Ephron, 2009) O blog de Julie Powell foi um sucesso, tanto que serviu de inspiração para um livro e depois ainda virou filme. Sou do seguinte pensamento, não escolhemos os filmes que vamos gostar, simplesmente gostamos, certas vezes ficamos cegos e não enxergamos defeitos. É exatamente o que me acontece com essa gostosura de filme, com uma atuação fenomenal de Meryl Streep (sinto pena de quem acha que Sandra Bullock mereceu aquele Oscar) e uma Amy Adams mais foda e mais linda do que o normal. O filme me toca em um ponto muito particular, é lindo, eu amo e não me importo nenhum pouco em quem pensa o contrário, Desplat em uma das suas melhores trilhas. Onde assistir: Prime Vídeo 02. A Rede Social (David Fincher, 2010) – Net Now O clássico do século XXI, um filme que mais do que qualquer outro representa gerações, a minha e provavelmente a sua que está lendo. O filme conta toda a história de como a maior rede social do mundo foi criada, como Mark Zuckerberg construiu seu império, tudo o que ele precisou e não gostaria de ter feito, David Fincher – melhor diretor da atualidade – conseguiu transpor isso para as telonas com maestria, muito bem escrito, fotografado, editado e atuado, um filmaço e ainda tem quem diga que o Facebook está morto. Onde assistir: Net Now Mainstream (Gia Coppola, 2020) Andrew Garfield tem se mostrado muito versátil para interpretar personagens excêntricos, aqui ele tá soltinho, doido, louco, descontrolado e parece que era exatamente o que Gia gostaria. É sim um filme estranho, uma sátira sombria aos tais Youtubers e Tiktokers que para mim, funciona muito. Confira a crítica completa aqui no portal dossiê. Onde assistir: Mubi

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