por 𝑪𝒍𝒆𝒃𝒆𝒓 𝑬𝒍𝒅𝒓𝒊𝒅𝒈𝒆
15 de mai de 20213 min
O mundo Queer está muito bem representado nas séries.
O que é essa representatividade que todo mundo anda falando nos últimos tempos? Segundo o dicionário, representatividade significa: “qualidade de alguém, de um partido, de um grupo ou de um sindicato, cujo embasamento na população faz que com ela possa exprimir-se verdadeiramente o seu nome”, em outras palavras são pessoas que representam a classe ou um movimento, as mulheres, por exemplo. O mundo LGBTQA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Queer, Intersexo, Assexual e outros grupos e variações de sexualidade e gênero) tem ganhado muito espaço nos últimos anos, tanto no cinema, quanto na televisão, mas especialmente na telinha.
Com a invasão dos canais fechados e dos streamings, os roteiristas ganharam uma liberdade muito maior para abordar temas que em outros tempos, ou eram tabu ou eram proibidos.
Se voltarmos ao início dos anos 2000 e olharmos para as séries que passavam na época, vamos encontrar um ou outro personagem homossexual e quando os encontrávamos era a personificação do estereótipo, olhando para as séries atuais, esses estereótipos foram extintos.
Criação de Ryan Murphy, que é assumidamente homossexual e que faz questão de incluir em todas as suas séries personagens homossexuais, Pose (2018 - 2021) é sem sombra de dúvidas a série que representa a palavra representatividade.
A história mostra o cotidiano de um grupo pessoas no final dos anos 80 e começo anos 90 esse grupo de pessoas é formado por travestis, homossexuais e afro-americanos, todos eles pessoas que, simplesmente, não conseguem se encaixar na sociedade. Para sobreviver eles passam as noites nos chamados ballrooms.
A série aborda o racismo, a homofobia, o surgimento da AIDS e o movimento Vogue — sim, Madonna, baby — e mais uma porção de assuntos, todos abordados de forma legitima e sensível.
Os dias e as noites de Ricky, Augustin e Don é o tema principal de Looking (2014 – 2016) uma série que, infelizmente, não sobreviveu por conta dos baixos índices de audiência. Mas é sim, uma série genial, que mostra o retrato de três amigos homossexuais em toda sua naturalidade, insegurança, medos, privações e sonhos.
Se Looking tinha a necessidade de parecer natural, Queer as Folk (2000 – 2005) ia por uma linha totalmente contrária.
Essa foi a primeira série totalmente homossexual da história da televisão americana e narrava o cotidiano de cinco amigos em Pittsburgh, só que a série mostrava especialmente o lado promiscuo da comunidade LGBTQIA+. Muitas cenas de sexo — muitas, mesmo — eram tantas que ficava praticamente impossível assistir a série na sala de casa.
As mulheres também conquistaram seu espaço e lógico fizeram da melhor forma possível, eu particularmente não sou dos maiores apreciadores de Orange is the New Black ou de The L World, mas como as outras mencionadas acima, elas são importantes, sim. O que quero dizer é que, atualmente é praticamente obrigatório em todas as séries, não importa o gênero ou o enredo, sempre dá para encaixar personagens homossexuais. Até nas séries mais “clássicas” como The Sopranos e Mad Men o assunto foi a abordado e, ainda que de forma delicada, marcaram presença.
Os anos dourados das comédias com risadas no fundo – sitcom – também fizeram a sua parte. era regra comum que um dos personagens, especialmente os coadjuvantes, fosse homossexual. Will & Grace foi um dos maiores sucessos da televisão americana, mas era outra série que colocava a classe de forma estereotipada em frente da telinha. Para qualquer efeito, foi um sucesso, a série mostrava Will, um advogado morando com Grace, sua melhor amiga, era um episódio mais engraçado que o outro, mas não por conta da dupla de protagonista e sim por Jack, melhor amigo do Will, representando a figura do homossexual consumista, dramático e predador; e Karen, a secretária de Grace, que é rica e trabalha por esporte.
Como era uma comédia, os índices de audiência eram altíssimos e alterou a história por conta de seus personagens.
Finalmente, Sense8 conseguiu ser tudo isso que foi mencionado acima de uma só vez, mas diferente de algumas mencionadas acima, essa não era uma série com foco no público e somente com personagens homossexuais.
Era uma série sobre as relações humanas, sobre experiências coletivas, experiências sexuais, trocas de alma e corpo e foi a primeira série com uma atriz transexual interpretando uma personagem transexual e de quebra ainda tinha o serviço completo, com ótimas cenas de ação, alívio cômico e uma trama arrojada, era a pura representatividade que, INFELIZMENTE, foi cancelada.
Eu poderia ficar horas e mais horas falando de personagens importantes em séries como Six Feet Under, True Blood, Oz, Shameless, Unbreakable Kimmy Schmidt, How To Get Away With a Murdere até de séries péssimas como Elite ou La Casa de Papel, todas tem o seu valor e todas são representativas à sua forma.